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O povo foi as ruas protestar inicialmente contra o aumento das passagens de ônibus e o movimento se espalhou pelo pais se configurando como um dos maiores dos últimos trinta anos |
Organizações
e lideranças progressistas não podem se omitir nas jornadas da próxima 5ª
feira, dia 11. Para além das justas reivindicações corporativas e setoriais,
cabe-lhes repor a moldura política da disputa em curso no país.
Um
ciclo de crescimento se esgota; outro terá que ser construído. Vivemos um
aquecimento: 2014 será o pontapé oficial. Vulgarizadores do credo neoliberal
celebram: com as multidões nas ruas, é a tempestade perfeita. Em termos. Se
acertam no varejo, trombam no essencial:
o que anda para frente não se confunde com o cortejo empenhado em ir para trás.
O
que as ruas reclamam não cabe no credo regressivo: reforma política, mais
democracia, mais investimento público, mais planejamento urbano e mais
liberdade de expressão. O fato de a revista ‘Veja' ter recorrido ao rudimentar
expediente de falsear um ‘líder biônico dos protestos' diz muito da dificuldade
em acomodar os anseios das multidões nos limites do ideário que vocaliza.
A narrativa ortodoxa sempre desdenhou da
dinâmica vigorosa embutida no degelo social registrado na última década. Ou
isso, ou aquilo. Ou se reconhece os novos aceleradores sociais do
desenvolvimento ou o alarde dos seus gargalos é descabido. Ambos são reais. Há
um deslocamento social em marcha que se pretende barrar com a falsificação de
multidões retrógradas.
No dia 11, o Brasil deve expressar sua
diversidade. Mas, sobretudo, emoldura-la em uma agenda comum emancipadora. Para
libertar a rua do sequestro conservador.
Via
Editorial do Carta Maior