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Dona Angelita, Mestre da Dança do São Gonçalo, fala sobre atuação deste Grupo em Altaneira


O sítio Taboquinha, do município de Altaneira, foi palco no último sábado, 14, de uma apresentação do grupo de São Gonçalo, durante os festejos de São José.

Dona Angelita cede entrevista a Francilene Oliveira, do
Notícias em Destaque, e fala sobre a atuação do Grupo do
São Gonçalo. Foto:  Brendo Rodrigues.
Um dos símbolos de cultura viva no município e coordenadora do grupo, Dona Angelita, em entrevista a reportagem do jornal “Notícias em Destaque”, da Rádio Comunitária Altaneira FM, falou sobre a formação da equipe e sua receptividade nas comunidades por onde atua. 

Segundo informações divulgadas no blog da emissora, o São Gonçalo em Altaneira, enquanto grupo, surgiu ano passado visando a apresentação durante a Mostra Sesc  Cariri de Culturas, em Crato, por meio do ponto de Cultura Projeto Arca.

Para Dona Angelita, a equipe tem boa receptividade por onde passa. Ela destacou a união dos membros que é mesclado, adultos e jovens.  São (16) dezesseis, 12 (doze) mulheres e 04 (quatro) homens.

A Dança do São Gonçalo encontra sua origem em Portugal. No século XIII era realizada no interior das igrejas de São Gonçalo e tinha como referência o 10 de janeiro. Em Porto, por exemplo, o ato de se dançar nas ocasiões de comemoração a São Gonçalo era chamado de Festa das Regateiras, ocasião em que participavam as mulheres que queriam se casar. A dança era realizada dentro da igreja, o que nos remete à Idade Média e Moderna em Portugal. Nos dias de hoje muitas dançam com chapéus de ouro conhecido como chapel do peão.

Atualmente, no Brasil, não há dia determinado para a manifestação cultural religiosa e nem fazem mais festas, romarias para o santo. Esta manifestação pode ser encontrada em quase todas as partes desse país, com variações coreográficas bastantes diversificadas, tomando diferentes formas de execução. Segundo seus participantes, dança hoje é organizada em pagamento de promessa devida a São Gonçalo. O promesseiro é quem organiza a função, administrando todo o processo necessário à realização deste ritual. É realizada dentro de casa ou em local coberto, onde se arma um altar com a imagem deste santo e outros de devoção do promesseiro. Em frente a este altar é que se desenvolve toda a dança.

O que os jovens de Altaneira discutem?




Jovens em festa no Sítio Córrego com o Forró do Misturado
Foto: João Alves
Os festejos destinados a Padroeira do Município de Altaneira, ocorrido tradicionalmente entre os dias 06 e 15 de outubro, chama a atenção dos jovens não pelas atividades referentes ao que os religiosos chamam de sagrado, mas pelo que esse grupo o denominou de profano.

Os jovens de Altaneira sejam eles católicos ou protestantes não lutam por uma instituição religiosa progressista (não me arriscaria a dizer revolucionária, pois seria pedir demais e, se assim viesse a ocorrer, acabaria por extingui-la).  Não lutam pelo afastamento de religiosos envolvidos em pedofilia, assédio sexual ou corrupção. Não discutem temas que mexem com imaginário local, como o fato de chamar a atenção da igreja que deveria “permitir” que as mulheres católicas usassem a pílula do dia seguinte.

Assim, temáticas como a permanência de símbolos religiosos em instituições oficiais, como o uso de quadros e crucifixos nos legislativos e na sala do judiciário, o uso de recursos e a forma de adquiri-los para a manutenção das instituições religiosas, o fim do ensino religioso em escolas públicas nenhum dessas temáticas são levantadas pela grande maioria da juventude altaneirense. Infelizmente. Por que será? Diversas são as justificativas e vários são os motivos para tal. Tem-se uma juventude apática. Aparecem nas discussões meramente por motivos supérfluos.

Os festejos da padroeira se aproximam e com ela discussões infantis. Debates vêm e vão por querem carros de som acompanhando o pau da bandeira, quais bandas irão tocar no palco, etc. Discutir isso é importante? Claro que é. O problema são as formas como se dão. Esporadicamente. Quando assuntos mais importantes são colocados em evidência pouca coisa se constrói, para não dizer quase nada.

Ora, se não vejamos. A história religiosa de Altaneira é cheia de ações que não representam nenhuma novidade quando equiparadas nacionalmente e mundialmente. Nos últimos anos, o líder da igreja católica (tenho sérias dificuldades em atribuir essa característica a membros desse grupo), está sendo tachado como o intransigente, intolerante e retrógrado. Quem não se lembra da polêmica envolvendo os membros da peça Paixão de Cristo? Naquela oportunidade os participantes haviam solicitado o patamar da Igreja Católica para o momento da Crucificação, o que foi negado pelo Pároco sem justificativas convincentes. 

Jovens altaneirenses nos festejos de São José.
Este ano, nos festejos alusivos a semana de São José realizado na Capela, ele, o Padre Alberto confundiu mais uma vez o conceito de público e privado. De acordo com informações publicadas pelo professor Antonio Nonato no seu perfil no facebook e, em conversa informal, o sacerdote o denunciou na delegacia por ter colocado em praça pública brinquedos para as diversões das crianças, uma vez que as peças foram montadas sem a sua autorização.

São fatos como esses que a juventude precisa discutir. Além de outros notoriamente importantes. A juventude participa dos festejos, brinca e se diverte, cobra bandas reconhecidas nacionalmente para vir tocar nas festividades sem ao menos saber o que há por trás das músicas e, principalmente vão às novenas e cultos sem ao menos conhecer a trajetória dessas instituições, ou seja, sem saber e sem procurar saber o que as mantem (o que é mais grave). Tudo isso ocorreu e ocorre, mas ela não está (na sua maioria) preocupada com os desmandos, com o autoritarismo do pároco recentemente demonstrada e reforçada nas linhas acima.

Está na hora da juventude acordar e procurar se inserir nos espaços de poder. Deixarem de ser coadjuvante. Deixarem de discutir infantilmente.  A festa é importante? Participar das escolhas e sugerir atrações a seu gosto é necessário? Claro que é. E como é. O problema é que para por ai. Ainda não vi a classe dos jovens entrar nas redes sociais ou em qualquer outro meio para discutir pontos mais importantes como uma Semana Cultural com diversas atrações. Acredito que seria muito mais produtivo o debate. Lutar por uma cultura que venha a surtir efeitos positivos nos altaneirenses e que tenha constância e não em apenas eventos esporádicos e vinculados apenas aos aspectos religiosos (Festa da Padroeira e Paixão de Cristo).