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Foto divulgada na rede social facebook |
A
Universidade Estadual do Ceará (Uece) está sendo acusada de racismo pelos
estudantes. A reação foi provocada devido a perguntas sobre cotas raciais do
questionário do Censo Discente 2013, que contém pesquisa da Procuradoria
Educacional Institucional para levantar o perfil socioeconômico e cultural dos
18 mil alunos da Uece.
Os
estudantes consideraram as perguntas racistas. Uma das perguntas, por exemplo,
questiona se os estudantes concordam que a qualidade dos cursos será
prejudicada com a entrada de alunos negros. A UECE informou, por meio de nota,
que “as questões 26 a 33, referentes às opiniões quanto ao sistema de cotas
raciais e sociais na universidade, têm o propósito de captar a compreensão dos
aluno/as da Uece quanto aos argumentos que norteiam sua opinião eventualmente
favorável ou desfavorável ao sistema de cotas nas universidades".
A
universidade descartou o tom racista denunciado pelos alunos através de
manifestações nas mídias sociais. Segundo a instituição, a metodologia adotada
na construção desse instrumento levou em consideração a importância de
expressar diferentes opiniões, mesmo que polêmicas, sobre temas que ainda não
têm unanimidade na realidade brasileira, como o sistema de cotas no ensino
superior.
A
Uece anfatizou que questões dessa natureza estão presentes nos instrumentos de
pesquisa de muitas universidades. “Perguntas como essas, por exemplo, fazem
parte da pesquisa de atenção aos alunos da Universidade Estadual de Londrina
(UEL)", rebateu a nota.
"Para
que seja garantida uma universidade socialmente referenciada e inclusiva, o
mapa das resistências e das aceitações, quanto ao sistema de cotas, sobretudo
as étnicas, precisa ser feito. As questões, sob a forma de inventário, para
resposta sim ou não, devem ser instigantes, para que as posições sejam
percebidas com clareza, sem que, a priori, haja julgamento de valor. As várias
posições precisam aparecer no questionário, pois assim modularemos as formas de
implantação, sem perda do objetivo de construirmos uma Uece democrática e
justa. A Uece acredita que todas as ideias necessitam da luz do debate",
diz o comunicado.
A
nota é assinada pelos pró-reitor de Políticas Estudantis, Antônio de Pádua
Santiago de Freitas, pela coordenadora da Célula de Ação Afirmativa, Maria
Zelma de Araújo Madeira, e pela pesquisadora educacional, Fátima Maria Leitão
Araújo.
Estudantes
Os
alunos da Uece manifestaram-se no Facebook contra às perguntas polêmicas.
"Racismo é crime!!! Isso foi racismo", escreveu Tiago Régis. Outros
estudantes postaram: "Isso é um absurdo! A universidade deve pertencer ao
povo"; "Sinceramente, é cada coisa que a gente vê e lê em pleno
século 21. Mente conservadora, colonial, elitista e segregacionista". Até
o meio-dia desta quarta-feira os comentários foram compartilhados mais de 200
vezes.
A
assessoria da Uece informou que "não ficou bem entendida a pergunta para
os alunos". "Ninguém teve intenção de afetar ninguém com os
questionamentos. Inclusive, uma das pessoas que elaborou a pergunta é
professora doutora e negra", afirmou.
A
professora citada, Zelma Madeira, é coordenadora de Célula de Ação Afirmativa
da Uece. "Sou do movimento negro, sou negra e favorável às cotas. Estamos
tranquilos com o teor da pesquisa", disse ela. "Queríamos saber os
argumentos dos alunos, se são favoráveis ou não às cotas. A intenção foi a de
captar as opiniões deles e entender o que os 18 mil alunos compreendem sobre o
sistema", afirmou.
Via
O Povo