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'Doutor Gama': filme sobre a vida do abolicionista estreia nesta quinta


(FOTO/ Divulgação).

A fascinante trajetória do abolicionista negro Luiz Gama será finalmente contada pelo cinema brasileiro. A missão de narrar essa história, pouco conhecida pelos brasileiro, foi cumprida por Jeferson De em 'Doutor Gama', filme cuja estreia está marcada para esta quinta-feira, 5 de agosto.

O longa, ambientado no Brasil escravista do século 19, é uma coprodução da Globo Filmes e Paranoid. O roteiro aborda desde a infância até a vida adulta de Gama, para traçar um panorama da luta popular contra a escravidão.  O fime estreia nos cimenas de todo o país e é produção associada da Buda Filmes e distribuição da Elo Company.

A construção do abolicionista na fase adulta, por exemplo, que é interpretado pelo ator César Mello, levou em conta as diversas atividades e talentos dele.

Eu li diversas vezes livros sobre ele e lia em voz alta os seus textos para achar um tom, uma maneira de chegar nesse Gama que é diverso e não pode ser definido em uma única palavra, uma única atividade. Ele foi múltiplo e incansável”, afirma o ator.

Gama nasceu livre na Bahia e, muito jovem, foi vendido pelo próprio pai para mercadores de pessoas escravizadas. Sua mãe, Luiza Mahin, foi uma liderança importante na Revolta dos Malês. Em São Paulo, o jovem Gama caminhou mais de 100km a pé, acorrentado, até chegar na capital.

De todos os abolicionistas importantes da história do Brasil, Gama foi o único que nasceu livre e foi escravizado. Foi o único que conheceu a escravidão e sabia o tão cruel ela foi. Por isso, o seu empenho tão forte em libertar outros negros”, pontua Mello.

A direção de Jeferson De, um diretor negro, coloca no filme um olhar diferente e profundo sobre a violência contra corpos negros, que procurou evitar a exploração e o fetiche da dor.

Não queria ceder a esse lugar. Eu estou falando de mim, estou falando dos meus antepassados. Além do prazer de fazer um filme, paradoxalmente, tem também muita dor em falar sobre isso. Em muitos momentos, eu sentia em mim e nos atores que isso nos tocava de uma maneira muito forte”, lembra o diretor.

Segundo De, o filme faz uma apresentação muito digna de Luiz Gama e dos demais personagens da obra. A atriz Mariana Nunes, que já tinha trabalhado com o diretor no longa 'M8 Quando a Morte Socorre a Vida', de 2018, faz Claudina, mulher de Gama. É a primeira vez que uma atriz negra faz um filme de época sem interpretar uma pessoa escravizada. Mariana destaca a importância de um diretor negro contar a história do abolicionista.

As coisas que ele me falava durante a direção me acessam de um particular. A gente [pessoas negras] têm códigos e vocabulários em comum para contar bem uma história como essa”, pontua a atriz.

Em seu elenco, além de César Mello e Mariana Nunes, estão, Teka Romualdo, Johnny Massaro, Romeu Evaristo, Sidney Santiago, Dani Ornellas, Erom Cordeiro, Nelson Baskerville, além das participações especiais de Zezé Motta e Isabél Zuaa.

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Com informações do Alma Preta.



Professora alfabetiza crianças a partir de rodas de conversa e educação antirracista

 

Albari Rosa/ Gazeta do Povo/ Arquivo). 

Quando as crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental chegam à sala de aula da professora Ana Paula Venâncio, no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Iserj), uma escola pública da rede Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica), a primeira coisa que fazem é sentar em roda e conversar. Nada de cartilhas pontilhadas, ditados e tarefas de copiar a lousa. Na prática da educadora, as crianças aprendem a ler e escrever quase como consequência de um processo maior de alfabetização.

Nesses diálogos em roda, o estudante vai cultivando o hábito de narrar sobre o mundo, suas vidas e quem são, de escutar o outro e suas experiências. Daqui e dali surgem histórias de racismo ou falas que reproduzem essa violência, inevitavelmente, uma vez que no Brasil a questão é estrutural e permeia todos os espaços e interações, desde muito cedo. A própria professora também traz o assunto diretamente e se interessa por saber o que as crianças entendem por racismo. 

Esses fios que despontam nas rodas de conversa, a professora puxa e amarra com outros fios narrativos, como os da valorização das histórias, culturas e identidades negras e afro-brasileiras, passadas e presentes, e os de compreender o que é o racismo e suas manifestações na escola e em outros espaços.

Essas amarrações todas parecem intrigar as crianças e despertar nelas várias curiosidades. É para perseguir o desejo de saber mais que começam a se interessar e efetivamente a ler e escrever, ainda que a alfabetização tenha começado muito antes, fazendo leituras de si próprias, das relações e do mundo. “Não se trata de escolarizar a conversa, os desejos, as curiosidades que as crianças trazem, mas de tornar isso um estudo”, diz a educadora.

Em entrevista ao Centro de Referências Em Educação Integral, a professora Ana Paula Venâncio contou sobre a trajetória que a levou a construir a prática de alfabetização na perspectiva antirracista e como ela acontece em sala de aula. 

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Com informações do Geledés. Clique aqui e confira os principais trechos da conversa.

Movimento negro denuncia à ONU violações do presidente da Fundação Palmares

 

(FOTO/Reprodução).

A Coalizão Negra por Direitos, articulação que reúne mais de 200 organizações do movimento negro, apresentou à ONU nesta quinta-feira (22) uma denúncia contra o presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Sérgio Camargo, por violações de direitos humanos e aos interesses da população negra.

O relatório pauta a importância da preservação do patrimônio cultural, social e histórico da população negra e da história de luta do movimento negro brasileiro frente aos mandos e desmandos de Camargo em prejuízo aos direitos humanos.

No dossiê enviado à Organização das Nações Unidas são relatadas tentativas de Camargo de promover o desmantelamento da proteção institucional do patrimônio histórico e cultural afro-brasileiro, bem como os constantes ataques ao movimento negro e militantes da agenda antirracista.

Entre os ataques mencionados no dossiê está a ameaça de expurgo da maioria das obras que integram o acervo literário do órgão público e narram a história de luta e resistência dos movimentos negros no Brasil.

O atual presidente da Fundação Palmares age de modo impessoal e desonesto, claramente movido por ideologia política pessoal, buscando atingir por meio deles a desvalorização da luta histórica contra o racismo estrutural presente no país até os dias de hoje devido a abolição inconclusa. São graves e constantes os ataques promovidos por Sergio Camargo que tem trilhado uma cruzada ideológica contrária aos direitos humanos e às conquistas de direitos da população negra”, diz o documento, que a Alma Preta Jornalismo teve acesso.

Entre os ataques mencionados no dossiê está a ameaça de expurgo da maioria das obras que integram o acervo literário do órgão público e narram a história de luta e resistência dos movimentos negros no Brasil. Segundo a coalizão, se trata de uma tentativa de censurar, deslegitimar e promover o apagamento histórico da luta negra no país.

O documento traz ainda a alteração da conhecida lista de personalidade negras, que Camargo causou polêmica ao anunciar que a tornaria uma lista póstuma, ou seja, de homenagens a personalidades que já faleceram.

Na avaliação do movimento negro, a lista é relevante para o patrimônio histórico-cultural da população negra, uma vez que se tratava de uma coletânea de diversas lideranças e propagadores da luta por igualdade social, tais como o abolicionista André Rebouças e as escritoras Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo.

Ataques à liberdade de imprensa

O dossiê enviado para a ONU também pauta as agressões de Sérgio Camargo a jornalistas e à imprensa de um modo geral, que estão alinhadas à prática de censura e contrárias à liberdade de expressão.

Em seu perfil pessoal no Twitter, ao comentar a repercussão do caso da Chacina do Jacarezinho, que causou a morte de 29 jovens em sua maioria negros, o presidente da afirmou que “parcela significativa dos jornalistas é usuária cocaína” a fim de desqualificar a cobertura da imprensa.

Segundo o documento, para cercear o acesso à informação, liberdade de expressão e liberdade de imprensa, Camargo também bloqueia o acesso de jornalistas à sua conta oficial em mídias sociais, nas quais realiza constantes ataques à jornalistas e integrantes do movimento negro.

É o que aconteceu com o jornalista Pedro Borges, co-fundador e editor chefe da agência de notícias Alma Preta Jornalismo, em maio de 2020. Após bloquear o profissional, o presidente do órgão público publicou ofensas contra o jornalista, o chamando de “vitimista, segregacionista, antibranco, defende bandidos e cultua Marielle (Franco)”.

Atualmente, também corre na justiça brasileira, um processo movido pelo profissional contra Camargo, além de outras ações que versam sobre a tentativa de destituição do acervo da Palmares. Os processos tratam sobre violações ao direito à memória de documentos históricos da organização e ações de responsabilização por danos morais e tentativas de cercear a liberdade de expressão e exercício de profissão de jornalistas.

A denúncia enviada à ONU é finalizada com uma cobrança de atuação do sistema internacional de proteção para garantir o exercício de direitos da população negra no Brasil e a proteção da memória e patrimônio cultural que estão sob tutela da Fundação Palmares.

Diante do exposto, as organizações requerem aos especialistas das Nações Unidas em direitos humanos nas áreas de enfrentamento ao racismo e liberdade de expressão que notifique o Estado brasileiro acerca das violações de direitos humanos apresentadas neste informe”, conclui o documento.

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Com informações da Alma Preta.

UNE elege mulher negra como presidente pela 1ª vez na história

 

Bruna Brelaz é amazonense, estudante de Direito e primeira mulher negra a ser eleita presidente da UNE/Imagem: Divulgação/UNE
     

Pela primeira vez em 84 anos de história, a UNE (União Nacional dos Estudantes) elegeu uma mulher negra para ser presidente: Bruna Chaves Brelaz, 26 anos. Natural do Amazonas, a estudante de Direito — sua segunda graduação — é também a primeira representante da Região Norte do Brasil a comandar a entidade.

"Devido à pandemia e a impossibilidade de realizar um evento que chega a reunir 10 mil estudantes, a UNE indicou a nova diretoria respeitando a proporcionalidade eleita na votação do seu 57º Conune, realizado em 2019. A nova composição terá duração de um ano, podendo ser estendida", diz a UNE, em comunicado divulgado em seu site.

O primeiro contato de Bruna com a UNE aconteceu em 2013, por meio de sua amiga Gabriela Cativo, à época uma das coordenadoras da Bienal dos Estudantes, em Recife e Olinda. "Tinha 18 anos, entrando para aquele mundo novo de política, de mobilização, e ter uma mulher das minhas origens já num cargo de coordenação foi uma grande referência", lembra.

Gabriela foi uma das vítimas da covid-19 em meio à crise do oxigênio em Manaus, em janeiro.

Como integrante da UNE, Bruna ajudou a construir, em março, a principal campanha dos estudantes brasileiros na pandemia da covid-19, o movimento "Vida, Pão, Vacina e Educação", que viralizou nas redes sociais como síntese das atuais demandas da população jovem do país.

Recentemente, a nova presidente da UNE também atuou, ao lado dos principais movimentos sociais brasileiros, na retomada das grandes manifestações populares de rua, mais especificamente na coordenação dos protestos de 29 de maio, 19 de junho e 3 de julho que pedem o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Além da saída de Bolsonaro, Bruna também se preocupa com a herança deixada pela crise atual para os próximos anos, principalmente na área da educação. Ela, que teve acesso à universidade como cotista — dentro das políticas públicas de inclusão que promoveram mudanças no ensino superior na última década — acredita que esse legado está sob risco.

"Gritamos 'fora, Bolsonaro' sobretudo para interromper o processo violento de destruição das universidades, das escolas, do sistema educacional no país. A gente precisa reverter o corte de quase R$ 2 bilhões no orçamento da educação, a política desumana do teto de gastos, os ataques à autonomia universitária. Tem estudante que está passando fome, desempregado e a evasão do ensino superior é uma grande realidade", diz.

"Na época do 'fora, [Fernando] Collor', o movimento pelo impeachment teve a participação mais focada nos alunos de escolas particulares, da classe média. Hoje a cor e a origem dos jovens que estão nas ruas mudaram muito." Bruna Brelaz, nova presidente da UNE

"Orgulho"

Nas redes socias, Bruna comemorou a eleição e disse estar "orgulhosa" de assumir a presidência da UNE.

"Trago a força de ser mulher negra e amazonense, pronta para lutar junto aos milhões de estudantes brasileiros por um país digno e potente. Orgulho de fazer parte de uma entidade tão combativa. Seguimos!", escreveu a estudante.

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Com informações do Uol.

Rostos de mulheres negras são apagados do Memorial 'Nossos passos vem de Longe'

Imagem do mural antes de ser vandalizado. (FOTO/ Redes Sociais IDMJR).

Os rostos de sete das nove mulheres negras que integravam o memorial “Nossos passos vem de Longe!”, que ocupava os muros de Duque de Caxias (RJ) e havia sido inaugurado no dia 19 de junho, amanheceram, nesta segunda-feira (20), vandalizados e cobertos com tinta branca. O mural, que fica embaixo do viaduto da Vila do Centenário, no município fluminense, homenageia mulheres negras como a ativista do Movimento Negro Unificado (MNU) Rose Cipriano, a vereadora Marielle Franco, Mãe Beata e outras que atuam ou atuaram na luta das mulheres negras.

De onde vem tanto ódio que tenta apagar, invisibilizar, destruir a memória das mulheres que lutam nessa cidade?”, questionou Rose Cipriano em um vídeo divulgado em suas redes sociais. Ela lembra que o ato de vandalismo contra os rostos de mulheres negras aconteceu poucos dias antes da comemoração do dia 25 de Julho, dedicado nacionalmente a Mulher Negra e internacionalmente ao Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha. Cipriano finaliza dizendo que “o nosso recado é que nós não vamos nos calar”.

O memorial foi uma idealizado pela Iniciativa Direito a Memória e Justiça Racial (IDMJR) em homenagem às mulheres negras que fazem e fizeram parte da luta contra a Violência do Estado na Baixada Fluminense. Em suas redes, o IDMJR observou que o vandalismo racista através do apagamento dos rostos com a tinta branca “só destaca o grau de ódio e desprezo que essa sociedade possui pelo legado do povo negro”.

Isso é um apagamento da nossa história. É a destruição da memória da luta das mulheres negras. São as mulheres negras que mais morrem, são as mulheres negras que mais perdem seus filhos”, disse a ativista por direitos humanos, Sílvia Mendonça, em entrevista ao G1. Mendonça também é uma das personalidades retratadas no memorial.

O mural será recuperado e no próximo domingo (25) o IDMJR vai realizar um ato de desagravo em resistência a ação de vandalismo. “Esse ato de ódio racial, patriarcal e de classe promovido por pessoas e grupos militarizados da Baixada não irá nos intimidar. Seguimos na Luta!”, finalizou a Iniciativa.

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Com informações do Notícia Preta.

Comissão de juristas que vai revisar legislação sobre racismo é prorrogada até setembro

(FOTO/Brasil de Fato/Pedro Stropasolas).

 

A comissão de 20 juristas negros que foi nomeada pela Câmara dos Deputados para elaborar uma conjunto de leis antirracistas e propor mudanças na atual legislação teve o seu prazo de atuação prorrogado até o dia 21 de setembro, pelo presidente Arthur Lira (PP).

Criada em janeiro, a comissão já realizou 16 reuniões e audiências públicas. Nesses encontros foram ouvidos especialistas e organizações que atuam no combate ao racismo estrutural e institucional. A comissão é formada por membros de todas as regiões do país e a presidência é do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Benedito Gonçalves. Em abril, o tema da audiência foi Segurança Pública e Racismo.

O assassinato de João Alberto Freitas, o Beto, homem negro de 40 anos espancado por seguranças dentro do Carrefour, em Porto Alegre, em 2020, foi motivo para a criação da comissão. As propostas, até o momento, abarcam sugestões para problemas como o encarceramento em massa e a violência policial.

“A população negra vive na periferia constitucional do Brasil. A prisão em massa da população negra sempre foi uma constante, desde os primórdios do processo escravista até os dias de hoje. Na década de 90, eram cerca de 90 mil presos no país. Hoje já são 868 mil, sendo que 60% são negros, jovens entre 18 e 29 anos, e moradores da periferia”, diz Deise Benedito, fundadora do Geledés, durante a reunião de 25 de março. Deise é mestre em Direito e Criminologia pela Universidade de Brasília (UnB) e foi perita do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, de 2014 a 2018.

A comissão foi subdividida em cinco grupos de trabalho para os seguintes temas: Direito Econômico, Tributário e Financeiro e questões raciais; Medidas de combate ao racismo institucional no setor privado; Medidas de combate ao racismo institucional no setor público; Sistema Criminal e Racismo; e Direitos Sociais nas áreas de trabalho, saúde, educação e cultura.

Após os debates e a avaliação das sugestões propostas pelos convidados, a comissão fará um relatório que ficará disponível para consulta pública. O relator da comissão é o jurista e filósofo Silvio Almeida.

Quando a comissão foi criada, em janeiro, a Coalizão Negra por Direitos, frente que reúne 170 entidades de Direitos Humanos e da luta antirracista, criticou o formato da comissão. Segundo a coalizão, a comissão foi criada sem que as entidades do movimento negro fossem consultadas. “Qualquer debate legislativo há de respeitar a sociedade civil organizada ao entorno da temática e a luta histórica dos movimentos negros foram responsáveis pelas parcas leis antirracistas existentes”, diz a nota.

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Com informações da Alma Preta.

 

Divulgada programação do Seminário Nacional de Mulheres Pretas e seus Saberes Periféricos, Acadêmicos e Artísticos

 

(FOTO/ Reprodução).


Por Nicolau Neto, editor

A Rede de Professores Antirracistas promoverá entre os dias 19 e 25 de julho o Seminário Nacional de Mulheres Pretas e seus Saberes Periféricos, Acadêmicos e Artísticos. O evento que ocorrerá no Canal da Rede no YouTube é totalmente gratuito.

Segundo Lavini Castro, idealizadora da Rede, e Marina Gino, do CEAP, o seminário é uma homenagem ao Julho das Pretas, que o reconhece como sendo “uma construção do 25 de julho que tornou a data em Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha enquanto fruto de um movimento secular, do ativismo de nós, mulheres negras, traçado na luta contra as opressões”. 

O evento será estruturado a partir de rodas de conversas virtuais com Mulheres Pretas produtoras e disseminadoras de saberes periféricos, acadêmicos, artísticos, dentre outros. Lavini destaca que são essas mesmas mulheres que cotidianamente “em seus espaços de trabalho, pesquisa e luta auxiliam a transformar a sociedade num lugar mais democrático, inclusivo e humano” e parafraseando a filósofa, escritora e ativista estadunidense Angela Davis frisou “quando uma mulher preta se movimenta toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.”

Para fazer a inscrição clique aqui.

Clique aqui e conheça o Canal da Rede no YouTube

O Seminário irá ao ar remotamente a partir das 19h00. Abaixo a programação:

19 DE JULHO

MESA DE ABERTURA

19:00

Profª. Doutoranda Mariana Gino- CEAP

Profª. Mestra Lavini Castro- Rede de Professores Antirracistas

Graduanda Yamim Lobo Ivanir dos Santos-UERJ/Campos São Gonçalo

Graduanda Ana Gabielle – UFRJ

19 DE JULHO

QUEM TEM MEDO DE MULHER PRETA?

19:00

Giovana de Carvalho Castro- Professora, Doutoranda em História (UFJF), Co-articuladora do Centro Virtual da memória Negra (LABHOI/UFJF). Integrante do Coletivo Cabeça de Nêga.

Selmara de Castro Balbino- filha da Maria Lucia, Sergio Luiz o Sapateiro, moradora do bairro Santa Cândida, militante do movimento negro, mestranda em Serviço Social pela UFJF e integrante da coordenação geral do curso preparatório para PISM e ENEM Luísa Mahin e fundadora do coletivo unidos Por Santa Cândida.

Aline Nascimento Consultora de Diversidade e Inclusão. Mestre em Relações Étnico Raciais. Professora de História.

​Mediadora: Ana Gabriella de Lima - Graduanda de Licenciatura em História na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisadora da escravidão em uma perspectiva afro-religiosa.

20 DE JULHO 

QUEM TEM MEDO DE MULHER PRETA NA EDUCAÇÃO

19:00

Profª. Doutora Helena Theodoro- Coordenadora do LUPA/LHER/UFRJ

Profª. Doutora Iamara Viana- Professora Historiadora

Profª. Mestra Lavini Castro- Rede de Professores Antirracistas

Luane Bento dos Santos- Doutoranda em Ciências Sociais na PUC-RIO. Mestra em Relações Étnico-raciais/CEFET-RJ. Docente de Sociologia na Educação Básica. Iyawo de Iemanjá no Ilê Axé Ialodê Oxum Karé Ade Omi Arô

Mediadora: Yamim Lobo Ivanir dos Santos- Graduanda em Pedagogia UERJ/FFP. Pesquisadora das Desigualdades sociais e Desigualdades escolares com foco nas Unidades Socioeducativas.

21 DE JULHO 

QUEM TEM MEDO DE MULHER PRETA NA SAÚDE?

19:00

Naiara Santos e Silva- Psicóloga (FMS), Analista em Formação (Col. Di Jeje), Formação em Psicologia e Relações Raciais (Instituto Amma Psique e Negritude), Especializanda Relações de Gênero e Sexualidade (UFJF)

Luciana Alleluia- Enfermeira, especialista em saúde mental; doutoranda em Ciências do Cuidado em Saúde/ UFF; Mestre em Ensino na Saude; Coordenação da Saúde do Trabalhador Fiocruz - CE; membro dos núcleos de pesquisa: NERI(UFC) NUPPSAM(UFRJ), COLETIVO NEGRO FIOCRUZ, NUPECCSE(UFF)

Domênica Rodrigues - Professora, negra, feminista pelo auto Cuidado, integrante da coletiva CAIANA e dos GTs de Ancestralidade, Comunicação e cultura e Mulheres da ABA- AGROECOLOGIA, pesquisadora pelo núcleo JUREMA UFRPE. Educadora Griô em formação e mestra em Administração Escolar.

Thatiane- (AGUARANDO A MINI Bio )

Mediadora: Denise Nascimento é integrante do grupo de artes cênicas e políticas As Ruiths, Integrante do Coletivo Cabeça de Nêga. Mestranda em História pela UFJF e especialista em História da África e Literatura e Cultura afro-brasileira ambos pela Universidade Federal de Juiz de Fora.

22 DE JULHO 

QUEM TEM MEDO DE MULHER PRETA NO MERCADO DE TRABALHO?

19:00

Heloise Costa - Palestrante l ESG l Diversidade & Inclusão l Internal Consultant D&I at Nubank.

Waleska Miguel Batista- Doutoranda em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Mestra em Sustentabilidade e Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Integrante do Grupo de Pesquisa Estado e Direito no pensamento social brasileiro, vinculado ao Mackenzie. Advogada e Professora.

Anna Karla da Silva Pereira - Mestranda no Programa de Pós Graduação em História na Universidade Católica de Pernambuco. Especialista em Gestão Pública. Integrante do grupo de pesquisa Estudos transdisciplinares em história social: Relações de Poder, política e instituições, organizou livro e tem artigos publicados nas temáticas movimentos sociais, relações de poder, cultura afro-brasileira e memória. Articuladora social, co-fundadora e membro da Executiva Nacional do Frente Favela Brasil e integrante do Conselho Nacional do Pacto pela democracia.

 Monica Francisco- Deputada Estadual pelo Psol, Presidente da Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social na Alerj e Vice-Presidente da Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional. Mônica também integra a CPI de Intolerância Religiosa.

Mediadora: Stephane Ramos - graduada em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestra em História Comparada pela mesma universidade (PPGHC-UFRJ) e Doutoranda em História Social pela Universidade de Brasília (PPGHIS-UnB). Atua como educadora popular e suas pesquisas envolvem os temas da História do Pós-Abolição no Brasil e História da Educação.

23 DE JULHO 

QUEM TEM MEDO DE MULHER PRETA NA RELIGIÃO?

19:00

Yalorixa Márcia Marçal

Carolina Rocha é Dandara Suburbana e vice-e-versa. É mulher preta, de Xangô, militante antirracismo e educadora. Também historiadora e socióloga. Doutoranda no IESP/UERJ, pesquisadora das violências sofridas pelas espiritualidades de matriz africana há mais de dez anos. Autora do livro “O Sabá do Sertão: feiticeiras, demônios e jesuítas no Piauí colonial” (Paco Editorial, 2015), que analisa a perseguição às mulheres negras acusadas de bruxaria no Brasil colonial. Também co-autora dos livros “Lâmina” (Arte Sabali, 2018) e “Inovação Ancestral de Mulheres Negras: táticas e políticas do cotidiano" (Oralituras, 2019) e Cadernos Negros volume 43 (Quilombhoje, 2021). Idealizadora do projeto Ataré Palavra Terapia, que trabalha com escrita criativa, literatura negra e autocuidado.

Andressa Oliveira- Integrante do Movimento Negro Evangélico

Mediadora: Mariana Gino- Coordenadora Pedagógica no Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP).  Secrétariat Général du Centre Joseph Ki-Zerbo pour l'Afrique et la Diaspora (CIJKAD). Doutoranda em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em História Comprada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pós- Graduada em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2012), bacharela em Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora/ PUC-MINAS (2011), bacharela em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2013). Coordenadora do Laboratório de História das Experiências Religiosas (LHER/UFRJ) e da Coordenadoria de Experiências Religiosas Tradicionais Africanas, Afro-brasileiras, Racismo e Intolerância Religiosa (ERARIR/LHER/UFRJ). Atua nos seguintes grupos de pesquisa “Modernidade, Religião e Ecologia” vinculada a (PUC-MINAS),"Grupo de estudos Áfrikas" (UFJF). É pesquisadora Associada na Associação Brasileiras de Pesquisadores Negros (ABPN). Professora do Curso de Direito na Universidade Cândido Mendes(RJ). Integrante do grupo de artes cênicas e políticas As Ruiths.

24 DE JULHO 

QUEM TEM MEDO DE MULHER PRETA NA CULTURA?

19:00

Maria Luiza Igino Evaristo- Filha da Nininha, adora bichos e esportes, graduada em História, especialista, mestre e doutora em Ciência da Religião, professora e, atualmente assessora na Funalfa/JF.

Margarete Machado (Aguardando as informações)

Prof.ª Dra Ana Lúcia Professora da Graduação UEM. Mestrado em História. Doutora em Educação. 

Doutoranda em História - Departamento de História - UEM 

Mediação: Lavini Castro. Educadora Antirracista. Mestre em Relações Étnico Raciais pelo PPRE/CEFET-RJ. Historiadora UFRJ. Criadora e Mentora da Rede de Professores Antirracistas. Pesquisadora de LHER/UFRJ e Membro da Coordenadoria ERARIR. Ganhadora do Prêmio Sim À Igualdade Racial do ID_BR

Pesquisadoras de dança nordestinas lançam documentário sobre raízes do maculelê

 

(FOTO/ Divulgação).

Preservar a memória da dança afrodiásporica é uma das motiviações que levou a brincante e contramestra da Escola de Capoeira Angola Ifé, Gabrielle Conde, e a artista de dança, educadora e intérprete, Bruna Mascaro, produzirem um vídeo documentário sobre as origens do Maculelê. Expressão artística que simula uma arte marcial através da dança, faz parte da identidade cultural negra nordestina e será abordada através de representantes históricos das cidades de Salvador e Santo Amaro, ambas na Bahia. A produção audiovisual fica disponível no canal do projeto no YouTube a partir deste sábado (17), às 18h. 

Foi pensando para trazer de volta a prática corporal do maculelê, mas, também, para termos um registro oral, como uma espécie de atualização dessa cultura. Isso, tendo em vista que muitos grupos aderiram à uma prática de 'capoeira gospel’, trazendo elementos do fundamentalismo religioso às práticas de origens africanas e afroameríndias. Por isso, queremos, com o projeto, reacender essa chama da importância da gente salvaguardar as tradições e romper com uma lógica racista”, afirma a realizadora Gabrielle Conde. 

A realização do filme faz parte do projeto "Entre paus, grimas e cacetes: o Maculelê construindo sentidos pedagógicos", pesquisa que reúne como fontes diretas mestres, mestras, pesquisadores e fazedores da cultura da região e as suas relações com a prática artística estudada. O projeto visa mostrar, também, a relevância das cidades para a construção da expressão. 

Nós fomos atrás do maculelê que ainda é feito e ressignificado e atravessado pelas pessoas que mantêm, mas que tem, ali, uma preocupação de preservar os fundamentos dos antepassados, como Mestre Macaco. Com isso, buscamos o enfrentamento de um racismo estrutural, institucional e religioso e que as histórias sobre a expressão sejam contadas de forma oral e por seus fazedores e fazedoras”, finaliza Conde.

Em junho deste mês, as pesquisadoras ainda promoveram, virtualmente, um encontro que apresentou a corporalidade do Maculelê, aprofundando os participantes na mistura de dança. Movimentos do corpo, canto e percussão, estruturados em princípios que se alternam entre jogo, luta, ritual e brincadeira, foram abordados durante oficina por videochamada. 

A direção de fotografia e a montagem do próximo trabalho e pesquisa sobre o tema são realizadas por Rayanne Morais e a produção executiva é de Karuna de Paula, da Equinócio Produções. O projeto ainda conta com incentivo do Microprojeto Cultural, viabilizado pela Secretaria de Cultura de Pernambuco (SECULT-PE). Mais informações e novidades podem ser acompanhadas pelo perfil do coletivo de pesquisa no instagram

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Com informações da Alma Preta.

3º Fórum Mulher Negra e Poder no NE discute estratégias políticas para 2022

(FOTO/ Divulgação).

Com pouco mais de um ano para as próximas eleições, lideranças negras já articulam estratégias para mais justiça e menos desigualdades na ocupação de espaços de poder. Pensando nisso, o 3º Fórum Mulher Negra e Poder do Nordeste reunirá ativistas mulheres que desejam, em 2022, ver mais mulheres pretas pensando e construindo políticas públicas. O início da programação, com duração de dois dias, está marcado para esta quinta-feira (15). 

Como programação, o evento promoverá rodas de debate sobre experiências, aprendizados e estratégias efetivas para os próximos passos dentro do campo político com objetivo comum de diminuição da disparidade de gênero atendendo interseccionalidades. 

O convite oficial, feito nas redes sociais, contou com a participação da Deputada Federal Benedita da Silva (PT/RJ), que falou da importância da participação das mulheres na continuidade da resistência pelos seus direitos.

Vocês são mulheres guerreiras, que sabem fazer os seus direitos e a diferença, pois, assim como aquelas mulheres negras que no passado lideraram revoltas nos quilombos, ajudaram a preservar a ancestralidade e a cultura do povo negro. Hoje, nós todas continuamos esse legado, fazendo diferentes frentes de luta e resistência. Estamos juntas pela inclusão das mulheres negras nas esferas político-partidárias”, declarou a parlamentar.

Valdecir Nascimento, da Articulação Nacional de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Ingrid Farias, do Enegrecer a Política e Mônica Oliveira, representando a Coalizão Negra por Direitos abrirão o evento no painel  "Análise de Conjuntura dos desafios e estratégias que deram certo nas eleições 2020". O evento segue com mesa dividida em duas partes. O segundo painel contará com a presença das deputadas Vivi Reis (PSOL-PA), Robeyoncé Lima (PSOL-PE) e Leninha (PT-MG), todas na mesa “Aprendizados das Eleitas”, marcada para às 14h. A mesma temática será abordada pelas vereadoras Elenizia da Mata (PT-GO), Carolina Iara (PSOL-SP) e Benny Briolly (PSOL-Niterói). 

A cantora do Distrito Federal, Talíz, a rapper pernambucana Bione e a artista paraibana Bixarte também integram o evento enquanto representantes da nova cena artivista.  

Totalmente virtual, a ação está com inscrições abertas e podem ser feitas gratuitamente através do link. Horários de cada painel  e mais detalhes podem ser vistos através da página da Oxfam Brasil.

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Com informações da Alma Preta.

Julho das Pretas: Batalha de poesia premiará mulheres negras do Nordeste com até R$1mil

 

Julho das Pretas. (FOTO/ Lis Pedreira).

Idealizado pelo Instituto Odara, o “Slam do Julho das Pretas” está com inscrições abertas até 14 de julho.

As mulheres negras, mesmo que silenciadas por tanto tempo, em diversos setores da sociedade, conseguiram se destacar nas áreas mais diversas do conhecimento. Quando o assunto são suas “escrevivências”, não seria diferente. Como forma de evidenciar a arte escrita declamada,  o Instituto Odara realiza o Slam do Julho das Pretas.

A batalha de poesia, que tem como proposta destacar o trabalho das poetisas negras da região  Nordeste, acontecerá entre os dias 19 e 23 de julho de 2021. Ainda por conta da pandemia de Covid-19, a atividade acontecerá em formato digital. Para participar é só preencher o formulário de inscrições disponível no site do Instituto Odara, entre os dias 9 a 14 de julho de 2021,  lá também estão disponíveis as regras da batalha poética. As inscrições são gratuitas.


Os slans são movimentos que têm caído no gosto dos amantes de poesia. A batalha poética tem regras e uma comissão de jurados para avaliar as participantes, que desta vez será  composta por mulheres negras, ativistas de movimentos sociais do Nordeste. Serão premiadas as dez primeiras colocadas com prêmios de: R$ 1000; R$ 900; R$ 800; R$ 700,00;  R$ 600; R$ 500; R$ 400; R$ 300; R$ 200; e R$ 100.

O Slam Julho das Pretas tem também como proposta  estimular a produção, exposição e contato com narrativas poéticas que versem sobre: as diversas formas de genocídio da população negra; a organização política das mulheres negras no combate ao genocídio da população negra; e  a organização política das mulheres negras nos múltiplos espaços da sociedade brasileira, apontando soluções, fazeres e tecnologias políticas e sociais pela superação do racismo e das diversas formas de violações de direitos humanos, em defesa de uma democracia plena, e pelo Bem Viver.

Inscreva-se clicando aqui.

Sobre o Julho das Pretas

O Julho das Pretas é uma ação de incidência política e agenda coletiva criada em 2013 pelo Odara - Instituto da Mulher Negra, e que ganhou o país através da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), de centenas de coletivos e organizações de mulheres negras e de milhares de pretas que se organizam em ações coletivas ao longo dos últimos 9 anos, para registrar o mês de Julho na agenda pública do país. Para mais informações sobre o Julho das Pretas, CLIQUE AQUI.

ACESSE A AGENDA COMPLETA CLICANDO AQUI.

NOSSOS CANAIS

Instagram Julho das Pretas: https://www.instagram.com/julho_das_pretas/

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Texto encaminhado ao Blog pela Comunicação Julho das Pretas.

Escritora lança audiolivro sobre encarceramento de mulheres negras no Brasil

(FOTO/ Divulgação).



A escritora Lorenlai França acaba de lançar o audiolivro "Cela 03 - entre amores e rebeliões", que aborda o encarceramento em massa das mulheres negras no Brasil, além de refletir sobre a lesbofobia, o racismo e machismo.

A obra já está disponível na internet e traz um relato pessoal dos 300 dias da prisão política de Lorenlai e a sua história de vida desde a adolescência, quando resolveu falar abertamente sobre a sua orientação sexual. Por causa disso, chegou a enfrentar perseguições e linchamentos, que culminaram na sua prisão.

O audiolivro se destina principalmente às mulheres negras, ao público LGBTQIA+, às mães e familiares de jovens encarceradas que enfrentam violências semelhantes sofridas pela escritora.

A história também vai além do encarceramento, e fala sobre amores, esperança, desejos e sonhos de liberdade. A narrativa de Lorenlai, desde a Cela 03, constitui mais um capítulo da história secular de insubmissão de mulheres negras como Assata Shakur e Angela Davis, nos Estados Unidos, Winnie Mandela, na África do Sul e Preta Ferreira, em São Paulo.

"Cela 03 - entre amores e rebeliões" é idealizado pela cineasta, poetisa e jornalista Urânia Munzanzu, que realizou a concepção artística do projeto junto com a coordenação e organização da pesquisadora e antropóloga Carla Ramos Munzanzu.

O audiolivro está disponível pelo canal no Youtube da escritora e pelo perfil no Speaker. O conteúdo é gratuito.

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Com informações da Alma Preta.


Por nossos sonhos e histórias: a Lei de Cotas e sua revisão em 2022

 

(FOTO/ Reprodução).

A Lei de Cotas (Lei n° 12.711/2012), marco histórico na luta do movimento negro e do movimento estudantil, completará dez anos de sua promulgação em 2022 e, como previsto em seu artigo 7°, será revisada pelo Congresso Nacional. Levando isso em conta, é urgente que nós, estudantes, iniciemos desde já a mobilização da população em torno desse debate, sob pena de deixarmos escorrer pelas mãos uma década de avanços notáveis no acesso à educação superior – os quais a elite racista que domina o país e controla o Parlamento quer desfazer –, além da oportunidade de expandir e melhorar as políticas afirmativas já existentes.

Mesmo antes de 2012 algumas universidades já promoviam uma política autônoma de cotas, ancorada no entendimento da Constituição de 1988, que entende a educação como ferramenta de desenvolvimento social, concretizando princípios fundamentais referentes à igualdade e ao combate a desigualdades sociais, ainda que de forma incipiente. Na UFPR, por exemplo, ainda em 2004, foi aprovada a inclusão de cotas raciais na 2ª fase do vestibular, processo no qual o Partido Acadêmico Renovador (PAR), que atualmente ocupa a gestão do Centro Acadêmico Hugo Simas (CAHS) da Faculdade de Direito, teve relevante participação, em que pese as várias limitações desse modelo inicial, incapaz de alterar de forma efetiva a composição da Universidade.

A Constituição Federal de 1988 abarca ideais que devem ser efetivados através de políticas públicas, pois se demonstram centrais para a ordem social do pós-ditadura. A igualdade é um importante valor disposto desde o início, que, em sua modalidade formal, reconhece todos e todas como iguais perante a lei. Porém, há a igualdade material, relativa à concepção que transborda o conteúdo das normas, leis e valores e desafia uma conotação vazia e meramente escrita, trazendo a perspectiva da igualdade de oportunidades e concretizando garantias coletivas que não se pautam por segregações baseadas em características sociais, culturais ou pessoais.

Assim, as políticas de ações afirmativas versam sobre equidade e igualdade, valores que devem orientar as bases do desenvolvimento social. A igualdade no plano formal já existe, mas não nos basta. Faltam, aos negros e negras, indígenas, pessoas com deficiência, pessoas trans e populações periféricas, as mesmas oportunidades que determinados grupos sempre tiveram.

Com a aprovação da Lei n° 12.711/12, as políticas afirmativas são de fato institucionalizadas no sistema de entrada das universidades federais, as quais verdadeiramente se transformaram e mudaram de cor. Em 2018, pela primeira vez, o número de discentes negras e negros nas universidades públicas alcançou, pela primeira vez, a maioria das matrículas (50,3%) (IBGE, 2019). Além da população preta, foi garantido também o acesso por renda e de estudantes indígenas, assim como de pessoas com deficiência, com a Lei 13.409/2016, e o de camponeses e camponesas com o PRONERA (Programa Nacional de Reforma Agrária). Outro marco importante é o estabelecimento do SISU, que permite o ingresso através do Enem, facilitando o acesso à universidade pública.

Mesmo com a transformação do perfil dos e das estudantes, ainda estamos muito longe de garantir a igualdade racial no ensino superior. Isso porque as políticas afirmativas vão se tornando escassas à medida que se avança na carreira acadêmica, dificultando a permanência estudantil. Muitas universidades ainda não implementaram políticas de cotas na pós-graduação e nos concursos; devido a isso, conforme os microdados do Inep de 2018, apenas 16% do corpo docente universitário é da negritude. Sob uma lógica semelhante, no caso das pessoas com deficiência, apesar do estabelecimento das cotas, o mesmo acontece em relação à permanência, ainda com o agravante da falta de acessibilidade no meio acadêmico.

Conjuntura de ataques à educação

Somado a todas as questões apresentadas, desde o início de seu governo, Bolsonaro tem mostrado quão comprometido está com a agenda neoliberal desenhada para seu mandato, sendo um dos seus maiores focos a educação como um todo, cabendo destacar alguns de seus atos mais danosos.

Poucos meses após sua eleição, criticou os cursos de ciências humanas em discursos e, através do ex-ministro da educação, Abraham Weintraub, iniciou os cortes na educação, começando com 30% nas universidades federais, em seguida bloqueando bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), estendendo, por fim, o contingenciamento de verbas para toda a educação básica.

Com a chegada da pandemia, as afrontas apenas aumentaram. O governo Bolsonaro concedeu a Weintraub, através das Medidas Provisórias de número 914/2019 e 979/2020, o poder de nomear reitores, deixando de vincular a chapa mais votada da lista tríplice ao cargo de reitor, e, nesta última, o impedimento da realização do processo de consulta à comunidade para escolha dos reitores. A primeira caducou e a segunda foi devolvida poucos dias depois, mas, durante a pandemia, interventores foram nomeados para ocupar o cargo, estimando-se que ao menos 20 instituições tiveram intervenção federal na escolha de suas respectivas gestões.

Mais recentemente, segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), houve um bloqueio de 18,16% no orçamento discricionário de todas as universidades para o ano de 2021, o que representa pelo menos

1 bilhão de reais. Desde então, muitas universidades têm anunciado o risco de fechar as portas, paralisando milhares de pesquisas e estudos extremamente importantes, principalmente no momento pandêmico em que estamos, comprometendo inclusive o desenvolvimento de vacinas, como no caso da UFPR.

Da mesma forma que os ataques se fizeram presentes, o movimento estudantil se manteve firme reagindo e mobilizando as e os estudantes para manter a autonomia universitária, a liberdade de cátedra e os direitos conquistados tão arduamente visando uma maior inclusão das pessoas a quem sempre fora negado acesso a esses espaços.

Perspectivas para a revisão da Lei de Cotas

A revisão da Lei de Cotas tinha como objetivo possibilitar uma ampla discussão acerca das metas alcançadas, bem como seus resultados, sua amplitude e limitações, visando instruir um processo de melhoria e aprimoramento. Entretanto, com a ascensão bolsonarista, o panorama para 2022 é desanimador. O Congresso, com uma maioria marcadamente alinhada à agenda de desmonte do Estado, destruição de políticas públicas e retirada de direitos de minorias sociais se demonstra profundamente retrógrado e ameaça a permanência das políticas de cotas.

Através de dados coletados pelo Radar do Congresso, plataforma desenvolvida pelo Congresso em Foco, é possível inferir que a atual composição da Câmara de Deputados e do Senado Federal se estabelece como uma sólida base de apoio ao governo Bolsonaro, atingindo um índice de 76% de alinhamento na Câmara e 86% no Senado. O chefe do Executivo possui um histórico volumoso de negação do racismo como problema estrutural do país, tendo inclusive dito a apoiadores que sempre questionou a política de cotas raciais, além de diversas declarações racistas que remontam a discursos escravocratas.

Nesse cenário, é necessário demarcar a importância do movimento estudantil e da mobilização social em torno da defesa das políticas afirmativas que garantem o acesso de camadas da população historicamente afastada dos espaços de prestígio social. Precisamos nos preparar para uma importante batalha em defesa de nossos direitos, em defesa da possibilidade de continuarmos produzindo conhecimento e saber. A população periférica, o povo negro, as comunidades indígenas e as pessoas com deficiência não serão novamente renegadas às margens da sociedade, pelo contrário, serão protagonistas de suas histórias e ocuparão as universidades.

Ainda, é a oportunidade de denunciar a continuidade da exclusão de grupos sociais ainda hoje marginalizados, buscando-se ampliar a política de cotas. Estudantes transexuais, por exemplo, representam apenas 0,1% do total dos alunos e alunas de universidades federais no Brasil, um retrato dos altos índices de evasão escolar decorrente do preconceito e o precoce início no mercado de trabalho informal, uma vez que muitos e muitas são expulsas de casa e se vêm obrigadas a se prostituir, comprometendo o acesso à educação.

Reflexos das ameaças que se colocam diante de nós já começam a ser percebidos no cenário político: o PL 1531/2019, de autoria da deputada Professora Dayane Pimentel (PSL-BA), propõe a remoção do critério racial de reserva de vagas, ignorando o passado colonial e escravagista que marca nossa história, se fundando na defesa da existência de uma ilusória “democracia racial”. Tais tentativas demonstram os riscos que estamos correndo, pois o acesso ao ensino superior por parte da população negra só atingiu níveis consideráveis através das políticas de cotas e, ainda hoje, estudantes da negritude enfrentam diversas dificuldades para acessar programas de pós-graduação em razão da quase inexistência de políticas afirmativas, o que reforça a importância do critério racial.

A universidade pública é instrumento de emancipação e se pauta por valores de inclusão e igualdade, não podemos permitir que o povo, que sustenta e financia esses espaços através da exploração de sua força trabalho, seja novamente excluído. A fragilização da Lei de Cotas e as tentativas de enfraquecê-la não podem prevalecer sobre o interesse da grande maioria da população, que antes sequer imaginava estudar, pesquisar ou se graduar. Se trata de uma luta por nossas vidas e por nossos sonhos.

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Texto de Amanda Bachmann, Fauzi Bakri, Lucas Monte e Matheus Riguete, do Centro Acadêmico Hugo Simas (CAHS), publicado originalmente na Alma Preta.