Como enxergar ‘as mandingas que a gente não vê’ no jeito de pensar História

 

Francia Márquez (Foto: Natália Carneiro/Geledés). 

A gente foi acostumado a estudar História de uma maneira curiosa. De repente, dizem que apareceu um moço de sangue azul gritando à beira de um riachinho com uma espada na mão e que isso era algo muito relevante. Outra história bem conhecida é aquela da princesa que, em um certo dia de maio, assinou uma lei excepcional com uma pena de ouro. Pronto. Estava feita a mágica de mais um fato que não poderia ser esquecido. Sei que vocês vão lembrar de muitas histórias parecidas com essas nas quais o enredo é o mesmo: do nada, aparece uma criatura que faz algo extraordinário e entra para os livros. Pois é. Mas História não é nada disso.

Trata-se de um modelo antigo de construir narrativas históricas que dão ênfase ao papel de certos indivíduos que parecem ser figuras “fora da curva” ou “além de seu tempo”, donas da capacidade de provocar mudanças radicais na vida das sociedades. Esse tipo de construção está superado na historiografia e já ficou para trás na prática profissional de historiadoras e historiadores.

Contudo, a ideia de que só essas pessoas “especiais” podem fazer História ainda está presente no senso comum e tem muita força. Quem insiste em achar que só “gente excepcional” entra para os livros de História ignora o fato de que, na verdade, estamos diante do resultado de inúmeros processos. Ações, alianças, tensionamentos e movimentos, aparentemente de pouca eficácia, realizados por um sem número de pessoas “pouco importantes” que, juntas, fizeram com que determinados eventos parecessem, literalmente, “explodir” no fluxo do tempo. Há muitas forças operando nesse mundo sem que a gente as enxergue.

“A vida não é só isso que se vê”

Como é que chegamos a determinadas situações que culminaram no aparecimento de pessoas – que parecem ser distintas de tudo que se viu até ali – e suas ações foram capazes de provocar transformações na vida de todos e todas? Você, leitor/a, já parou para pensar que as coisas podem ter conexões ou compartilhar temporalidades que somos treinados para não ver? Por isso somos tomados de surpresa quando ocorrem eventos, e aparecem personagens, supostamente impossíveis. São as mandingas que a gente não vê , como canta Zeca Pagodinho em “Minha fé”.

Enquanto historiadores, nosso maior esforço de letramento histórico deveria ser ajudar os outros a enxergar, de modo geral, os eventos e suas possíveis correlações e, de modo particular, suas trajetórias no tempo e no espaço. E isso a partir dos múltiplos atores que dele participam. Complicou? Não é essa a ideia. Vejam só.

Francia Elena Márquez, recém eleita vice-presidenta da Colômbia, trabalhou na mineração durante a adolescência. Depois, presidiu a Associação de Mulheres Afrodescendentes de Yolombó e fez graduação em Direito com a intenção de atuar em defesa dos direitos das comunidades contra as mineradoras, custeando seus estudos com seu trabalho em serviços domésticos. Trata-se de uma figura incrível, sem dúvida, mas está longe de ser única.

Márquez é, em certa medida, a expressão de outras trajetórias construídas a partir de um campo vasto de experiências em comum, forjadas na luta pela produção de uma cultura política em disputa permanente com a injustiça, a desigualdade e o silenciamento de muitas e muitos “ninguéns”.

Quando afirma que é “parte daqueles que alçam a voz para parar a destruição dos rios, florestas e planaltos”, Francia Márquez está reivindicando suas conexões com a luta em defesa do meio ambiente em escala internacional. Quando diz que é “parte de uma história de luta e resistência” ancestral, suas ligações ficam ainda mais evidentes com inúmeras existências em defesa da liberdade e do direito de existir com dignidade para descendentes de africanos/as em toda a região.

Só para dar a medida do que se está enfrentando, dados do Banco Mundial de 2021 revelam que uma mulher colombiana tem quase 2 vezes mais chances de estar desempregada que um homem; um indígena recebe 2 anos a menos de escolaridade que outros cidadãos não-índios e que, comparados com brancos, negros tem o dobro de possibilidades de viver em um bairro pobre.

“Um novo modo de viver, sonhar, cantar e sofrer”

Figuras como Francia aparecem ao nosso alcance com mais frequência do que imaginamos. Já ouviram falar de Almerinda Farias Gama, mulher negra sindicalista e militante do movimento pelo voto feminino?

Em 1937, ela chegou a disputar uma vaga de deputada pelo Rio como “advogada consciente dos direitos das classes trabalhadoras”. Antes disso, em 1933, foi uma das primeiras mulheres a participar da indicação de integrantes da Assembleia Nacional Constituinte, na condição de representante classista. Nascida em Alagoas em 1899, Almerinda trabalhou como datilógrafa e escreveu crônicas na imprensa no Pará, onde viveu até 1929. Após se mudar para o Rio de Janeiro, formou-se em Direito e chegou a presidir o Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos. Também foi uma das lideranças da FBPE (Federação Brasileira do Progresso Feminino), entidade dedicada à defesa dos direitos políticos das mulheres.

A trajetória de Almerinda guardar afinidades com a de Francia e expressa dimensões de muitas histórias de enfrentamento que atravessam fronteiras e gerações. Não foi eleita, mas Antonieta de Barros foi. Ainda em 1934, ela se tornou deputada estadual por Santa Catarina. Por isso, ela é a primeira parlamentar negra do país. Nascida em 1901, a filha de mãe liberta se tornou professora. Na defesa da educação, encontoru uma estratégia de inclusão. Criou curso de alfabetização, escreveu crônicas na imprensa em que falava da educação à condição feminina.

Cito Almerinda e Antonieta, mas poderia fazer uma lista de outras mulheres parlamentares — negras e indígenas — cujas trajetórias iluminam dimensões similares e guardam sua maior força no esforço coletivo dos processos que lhes sustentam politicamente. Seja nas aldeias, nos quilombos, nas comunidades, nas universidades, nas ruas e em todos os lugares onde se faça necessário ocupar territórios essenciais à existência.

No Brasil, a representação da população negra e indígena ainda é restrita, mas estamos diante de um processo que se revela longevo no enfrentamento da superação dessa condição. Por um lado, é o que mostra o “Quilombo no Parlamento”, uma iniciativa da Coalizão Negra por Direitos, para lançar mais de 100 pré-candidaturas negras para as próximas eleições. Em outra ponta e no mesmo fluxo de uma correnteza que parece convergir, os movimentos indígenas realizam ações similares. Em abril/2022, durante o Acampamento Terra Livre foram lançadas, coletivamente, cerca de 30 pré-candidaturas indígenas com ampla maioria de mulheres.

Lembra, leitor(a), do que falei sobre não existirem personagens mágicos que surgem repentinamente para inscrever seus feitos nos livros de História? É disso que estou falando: eles nascem justamente destes processos em movimento. Há muita força, sobretudo, em projetos que atendem pautas coletivas e que atendem a interesses mais amplos, como os de bem viver e de mundos novos. É sobre empoderar coletividades, não indivíduos. Isso ocorre justamente por serem iniciativas que carregam ancestralidades de fundas raízes. Trata-se de uma construção complexa e difícil, que avança em uma velocidade peculiar, mas sempre adiante. É como canta Paulinho da Viola em Timoneiro: “A onda que me carrega, ela mesma é que me traz”.

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Por Patrícia Alves de Melo, no UOL e reproduzido no Geledés.

Alunos da USP criam podcast de “cantação” de histórias para crianças negras

 

Arte sobre foto/Spotify.

No final do mês de maio estreou o podcast Calunguinha, produzido por Stela Nesrine, estudante de Educomunicação da Escola de Comunicações e Artes (ECA) , e Lucas Moura, aluno de Pedagogia da Faculdade de Educação (FE), ambas da USP. O projeto, que recentemente ficou entre os dez podcasts mais escutados do Brasil, foi um dos vencedores da Sound Up Brasil – iniciativa elaborada por uma das maiores plataformas de streaming do mundo, o Spotify, com o objetivo de incentivar produções de pessoas pretas e indígenas.

Nesta primeira temporada, os 12 episódios têm como foco figuras negras que sofreram apagamento histórico. O acesso à maioria dessas lendas estava restrito aos poucos documentos e relatos orais, mas, agora, elas chegam aos ouvidos de todo o País nas vozes de diversos artistas brasileiros.

O protagonista do enredo é Calunguinha, que é descrito pelos criadores do podcast como um garoto “pretinho e crespinho” que gosta de tomar chá enquanto ouve histórias. Em uma noite, a fumaça da bebida soprada pela mãe chega ao rosto do menino e o leva ao mundo dos sonhos, onde encontra seu avô. O ancestral, então, lhe entrega o livro Histórias para ninar crianças pretas, memórias para acordar pessoas brancas, que, segundo ele, “só vai ser vivo se você souber aquecê-lo com sua voz.” E é por meio dessas páginas, então, que a criança encontra os personagens pretos que viverão suas narrativas cantadas para a mãe antes de dormir.

A criação do podcast

Caetano, de 5 anos, filho da Stela e enteado do Lucas, é um dos pontos de partida para a criação de Calunguinha. Em uma noite de pandemia, quando o pequeno não queria dormir mesmo depois de ouvir diversas histórias e cantigas, ficou evidente para os adultos a necessidade de mais conteúdos para as crianças, especialmente as crianças pretas.

A partir de então, o casal começou rapidamente a esquematizar a proposta, para poder fazer a inscrição na Sound Up dentro do prazo. Stela conta que, além da ideia, eles não tinham mais nenhum material ou ferramenta para a produção, e que o projeto do Spotify foi imprescindível para esse suporte.

Ainda segundo a idealizadora, o podcast trouxe vontade de estudar mais, conhecer mais e se apropriar mais das tecnologias. Diante disso, Stela se interessou pelo curso de Educomunicação. “Me apaixonei por Educom e pela possibilidade de trabalhar com projetos passeando por várias linguagens artísticas, usando a comunicação para alcançar objetivos educacionais.” Ela acrescenta que o curso tem sido um espaço de incentivo importante para pesquisas que associam teorias, reflexões e “construção de projetos que tenham coragem de dar forma aos nossos sonhos coletivos.”

Já para o desenvolvimento dos roteiros, Caetano foi essencial. “Não existiria Calunguinha sem Caetano. Tudo é inspirador na beleza que é viver com ele: os aprendizados, as risadas, a sensibilidade do olhar pro mundo”, diz Lucas, roteirista e diretor do podcast.

Stela, que é responsável pela direção musical, acrescenta que também não haveria Calunguinha sem Marcelly Medrado, sua irmã mais nova, que dá voz ao protagonista. Além dela, Dudu Oliveira participa da obra como o avô Raimundo e Kleber Brianez interpreta o Capitão do Mato.

Vozes especiais

Além do elenco fixo, o podcast conta com participações especiais de diversos artistas da dramaturgia e da música brasileiras. A cada episódio, uma personalidade assume o papel do personagem com quem Calunguinha se encontrará.

No primeiro episódio, por exemplo, Lázaro Ramos dá voz a Malunguinho, líder do Quilombo do Catucá que possui uma chave mágica capaz de abrir qualquer coisa. Já Naruna Costa interpreta Teiniaguá, uma princesa moura que é confundida com uma pessoa escravizada, é perseguida e se transforma em uma lagartixa cuidadora da floresta.

Para acompanhar novidades e bastidores, siga as redes sociais do Calunguinha.
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Com informações do Geledés.

Em 2021, 8 em cada 10 pessoas mortas pela polícia foram negras

 

(FOTO | José Cruz | Agência Brasil).

A dimensão da letalidade policial no Brasil, que tirou a vida de 6.145 pessoas em 2021, é uma das informações que constam no 16º Anuário de Segurança Pública. Elaborado por pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a publicação reúne e compara os dados oficiais disponíveis sobre violência.

Do total de pessoas mortas por agentes de Segurança Pública, 84,1% eram negras e 15,8% eram brancas. O total de 6.145 mortes por intervenção da polícia em 2021 representa uma queda de 4,9% frente às 6.413 mortes em 2020.

“Fica claro que sem políticas públicas de combate direto a essas violências e seus recortes interseccionais, em especial de classe e de raça, os corpos negros estarão mais sujeitos a essas violências. Em uma realidade de desmonte dos serviços da rede de enfrentamento, precisamos responsabilizar o Estado por essa realidade”, afirma Simone Nascimento, da coordenação estadual de São Paulo do Movimento Negro Unificado (MNU).

A taxa de mortes provocadas por agentes da polícia, por grupo de 100 mil habitantes, caiu de 3 (em 2020) para 2,9 (em 2021). Na população em geral, a taxa de mortes violentas intencionais, por 100 mil habitantes, ficou em 22,3 no ano passado. O anuário também apresenta dados sobre o total de agentes mortos. Houve uma queda de 12%, foram 222 em 2020 e 190 em 2021.

“Me pergunto quanto ainda é preciso para que a produção desses dados implique em políticas destinadas à proteção das reais vítimas do descaso, da violência e da morte nesse país?”, questiona Roberta Eugênio, mestre em Direito e co-diretora do Instituto Alziras.

No estado de São Paulo, em 2021, a queda nos registros oficiais de mortes provocadas por policiais foi de 30,5% em relação a 2020, caindo de 814 para 570 mortes. Os policiais militares em serviço mataram 659 pessoas em 2021 e 423 pessoas no ano anterior, o que representa, respectivamente, 80,9% e 74,2%, de todas as mortes por conta de intervenção policial no estado. Em comparação, no Mato Grosso do Sul, em 2021, houve um aumento de 107,3% nos números absolutos de mortes por policiais em relação a 2020, saltou de 20 para 44 mortos. O estado com a maior taxa de mortes por agentes da polícia é o Amapá, com 17,1 mortos para cada 100 mil habitantes.

Violência contra negros


As análises dos crimes violentos contra a vida cometidos no ano passado, novamente, dão conta como o fator racial se destaca no perfil das vítimas. Do total de homicídios dolosos (com a intenção de matar), 77,6% das vítimas eram negras e 22% brancas; 67,6% das vítimas de latrocínio eram negras e 32% brancas; 68,7% das vítimas de lesão corporal seguida de morte eram negras e 31% brancas.

“É escandalosa a forma como o Brasil lida com aquelas pessoas que abrem e fecham as lojas, os hospitais e as escolas. Com aquelas que não pararam nem diante da pandemia, por ausência de políticas públicas. E é exatamente neste ponto que reside um dos nossos desafios. Os verbos são acolher e ocupar. Pois só conseguiremos contornar este quadro a partir de mais mulheres negras produzindo política em todos os parlamentos desse país”, reitera Roberta Eugênio.
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Com informações do Alma Preta.

Curso de Filosofia da UFCA está qualificada para mestrado profissional

 

(FOTO |Reprodução).

Por Nicolau Neto, editor 

O professor Francisco José, da Universidade Federal do Cariri (UFCA), campus Juazeiro do Norte, informou no fim da tarde desta segunda-feira, 27, em suas redes sociais, uma importante informação para professores e professoras da educação básica, principalmente para os que possuem formação em ciências humanas. 

Segundo Francisco José, o curso de Filosofia (Licenciatura) da UFCA está qualificado para associação ao Mestrado Profissional em Filosofia (PROF-FILO), com resultado recém divulgado (30 Maio 2022), obtendo o 5° lugar (79 pontos) entre 9 IES.

"A próxima etapa", disse ele,  "depende da liberação orçamentária da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), prevista para 2023, para ser divulgado o edital da primeira turma de estudantes no Campus de Juazeiro do Norte-CE.

A finalidade do PROF-FILO é ofertar cursos de mestrado em Filosofia, na modalidade profissional (em rede), com abrangência nacional, aos professores de Filosofia na Educação Básica, preferencialmente aqueles que atuam nas escolas das redes públicas de ensino.

O professor agradeceu a todos as Profas/Profs/Servidores/Estudantes envolvidos direta ou indiretamente nessa conquista da UFCA, de nosso curso de Filosofia e da Região.

Artesãos do Crato organizam o Fuá no Beco

Artesãos do Crato organizam o Fuá no Beco. (FOTO | Reprodução | WhatsApp).


Por Naju Sampaio*

No Crato, os artesãos se organizaram para realizar a primeira edição do “Fuá no Beco”. O evento realizado nos dias 24 e 25, no Beco do Padre Lauro, no centro da cidade, consistiu numa feira de artesanato, gastronomia, oficinas e apresentações artísticas. A ideia surgiu a partir de uma experiência já realizada no mesmo local, o “Funaré no Beco”, que tinha a intenção de movimentar a economia da cultura. 

O Fuá no Beco aconteceu de forma colaborativa entre artistas e artesões, associações e coletivos, contando também com a parceira de órgãos públicos e privados. O objetivo dos artesãos foi divulgar a Casa da Criatividade, órgão ligado à Secretaria de Turismo do Município que fica localizada na esquina do beco. A Casa da Criatividade é centro de referência para venda de artesanato da cidade. 

A estrutura de som e de técnicos para a realização do evento foi cedida gratuitamente pelos Pontos de Cultura Coletivo Camaradas e Aldeias. Os DJ’s Gvara, Allieninja e a contadora de histórias Simony participaram de forma voluntária. O Sesc e o Senac contribuíram com cachê e realização de oficinas. A Associação dos Artesões do Crato fez o empréstimo de barracas. 

A ideias dos artesões é agregar novos artistas e artesões ao movimento. Um dos desafios para a realização do “Fuá no Beco” é garantir as condições de produção do evento como estrutura de som e pagamentos de caches para os artistas.

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* Naju Sampaio é estudante de jornalismo e bolsista/integrante do Coletivo Camaradas.

Campanha de Lula será uma avalanche, afirma Emir Sader

 

Lula em Alagoas. (FOTO | Ricardo Stuckert)

Em entrevista ao Fórum Onze e Meia nesta sexta-feira (24), o cientista político Emir Sader afirmou que Lula (PT) está preparado para a campanha eleitoral, que deve ser "uma avalanche".

"A campanha dele vai ser uma avalanche. Não só de adesões, mas acho que de mobilizações de massa", disse Sader, ressaltando que "a tendência da campanha é muito favorável ao Lula".

"O que Bolsonaro vai fazer com campanha eleitoral? Ao contrário, ele foi para o Nordeste e foi vaiado. Então, acho que o Lula está muito bem para a campanha", afirmou o cientista social, que ressalta que a a principal força do petista é na "relação com as massas".

Sader, no entanto, afirma que a maior dificuldade de Lula está num horizonte próximo, caso as pesquisas se confirmem e ele seja eleito.

Falta muito para governar, para ter um projeto constituído. Ele acenou que vai começar com uma reforma tributária, mas é preciso ver que maioria terá no Congresso para começar por uma reforma tributária. [...] Vamos pensar que tem muitos interesses em jogo. Quando entrar em outros projetos - democratização dos meios de comunicação, democratização do judiciário - vamos ver como o Congresso vai se comportar. Vai ser um limite importante", diz.

Para ele, Lula dificilmente terá maioria no Congresso - citando a máxima do petista, que não se governa sem maioria no povo e no parlamento - "para aprovar os projetos que sejam antineoliberais, como é o projeto do PT: democracia por um lado e superação do neoliberalismo por outro".

Além disso, Sader prevê uma herança muito pesada diante dos desmonte promovido por Michel Temer (MDB) e, depois, por Jair Bolsonaro.

"A herança será muito pesada. Não só na economia, mas nas questões sociais. Primeira coisa a fazer é formalizar as relações de trabalho da maioria dos brasileiros que está na precariedade. Para isso, precisa de recursos, que está na reforma tributária, que precisa de alianças [para ser aprovada]".

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Com informações da Revista Fórum.

Estudo conclui que vacinação contra covid salvou 20 milhões de vidas, 1 milhão só no Brasil

 

Neusa e João, pai deste blogueiro, vacinados. (FOTOS/ Daiane Nicolau/ Montagem/ Nicolau Neto).

Um estudo divulgado nesta semana concluiu que a vacinação contra a covid-19 salvou quase 20 milhões de vidas durante o primeiro ano. Os pesquisadores se basearam em dados de 185 países para construir um modelo matemático, segundo o qual evitaram-se 4,2 milhões de óbitos na Índia, 1,9 milhão nos Estados Unidos, 1 milhão do Brasil, 631 mil na França e 507 mil no Reino Unido.

Referindo-se à situação se não houvesse vacinas disponíveis para combater o novo coronavírus, Oliver Watson, do Imperial College London, que coordenou a pesquisa, comentou: "'Catastrófica' é a primeira palavra que vem à mente."

Os achados, publicados na revista especializada The Lancet Infectious Diseases, "quantificam quão pior a pandemia poderia ter sido": apesar de prejudicado por desigualdades persistentes, o esforço da indústria farmacêutica teria "evitado mortes numa escala inimaginável", afirma o cientista.

Em 8 de dezembro de 2020 um funcionário de loja aposentado da Inglaterra recebeu a primeira dose do que seria uma campanha global de imunização. Nos 12 meses seguintes, mais de 4,3 bilhões tomaram uma das diversas vacinas contra a covid-19.

A simulação matemática dos cientistas de Londres indicou, ainda, que outras 600 mil vidas poderiam ter sido salvas, caso se tivesse cumprido a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de inocular 40% da população mundial contra a covid-19 até o fim de 2021.

Acertos e falhas da campanha de vacinação

O estudo foi financiado por diversas entidades, incluindo a OMS, o Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido, a aliança de vacinas Gavi e a Fundação Bill e Melinda Gates.

Sua principal conclusão, de que se impediram 19,8 milhões de mortes na pandemia, baseou-se em quantas mortes excederam a taxa usual de mortalidade durante o período. Com base apenas nas vítimas confirmadas da doença, o mesmo modelo indica que 14,4 milhões de óbitos foram evitados.

A análise publicada pela Lancet não incluiu a China, devido a sua enorme população e à incerteza quanto ao efeito da pandemia sobre o total de óbitos no país. Há ainda outras limitações: os pesquisadores não levaram em consideração como teriam sido as mutações do vírus na ausência de vacinas. Tampouco se pesou o efeito da presença das vacinas sobre os confinamentos e o uso de máscaras.

Partindo de uma outra abordagem, um grupo do Institute for Health Metrics and Evaluation, de Seattle, EUA, chegou a 16,3 milhões de óbitos por covid evitados. Esse trabalho ainda não foi publicado.

Um de seus participantes, Ali Mokdad, lembra que a tendência de usar máscaras é mais forte quando ocorrem mais casos. Além disso, sem as vacinas, a onda da variante delta do coronavírus, em 2021, teria suscitado medidas oficiais mais fortes. Mesmo assim: "Podemos discordar dos números, enquanto cientistas, mas todos concordamos que as vacinas contra a covid salvaram muitas vidas."

Para Adam Finn, da Bristol Medical School, na Inglaterra, que não esteve envolvido em nenhum dos estudos, os achados evidenciam tanto as conquistas quanto as deficiências da campanha de vacinação; "Embora tenhamos nos saído bastante bem desta vez – salvamos milhões e milhões de vidas –, poderíamos ter ido melhor, e devemos nos sair melhor no futuro."

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Com informação do Brasil de Fato.

Google faz homenagem à Anne Frank em aniversário de lançamento de seu diário; saiba quem é

 

Legenda: Publicado em 1947, “O diário de Anne Frank” é o retrato comovente de uma família em busca de salvação. FOTO/ Reprodução.

O Google faz uma homenagem à jovem judia Anne Frank, que ficou mundialmente famosa após a publicação de seu diário, no sábado (25). O livro, contendo os registros dos anos de 1942 até 1944, foi lançado em 1947.

O Doodle em sua página inicial busca celebrar o 75º aniversário da publicação do "O diário de Anne Frank”, considerado um dos livros mais essenciais da história moderna.

QUEM FOI ANNE FRANK?

A jovem Anne Frank nasceu em 12 de junho de 1929 em Frankfurt, na Alemanha, mas sua família logo se mudou para Amsterdã, na Holanda, para escapar da crescente discriminação e violência enfrentadas por milhões de minorias nas mãos do crescente partido nazista.

Quando Anne tinha apenas 10 anos, a Segunda Guerra Mundial teve início. Logo depois, a Alemanha invadiu a Holanda, trazendo o aumento da perseguição antissemita na Europa.

Durante os anos de 1942 e 1944 manteve a escrita de um diário. Os textos retratam a tentativa da família de sobreviver. Durante dois anos, Anne, os pais e a irmã viveram no anexo secreto de um prédio comercial no centro de Amsterdam.

Aos Frank se juntaram os van Pels, o filho do casal e o dentista Fritz Pfeffer – todos eles transformados em perfeitos personagens sob a pena espirituosa, e igualmente impiedosa, da jovem diarista.

A escrita do diário não se reduzia a mais uma dentre as várias atividades de que Anne se ocupava para contornar as longas horas de ócio no dia a dia do anexo. Anne buscava investir na carreira de escritora.

No entanto, aos 15 anos, a jovem foi deportada para o campo de Bergen-Belsen, na Alemanha, junto com a mãe e a irmã, Anne viveu seus últimos dias longe de Kitty, amiga imaginária a quem dirigia parte dos seus escritos, e de seu futuro promissor na literatura.

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Com informações do Diário do Nordeste.