Cerimonial da Consciência Negra 2022 da EEMTI Menezes Pimentel de Potengi

 

Cerimonialista da Consciência Negra 2022 da EEMTI Menezes Pimentel. (FOTO/ Nicolau Neto).

Por Nicolau Neto, editor

No último dia 25 de novembro a Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Menezes Pimentel, do município de Potengi, no cariri cearense, realizou sua II Mostra da Cultura Africana, Afro-brasileira e dos Povos Originários durante a pandemia do Coronavirus e a I de forma presencial neste contexto pandêmico. O evento deste ano referente ao Dia Nacional de Consciência Negra teve como tema ano “Nossos passos vêm de longe: as lutas do passado devem ser sementes para as batalhas do presente”.

Composto por muitas apresentações, o evento também teve muitas informações que tinham como finalidade trazer para os/as presentes o histórico de resistência e de luta da população negra durante o processo da escravização, do racismo estrutural, mas também o grande número de negros e negras e de povos originários que estão produzindo e escrevendo livros, sendo portanto, referência de intelectualidade. O objetivo era, portanto, demonstrar esses grupos como produtores de conhecimentos e de saberes e que ficou nítido durante o cerimonial apresentado pelas estudantes do segundo ano Luiza Tomaz, Luiziany Fidelis, Júlia Guedes e Luiza Severo.

Confira abaixo o cerimonial na íntegra:


Programação do Projeto “Nossos Passos Vêm de Longe”

Ensino da História e Culturas Afro-brasileiras e Indígenas 

Tema: As lutas do passado devem ser sementes para as batalhas do presente

Apresentação – Luiza Tomaz, Luiziany Fidelis, Júlia Guedes e Luiza Severo

 

A História do Brasil se confunde com a história do processo de escravização da população negra e indígena. Foram séculos de violência física, mental e de extermínio que teve como consequência um racismo estrutural. Governantes brasileiros, de imperadores a presidentes, foram responsáveis pela promoção e perpetuação da desigualdade racial, com leis que dificultavam o acesso de negros, negras e povos nativos (indígenas) a direitos fundamentais como a terra e a educação, além de os criminalizarem também por legislação. A Lei de Terras de 1850, texto que reconhecia como propriedade apenas as terras adquiridas através da compra e a Lei da Vadiagem de 1942, que criminalizava e punia aqueles sem trabalho e impedidos de frequentarem as escolas (leia-se negros), são exemplos disso. (Luiza Tomaz).

Perfeitamente, Luiza. Mas apesar desse extermínio, a população negra existe e resiste. Fora do continente africano, o Brasil é o país mais negro do mundo. Mais da metade da população brasileira é negra (56,10%). No Estado do Ceará, por exemplo, esse número sobe para a casa dos 72,5%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). No entanto, mesmo sendo a maioria, negros e negras são minorias nos espaços de poder. O racismo é visto e sentido institucionalmente. O racismo é estrutural como diz o professor e advogado Silvio Almeida. (Luiziany Fidelis)

O Silvio Almeida, Luiziany, citado por ti, também é filósofo, autor de vários livros, presidente do Instituto Luiz Gama e um dos grandes intelectuais negros do Brasil. Mas continuemos com os dados. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), jovens de pele negra possuem quatro vezes mais chances de morrer do que um branco. As mulheres negras ocupando as mesmas funções de brancos e brancas ainda recebem os menores salários. E é esse mesmo IPEA que relata que a chance de um negro ser alfabetizado é cinco vezes menor do que um branco. (Luiza Severo).

Que dados estarrecedores heim Luiza Severo. È por essas e outras que Kabengele Munanga, professor brasileiro-congolês e doutor em antropologia diz que “nosso racismo é um crime perfeito”, pois apesar de ser escancarado é muito difícil eliminá-lo. Tanto que no nível superior a realidade é praticamente a mesma da apresentada por você. Somente uma a cada quatro pessoas formadas é negra. Sem contar os inúmeros casos de discriminação e racismo que crianças e jovens de pele negra sofrem todos os dias nas salas de aulas. Muitos inclusive abandonam as escolas por não serem capazes de superar esse câncer que assola o país desde invasão dos portugueses. Nos livros didáticos, negros, negras e povos nativos não se reconhecem. Não conseguem se perceber nele porque nosso currículo ainda é pautado pelo viés europeu. (Júlio Guedes).

Triste realidade, Júlia. É dentro desse contexto que necessitamos construir uma educação voltada para a diversidade, para a pluralidade e que esteja direcionada a combater cotidianamente o racismo. (Luiza Tomaz).

Exatamente, Tomaz. A nossa educação precisa ser antirracista e um dos caminhos para isso é o debate, a reflexão e promoção de ações que perceba negros, negras e povos nativos não só como contribuidores na formação do país, mas principalmente como produtores de conhecimentos e de saberes. (Luiziany Fidelis).

Sintam-se todas e todos acolhidos nesse evento referente ao Dia Nacional de Consciência Negra da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Menezes Pimentel que tem como tema este ano “Nossos Passos Vêm de Longe: As lutas do passado devem ser sementes para as batalhas do presente”. (Luiza Severo).

Perfeito, Luiza Severo. E para abrir nosso evento convidamos as representações da direção e coordenação da Escola Menezes Pimentel. (Júlia Guedes).

Ótimo, ótimo. O que fundamenta nossa discussão nesta noite? Para falar um pouquinho sobre isso, convidamos a professora Cecélia. (Luiza Tomaz).

Gente, vamos pausar um pouquinho dados e acompanhemos a mística “A voz da Resistência” protagonizada por estudantes dos primeiros, segundos e terceiros anos. A orientação foi da professora Cecélia e os dados para a realização desta apresentação foram retirados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública do IBGE e Organização Mundial da Saúde. Vamos lá. (Luiziany Fidelis).

Muitas mãos e mentes contribuíram para que eventos como esses tenham vida. Convidamos com entusiasmos as estudantes Keury Lourenço, nossa parceira de apresentação Luiza Severo e o estudante Luiz Gustavo para apresentarem o promunciamento de Abdias do Nascimento em Homenagem a Zumbi dos Palmares durante sessão do senado em 1998. Nascimento foi um dos intelectuais brasileiros referência na luta antirracista. A orientação foi do professor Nicolau Neto. Vamos lá, gente? (Julia Guedes).

Que discurso, heim? Vamos acompanhar mais arte? Chamamos agora os estudantes Pablo e Gabriela com a mística “Stand UP” que foi orientado pelas professoras Adeiane e Dárlin. (Luiza Tomaz)

Que lindo. A escrita é uma das nossas armas de denúncia e os poemas uma das balas que dispomos. Por isso chamamos estudantes da Eletiva “Vivências Poéticas” sob orientação da professora Kinha para apresentarem o coral “Consciência Negra”. (Luiziany Fidelis).

Que profundo não é? Então, continuemos nesse ritmo e vamos acompanhar estudantes dos primeiros anos A e C para a peça sob orientação da professora Edilene intitulada “Negro não Nego”. (Luiza Severo).

A representatividade é muito importante e o autoreconhecimento também. Por isso, recebamos com entusiasmos as estudantes Maria Luiza Rodrigues e Maria Luiza da Silva falando sobre isso. Sobre identidade que teve a orientação de Cecélia. (Júlia Guedes).

Que riqueza de detalhes. Para ampliar essa discussão, o professor Sobrinho argumenta que nada mais importante do que quem está na luta falar. Expor suas vivências. E nesse campo, um dos temas que mais chama a atenção é a intolerância religiosa contra religiões de matriz africana e convidou a estudante Maria Luiza Rodrigues para falar sobre sua realidade. Vamos ouvir? (Luiza Tomaz).

Quanta história, quanta cultura ausente dos livros didáticos, heim? Para enriquecer ainda mais essa noite, chamamos a estudante Júlia Vitória em parceria com estudante do 2 F da noite para apresentarem sob a orientação de Adeiane e Darlin a música “Voz da Resistência”. (Luiziany Fidelis).

Que potente. Chamamos o Pedro Wanderson, nosso parceiro forte, para cantar a música “Ideologia”. (Luiza Severo).

A professora Sandra Arruda tem uma eletiva de Cordel e seus estudantes irão apresentar um sobre Baquaqua. Vamos ouvir. (Júlia Guedes).

Voltemos ao ritmo dançante. Resistência aqui também. Sob a orientação das professoras Dárlin e Adeiane, os estudante do 2 F irão apresentar uma dança. (Luiza Tomaz).

Voltemos a linguagem poética. Chamamos com alegria o estudante José Carlos com a música “Favela vive três”. (Luiziany Fidelis).

Quanta coisa para gente pensar e refletir. Quanto protagonismo de nossos estudantes. Alessandro, do 2C irá recitar o poema “Ao suplico de um povo”. Com você meu querido. (Luiza Severo).

Ainda no campo da poesia vamos chamar os estudante do 1 D com o poema “Não Desiste”. (Júlia Guedes).

Agora a gente vai acompanhar a dança “Sou negão, negro lindo e preto” protagonizada por nossos estudantes Eduardo e Yaskla. (Luiza Tomaz).

Se autoreconhecer negra é um processo profundamente necessário e no Brasil, urgente. Chamamos com entusiasmo as estudantes Maria Luiza Rodrigues e Graziele para falar sobre Vidas Negras. (Luiziany Fidelis).

Pensa que acabou? Não. Calma. E vocês que me perdoem o trocadilho, viu. Pois a próxima atração é um coral do 3º C com o título “Calma”. (Luiza Severo).

Perfeito, perfeito. Continuemos nessa pulsação. Conta pra gente Antônio do 2º F essa história da coreografia do Trabalho Escravo: ecoou um canto forte na senzala... (Júlia Guedes).

E ainda não acabou. Nem os poemas e muito menos a nossa noite. Vamos receber de volta o estudante José Carlos com a música “Eu não sou racista” e logo na sequência o grupo de dança com Raires e Davi. Entenderam, galerinha: (Luiza Tomaz)

Que discussão interessante, gente. Mas vamos continuar. Chega pra cá Kaio Wislei. O Kaio vai interpretar o poema de Lucas Penteado. (Luiziany Fidelis).

Para abrilhantar ainda mais a nossa noite, chamamos Ana Lis, Iasmyn e Ezequiel para apresentarem o poema Nossa Luta. (Luiza Severo).

As meninas Lis e Yasmyn permanecem aqui, pois vão apresentar o poema da grande professora e ativista Beatriz Nascimento com o título “Sonho”. (Júlia Guedes).

Beleza. Vamos para o teatro. Recebamos com alegria Jayssa que irá representar a cena “a solidão tem cor, a solidão é preta”. (Luiza Tomaz).

José Carlos, José Carlos. Volta para cá e recite para nós o poema “desbafo de um jovem negro”. (Luiza Severo).

Estamos quase chegando ao final. Mas agora é hora de ouvirmos Vitor, Vinícius e João Carlos com o poema a luta contra o racismo. (Júlia Guedes).

Vamos voltar o contexto das religiões afro-brasileiras. Chamamos agora Maria Clara Araujo e seu companheiro para uma dança da Umbanda. (Luiza Tomaz).

Vamos falar de cotas raciais? Ao centro chamamos os estudantes do 2º F para mística “cota não é esmola”. (Luiziany Fidelis).

Quantas atividades maravilhosas, heim? Estamos chegando ao fim. Mas ainda tem algumas ações. Chamamos Keury, Joaquim, João Vitor, João Gabriel, Gabriel e Maria Eduarda que nos contarão sobre o livro “o que o sol faz com as flores”. (Luiza Severo).

As nossas últimas apresentações é para relaxarmos e dançarmos ao mesmo tempo. Convidamos com alegria as representações de beleza negra para o desfile: Ana Karen (1ª A) e Júnior Laurindo (2º E); Stefani (2º C) e Micael (1º A); Carla Soraya (1º A) e Jardellysson (1º B). E logo na sequência, para encerrarmos, vamos acompanhar a dança de capoeira/maculelê com estudantes do 1º D e 3º D da noite. (Júlia Guedes).

Que lindeza. Agradecemos a todos. A gente lembra que esse evento é uma realização da Escola Menezes Pimentel. Boa noite a todos e todas.

‘Secretaria, não. Nós queremos um Ministério dos Povos Originários’, diz Sônia Guajajara

 

Sônia Guajajara, 48 anos, é formada em Letras e em Enfermagem e é a primeira mulher indígena eleita deputada federal em SP. (FOTO  |Apib/Divulgação).

A criação de uma secretaria especial vinculada à Presidência da República, em vez de um ministério dos Povos Originários, não terá o apoio das comunidades indígenas. A afirmação é da deputada federal eleita Sônia Guajajara (Psol-SP). “Para nós, uma secretaria está fora de cogitação”, diz ela a Juca Kfouri, no programa Entre Vistas, da TVT.

Sônia Guajajara, líder da Articulação Brasileira dos Povos Indígenas, reagiu a uma entrevista coletiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há uma semana, Lula disse em Brasília que seu governo terá a mesma estrutura ministerial de seu segundo mandato (2007-2010). “Acrescido apenas do Ministério dos Povos Originários“, observou, mas com uma ressalva. “Não sei se vai ser de cara um ministério ou uma secretaria especial ligada à Presidência.”

Desse modo, a deputada eleita lembrou que a criação de um Ministério dos Povos Originários foi um compromisso assumido por Lula no acampamento Terra Livre em abril, durante toda a sua campanha, e reafirmado depois de eleito. “Portanto, nós queremos um ministério. Então, vamos dizer: ô, Lulinha, vamos lá, começar cumprindo tudo isso que já foi dito. Estamos animados com esse ministério, pois é uma das formas de começar uma reparação histórica de negligenciamento, invisibilidade e de negação de direitos dos povos indígenas”, disse.

Orçamento e Funai

Além disso, a líder indígena de 48 anos, nascida no Maranhão, na Terra Indígena Arariboia, observa que a criação da pasta é uma forma de assegurar um orçamento próprio. E que o grupo de trabalho dos povos originários, que ela integra, levará ao futuro governo a proposta de nova configuração para a Fundação Nacional do Índio.

“Nós estamos propondo a Funai vindo inteira, com todas as suas atribuições, para o Ministério dos Povos Indígenas.”

Atualmente, a Funai responde ao Ministério da Justiça. A alteração, ela acredita, é uma forma de levar também a estrutura e a dotação orçamentária do órgão para o novo ministério. Isso porque, como não existe, a pasta não tem ainda previsão de recursos do Orçamento Geral da União para 2023.
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Com informações da RBA.

Conselho Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial é aprovado na Câmara de Altaneira

 

Sede da Câmara de Altaneira. (FOTO | Nicolau Neto).

Por Valéria Rodrigues, Colunista

O município de Altaneira, no cariri cearense, deu mais um importante passo na promoção de legislações antirracistas. Isto porque circulou no site oficial do poder legislativo na tarde desta quarta-feira, 07 de dezembro, a informação de que foi aprovado o projeto de nº 032/2022 oriundo do executivo municipal tratando sobre a criação do Conselho Municipal de Políticas de Programação da Igualdade Racial (CMPPIR).

A proposta recebeu pareceu favorável da Comissão Permanente (CP) da Casa e foi aprovada sem que houvesse nenhuma contestação. O Conselho faz parte de uma das onze propostas que estão no Plano de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade, apresentado pelo professor e fundador deste Blog, Nicolau Neto, junto aos poderes executivo e legislativo no mês de maio de 2021.

De acordo com o plano, o Conselho deve ser implantado dentro Secretaria Municipal de Educação (SME) e terá, dentre outras responsabilidades estabelecidas em lei aprovada na Câmara, fiscalizar se as leis 10.639/03 e 11.645/08 que tornam obrigatório o ensino da cultura africana, afro-brasileira e a história e cultura indígena nas escolas públicas, respectivamente, estão sendo cumpridas.

Esta já é a segunda proposta das 11 dentro do Plano de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade que é aprovada e aguarda a sanção do prefeito Dariomar Rodrigues (PT). A primeira foi a transformação do dia 20 de novembro, antes ponto facultativo, em feriado municipal através da Lei nº 819 de 2021.

A Sessão que aprovou o Conselho foi realizada no formato virtual em fase do Coronavirus.

Você pode gostar também de “Feriado municipal em Altaneira no dia da Consciência Negra se torna lei

Clique aqui e confira o Plano de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade.

Estudantes e pesquisadores vão ao STF contra cortes de Bolsonaro em bolsas

 

Com o bloqueio dos recursos pelo governo Bolsonaro, 14 mil médicos residentes não deverão receber suas bolsas este mês. (FOTO | arquivo | MEC).

Entidades estudantis protocolaram mandado de segurança coletivo no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o bloqueio de recursos do governo de Jair Bolsonaro para o Ministério da Educação (MEC). Os novos cortes anunciados pelo governo Bolsonaro afetam bolsas de estudos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o pagamento a médicos residentes já em dezembro. Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), União Nacional de Estudantes (UNE) e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) assinam a ação.

Segundo as entidades, o ato é ilegal porque viola o direito líquido e certo dos bolsistas. “Os estudantes, quando assinam o contrato de Termo de Compromisso para obter as bolsas, passam a ter direito adquirido ao recebimento dos valores, enquanto cumprirem os requisitos exigidos e durante o período de vigência. O decreto 11.269 rompe unilateralmente com tal obrigação”, afirmou a ANPG.

Ainda segundo a entidade representativa dos pós-graduandos, o próprio STF tem a Súmula 473, que garante ao poder público a possibilidade de anular os próprios atos, desde que respeitados os direitos adquiridos. “Nesse caso, o governo Bolsonaro simplesmente rasga os termos de bolsas de 100 mil pesquisadores da Capes e 14 mil residentes”, afirmou ainda a entidade.

Corte do pagamento das bolsas por Bolsonaro é ilegal

Além disso, segundo os advogados das entidades estudantis, a bolsa de estudos tem natureza alimentar. Ou seja, é o único recurso financeiro de que dispõem esses milhares de estudantes para garantir sua própria sobrevivência. Afinal é a remuneração que têm pelo projeto de pesquisa realizado.

Com os cortes de Bolsonaro na Educação, foram zeradas as verbas para bolsas na graduação, pós-graduação e residência. E também o pagamento de trabalhadores terceirizados das universidades e institutos federais de educação técnica e tecnológica e médicos residentes.

Dia nacional de mobilização em defesa das bolsas de estudos

Para pressionar o governo Bolsonaro a reverter o confisco dos recursos do Ministério da Educação, a ANPG convoca mobilização a partir desta quinta-feira (8).

A entidade atribui a situação atual aos esforços de Jair Bolsonaro para garantir recursos para o orçamento secreto e sua reeleição. E também aos efeitos de sua política econômica. “Em virtude disso, há bloqueio financeiro que não permitem que a Capes, universidades e outros órgãos cumpram com suas obrigações financeiras É o caso do pagamento de água, luz, terceirizados e as bolsas de assistência estudantil e de estudos, no Brasil e exterior, como mestrado, doutorado e residências”, afirma.

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Com informações da RBA.

Humafe é campeão da I Copa Ascon de Futebol de Altaneira

 

Humafe é campeão da I Copa Ascon de Futebol de Altaneira. (FOTO  | Reprodução).

Por Nicolau Neto, editor 

Quase um mês depois de seu início, em 5 de novembro, a I Copa Ascon chegou ao seu final. 

A competição foi organizada e realizada pela Assessoria de Contabilidade de Altaneira (Ascon) envolveu a participação de oito equipes, sendo duas representantes da zona Rural: Serano, do sítio Serra do Valério, e Vila Rica, do distrito São Romão. As demais equipes são Humafe, TCT, Juventude, Maniçoba, Caixa D’Água e Portuguesa.

A segunda fase era eliminatória e colocou neste sábado, 03 de dezembro, no campo da Associação Esportiva Altaneirense (AEA), frente a frente na disputa pelo título as equipes do Caixa D’Água e do Humafe. A segunda não tomou conhecimento do adversário e venceu e convenceu os espectadores. 

"Humafe é campeão da Copa Ascon 2022, com campanha irretocável", destacaram os organizadores. Com o placar de 3 x 0, o Humafe também teve a maioria dos jogadores na lista dos melhores. Gustavo Moura, Gabriel e Lucas foram os três melhores jogadores, respectivamente. Além deles, o melhor goleiro foi também da equipe campeã, o Wdson.

Somente o artilheiro nao foi do Humafe. Bebel do Serrano foi o atleta que mais balançou as redes adversárias.

Reclusão e inoperância: Bolsonaro trabalhou apenas 36,5 horas desde que perdeu a eleição

 

Bolsonaro na cerimônia de entrega de espadas aos aspirantes a oficial da Turma “Bicentenário da Independência do Brasil”, em Resende (RJ), no último dia 26 - Clauber Cleber Caetano/PR.


O presidente Jair Bolsonaro (PL) trabalhou apenas 36 horas e 30 minutos no primeiro mês após a derrota no segundo turno das eleições, entre os dias 31 de outubro e 30 de novembro. Levando em conta os 23 dias úteis desse intervalo – tirando finais de semana e feriados – o candidato derrotado à reeleição trabalhou uma média diária de somente cerca de 1 hora e 35 minutos.

Os cálculos consideram os dados dos compromissos registrados na agenda oficial divulgada pelo Palácio do Planalto, que documenta a duração de cada atividade presidencial. Nesse período, considerando a escala de segunda a sexta, o ex-capitão passou três dias úteis sem nenhum tipo de compromisso oficial.

Entre 1º de novembro, uma terça-feira, e o dia 3, por exemplo, houve um vácuo de quase 48 horas no meio da semana sem encontros oficialmente identificados, até que o presidente recebeu o ministro da Secretaria de Governo da Presidência, Célio Faria Júnior, no Palácio da Alvorada.

Entre os perfis identificados nas agendas, figuram ministros de Estado, assessores pessoais, parlamentares atuantes no Congresso Nacional ou recém-eleitos pelas urnas, bem como alguns poucos interlocutores de grupos de interesse. É o caso do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Fierj), Eduardo Eugenio Gouveia, que esteve com o presidente na última terça (29).

Bolsonaro não compareceu, por exemplo, à COP27, a conferência das Nações Unidas sobre o clima, realizada de 6 a 18 de novembro, no Egito, nem à reunião da cúpula do G20, na Indonésia, que teve início dia 14. No dia 25, ele interrompeu o jejum de viagens e se deslocou para Guaratinguetá (SP), de onde partiria no dia seguinte para Resende (RJ), com o intuito de participar da Cerimônia do Aspirantado 2022, organizada pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). A ida a eventos de cunho militar tem sido uma das marcas de seu governo.

Desde que se tornou o primeiro presidente a fracassar na busca da reeleição após o primeiro mandato, Bolsonaro tem se mantido boa parte do tempo recluso no Palácio da Alvorada, residência oficial, com uma rotina bem menos dinâmica do que de costume, além de pouco comunicativa nas redes sociais, seu principal canal de comunicação com apoiadores e sociedade em geral. Logo na primeira semana após a derrota, o ex-capitão alegou erisipela, infecção cutânea que se manifesta nas pernas.  

Foram poucos os compromissos cumpridos, sendo a maior parte das agendas sediadas no próprio Alvorada. O freio nas atividades presidenciais acabou deslocando o centro do poder para outro espaço, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde operam, em Brasília (DF), os núcleos da equipe de transição de governo liderada por Lula. O local virou o principal ponto de atração para imprensa, internautas, lideranças da sociedade civil, entre outros segmentos.

O amortecimento dos trabalhos no Planalto chamou a atenção de opositores a ponto de ir parar no sistema de Justiça: na semana passada, parlamentares do PSOL em São Paulo provocaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) com uma notícia-crime que acusa Bolsonaro de abandono de cargo público e pede investigação do Ministério Público Federal (MPF) sobre o caso. A queixa partiu do vereador de São Paulo Celso Giannazi, do deputado estadual Carlos Giannazi e da primeira suplente da sigla no estado para a Câmara dos Deputados, Luciene Cavalcante.

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Com informações do Brasil de Fato.

Caderno Afro Memória reverencia Milton Barbosa e a luta antirracista

 

(FOTO| Projeto Afro Memória).


O Projeto Afro Memória publicou a primeira edição dos Cadernos Afro Memória. O caderno foi construído a partir do acervo documental de Milton Barbosa, militante e um dos fundadores do Movimento Negro Unificado (MNU). Em 2022 o MNU completou 44 anos.

Os Cadernos são parte do Projeto Afro Memória, que promove o resgate, preservação e difusão da memória de intelectuais, ativistas e organizações do ativismo negro brasileiro. A publicação busca difundir registros históricos do movimento negro e enegrecer o debate sobre memória no Brasil, apresentando alguns dos principais temas e debates presentes nos acervos que contém atas de reuniões, relatórios de congressos e conferências, panfletos, cartazes, entre outros materiais.

O Projeto é fruto da parceria entre o Núcleo Afro CEBRAP e o Arquivo Edgard Leuenroth (AEL-Unicamp), que está recebendo documentos históricos das entidades atuantes na luta antirracista no Brasil. Para essa edição, a equipe escolheu trabalhar com o primeiro dos 13 acervos doados até agora ao Afro Memória.

Milton Barbosa é paulista de Ribeirão Preto, crescido no bairro paulistano do Bixiga e dirigente quarentenário do Movimento Negro Unificado. Muitas pessoas são testemunhas de sua história desde o início dos anos 1970, quando atuou junto a escolas de samba, grupos culturais, movimentos estudantis, sindicais, passando pela atuação política na clandestinidade imposta pelo contexto da ditadura militar.

Milton é fundador do Movimento Unificado Contra A Discriminação Racial, atual Movimento Negro Unificado, e do Partido dos Trabalhadores, foi candidato a deputado federal nas primeiras eleições da redemocratização, organizou um sem-número de atos públicos e ajudou a fundar varias organizações de base, articulações, fóruns e campanhas. São raros os acontecimentos do movimento negro contemporâneo em que Milton não esteve presente.

Ao tornar essas informações públicas é possível fortalecer o debate público e as agendas de pesquisa em torno do legado da atuação política desses agentes individuais e coletivos na história do país. Todas as edições contarão com a participação de colaboradores/pesquisadores convidades de outros projetos do Afro CEBRAP e serão disponibilizadas publicamente em formato digital.

O Afro Memória projeto resulta de um esforço coletivo que envolve o AFRO-CEBRAP, linha de pesquisa “Hip hop em trânsito” do Centro de Estudos de Migrações Internacionais da Unicamp, Projeto Memory and Identity in Afro Brazilian Archives, da Universidade da Pensilvânia e o Arquivo Edgard Leuenroth (AEL/Unicamp), onde os acervos são preservados e disponibilizados para pesquisa.

As atividades contam com apoio da Porticus Foundation, Instituto Ibirapitanga, Fundação Tide Setubal, FAPESP, Open Society, UCLA Archives in Danger e Universidade da Pensilvânia.

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Com informações do Alma Preta.

Colégio no Rio de Janeiro insere na grade curricular aulas de cultura africana

 

(FOTO/ Reprodução/Geledés).

Com o objetivo de combater o preconceito racial e religioso, os alunos do Ciep Ministro Marcos Freire, em Sepetiba, na Zona Oeste, terão em suas grades curriculares, a partir do ano que vem, uma série de vivências da cultura africana. A parceria, firmada entre o colégio e o Instituto Onikoja, obedece às leis 10.639 e 11.645, que instituem a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio no Estado do Rio. O acordo alcança também os professores, que poderão aprender sobre a cultura afro-brasileira e replicá-la nas escolas.

Segundo o sacerdote de matriz africana, fundador e presidente do Instituto Onikoja, Humbono Rogério, o mesmo colégio firmara uma parceria semelhante com a instituição em 2017. Nesta última semana, para homenagear o Dia da Consciência Negra, cerca de mil alunos do Ciep, do sexto ao nono ano, participaram de atividades e vivências africanas. Foram três dias de programação rica em informação e cultura, com aulas de capoeira, culinária típica e rodas de conversa. “Fizemos esse trabalho durante a Semana da Consciência Negra para falar da importância da cultura africana, corroborando com o discurso do combate ao racismo”, disse.]

Em 2023, a ideia é levar os estudantes para uma vivência dentro do terreiro do instituto. “Ano que vem, boa parte dos alunos desse colégio farão atividades dentro do terreiro. As crianças e os adolescentes vão participar de oficinas de capoeira, dança, música, culinária, roda de conversa, entre muitas outras coisas. Elas vão comer comida da África, como acarajé, canjica, feijoada. Vamos vencer esse preconceito”, acrescentou.Segundo Rogério, o projeto ainda não tem dias certos para acontecer, mas funcionará em determinados dias da semana, podendo ser até mesmo de forma quinzenal, sendo uma vez com professores e funcionários e nas outras com os alunos. “As leis 10.639/03 e 11.645/08 preveem que todos possam tratar da cultura afro-indígena nas salas de aula, a falha é que elas não especificam que o professor precisa ser capacitado nas universidades. Essas leis não são aplicadas porque ninguém sabe falar sobre o assunto”, completou.

A lei 10.639/03 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da presença da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”. O aprofundamento do conteúdo estabelecido na lei é encontrado no texto das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, de outubro de 2004. Por meio dele as instituições de ensino, gestores e professores podem se munir de orientações, princípios e fundamentos para o planejamento e execução do conteúdo afro-brasileiro e africano dentro de sala de aula.Já a lei nº 11.645/08 torna obrigatório o estudo da história e cultura indígena e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, no entanto, não prevê a sua obrigatoriedade nos estabelecimentos de ensino superior para os cursos de formação de professores.

O Ciep Marcos Freire vai ser um piloto para capacitarmos os professores e fazermos oficinas com os alunos. O tema racismo precisa ser abordado frequentemente. Por exemplo, tínhamos um projeto musical lindo há muitos anos, com atabaques e violinos. Ficou faltando um violinista e precisávamos de alguém para substituir o que faltou, íamos tocar Chiquinha Gonzaga. Mas, muitos achavam que ela era do demônio, então não conseguimos ninguém. Está acontecendo um apagamento da cultura africana com essa mistura de religiosidade”, ressalou.

O sacerdote afirmou que os gestores do colégio nunca foram resistentes aos temas lecionados. “Especificamente, com essa escola nunca tivemos problemas. O nosso trânsito com eles sempre foi maravilhoso desde 2017. O pessoal lá tem um olhar mais avançado para questões super importantes de direitos humanos e de cultura”.Em relação aos pais, também há uma boa sintonia. “Eles não reclamam, às vezes ficam mais resistentes apenas. Quando veem que não falamos de religiosidade e que temos uma relação muito boa com as outras religiões, que as respeitamos, eles permitem a participação dos filhos”, afirmou.

Muitas crianças já falaram que tinham medo de pisar no terreiro, mas quando eu pergunto o porquê elas não sabem explicar. A criança não nasce com preconceito, até porque quem prega o preconceito não dá justificativa né? Geralmente só falam que é coisa do demônio. A gente veio para construir ponte, queremos falar de amor, porque de ódio já tem muita gente falando”, finalizou Rogério.

Para o gerente da Gerência de Relações Étnico-Raciais da Secretaria Municipal de Educação do Rio, Ricardo Jaheem, é necessário que as escolas desenvolvam atividades para as crianças e proporcionem mais contato delas com a cultura africana. “Essa cultura de construir uma educação antirracista está muito voltada para a nossa proposta de criar um Rio antirracista. Temos que pensar nossas escolas como polo de irradiação dessas leis através da gerência étnico-raciais”, disse.

Nós produzimos materiais pedagógicos para orientar professores a fazerem suas ações, por exemplo. Em novembro lançamos a agenda modernismo negro, falando sobre artistas negros que foram deixados para trás no movimento de arte em São Paulo”, acrescentou.

Ricardo destacou ainda que é importante o entendimento da cultura afrobrasileira para além de ações como rodas de capoeira ou turbantes, e defendeu o aprendizado nas escolas. “Precisamos entender a construção de uma identidade positiva através da literatura, de práticas antirracistas consolidadas. Claro que as ações têm suas vantagens, mas elas precisam fazer parte de uma narrativa pedagógica anual da escola”, declarou.

História do Instituto OnikojaA Instituição Onikoja nasceu dentro do terreiro Humpame Kuban Bewa Lemin, em Sepetiba, há 22 anos. Junto com ele, foi criado o projeto Onikojá, que em 2017 virou um instituto.

As ações que o projeto desenvolve dentro dos terreiros visa homenagear a herança cultural africana, ajudando pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social e promovendo o diálogo intercultural e inter-religioso. “Nós fazemos um trabalho de formiga. Toda semana a gente faz roda de cidadania aqui no instituto, tanto para crianças quanto para adultos. Nesse momento, trabalhamos esses conceitos que retornaram agora, como por exemplo, que bandido bom não é bandido morto, mas ressocializado”, pontuou Rogério.

Segundo o religioso, que cresceu em um lar católico, seu olhar sempre foi diferente para a prática. “Eu trouxe para o candomblé, para esse terreiro que abri há tantos anos, o conceito que minha família me ensinou: o verdadeiro significado da palavra oração, que é olhar para o lado. Não dá para seguir em frente deixando alguém para trás”, finalizou.

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Com informações do O Dia e da Revista Raça.