A
redação do Informações em Foco recebeu via correio eletrônico na noite desta
quinta-feira, 19 de março, artigo de Carlos Alberto Tolovi, professor universitário , doutorando em
ciências das religiões e idealizador do projeto ARCA, em Altaneira, abordado no
seu programa “Esperança do Sertão” veiculado
aos sábados na Rádio Comunitária Altaneira FM.
No
artigo intitulado O exercício desafiador
de “dialogar”, Tolovi afirma que a arte do diálogo só pode ocorrer se se
houver o reconhecimento do outro como sujeito de alteridade e isso pressupõe
perceber o próximo como sujeito de direitos e que ele é diferente, pensa
diferente e tem escolha diferentes. Segundo o professor o diálogo se promove
também com conflitos e que o dialogar não significa necessariamente abrir mão
de sua opinião para acatar passivamente a opinião do outro.
Neste
contexto, Carlos Tolovi citou o Deputado e Pastor Marco Feliciano como exemplo
de que não está aberto ao diálogo, mas reforça em seu posicionamento a
intolerância.
Confira o artigo apresentado no
último sábado, 14 de março.
Para definir de forma bem clara
sobre o que seja o diálogo, podemos começar com as seguintes perguntas:
· Dialogar
é a mesma coisa que conversar? Podemos dizer que não.
· Pode
haver diálogo sem nenhuma forma de linguagem? É claro que não.
· Pode
haver diálogo sem nenhuma forma de comunicação? É claro que não.
· Pode
haver diálogo sem entendimento da linguagem comunicada? É claro que não.
· Mas
então, se tivermos uma forma de linguagem, que possibilite a comunicação e o
entendimento, já haverá diálogo? Também não...
·
Mas,
afinal de contas, o que define o diálogo?É preciso que se tenha
uma forma de linguagem, comunicação, entendimento entre duas ou mais pessoas
que se respeitem, onde uma considere a outra como sujeito, com a possibilidade
de terem razão. É preciso levar em conta o que o outro diz. É preciso respeitar
a opinião do outro. Isso não quer dizer que pra dialogar precisamos concordar
com tudo. Ao contrário. Os melhores diálogos acontecem na latência da
discordância. A grande questão é que a discordância não pode eliminar o
respeito pelo outro. O que mais atrapalha o diálogo não é a discordância, mas a
arrogância. E é o que nós mais vemos no campo da política partidária e da
religião institucional.
Então vamos lá. Vamos tentar
esclarecer ainda mais essa questão.
Eu só posso dialogar com o outro a
partir do momento em que eu considere o outro como sujeito de direito,
dignidade e possibilidade. Isto é, quando eu levo em conta o fato de ele ser
diferente, pensar diferente e escolher diferentemente. Esse é justamente o
princípio do diálogo. Isso porque, não há diálogo entre iguais. As abelhas não
dialogam. Elas apenas seguem um mesmo padrão de comunicação.
Levar em conta o que o outro diz e
o que ele pensa é o que abre a possibilidade de dialogar. Isso não quer dizer
que o conflito deva ser eliminado. O diálogo muitas vezes é conflitante.
Diferentemente do que muita gente pensa. Dialogar não quer dizer abrir mão de
sua opinião para acatar passivamente a opinião do outro. Para se dialogar é
preciso partir do que você pensa, levar em conta o que o outro pensa, e
refletir sobre o que está sendo colocado, com a possibilidade de se mudar de
opinião.
Neste final de semana eu estava
vendo na TV uma entrevista com o polêmico Pastor Feliciano – Deputado Federal.
E ele dizia que estava completamente aberto pra dialogar a respeito dos
homossexuais. Mas logo em seguida ele afirmava que nada o faria mudar de
opinião. Ele defendia que os seus argumentos eram seus princípios. E aqui é que
vem uma grande contradição: quem não está disposto a abrir mão de sua opinião,
em nenhum momento e em nenhuma circunstância, não pode dialogar. Princípios são
diferentes de normas morais. Os princípios nos servem de parâmetros para
refletir e dialogar. As normas morais são constituídas de valores que não
dependem mais de nós, porque pertencem à um determinado grupo social.
Então, vamos exercitar o diálogo!
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