19 de junho de 2024

VII Sarau da EEMTI Pe. Luís Filgueiras trabalha equidade de gênero e proteção às mulheres a partir da arte

 

Maria Djhenniffer, do 2º Ano C, interpretando Benigna Cardoso. FOTO | Kauã Sales (3º Ano A).

Por Nicolau Neto, editor

A Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Padre Luís Filgueiras, em Nova Olinda-CE, realizou nesta sexta-feira, 14 de junho, a 7ª edição do Sarau Literário. A ação se desenvolveu durante todo o dia no Teatro Violeta Arraes envolvendo estudantes das três séries. O encontro teve como temática “equidade de gênero e proteção às mulheres” e como proposta central “Meninas, mulheres e artes: Educação que transforma”.

Pensada, articulada e desenvolvida pela área de linguagens e códigos, as ações enveredaram por várias expressões artísticas, dentre as quais cita-se recitação de poesias, interpretações musicais e peças teatrais. Segundo o professor Daniel Rodrigues, a ideia teve como referência a proposta trazida no VIII Festival Alunos que Inspiram, da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), que objetiva identificar, valorizar dando visibilidade à produção artística e cultural dos estudantes rede pública estadual de ensino.

Para o estudante João Alleff, do 3º Ano A e cerimonialista, “o Sarau constitui-se num espaço de ampliação do repertório comunicativo e expressivo, de convívio e sustentação das diferenças na comunidade, de ampliação e construção de laços e inclusão sociais, além da ampliação da autonomia.” E é dentro desse contexto e percebendo “que as mulheres, na maioria das vezes, se encontram em situação de exclusão e silenciamento, que abraçamos essa temática”, destacou.

Na mesma frequência, Valclécia - também cerimonialista e do 3º Ano A -, frisou a situação da mulher no país que é colocada em situação de inferioridade e chamou o público para testemunhar um poema autoral da estudante Jamile Bispo (3º A) recitado pela própria. Neste, ela prendeu a atenção do público ao mencionar o tempo todo a importância das mulheres vítimas de violência fazerem as denúncias.

Valclécia e João Alleff, cerimonialistas e estudantes do 3º Ano A. (FOTO | Kauã Sales).

Para a professora Laudinha Muniz, “além da denúncia, o Sarau também tocou em pontos estratégicos que corroboram para a perpetuação dos casos de agressões físicas, levando cotidianamente a morte de milhares de mulheres”. “Um dos fatores é o ato de ir sempre adiando a denúncia dos atos de violência. Por isso, nossos estudantes recitaram o poema ‘Hoje eu recebi flores’ que toca em uma das questões mais chocantes no país, que é a dependência financeira como motor dos contínuos ataques ao gênero”, comentou.

O recorte racial nas discussões foi outra marca ao trazer para o centro Conceição Evaristo, que é uma das intelectuais e escritoras negras mais conhecidas do país. Seus poemas são de denúncias das inúmeras desigualdades que a sociedade brasileira alimenta, como misoginia, homofobia, patriarcado e o racismo. Suas escritas tocam também no empoderamento das mulheres negras que buscam contar suas histórias e trajetórias.

Ainda nesta seara, recortes dos poemas que integram a obra Não vou mais lavar os pratos foram recitados, abordando assuntos urgentes que necessitam um olhar mais sério da sociedade, como negritude, o racismo, a maternidade, a escravidão, a liberdade e o ser mulher.

Mas nem só de poemas viveu esta sétima edição. Teve músicas que encantaram o público. Aqui, destaque para a música 'Pra todas as mulheres', interpretada por Mariana Nolasco, abordando a luta das mulheres contra a opressão e concomitantemente o anseio por respeito e igualdade. Mas falar de música e não citar, ou melhor, não interpretar Chico Buarque, um dos maiores ícones brasileiros, não faz sentido. Então, o professor Daniel Rodrigues e o estudante João Neto (2º B) trataram de resolver essa equação. A interpretação se deu a partir da música “Cotidiano”, que segundo eles ‘é o retrato íntimo de como o amor pode se manifestar na simplicidade do dia a dia, ao mesmo tempo em que questiona a resignação com a repetição e a busca por algo mais na vida.

Um dos momentos mais reflexivos se deu com a encenação da peça intitulada “Benigna Sois”. A ação envolvendo estudantes trouxe para o palco um pouco da trajetória de martírio da santanense Benigna Cardoso que foi, segundo a versão da história, brutalmente assassinada aos 13 anos em uma tentativa de estupro. Na peça, Benigna, interpretada pela estudante Maria Djhenniffer (2º C) revive os momentos que antecedem sua morte ao lado de duas amigas da infância e duas amigas e do seu algoz (vivenciado por Italo, do 2º E). A ação retrata os caminhos que a tornariam símbolo de resistência feminina.

Para assistir a peça “Benigna Soisclique aqui

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