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Na ordem: Iya Wanda Araújo, vereadora Monica Cunha e vereadora Thaís Ferreira durante a inauguração da Comissão /Foto: Divulgação |
A
Câmara Municipal do Rio de Janeiro inaugurou a Comissão Especial de Combate ao
Racismo em uma atividade realizada no Museu da História e da Cultura
Afro-Brasileira (MUHCAB) presidida pela vereadora Monica Cunha (PSOL) e
composta pelos vereadores Thaís Ferreira (Psol) e Édson Santos (PT). O evento
de lançamento foi na última sexta-feira (05).
A
atividade inaugural foi realizada com a presença de personalidades que
compuseram a mesa: a vereadora Thaís Ferreira, o ativista Lucas Batal do
Movimento Negro Unificado (MNU), a jornalista, historiadora e diretora-geral do
Arquivo Nacional, Ana Flávia Magalhães, a defensora pública e membro do Núcleo
Contra a Desigualdade Racial (Nucora) Danielle da Silva e a Iya Wanda Araújo.
Durante
o evento que inaugurou a primeira comissão com esse viés no país, a vereadora
rechaçou o status de pioneirismo, mas enfatizou a importância da comissão. “ O que nós estamos falando nesse Rio de
Janeiro é que nós vamos para o combate. Não aceitamos menos! Queremos o fim do
racismo”, falou no discurso de abertura.
Em
seguida a vereadora Thais Ferreira falou sobre a força coletiva. “A nossa comunidade cuida junto, que ampara
junto, que faz crescer e se desenvolver junto. Então não poderia ser diferente
quando a Monica propôs uma Comissão Especial de Combate ao Racismo, estarmos
nós parlamentares negros e negras com suas diferenças que se somam, porque
sozinho não tem como fazer”.
Já
Ana Flávia Magalhães destacou o poder de resistência do povo negro diante as
violências produzidas pelo sistema. “O
racismo é perverso, ele organiza essa sociedade, mas até hoje ele não foi capaz
de nos destruir. Somos maioria populacional desse país, e isso está inscrito na
nossa história como nação, como sociedade”, diz a historiadora, que afirma
que defender a comissão é uma forma de torná-la permanente.
A
última integrante da mesa a discursar foi a Iya Wanda Araújo, que ressaltou a
importância da inauguração da comissão ser feita no MUHCAB. “Esse é um espaço sagrado, um espaço de luta
e essa comissão nascer aqui oficialmente, significa vida longa”, disse a
Yalorixá.
Também
estiveram presentes alguns apoiadores da comissão, como o deputado federal
Pastor Henrique Vieira (PSOL), a vereadora Monica Benicio (PSOL), a deputada
estadual Dani Monteiro (PSOL), a vereadora de Niterói Benny Briolly (PSOL) e o
deputado estadual professor Josemar (PSOL), que disseram algumas palavras
durante a audiência pública.
“Nós sabemos que o racismo é um golpe fatal
em nossa frágil democracia, e que nós precisamos em todas as esferas, sair da
civilizatória. Pois enquanto o nosso corpo for alvo da violência, da violação e
da produção permanente da morte, nós não podemos nos silenciar”, disse o
deputado federal Pastor Henrique Vieira.
Além
dos parlamentares, as mães de jovens mortos pela violência do município também
estiveram presentes. A vereadora Monica Cunha, que também perdeu seu filho de
forma violenta, levou alguns familiares das vítimas, que na maior parte são
negros e moradores de favela, para não deixar que essas fatalidades caiam no
esquecimento, e mostrar o quão importante é o trabalho que será feito pela
comissão.
“A gente precisa seguir firme nessa luta para
que outras mães possam ter o direito assegurado de conviver com seus filhos. Eu
sonho e luto por um dia em que as mulheres pretas, pobres e moradoras de
favelas vão poder ter o direito de conviver com os seus filhos, ter o direito
de serem enterradas pelos seus filhos, e não o contrário”, disse Ana Paula
Oliveira, mãe do Johnatha de Oliveira Lima, um jovem de 19 anos que foi
assassinado com um tiro nas costas pela polícia.
Dentre
os familiares que participaram do evento, alguns perderam seus parentes na Chacina do Jacarezinho, que completa dois
anos neste sábado (06), uma das maiores da história do Rio de Janeiro, que deixou
28 mortos.
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Com informações do Notícia Preta.