Filósofa e Historiadora Lélia Gonzales. (FOTO | Reprodução). |
A editora Boitempo anunciou nesta sexta-feira (7) o início da pré-venda de uma obra fundamental na carreira de Lélia Gonzalez: trata-se de "Festas Populares no Brasil", lançada em 1987, mas que, ao longo dos últimos tempos, caiu no esquecimento.
Na
obra, Lélia Gonzalez faz uma análise da formação do Brasil a partir das festas
populares do país, "de norte a sul, com textos informativos que apresentam
as marcas da herança africana na cultura brasileira, a integração entre o
profano e o sagrado, e a reinvenção das tradições religiosas na formação do
imaginário cultural brasileiro".
À
época, o livro "Festas Populares no Brasil" gerou impacto e foi
premiado; no entanto, ainda é uma obra pouco conhecida e citada no Brasil.
No
prefácio da nova edição de "Festas Populares no Brasil", a
pesquisadora Raquel Barreto analisa esse "esquecimento" imposto à
obra de Lélia Gonzalez e afirma que isso "não é fortuito, mas sim um
capítulo do violento apagamento da sua produção intelectual".
Quem foi Lélia Gonzalez
Lélia
Gonzalez (1935-1994) foi uma antropóloga, professora e ativista, e é uma das
figuras mais influentes do movimento negro e feminista no Brasil. Nascida em
Belo Horizonte, Minas Gerais, Lélia era filha de uma empregada doméstica e de
um ferroviário, experiências que moldaram sua dedicação à justiça social e à
igualdade racial.
Formada
em Filosofia e História pela Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ) e
com mestrado em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (PUC-Rio), Lélia dedicou sua carreira acadêmica ao estudo das
culturas afro-brasileiras e à defesa dos direitos das mulheres e da população
negra.
Lélia
Gonzalez destacou-se por unir teoria acadêmica e luta social prática. Em 1978,
foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), atuando ativamente
na criação de espaços para discutir e combater o racismo e o sexismo no Brasil.
Além
de suas atividades acadêmicas e de ativismo, Lélia se envolveu na política,
candidatando-se a deputada federal e estadual pelo Partido dos Trabalhadores
(PT) e, posteriormente, pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT). Embora não
tenha sido eleita, sua participação política inspirou muitas outras mulheres
negras a se envolverem na política.
Além
disso, Lélia Gonzalez é lembrada por sua contribuição à valorização da cultura
afro-brasileira e pela luta contra o racismo e a discriminação de gênero. Seu
trabalho influenciou gerações de ativistas e acadêmicos, consolidando seu
legado como uma das figuras mais importantes na defesa dos direitos humanos no
Brasil.
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Com informações da Revista Fórum.
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