A
quinta edição da Caravana da Cultura, iniciativa do Ministério da Cultura
(MinC) que busca estreitar laços e ouvir demandas de artistas e gestores
culturais, teve início nesta terça-feira (12) com uma série de atividades na
cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. O ministro Juca Ferreira, a
presidenta do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional),
Jurema Machado, e os secretários do Audiovisual, Pola Ribeiro, e da Cidadania e
da Diversidade Cultural, Ivana Bentes, participaram de reunião com autoridades,
visitaram um terreiro de candomblé e conheceram ações do Iphan no município,
entre outras atividades.
“Nesta
visita, estamos vendo as demandas que a população tem em relação ao patrimônio
histórico. Também vamos conversar com a comunidade para aproximar o ministério
de onde a cultura floresce”, destacou Juca Ferreira. “O Recôncavo é uma das regiões mais densas culturalmente do Brasil. E
Cachoeira é uma cidade muito viva, que está sempre se renovando e tem um
patrimônio histórico invejável. Tenho muito afeto pela cidade”.
O
secretário de Cultura da Bahia, Jorge Portugal, destacou que a visita ao
Recôncavo Baiano é um gesto “emblemático” do Ministério da Cultura. “Cachoeira e Santo Amaro são as duas cidades
mais importantes do Brasil Colônia, locais onde o país começou e se sedimentou
culturalmente”, afirmou. “A
Secretaria de Cultura está irmanada nesta caravana como se estivesse recebendo
o abraço de um irmão que convida para a realização de uma política cultural
competente para o nosso país”.
Uma
das atividades deste primeiro dia foi a visita ao Candomblé Roça de Ventura. O
santuário religioso, que faz parte da naçãoJeje Mahi, originária nos cultos às
divindades chamadas vodum, é um dos mais antigos terreiros de candomblé da
Bahia, tendo sido tombado em 2014 pelo Iphan como patrimônio cultural do
Brasil. O terreiro tem fundamental importância na formação da rede de terreiros
do Recôncavo Baiano e, sobretudo, para a formação histórica do candomblé como
uma instituição religiosa.
“Uma das coisas de que mais gosto em
Cachoeira é esta densidade espiritual. A sociedade brasileira deve muito a essa
contribuição africana para a formação da nossa identidade, espiritualidade e
alegria de viver”, afirmou Juca Ferreira. “Reconhecer o valor deste terreiro como patrimônio é fundamental”,
acrescentou o ministro, que também criticou a intolerância religiosa da qual
são vítimas terreiros de religiões de matriz africana. “Devemos continuar plurais e respeitosos”, afirmou.
Durante
a visita ao candomblé, Jorge Portugal informou que a Secretaria de Cultura da
Bahia irá incluir o terreiro e outras casas de matriz africana no Programa de
Apoio a Ações Continuadas de Instituições Culturais, possibilitando o repasse a
essas instituições de recursos do Fundo de Cultura do Estado da Bahia. “É a garantia de funcionamento de fundações e
instituições importantes para a nossa cultura”.
O
responsável pelo terreiro, Edvaldo de Jesus Conceição, mais conhecido como Buda
de Bobosa, destacou a importância do tombamento pelo Iphan. “A preservação desta área é muito importante
para evitar devastações na nossa área e para podermos fazer nossos cultos aos
orixás”, afirmou.
Na
sequência, a comitiva do MinC esteve no Casarão, imóvel histórico construído no
século XVIII e tombado em 1943. A presidente do Iphan, Jurema Machado, assinou
termo de cessão do prédio para a Administração Municipal. No local, serão
instalados vários equipamentos do Sistema Municipal de Cultura, como a
Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, o Conselho Municipal de Política
Cultural, o Centro do Samba de Roda de Cachoeira e o Memorial de Imagem e Som
de Cachoeira, entre outros.
“Cachoeira é um dos exemplos mais
interessantes na história do Iphan dessa associação entre patrimônio e
dinamização da vida urbana”, afirmou Jurema Machado. “É preciso dar uso a esse patrimônio, fazer com que ele faça sentido no
cotidiano da cidade. Ver esta casa usada, com intenso interesse da comunidade,
é muito importante para a preservação do patrimônio”.
Ainda
nesta terça-feira, a comitiva do MinC visitou o Quarteirão Colombo, onde será
implantada uma nova unidade do campus da Universidade Federal do Recôncavo
Baiano e o Cine Teatro Cachoeira. Ao lado, havia uma manifestação organizada
pelo Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Cachoeira reivindicando
mais educação. Em jantar com o
secretário Jorge Portugal, o cantor Carlinhos Brown, o presidente do Olodum,
João Jorge Rodrigues, e o Vovô do Ilê Ayê, fundador do bloco Ilê Ayê, a
Caravana da Cultura discutiu a criação de um circuito afro no carnaval da Bahia