![]() |
Criança negra lê livro na escola. (FOTO | Reprodução). |
Sete de cada dez Secretarias Municipais de Educação da região Sudeste do Brasil realizam pouca ou nenhuma ação para cumprir a Lei 10.639, de 2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas públicas e privadas.
As
informações são de em um levantamento realizado por Geledés Instituto da Mulher
Negra e pelo Instituto Alana, com 1.187 secretarias de todo o Brasil. A amostra
corresponde a 21% dos municípios do país.
Os
dados do Sudeste seguem a média nacional que já havia sido divulgada pelo
estudo há poucos meses. A região também foi a segunda do país que mais
respondeu ao estudo: 238 secretarias (20% do total de respondentes).
O
Espírito Santo, o estado com maior participação da região, teve 29% de adesão à
pesquisa, seguido por Rio de Janeiro (23%); São Paulo (22%) e Minas Gerais
(apenas 6%). No levantamento, estados com menos de 20% de municípios
respondentes não permitem generalização da análise.
Nesse
contexto, o Rio de Janeiro inverte a média nacional, uma vez que 71% das
secretarias do estado implementam ações antirracistas. Ao contrário da média
nacional, em que 71% descumprem a lei.
São
Paulo é o estado da região que mais negligencia a lei federal, com 74% de suas
secretarias tendo pouca ou nenhuma atuação na garantia da sua efetividade.
Minas Gerais teve adesão de apenas 49 secretarias (6% do total de municípios do
estado). Dessas, 67% não implementam a lei e 10% afirmam existir uma
regulamentação específica.
“A Lei 10.639/03 é a principal ferramenta
para combater o racismo e para construir uma perspectiva positiva sobre as
contribuições da população africana e afro-brasileira na nossa história e cultura,
o que contribui para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”,
comenta Beatriz Benedito, analista de políticas públicas do Instituto Alana.
“Nesse sentido, governos, sociedade e escolas
devem unir esforços para realizar ações de fortalecimento da administração
pública, com o uso de indicadores de raça e cor para formulação e monitoramento
de políticas educacionais, como também para a formação de professores e a
escolha de materiais didáticos adequados. É um processo complexo e que demanda
tempo e esforço imediato desses diferentes atores”, complementa.
Orientações acerca de casos de racismo
A
pesquisa também mostra que a maioria das ações realizadas pelas secretarias
para apoiar as escolas nos municípios são orientações acerca de medidas a serem
tomadas em casos de racismo e sobre práticas pedagógicas e atividades
didáticas.
A percepção das secretarias respondentes sobre os desafios para a implementação da lei é a de que há ausência de apoio de governos, organizações e empresas, além da dificuldade dos gestores e profissionais em transpor o que está previsto nos currículos para os projetos das escolas.
Outro
desafio identificado no Sudeste é o alocamento de recursos específicos para o
cumprimento da legislação. Ainda que cerca de 40% do território nacional
realize investimentos e disponibilize recursos financeiros, apenas 8% das
secretarias do Brasil e 10% da região possuem orçamento específico para
implementá-la.
“Nós esperamos que este estudo contribua para
a discussão sobre como a intencionalidade de organização das secretarias para
induzir e fortalecer a implementação da lei, por meio do planejamento
articulado e contínuo, impacta a atuação das redes escolares no combate ao
racismo”, diz Tânia Portella, representante de Geledés.
“Se colocada em prática, a lei pode impactar
a vida de todos os estudantes e profissionais da educação, ao trazer
referências que dialogam com os saberes de todos os povos e realidades,
promovendo mudanças de percepções e comportamentos nas pessoas. Impacta a
comunidade escolar, o entorno e com o tempo, se deseja alcançar um conjunto
mais amplo da sociedade a partir do conhecimento, reconhecimento e valorização
de realidades e abordagens que foram invisibilizadas ao longo da história
brasileira”.
____
Com informações do Alma Preta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!