27 de julho de 2022

Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens completa 34 anos

 

(FOTO |Professor Nicolau Neto). 

Por Nicolau Neto, editor

O Museu de Paleontologia Prof Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri e, hoje sob os cuidados da Universidade Regional do Cariri (URCA), completou nesta terça-feira, 26, 34 anos.

O professor da URCA, Francisco Lima Junior, foi um dos primeiros a mencionar a data. Em suas redes sociais ele destacar que o espaço se configura como um "rico patrimônio paleontológico de raridade e grande diversidade" e que agora esta "justaposto à missão da grandiosa Universidade Regional do Cariri de promover cientificamente o seu território de atuação".

Lima Junior lembrou do legado do professor, ex-reitor da URCA e ex-prefeito de Santana do Cariri, Plácido Cidade Nuvens:

Neste encontro o legado de um extraordinário intelectual, Prof. Plácido Cidade Nuvens, que arregimentou gerações para defender este patrimônio pela pesquisa e gestão acadêmica incessantes. Hoje esta ação ganha novas mãos e forças fortalecendo a história de um dos mais importantes museus da ciência brasileira, com o apoio do Governo do Estado do Ceará e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior (SECITECE).

Na mesma linha, o professor do Departamento de História da Universidade, Darlan Reis Jr, mencionou que "o Plácido foi o verdadeiro intelectual orgânico, que entendia seu povo, seu lugar e as relações disso com o mundo".

O Museu durante a pandemia fechou as portas para visitantes, mas reabriu ano passado quando da passagem dos 33 anos.

Fundado por Plácido, ele decidiu repassar à Universidade a missão de administrar o espaço. O Museu acabou recebendo seu nome logo após o falecimento.

26 de julho de 2022

Um olhar negro sobre a convenção do PDT/RJ, por Helena Theodoro

Helena Theodoro e Ivanir dos Santos. (FOTO | Rozangela Silva).

A indignação veio após a avaliação de sábado, 23/07, onde o PDT homologou a candidatura de Rodrigo Neves ao Governo do RJ, durante convenção realizada no Clube Municipal, na Tijuca, Zona Norte do Rio. O evento também marcou a aliança da legenda do ex-prefeito de Niterói com o PSD, de Felipe Santa Cruz, que será vice na chapa. Durante o ato, Neves afirmou que o acordo entre os partidos pode ser considerado uma ponte para a vitória.

Mas o convenção provocou um desconforto nos movimentos negros e sociais. E desde ontem as redes sociais vem reverberando opiniões. Principalmente pelo fato de ter sido ignorada a pré-candidatura do Dr. Prof. Babalawô Ivanir dos Santos, considerado por muito, e põe muito nisso, como um legítimo representante do movimento negro. Sendo ele uma liderança acadêmica do IFCS/UFRJ, há 40 anos na luta contra a intolerância religiosa, a injustiça, a fome e a violência policial no país. Ainda mais depois de sua filiação ao PDT e a pré-candidatura ao Senado Federal pelo PDT do Rio de Janeiro. O ato foi realizado na sede da Fundação Leonel Brizola, em 1/04, assim como a ABI em outra convenção, tendo sido aplaudido de pé na OAB/RJ - em 28/07. Com a presença de lideranças sociais e políticas, além de apoios declarados de diferentes partidos

Vale dar uma conferida no questionamento da baluarte Helena Theodoro 

Um olhar negro sobre a convenção do PDT/RJ

Por Helena Theodoro

Dia 23 de julho de 2022, dia marcado para a Convenção Estadual do PDT do Rio de Janeiro. Muita emoção e expectativa de minha parte por ser minha primeira convenção como filiada ao partido. Como mulher preta militante pude acompanhar os progressos deste partido, que embalaram meus sonhos de construção de um Brasil democrático e inclusivo. Vivi a alegria de ver a amiga Dra. Edialeda do Nascimento, uma das fundadoras do PDT, com quem pude estar lado a lado em 1988, na Serra da Barriga, juntamente com Lélia Gonzales e Abdias do Nascimento, se tornar a primeira mulher negra representante da Secretaria de Estado da Promoção Social do Rio de Janeiro no governo Leonel Brizola, que possibilitou conquistas de mulheres negras em diferentes espaços políticos e institucionais. Assim sendo, não posso entender o que ocorreu nesta convenção de hoje, quando se ignorou um candidato como o Dr. Babalawô Ivanir dos Santos, lídimo representante do movimento negro e liderança acadêmica do IFCS/UFRJ, além de um dos mais significativos líderes da luta contra a intolerância religiosa, a injustiça, a fome e a violência policial no país. Ter uma pré-candidatura como a de Ivanir dos Santos, que lotou a sede do partido em sua primeira apresentação, bem como a ABI em outra convenção, tendo sido aplaudido de pé na OAB/RJ ainda não homologada, é muito estranho! Será que a classe política não quer negros no Senado?

Convenção do PDT. (FOTO | Rozangela Silva).


Será que o PDT de Brizola, que teve Lélia Gonzalez abandonando o PT para se engajar no partido em função de suas propostas e aberturas políticas, mudou de rumo? O que está acontecendo com a direção proposta pelo presidente que nos deu a esperança de representatividade legítima para a comunidade preta com a proposta de Ivanir no Senado? Não podemos mais aceitar que a cidadania da comunidade preta brasileira não seja respeitada. Tivemos uma participação efetiva na construção deste país em todos os setores, sendo aqueles que respondem pela arte, pela musicalidade, pela lavoura, pela educação, enfim, somos a maioria do povo brasileiro que trabalha e produz! Olhar a foto dos candidatos a deputados e demais componentes do partido sentados ao lado do presidente Carlos Lupi e ver o pré-candidato do povo preto em pé, na fila de trás, numa convenção que deveria ser de sua homologação como candidato ao Senado, nos deixa preocupada e perplexa. Acreditamos que os pensamentos autoritários e hierárquicos colocados por Kant e outros filósofos europeus no início do século passado tivessem sido alijados em grande parte de nossas lideranças, mas parece que me enganei. O autoritarismo que considera o povo incapaz de ter soluções para seus problemas ou de possuir pensamentos mais complexos, necessitando sempre de uma tutela de outro grupo vindo de outro lugar que não o seu por incompetência de pensamento e ação, não pode mais ser aceito. Participamos da construção da Constituição de 1988, a primeira constituição cidadã do Brasil e estabelecemos propostas para mulheres, jovens e crianças. Foram as mulheres negras brasileiras que fizeram em Beijin, junto com outras mulheres do mundo, propostas contra a violência e contra a fome em qualquer lugar do planeta.

Num partido como o PDT, de onde frutos incríveis para a melhoria da condição do povo brasileiro em todos os setores do país, possibilitaram a liderança de Leonel Brizola, não se pode permitir atuações como as que ocorreram nesta última convenção. Precisamos honrar a história do PDT e, para tanto, exigimos a candidatura de Ivanir dos Santos para o Senado Federal. Urge termos o fechamento de tal decisão.

O projeto de nação democrática não funciona com o racismo. O genocídio dos jovens negros não nos fará recuar, muito pelo contrário. Se a construção do projeto de nação brasileira não for com o povo preto, não será com ninguém. Nós não vamos recuar.

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Texto encaminhado a redação do Blog por Rozangela Silva, assessora de Imprensa.

Professor altaneirenses Bilica Demones recebe título de cidadania de Quixadá

 

Bilica Demones com o certificado de cidadania quixadaense. (FOTO | Reprodução | Instagram).

Por Nicolau Neto, editor

O professor altaneirense Erisvan Demones Tavares, conhecido popularmente por Bilica, foi agraciado com o título de cidadania no município de Quixadá, no Sertão Central do Ceará.

Em suas redes sociais, o professor que passou a infância e toda a juventude na Taboquinha, zona rural de Altaneira, externou a alegria:

Agradeço a todos aqueles que conhecem e valorizam minha história, assim como aqueles que contribuíram diretamente nas conquistas, escreveu.

Bilica citou algumas. Seu amigo e "mentor" Cristiano; sua companheira Fabiana de Holanda; a seus familiares e ao poder Legislativo na pessoa de Jessyca Severo.

Bilica que estudou a vida toda em escolas públicas de Altaneira há anos mora em Quixadá. La ele atua como professor efetivo de Educação Física na rede estadual, além de ministrar aulas no Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).

Saiba reconhecer e denunciar trabalho análogo à escravidão

 

Mão de uma idosa de 84 anos em abrigo, no Rio; ela foi resgatada de condições análogas à escravidão após 72 anos em maio deste ano - Reprodução Globonews - 14.mai.22.

Uma denúncia é a porta de entrada para revelar casos de trabalho análogo à escravidão ligados a serviços domésticos, que ocorrem dentro de residências e envolvem vítimas em situação de vulnerabilidade social, com baixa escolaridade e pouco acesso aos canais de investigação.

Segundo o auditor Maurício Krepsky, chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo, é difícil identificar as situações que envolvem atividade doméstica se não for por meio de um relato. “Geralmente a denúncia não é feita pela vítima, é alguém que está fora e observa, então chegar essa informação é extremamente importante.”

“Às vezes, [a vítima] não tem acesso a pessoas ou a lugares nos quais a denúncia pode ser feita. Às vezes, não tem nem sequer consciência do grau de exploração a que é submetida, porque o trabalho escravo afeta principalmente pessoas em grande situação de vulnerabilidade social, afirma Medina.

O tema ganhou mais debate e espaço, nas últimas semanas, com o podcast A Mulher da Casa Abandonada, produzido pela Folha. Ele retrata a história de uma brasileira que manteve uma empregada doméstica em condições análogas à escravidão durante 20 anos nos EUA.

O trabalho análogo à escravidão pode estar presente em qualquer setor, no meio urbano ou rural. Segundo Italvar Medina, procurador do MPT (Ministério Público do Trabalho), a maior parte dos resgates de 2021 foi feita de lavouras de café, no meio rural, e dos setores de construção civil e trabalho doméstico, no meio urbano.

As condições que caracterizam o trabalho análogo à escravidão estão previstas no artigo 149 do Código Penal. Trabalho em condições degradantes, trabalho forçado, jornada exaustiva e situações que configuram escravidão por dívidas são recorrentes.

Não é necessário que todos os aspectos estejam presentes; qualquer uma destas situações já pode configurar trabalho análogo à escravidão e, em caso de suspeita, a denúncia pode ser feita por meio de Sistema Ipê.

VEJA COMO IDENTIFICAR UM CASO DE TRABALHO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO

CONDIÇÕES DEGRADANTES

Há negação dos direitos básicos para a dignidade do trabalhador. “Ele não tem garantida uma alimentação digna, muitas vezes não tem acesso a água potável, a um alojamento com a mínima qualidade e conforto, acesso a medidas de saúde e segurança do trabalho, não há respeito ao repouso, não há às vezes até mesmo pagamento de remuneração”, explica Medina.

Há situações em que trabalhadores do meio rural são resgatados em barracos de lona, obrigados a buscar a própria comida e a beber água de riachos e açudes.

TRABALHO FORÇADO

Ameaças, agressões físicas, restrição de uso de meios de transporte e retenção de documentos, como passaportes de trabalhadores imigrantes, são medidas usadas para impedir ou dificultar a saída da vítima do local de trabalho.

JORNADA EXAUSTIVA

A jornada exaustiva tem longa duração e é tão intensa que pode levar ao total esgotamento das energias e ao adoecimento.

ESCRAVIDÃO POR DÍVIDAS

O empregador leva o trabalhador a constituir dívidas de forma fraudulenta. O funcionário nunca consegue quitar a falsa dívida que teria contraído.

Então o empregador, por exemplo, cobra os próprios instrumentos de proteção, cobra os mantimentos para o trabalhador por preços superfaturados, cobra o meio de transporte para o trabalhador ir à fazenda, e com isso praticamente todo o dinheiro que o trabalhador ganha reverte de volta ao empregador.”

QUANDO E COMO FAZER UMA DENÚNCIA?

Caso desconfie de que alguém está sendo submetido a trabalho análogo à escravidão, denuncie a situação no formulário do Sistema Ipê: www.ipe.sit.trabalho.gov.br ou presencialmente, nas unidades do Ministério Público do Trabalho ou em Superintendências Regionais do Trabalho, por telefone das unidades ou por meio do Disque 100.

A pessoa não precisa nem usar a palavra ‘trabalho escravo’ se ela não quiser, ela precisa descrever os fatos”, diz Medina.

É possível fazer a denúncia de forma anônima, mas Krepsky ressalta a importância de deixar ao menos um telefone de contato: “Muitas pessoas têm medo de denunciar e se identificar, mas precisamos entrar em contato com o informante em algum momento, até para garantir a eficiência da ação fiscal, às vezes ter algum detalhe que a pessoa não citou e a gente precisaria saber.”

Os dados do denunciante são sigilosos e não são divulgados, assim como a própria existência da denúncia e seu conteúdo.

Por obrigação legal, a gente não pode nem mesmo dizer se a ação fiscal é objeto de denúncia, quanto mais revelar a fonte”, explica o auditor Maurício Krepsky, chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo.

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Por Natalie Vanz Bettoni, da Folha de S.Paulo e reproduzido no Geledés.

25 de julho de 2022

A marcha para Jesus se veste de Bolsonaro

 

Bolsonaro discursa no palco do evento Marcha para Jesus. (FOTO |Thiago Gadelha).


Por Alexandre Lucas, Colunista 

Esse ano a “Marcha para Jesus” completa 30 anos, organizada pelas Igrejas evangélicas, o evento que acontece em vários estados brasileiros  está se transformando em palanques eleitorais para o bolsonarismo. As programações misturam pregações, músicas gospel, atividades infantis, trios elétricos e a presença de Bolsonaro, motociata, réplicas de arma de fogo, uso  intenso do   verde e amarelo, cores de  demarcação política dos apoiadores do presidente da república.         

Nas eleições de 2018, os evangélicos tiveram papel predominante na vitória eleitoral de Bolsonaro, a memória recente ainda guarda a lembrança das mãos fazendo alusão as “arminhas”. Os pastores de forma organizada se transformaram  em cabos eleitorais do bolsonarismo. De acordo com o Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, a Frente Evangélica no congresso nacional representa   quase 30% da população e 24% do eleitorado brasileiro e a maioria apoia o governo Bolsonaro.

A marcha evangeliza para eleger o Messias que não segue os ensinamentos de Jesus. O discurso armamentista, odioso e de retirada de direitos de Bolsonaro coloca em risco a democracia,  esquarteja as conquistas sociais, gera instabilidade econômica e promove a agenda da carestia e do desemprego.

O movimento evangélico sabe do seu poderio eleitoral. Conforme aumenta  as igrejas e os seus fiéis ampliasse  a sua participação no cenário político nacional. Os evangélicos estão preparados para a disputa das eleições de 2022, isso é fato.

Se não existe espaço vazio na política, os evangélicos conseguiram acertar na sua força social e política para obter um bom desempenho na matemática eleitoral.  

É preciso desconstruir  esses palanques eleitorais de sapata fascista que esconde  o seu intento ideológico e eleitoral.

Entretanto, outras marcham se movem no país em defesa do evangelho de Jesus Cristo e pela derrota de Bolsonaro. Os evangélicos se dividem,  não são uma unanimidade, diversos grupos se manifestam contrários ao atual presidente e desmascaram a trindade “Deus, Pátria e Família”, lema de inspiração fascista já pronunciado por Bolsonaro.

É hora de unir as forças, de colocar a bíblia na mesa ( e reler), juntar os pastores e as pastoras  que acreditam na divisão e multiplicação do pão, na defesa vida e que estejam dispostos  a luta ao lado dos oprimidos e dos explorados numa marcha verdadeira para Jesus. Marcharemos com evangélicos, com os patriotas e as famílias no sentido oposto do fascismo, da ditadura e da retirada de direitos da classe trabalhadora.  

Congresso bateu recorde de mudanças na Constituição em 2022; sistema eleitoral também foi alvo

 

Arthur Lira (à esq.) não poupou esforços para aprovar matérias favoráveis a Bolsonaro - Alex Mirkhan.

Após ajudar a viabilizar 11 mudanças na Constituição em apenas sete meses em 2022, o Congresso Nacional entrou em recesso no dia 18 de julho, um novo recorde estabelecido mesmo em ano eleitoral. Quando retornarem no dia 1o de agosto, os parlamentares devem manter o foco exclusivo em suas campanhas em seus redutos.

Com ritmo de aprovação acelerado e atalhos nos regimentos internos, o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-PI) uma variedade de alterações foram promulgadas, que  vão desde o uso do fundo partidário pelas mulheres até o aumento da idade máxima para magistrados de tribunais superiores.

No apagar das luzes antes do recesso parlamentar, no último dia 14, a ampliação de benefícios sociais foi viabilizada graças à aprovação relâmpago de um estado de emergência, driblando regras eleitorais e furando o teto de gastos. Uma conjunção de manobras realizadas pela base governista no Congresso que tem grande potencial de beneficiar a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), de acordo com especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato.

O processo legislativo funciona quando todos os protocolos são seguidos. Quando se tem uma maioria acachapante como o Centrão, nem os protocolos são cumpridos. Por exemplo, o direito das minorias de fazer obstrução, o direito de examinar nas comissões, que são tentativas de convencimento. Afinal, o Parlamento existe para promover discussões”, ressalta o jurista Lenio Streck, professor de direito constitucional.

Para a oposição, o apoio obtido por Bolsonaro tem relação íntima com empenho bilionário feito através de emendas orçamentárias do relator, batizadas como orçamento secreto. De acordo com a ONG Contas Abertas, o mês de junho, que antecedeu a aprovação da PEC dos Auxílios foi o recordista em pagamentos de emendas desse tipo: cerca de R$ 5 bilhões.

São bilhões de reais distribuídos por deputados aliados do governo nas suas bases eleitorais, sem qualquer critério de combate à fome, enfrentamento para reduzir as filas do SUS, reforçar as ações de aprendizagem nas escolas, a manutenção e permanência dos estudantes nas universidades e institutos federais, os projetos de construção de casa e moradia, a recuperação das áreas de risco ambiental. Enfim, nenhuma dessas prioridades”, elenca o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP).

O petista também se queixa da quebra de convenções estabelecidas para a tramitação de emendas parlamentares por Lira: “Ele se utiliza do trabalho remoto, acolhendo votos pelo celular, sem reconhecimento digital e facial, em que muitos deputados da base bolsonarista não precisam nem sair de casa para votar”.

O cientista político Francisco Fonseca, professor da FGV/Eaesp e da PUC-SP, também relembra intervenções do presidente da Câmara, como a suspensão da sessão para evitar uma trajetória de derrota na votação da matéria.  Aprova-se um estado de emergência inexistente puxado pela alta do preço dos combustíveis, sendo que está nas mãos do governo mudar a Política de Paridade Internacional. Ou seja, é uma perversão completa, tanto do ponto de vista das leis eleitorais quanto do ordenamento jurídico, a Lei de Diretrizes Orçamentárias”, protesta.

Oposição colocada na berlinda

O aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, que será distribuído a partir de 9 de agosto, é visto como um super trunfo de Bolsonaro para tentar ganhar terreno antes das eleições, junto com o aumento do vale-gás e de benefícios a caminhoneiros e taxistas. Apesar do notório viés eleitoreiro, Streck defende que a tramitação da pauta colocou a oposição em uma sinuca de bico.

Para ele, deputados e senadores progressistas e de esquerda se viram pressionados a endossar a pauta do governo, sob ameaça de perderem a narrativa de defesa das políticas assistenciais. “A oposição votou a favor da medida, mas isso é contingência. A oposição talvez não tivesse outro caminho, embora eu particularmente acredite que a oposição errou votando a favor”, defende.

A inferioridade numérica e a sintonia entre o poder Executivo e o Centrão não impediram que a oposição conseguisse algumas vitórias este ano, como o adiamento da votação do PL do Veneno e a aprovação de piso salarial da enfermagem. Mesmo assim, o saldo é considerado abaixo das expectativas.

Falta um esquema tático. A oposição pode ter bons jogadores, mas não tem um bom treinador. Isso faz com que ela se perca em algumas pautas, comemore algumas vitórias, mas que são vitórias que o outro lado pode até deixar passar porque ela não se importou. O grande problema são as pautas que envolvam a democracia e os direitos econômicos e sociais. Aí, a extrema-direita consegue se articular com o Centrão e passar o rodo”, afirma Streck.

Judiciário acuado e com "culpa no cartório"

Os movimentos capitaneados pelo governo federal também ajudaram a aproximar o Parlamento para o seu lado, colocando à prova as instituições incubidas de preservar a democracia. Segundo Steck, o alvo principal, assim como em outras frentes abertas por Bolsonaro, é o Superior Tribunal Federal (STF), uma vez que a Procuradoria-Geral da República, na figura de Augusto Aras, tem evitado confrontar os arroubos presidenciais.

Já pensou se o Judiciário dá uma decisão que tranca esse auxílio? Ou o próprio Supremo, no Plenário, vota dizendo que é inconstitucional e não deve ser repassado? Acha que o Judiciário ainda tem bala na agulha para aguentar mais esse desgaste?”, questiona Streck.

Já Fonseca observa a continuidade dos efeitos da operação Lava-Jato para o início do enfraquecimento do STF, que teve papel decisivo no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Uma conjunção de fatores que, segundo ele, coloca em suspeição o papel da Corte caso o ex-presidente Lula vença as eleições e consiga iniciar um novo mandato em 2023.

Me parece que as instituições vão ter que aprender que você perde o controle quando quebra as regras. Vamos saber se de fato aprenderam essa lição. Agora, o Supremo será mais legalista se houver também um governo apoiado pela sociedade e pelo Parlamento, porque vimos que mesmo magistrados nomeados por Lula votaram em favor do golpe (de Dilma Rousseff)”.

Streck também reforça o roteiro ameaçador à democracia que Bolsonaro vai construindo ao seu redor e verbalizado não apenas por ele, mas também por seus aliados em áreas estratégicas. “Hoje nós temos um Parlamento que é dominado pelo Centrão junto com o presidente da República que está amparado pelas Forças Armadas. No fundo, o Parlamento e o Executivo têm as Forças Armadas. É injusta essa contraposição, porque do outro lado você tem a sociedade civil, com dificuldades de se organizar”, constata.

A corrida eleitoral pela retomada do Parlamento

Se o domínio do Centrão é dado como certo caso Bolsonaro se reeleja, a oposição tem esperanças de que as coisas mudem de figura em uma eventual vitória de Lula. A expectativa é que a preferência pelo candidato petista ajude a eleger parlamentares progressistas, capazes de alterar a correlação de forças.

É possível reverter esse cenário? É. Primeiro, isso passa por uma nova composição do Congresso Nacional. A possível eleição do ex-presidente Lula torna o cenário melhor para as oposições, mas também é preciso se espalhar para dentro da Câmara, especialmente. Hoje as oposições são cerca de 120 parlamentares, elas precisam ter no mínimo 200, 250 para chegar à maioria. Sem 200, 250, ou seja, sem pelo menos metade você não governa”, calcula Fonseca.

Segundo Padilha, não faltará disposição para impedir que Lula “fique refém” de um Congresso desfavorável e agrupado em bancadas que considera atrasadas. “Nós vamos precisar de muita luta, muito debate, muita sola no sapato e saliva para reeleger uma bancada progressista no Congresso para ajudar Lula fazer as mudanças que precisam ser feitas”, conclama.

Streck concorda que Lula encontraria um cenário mais favorável se obtiver maioria logo no início, mas não descarta a influência dos resultados nas urnas. “Uma vitória de Lula no primeiro turno daria, mesmo com minoria, um novo patamar, constrangendo esses setores mais fortes do Centrão. Claro que haverá um 'neo centrão', mas que talvez fique menos vitaminado com uma vitória expressiva”, encerra.

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Com informações do Brasil de Fato.

24 de julho de 2022

Elmano é anunciado candidato a governador do Ceará pelo PT

Camilo, Lula e Elmano. (FOTO | Reprodução | Facebook de Camilo).


Por Nicolau Neto, editor 

O Deputado Estadual Elmano de Freitas foi anunciado na noite deste domingo, 24, pelo ex-governador  Camilo Santana o candidato ao governo do Ceará pelo Partido dos Trabalhadores (PT). 

Camilo já tinha afirmado que iria a São Paulo acompanhado do parlamentar para se reunir com o ex-presidente Lula pata tratar do assunto. Nas redes sociais, Camilo que deixou o Palácio Abolição par concorrer ao Senado, externou a informação.

Juntos por um Ceará cada vez mais forte. Com muito trabalho, respeito e parceria. Contra o ódio, a intolerância e a mentira. Obrigado por todo o apoio, meus irmãos e irmãs cearenses! Seguimos unidos, de mãos dadas, com Elmano governador, Camilo senador e Lula presidente. 1️⃣3️⃣✅, escreveu ele.

Elmano é indicado logo após o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio ser oficiizado pelo PDT candidato ao governo do Ceará e a aliança com o PT ser desfeita após mais de 16 anos. 


PDT oficializa Roberto Cláudio candidato a governador do Ceará

 

Legenda: PDT homologou Roberto Cláudio como candidato a governador. Foto: Fabiane de Paula.

Oficializado como candidato ao Governo do Estado pelo PDT, neste domingo (24), o ex-prefeito Roberto Cláudio discursou sobre o que espera encontrar na campanha eleitoral e pediu apoio à militância.

"Não será uma campanha fácil, e é assim que é bom. Quanto mais desafio, mais valor a gente dá à vitória", disse.

Ao lado de Domingos Filho (PSD), que será homologado como candidato a vice na chapa do PDT, Roberto Cláudio prometeu "respeito pelo Ceará" na campanha e disse que conduzirá a disputa de forma propositiva.

"Saio candidato aqui hoje pra fazer um manifesto de amor e respeito pelo Ceará e pelos cearenses. Nossa campanha vai dar o exemplo. Ataques e agressões são típico daqueles que vivem um vácuo de ideias", declarou.

O pedetista também fez menção aos ex-pré-candidatos do PDT ao Governo. "Eu, Mauro (Filho), Evandro (Leitão) e Izolda saímos dessa pré-campanha muito mais cientes da responsabilidade que é virar candidato a governador, demos valor a esse processo", discursou.

A governadora Izolda e o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, não compareceram ao evento do partido. De acordo com Roberto Cláudio, o deputado estadual estava doente e enviou a esposa para representá-lo na convenção.

ALIANÇA

O candidato do PDT declarou em coletiva de imprensa que buscará entre oito e nove partidos para diálogo sobre a construção de acordo político-eleitoral.

Pelas regras eleitorais, as composições só podem ser anunciadas até o dia 5 de agosto, que é o último dia para as convenções eleitorais.

O registro das candidaturas, no entanto, pode ser feito até o dia 15 de agosto, com a campanha sendo iniciada no dia 16.

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Com informações do Diário do Nordeste.