Lula reafirma espaço das mulheres e comunidades tradicionais em seu governo

 

Lula em encontro na Casa Palmeira de Babaçu Dada e Dijé, sede do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu no centro histórico de São Luís. (FOTO | Ricardo Stuckert).


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou hoje (3) seu compromisso de recriar o Ministério das Mulheres, criar uma pasta assuntos indígenas e de pesca, atualmente no Ministério da Agricultura, e de retomar políticas voltadas à segurança alimentar que beneficiam pequenos produtores, extrativistas e pescadores artesanais. É o caso do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), extinto pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) em meio ao retorno do Brasil ao Mapa da Fome.

Vamos recriar o Ministério das Mulheres, criar ministério para cuidar dos povos originários, para cuidar da pesca. Não tem sentido Ministério da Agricultura cuidar da pesca. Vamos também retomar as conferências nacionais e estreitar a participação popular, a democracia”, disse Lula.

O candidato à Presidência da República atendeu assim reivindicação de lideranças de quebradeiras de coco de babaçu, com quem se reuniu na manhã deste sábado na Casa Palmeira de Babaçu Dada e Dijé, sede do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), no centro histórico de São Luís.

Mulheres do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins, que começam a coletar e quebrar coco já aos cinco anos, expuseram a Lula os avanços que alcançaram a partir de seu governo. Entre eles o fomento a formação de cooperativas e abertura de minifábricas para o beneficiamento das amêndos, produzindo azeite, sabão, sabonetes e outros. Falaram da melhoria nas condições de vida, inclusive de entrada de filhos na universidade. E da volta à situação de fome durante o atual governo.

Lula aproveitou para cobrar mais respeito às mulheres

Além da recriação do Ministério das Mulheres, as quebradeiras querem medidas para conter a perseguição e criminalização por fazendeiros, que impedem a entrada das extrativistas. E leis que obrigem um mínimo de 60 palmeiras de babaçu por hectare de pastos e monocultivo de soja que avançam na região. Outro aspecto ambiental envolvido nas reivindicações, diretamente associado ao trabalho das quebradeiras, é a proibição das pulverizações aéreas de agrotóxicos, que contaminam os cocos e toda a roça dos agricultores.

Durante o encontro, Lula e Janja fizeram diversas perguntas sobre a lida para entender mais sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no dia a dia de um trabalho perigoso, que envolve uso de ferramentas de corte. E que na melhor das hipóteses, por ser executado no chão, causa dores em diversas partes do corpo.

Nosso governo não quer tirar nada de ninguém. Mas queremos que todos tenham o mínimo que é de direito. Nenhuma mulher tem de ser quebradeira de coco a vida inteira. Quem de ter oportunidade de outras coisas e vamos incentivar as cooperativas”, disse o ex-presidente.

Em nome das quebradeiras de coco, Lula aproveitou para valorizar todas as mulheres enquanto puxava a orelha dos homens, inclusive “progressistas de boteco”, que não dividem as tarefas domésticas.

Não há números atualizados sobre quebradeiras de coco. Dados de 2010 apontavam mais de 300 mil distribuídas pelo Maranhão, Para, Piauí e Tocantins.

_______

Com informações da RBA.


Ativista da Guiné-Bissau que viralizou aconselha Ciro a estudar mais sobre a África

 

Vensam e a camiseta de sua campanha: "África não é um país". (FOTO| Reprodução | Facebook).

O ativista pan-africanista Vensam Iala, nascido na Guiné-Bissau e radicalizado no Brasil há 12 anos, não gostou quando viu o candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, utilizar mais uma vez a expressão “fundão da África” no primeiro debate entre os presidenciáveis. Esta semana, ele viralizou ao postar um vídeo onde critica Ciro pelo uso do termo, atualmente com quase 1 milhão de visualizações no tiktok e outras 250 mil no instagram.

Eu sei que você tem muito apreço pela França, mas da próxima vez que for falar da África, não vá para Paris, vá para a Guiné-Bissau, para o Senegal”, provocou Vensam. “O Monumento da Renascença Africana (em Dakar, no Senegal) tem muito mais a te ensinar.”

Ciro falou em “fundão da África” pelo menos três vezes na campanha até agora. Em entrevista ao G1 em 13 de junho do ano passado, o candidato do PDT falou: “Isso aqui é um país do fundão da África subsaariana, que não tem comida? Não. Nós somos o maior produtor de alimentos do planeta Terra”.

Em 16 de agosto, no Roda Viva, voltou a usar o termo: “Nós não somos um país do fundão da África, que não tem acesso a vacina”. “É preciso ter um programa de renda mínima que erradique a miséria porque o Brasil tem comida, diferente do fundão da África… , disse, no debate da Band/UOL.

Em novembro do ano passado, Ciro já havia feito comentários no mínimo estranhos sobre o continente ao apresentador José Luiz Datena. “Nós somos um país da África? Desorganizado, com bases tribais, com geografia de deserto? Não! Nós somos o país que mais produz comida no planeta Terra”, afirmou.

Antes do guineense Vensam, outros influenciadores brasileiros negros já haviam questionado o candidato no twitter pelo uso da expressão sem significado, como o advogado Thiago Amparo e a poeta Elisa Lucinda.

Em entrevista à jornalista Cynara Menezes, editora do Socialista Morena, Vensam Iala, que se formou em Letras na Unesp e mora em São Paulo, lamenta que haja um “desconhecimento gigantesco” sobre a África no Brasil, inclusive na Universidade. E foi para tentar diminuir esse desconhecimento que criou o projeto Visto África, pensado a partir da principal forma de ignorância sobre o continente africano condensada no slogan: “África não é um país”.

Se isso acontece dentro da academia, imagina fora? Por isso criei esse projeto, para criar outra imagem sobre o continente africano. Muito pouco se fala sobre a África e quando se fala vem carregado de imagens estereotipadas. É muito importante que, nesse momento que estamos vivendo, numa narrativa decolonial, a gente traga pensamentos outros, pensamentos novos.”

Para Vensam, Ciro tem se referido à África com menosprezo. “No debate da Band, acho importante fazer essa ressalva, não tinha nenhuma pessoa negra, e a questão que estava a se falar não era nada voltada à questão racial, ao racismo. Não tem nenhum pretexto que encaminhasse para uma fala em que a África fosse mencionada dessa forma pejorativa. Existe essa carga de menosprezo, de não consideração aos africanos, à África de maneira geral. Ele fala em ‘fundão’. O que é esse ‘fundão’? O tom que carrega… Nós não somos ignorantes ou inocentes, nós sabemos em que contexto foi usado”, disse.

Não é uma fala de hoje, é uma fala muito recorrente desde a invasão colonial, essa visão da África como um lugar restringido à miséria, à pobreza. Nunca a África serve de modelo econômico, por exemplo. Nós sabemos que há vários países da África com economia melhor que o Brasil”, continua. “Se o Ciro gosta de economia, de trabalhar com números, poderia por exemplo trazer o Carlos Lopes, um dos maiores economistas do continente africano, que tem livros publicados sobre o modelo de desenvolvimento da África e que pode servir para o Brasil inclusive. Mas não, interessa para ele trazer essa imagem que já está muito viciada, parece que é um discurso decorado ele falar desse ‘fundão’.”

Em uma das entrevistas onde fala em “fundão da África”, ao G1, Ciro é mais específico ao citar a “África subsaariana” como sendo a região à qual se refere. O problema é que a “África subsaariana”, antigamente chamada de “África negra”, ocupa mais de dois terços do continente abaixo do Egito, da Argélia, da Líbia, da Tunísia e de Marrocos (países da África do Norte). Todos os demais países são o que Ciro chama de ‘”fundão da África”, inclusive a África do Sul…

___________

Com informações do Socialista Morena. Clique aqui e leia na integra.

Historiadora Brasileira fala sobre educação antirracista em Congresso Mundial realizado em Ghana

 

Carolina Morais é a única brasileira participando do evento em Gana – Foto: Divulgação. 

A Historiadora Brasileira e mestre em História da África, Carolina Morais, participou da World Conference on Education and Restitution em Ghana, na África Ocidental para discutir educação e cultura iorubá nas salas de aula. O convite veio da Embaixadora de Ghana no Brasil, Abena Busia, com o objetivo de apresentar um panorama sobre os desafios do ensino da filosofia e da cultura iorubá nas salas de aula.

O World Conference on Education and Restitution é um evento de 3 dias, que visa discutir o desenvolvimento de África através da restituição e reforma educacional. Ele é organizado pela Associação de Universidades Africanas em Accra, capital de Ghana, em parceria com a Unesco e reúne diversas autoridades entre políticos, educadores e pensadores do continente e da diáspora, visando soluções para uma educação de melhor qualidade. 

“Uma honra e enorme aprendizado estar na Conferência Mundial de Educação e Restituição aqui em Accra. Como educadora brasileira, historiadora e filha deste solo, poder discutir estratégias em conjunto com doutores e todo o continente africano é muito significativo. Em 2023, completamos 20 anos da Lei 10.639/2003, e o caminho para uma educação antirracista está em conectarmos com a história da África e a África contemporânea”, expõe Carolina.

A Lei 10639/2003 diz respeito à obrigatoriedade da inclusão da história e cultura afro-brasileira no currículo das escolas brasileiras.

Durante os dias de evento, a Historiadora também coordenará algumas ações voltadas para a cooperação turística e a oportunidade de novos negócios entre o Brasil e a Nigéria durante as celebrações pelo bicentenário da independência brasileira que acontecerão entre 06 e 10 de setembro em Lagos, maior cidade da Nigéria.

“São 200 anos de independência e, ao longo desse tempo, nunca existiu Brasil sem África e seus descendentes. O que estamos fazendo em Lagos não é apenas uma celebração dessa relação Brasil e Nigéria, mas o anúncio de um novo capítulo na história desses dois gigantes econômicos e populacionais. Uma história de desenvolvimento mútuo e colaborativo. Nigéria é o espelho para que a população afro se mire, e o Brasil também pode ser este espelho para os nigerianos. É isso que desejamos, que possamos aprender um com o outro”, conclui.
------------
Por Brenda da Rosa, originalmente no Notícia Preta.

Sobre as falas do Ciro – a postura do PDT e dos demais candidatos majoritários

 

Ivanir dos Santos. (FOTO/ Reprodução/Facebook).

As Políticas Afirmativas, o respeito à Diversidade e o combate à Intolerância Religiosa precisam ser pautas obrigatórias de todos os candidatos em todos os níveis de mandato.

Em julho de 2021, recebi em nossa casa, a visita do, então pré-candidato à presidência da República, Ciro Gomes que me pediu para coordenar sua campanha nas áreas de: “Direitos Humanos e Igualdade Racial. Na ocasião, foi reiterado, também,  pelo presidente em nível federal, Carlos Lupi, o convite para participar de um projeto nacional que se desdobraria na disputa de um cargo majoritário, pelo PDT/RJ.

Como sabem os que acompanham minha trajetória, nenhum dos dois convites se confirmou na prática. E, hoje, com a sabedoria que o Tempo nos dá, passamos a entender os desígnios do Destino, a quem, como sacerdote, chamamos de Ifá.

Contrariando toda história ideológica do PDT, assim como os ideais de Brizola – que já em 1982 dizia: " No meu governo os favelados serão tratados como cidadãos" e ao ganhar o governo elegeu uma bancada legislativa federal e estadual diversa com negros, mulheres, indígenas, homossexual– assim como os ideais defendidos por Darcy Ribeiro, Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Idialêda, José Miguel, Caó, Albuíno Azeredo e Alceu Collares.

Surpreendi-me com matérias veiculadas recentemente na imprensa. Cito três:

“Ciro chama de "políticas do papo-furado mulher, índios e negros".[1]

“O Brasil tem comida, diferente do Fundão da África” citado no debate e em outras ocasiões”.[2]

“É um comício pra gente preparada, imagina explicar isso na favela”.[3]

Nasci na favela do Esqueleto e moro até hoje na Mangueira, onde Ciro esteve. Sinto-me na obrigação de lembrar, mesmo fazendo parte da Academia, que nem todo “saber” deriva dela. A cultura popular, urbana ou rural, da favela ou periferia é, também, um dos grandes patrimônios do povo brasileiro.

Só tenho a lamentar, não apenas a postura do candidato Ciro Gomes a temas tão caros à maioria do povo brasileiro, mas, principalmente o silêncio, a omissão e o descaso de outros candidatos principalmente majoritários – à presidência da República e ao governo dos estados.

Segundo o TSE 2022[4] entre os eleitores há 53% de mulheres e segundo o IBGE[5], 54% nossa população é composta por pretos e pardos. A maioria da população não é prioridade no debate. E sequer incluo aqui o respeito e a necessidade de debate sobre as minorias LGBTQI+, como a questão do Estado Laico, diante de ateus, agnósticos ou os religiosos que proclamam a própria fé divergente daquela que, hoje, eu chamaria de mercadológica, religiosos que têm um projeto de poder teocrático e anticonstitucional.

Sob pena de nos transformarmos, cada vez mais, em um país cheio de ódios, divisões, autoritário, teocrata, racista e intolerante; proclamo a todos os candidatos que assumam compromissos sólidos com as parcelas da população abandonadas à própria sorte e esquecida pelos poderosos. Só com a diversidade, construiremos um país saudável, igualitário, democrático, inserido no mundo globalizado e preparado para o futuro.

_______

Por: Ivanir dos Santos - Pós - Doutor Babalawô Ivanir dos Santos -  Professor e orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ).

Texto encaminhado a redação do Blog por Rozangela Silva Assessoria de Imprensa

[1]https://revistaforum.com.br/politica/2022/8/2/ciro-chama-de-politicas-do-papo-furado-mulher-indios-negros-121046.html

[2]https://twitter.com/caiocgomes/status/1564731553325932550?t=Cf5xsIakyTEEJFVGRS_WcA&s=08

[3]https://twitter.com/CentralEleicoes/status/1565071697446928386?t=XT2NR45UmxPWgwYa2XxaJg&s=08

[4]https://sig.tse.jus.br/ords/dwapr/wwv_flow.accept?p_context=sig-eleicao-eleitorado/filtros/1586646739749

[5]https://jornal.usp.br/radio-usp/dados-do-ibge-mostram-que-54-da-populacao-brasileira-e-negra/

Tem uma criação no caminho

 

Alexandre Lucas. (FOTO/Acervo Pessoal).

Por Alexandre Lucas, Colunista

Esperei menos que meia dúzia de palavras a vida inteira. O terreno que vivi sempre foi seco, às vezes cheio de crateras, hora e outra,  algumas poças efêmeras para molhar os caminhos. As palavras servem também para molhar, nem que seja a testa de suor.

Agora não sei mais como continuar. Faltaram palavras, acredito que elas não faltam, mas está difícil de prosseguir. As palavras talvez tenham luzes, devem ficar apagadas ou ter horas para acender,  de vez em quando encadeiam. O fato é que elas estão desaparecendo neste exato momento. 

Parece que foi criado um muro, entre o quero pronunciar  e o que consigo escrever. O texto vai se espreguiçando, dando sinais que está se acordando, ainda com poucas palavras. O gesto do corpo, a ação, tem mais palavras do que alguns textos. É como se o texto fosse uma fotografia sem palavras, em que é preciso olhar e sentir para ler intensamente  e com desenvoltura.

Telhas, carros, prédios, praças, árvores, extintores, câmeras, portões, tijolos e o próprio lixo  são mais que palavras. As palavras só são alguma coisa, porque criamos as coisas e ficamos dependentes da criação.       

Pesquisa Ipec Ceará: Lula tem 58%; Bolsonaro, 19%; Ciro, 14%

 

Legenda: Candidatos Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB)
Foto: Ricardo Stuckert/Agência Brasil/Fabiane de Paula/Divulgação

A primeira pesquisa Ipec no Ceará para a disputa pela Presidência da República aponta o ex-presidente Lula (PT) com 58% das intenções de voto. Em segundo lugar, aparece o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), com 19%. Ciro Gomes, ex-governador do Ceará, tem 14%. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

O levantamento foi encomendado pela TV Verdes Mares e ouviu 1.200 pessoas entre o dia 29 de agosto e a última quarta-feira (31). As entrevistas foram feitas no modo presencial em 56 municípios.

A candidata Simone Tebet (MDB) tem 1% das intenções de voto. Vera Lúcia (PSTU), Pablo Marçal (Pros), Roberto Jefferson (PTB), Felipe d’Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União) não pontuaram. Os candidatos Constituinte Eymael (DC), Léo Péricles (UP) e Sofia Manzano (PCB) não foram citados.

Brancos e nulos representam 4% dos entrevistados. Outros 4% disseram não saber ou não responderam à pesquisa. O nível de confiabilidade é de 95%.

SE A ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA FOSSE HOJE E OS CANDIDATOS FOSSEM ESTES, EM QUEM O(A) SR.(A) VOTARIA? (ESTIMULADA %):

Lula (PT): 58%

Jair Bolsonaro: 19%

Ciro Gomes (PDT): 14%

Simone Tebet (MDB): 1%

Vera Lúcia (PSTU): 0%

Pablo Marçal (Pros): 0%

Roberto Jefferson (PTB): 0%

Felipe d’Avila (Novo): 0%

Soraya Thronicke (União): 0%

Branco/Nulo: 4%

Não sabe/Não respondeu: 4%



A pesquisa capta os primeiros efeitos da campanha eleitoral gratuita no rádio e na televisão, que começou na última sexta-feira (26). O levantamento foi realizado pelo instituto Ipec Inteligência e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob número BR-05276/2022 e no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) sob protocolo CE-08708/2022.

ESPONTÂNEA

Na pesquisa espontânea, quando o entrevistador não apresenta os nomes dos candidatos, Lula (PT) lidera com 54% das intenções de voto. Em seguida, aparecem Jair Bolsonaro (PL), com 19%, e Ciro Gomes (PDT), com 10%. Simone Tebet (MDB) foi apontada por 1% dos entrevistados. Felipe d’Ávila (Novo) e Pablo Marçal (Pros) não pontuaram.

Constituinte Eymael (DC), Léo Péricles (UP), Roberto Jefferson (PTB), Sofia Manzano (PCB), Soraya Thronicke (União) e Vera Lúcia (PSTU) não foram citados. Outros nomes foram mencionados pelos eleitores, mas não chegaram a pontuar. Brancos e nulos somam 4%. De todos os eleitores ouvidos pela pesquisa, 13% disseram não saber ou preferiram não opinar.

A soma dos percentuais pode não totalizar 100% em decorrência de arredondamentos.

________

Com informações do Diário do Nordeste.

Grito dos Excluídos vai defender ‘vida em primeiro lugar’ e questionar ‘independência’ de 200 anos

 

Grito destaca que não sairá às ruas para provocar bolsonaristas, que desvirtuam a data, mas marcará oposição ao projeto do presidente. (FOTO/ Elineudo Meira).

Nos 200 anos da Independência do Brasil, o Grito dos Excluídos volta às ruas de todo o país no próximo 7 de setembro para denunciar as desigualdades sociais. O movimento protestará também contra a tentativa do governo de plantão de se apropriar da data para impulsionar seu discurso golpista contra a democracia. Desse modo, na sua 28ª edição a tradicional manifestação que reúne movimentos populares de todo o país destacará o verdadeiro sentido de democracia, como o lema “Vida em primeiro lugar, 200 anos de independência: Para quem?

O mote, escolhido pela Conferência Nacional dos Bispos no Brasil (CNBB), faz referência à situação dos povos negros, LGBTQIA+, mulheres, das comunidades quilombolas e indígenas, e das populações rurais, periféricas e em situação de rua. Setores da população que, ao longo de toda a história, foram deixados de lado pela políticas públicas.

Estamos pensando na democracia, que está sendo ameaçada principalmente nesses tempos atuais”, diz dom José Valdeci Santos Mendes, bispo da diocese de Brejo, no Maranhão. “Tudo isso nos faz refletir, 200 anos de independência para quem?”, enfatiza o bispo, durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (1º). O evento marcou o lançamento da nova edição do Grito dos Excluídos. Mas também a oposição do movimento nacional ao projeto bolsonarista que disputa a data histórica para atos antidemocráticos e de cunho eleitoral.

Grito do coração do povo

Segundo a organização, as manifestações, que ocorrem desde 1995, estão confirmadas em todo o país para a próxima quarta-feira. A ideia, contudo, “é não provocar”, de acordo com dom José. Ainda no início de agosto, as lideranças que encabeçam a campanha Fora Bolsonaro concordaram em não medir forças com os atos bolsonaristas. E, diferentemente dos últimos dois anos, eles decidiram passar as manifestações contra o presidente da República para o dia 10 de setembro.

No entanto, a organização dos Gritos dos Excluídos destacou que não deixará de fora sua oposição ao atual governo nestas eleições. “Precisamos ter essa consciência de que esse Brasil que está aqui não é o que queremos. E o que queremos de fato é que prevaleça a justiça, a solidariedade e, sobretudo, uma democracia sólida e participativa. Por isso a vida deve estar realmente em primeiro lugar”, comentou o bispo à imprensa, ironizando o tratamento dado por Bolsonaro ao coração de Dom Pedro I, ligado diretamente ao passado de horror da escravidão.

Nosso grito não vem de alguém que está montado em um cavalo, às margens de um rio. O nosso grito é com os excluídos e excluídas. É o grito também do rio que está sendo aterrado e envenenado. É também o grito das florestas que estão sendo derrubadas, e de tantos irmãos e irmãs que lutam por vida e vida com dignidade. Esse nosso grito vem do nosso coração, que está no nosso corpo. E não, com todo o respeito, a um grito que vem de um coração que vai passando de mão e mão”, afirmou dom José. 

Antirracismo nas eleições

As manifestações já estão confirmadas tanto nas capitais como em cidades do interior. No Rio de Janeiro, por exemplo, o Grito sairá, às 9h, do cruzamento da rua Uruguaiana com a Presidente Vargas, no centro da capital fluminense, em direção ao Cais do Valongo, ponto de desembarque de milhares de africanos escravizados entre os séculos 18 e 19. No mesmo horário, os movimentos populares também estarão em marcha na Praça da Sé, região central de São Paulo, lembrando também das mais de 683 mil vítimas da covid-19.

Presidenta nacional da União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro), Ângela Guimarães afirma ser simbólico realizar o grito refletindo o projeto escravocrata, colonial e desigual que funda o Brasil em meio a esse momento que é o mais grave da história, segundo ela, desde a redemocratização. “Nossa luta por igualdade e respeito às populações negras, indígenas e mais vulnerabilizadas também é uma tarefa que ainda não se completou”, adverte a integrante da Frente Nacional Antirracista, Convergência Negra e da Coalizão Negra por Direitos.

Os movimentos também defendem a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Palácio do Planalto. De acordo com Ângela, “diferente dos editoriais dos jornalões, estamos às vésperas de uma eleição em que nunca foi tão fácil escolher”. “Nossa tarefa é reconstruir o Brasil sem deixar ninguém para trás. É exatamente esse o projeto que o Grito vocaliza e repercute em todo o Brasil e que está em jogo agora dia 2 de outubro”, destaca a presidenta da Unegro.

A voz indígena

Os direitos básicos de cidadania precisam ter a urgência de implementação a partir de 2023. Ninguém sem casa, sem teto, sem terra, com fome e sem trabalho. E nenhuma criança ou jovem fora da escola e da universidade. Nenhuma mãe desesperada, chorando porque seus filhos vêm sendo abatidos pela violência racista das forças de segurança pública. E nenhum pai trabalhador desesperado porque não tem o levar de comida para a casa”, afirma Ângela sobre os desafios.

A proposta da 28ª edição do Grito dos Excluídos no 7 de setembro é também levar esperança e resistência a partir de exemplos da luta indígena. Há mais de 500 anos, jamais cederam à dominação dos colonizadores e a projetos que visam cercear os modos de vida dos povos tradicionais. A arte-educadora Márcia Mura, do povo Mura da região do Baixo Madeira, em Rondônia, explica o lema. “Vida em primeiro lugar congrega a interligação com o ambiente inteiro, como as comunidades originárias defendem há séculos.”

Esse grito de independência é um grito que ecoa em nossas lutas e existências. E esse ato (do Grito dos Excluídos e Excluídas) lembra e traz para a gente a aliança dos povos com as florestas, com a luta indígena, negra e popular. Essa aliança entre povos pela vida em abundância. Ela já existia, mas foi tirada por esses colonizadores que chegaram invadindo nosso território e nos impondo uma lógica que não faz parte da nossa percepção de mundo. E que aos poucos foram transformando nossos territórios em locais de exploração e mortes. É contra isso que lutamos e resistimos para manter as florestas, as águas e todos os biomas. Porque um depende da existência do outro”, alerta Márcia Mura.

_______

Com informações da RBA.

Seis anos de golpe. Site-livro reúne documentários que registram o período

 

(FOTO | Reprodução/Democracia em Vertigem).

Em 31 de agosto de 2016, uma sessão do Senado concluía o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT). Desse modo, consolidou o que entrou para a história como um golpe parlamentar, jurídico e midiática pela ausência de crime de responsabilidade que o justificasse. Para resgatar os acontecimentos que estiveram por trás desta história, entrou no ar hoje (31) o site-livro Cinema Contra o Golpe.

O cinema brasileiro não demorou a dar sua resposta àquele atentado à democracia e ao Estado de democrático de direito. O site-livro é organizado pelo jornalista e escritor Carlos Alberto Mattos e reúne 90 textos sobre 44 filmes que registraram, analisaram, criticaram, denunciaram ou contestaram o que se passou no país desde as manifestações de junho de 2013. Para marcar o lançamento, Mattos, a cineasta Julia Mariano e o crítico Filippo Pitanga fizeram uma live no podcast canais do linguista Gustavo Conde.

Consequências

Entre filmes de observação, de explanação e de intervenção direta, esses documentários cobrem o período de 2013 a 2018. Aí se incluem as Jornadas de Junho, a operação Lava Jato, a perseguição a Lula, o processo de impeachment, o governo Temer, as revelações da Vaza Jato, a ascensão da extrema direita e a eleição de Jair Bolsonaro. As abordagens incluem os papéis do Congresso, do Judiciário, da mídia, das militâncias e de uma sociedade dividida entre a opção pela democracia e as tentações autoritárias que perpetuam o pensamento escravista e patrimonialista no Brasil.

Há produções de várias regiões do país e também algumas oriundas do exterior. Todos os 44 títulos abrangidos se posicionam contra o autoritarismo e o fascismo, ainda que alguns possam expor críticas à esquerda. Não estão incluídos os filmes produzidos pela extrema direita, que obviamente se colocavam a favor do golpe de 2016.       

A cada filme se referem de um a quatro textos de autores diferentes, entre críticos, jornalistas, pensadores e ativistas. Tal como os filmes, os textos também variam do simples comentário à discussão crítica e ao engajamento mais explícito.

______

Com informações da RBA.