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Thiago Amparo é advogado. (FOTO | Reprodução | Twitter). |
Escolha
não é identitarismo, é ocupar o poder para reparação histórica.
Pessoas
negras têm nome e sobrenome e trajetórias construídas coletivamente, por vezes
longe dos tapinhas nas costas em Brasília ou das rodas de vinho em Portugal. É
hora de pararmos de demandar em abstrato que Lula nomeie uma jurista —e,
sobretudo, negra— ao STF; devemos dizer seus nomes. Escolher uma mulher negra
progressista não é identitarismo. É política em sentido puro; é ocupar o poder
para reparação histórica.
Listo
aqui nove juristas, sem prejuízo de outras. Começo com três nomes de juízas
negras, que já destoam da regra: estima-se que mulheres negras ocupem apenas 7%
do Judiciário e tão somente 2% na segunda instância.
Minha
favorita, Adriana Cruz é juíza titular no Rio de Janeiro, doutora em direito
penal pela Uerj e professora na PUC-Rio —deverá ser secretária-geral do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Outras duas juízas negras despontam como
excelentes nomes: Karen Luise Souza, do TJ-RS, que ocupa o Comitê Executivo do
Observatório de Direitos Humanos do Poder Judiciário no CNJ e auxilia Rosa
Weber; e Flávia Martins de Carvalho, do TJ-SP, diretora de Promoção da
Igualdade Racial da Associação de Magistrados do Brasil.
Tirar
o foco do eixo sudestino também é fundamental. Outra favorita, Lívia Sant’Anna
Vaz é promotora de Justiça no Ministério Público da Bahia, doutora em ciências
jurídico-políticas em Lisboa e foi nomeada uma das 100 pessoas de descendência
africana mais influentes do mundo. Já Vera Lúcia Araújo é advogada baiana com
longa e respeitada trajetória, chegando a ter integrado a lista tríplice do TSE
em 2022. Dentro da academia e advocacia pretas, não posso deixar de citar Thula
Pires, Silvia Souza e Alessandra Benedito.
Já
Joenia Wapichana se destaca como a primeira advogada indígena a fazer
sustentação oral no Supremo, e sua nomeação seria uma reparação aos anos de
morticínio.
O
STF somente será equânime quando tivermos 11 mulheres na corte e ninguém achar
isso estranho: não achavam quando eram apenas homens por 110 anos até os anos
2000.
_______
Texto de Thiago Amparo, originalmente na Folha de São Paulo e replicado no Geledés.
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