Cococi
já foi cidade e hoje é distrito de Parambu, no sertão do Ceará. Os sete
moradores da localidade vivem da agricultura de subsistência.
Distrito fica a 27 km de Parambu. O único acesso é por estrada de piçarra. Foto: André Teixeira/G1. |
O
distrito de Cococi perdeu o status de cidade em 1979 e hoje pertence ao
município de Parambu, no sertão dos Inhamuns no Ceará. Sete pessoas de duas
famílias vivem na ex-cidade que já abrigou duas mil pessoas. Só restaram duas
casas e a igreja entre as ruínas. ''Não
acontece nada na maior parte do ano”, diz Maria Lobo, uma das moradoras.
A
cidade é de grande importância para a história da região dos Inhamuns. De
acordo com a diretora do Museu dos Inhamuns, Dolores Feitosa, foi lá que
chegaram os primeiros habitantes a essa área do sertão cearense.
Para Clenilda, na maior parte do ano não "acontece nada" em Cococi. Foto: André Teixeira/G1. |
O
lugar começou a declinar por causa da estiagens. “As pessoas foram saindo atrás de melhores condições de vida para seus
filhos, para que eles pudessem estudar em centros mais desenvolvidos, porque
Cococi estagnou”, diz a curadora do museu.
Os
moradores contam que o terceiro e último prefeito da ex-cidade deu um calote na
população e fez uso irregular de verba pública, o que revoltou e fez com que o
restante da população abandonasse o local.
Atualmente,
as poucas casas do local estão em ruínas. A vegetação destruiu a câmara municipal
e a prefeitura. O telhado da maior parte das casas já desabou e o moinho de
vento não puxa mais água para os sete moradores que ainda habitam o local.
Somente
duas casas e a igreja estão conservadas. Maria Clenilda Lobo, de 40 anos, é
matriarca de uma das famílias do Cococi. Ela mora com dois filhos e vivem da
agricultura de subsistência. Para Maria, Cococi é uma “cidade fantasma onde não
acontece nada na maior parte do ano”.
Igreja fica lotada durante novenário e "muda a cara" de Cococi. Foto: André Teixeira. |
Já
Ana Cláudia, dona de casa e chefe da segunda família do distrito de Cococi,
pensa diferente. “Aqui sempre vêm
historiadores, pesquisadores interessados na história do Cococi. Também temos
sempre visita de pessoas que vêm gravar entrevista e filme por aqui”, diz
Ana.
De
29 de novembro a 8 de dezembro, Cococi realiza um novenário que “muda a cara do local”, como diz Ana
Cláudia. O distrito recebe cerca de 300 pessoas por dia, que lotam a igreja de
Nossa Senhora. A igreja é preservada pelas duas famílias de Cococi e é o prédio
mais conservado da área.
Os
católicos vêm das cidades vizinhas e criam um comércio paralelo durante os dias
do novenário. Maria Clenilda aproveita a lotação para vender churrasco, cerveja
e refrigerante. Em um dia de missa ela consegue cerca de R$ 80. O que ela ganha
durante os 11 dias da novena é mais do que durante todo o resto do ano.
Na
manhã desta sexta-feira, 06 de novembro do ano em curso, os alunos da Escola de Ensino Fundamental e Médio Raimundo
Moacir Alencar Mota, em Assaré, expuseram trabalho intitulado “Resgatando Nossa
História – Cococi, um passado em ruínas”, durante a I Mostra de Ciência,
Cultura e Tecnologia, do Cariri Oeste da Escola Estadual de Educação Profissional
Antônia Nedina Onofre, no mesmo município. As exposições temáticas receberam
várias visitas de outras instituições de ensino, inclusive alunos e professores
da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo,
localizada no município de Nova Olinda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!