Leonel Brizola faria hoje faria cem anos

 

Leonel Brizola faria 100 anos neste sábado (22) - https://blognaopassarao.blogspot.com/

Se estivesse vivo o ex-governador Leonel de Moura Brizola estaria completando cem anos. Filho de camponeses, Brizola nasceu no distrito de Cruzinha de São Bento, no interior do município de Carazinho, a 300 quilômetros de Porto Alegre.

Durante a campanha de 1989 estive lá refazendo o início da caminhada de Brizola para o jornal O Globo. Conversei com primos do ex-governador, companheiros de infância dos tempos em que ele carregava malas na estação ferroviária da cidade enquanto fazia as primeiras letras. E até com o chefe político da cidade de Colorado que, na revolução de 1923 havia mandado matar o pai de Brizola.

Todos, sem exceção, admiravam a trajetória daquele que agora era um dos candidatos a presidente de República. Brizola foi governador do Rio Grande do Sul e iniciou um processo de desenvolvimento do Estado cuja visão somente foi retomada no governo Olívio Dutra 40 anos mais tarde.

Construiu milhares de escolas, todas de madeira para terem construção rápida, muitas delas ainda estão de pé cumprindo sua missão de ensinar as crianças gaúchas. No Rio de Janeiro construiu os CIEPS, escolas de tempo integral. Para ele, educação era a ferramenta essencial para o processo de conscientização do povo e a construção do Brasil novo.

Em 1962, atendendo as reivindicações de arrendatários de terras organizados no Movimento de Agricultores Sem Terra (MASTER), realizou a primeira Reforma Agrária da história da República brasileira, desapropriando 13 mil hectares no Banhado do Colégio, em Camaquã, drenando o banhado e construindo um projeto de canais de irrigação abaixo de uma grande barragem no arroio, onde até hoje, colonos assentados cultivam arroz e milho irrigados. Para ele a Reforma Agrária era uma das bases do desenvolvimento econômico trancado há séculos pelo latifúndio improdutivo.

Criou empresas para produzir o que era importado pelos gaúchos, a Açúcar Gaúcho S/A (AGASA) em Santo Antônio da Patrulha, aproveitando cultura de cana do Litoral. A Salgasa, tentativa da produção de sal entre Cidreira e Tramandaí, introduziu o cultivo da cebola no Litoral Norte, para substituir a importação de cebolas argentinas e pernambucanas. Ele entendia que as regiões deveriam produzir tudo o que pudessem para a sobrevivência e a soberania alimentar de seus povos, evitando o atrelamento a um sistema de transporte. Tudo isso foi sucateado pelos militares a serviço dos imperialistas que ajudaram a transformar o Brasil em uma grande colônia especializando a produção em cada uma das regiões.

Democrata convicto, organizou a resistência ao golpe em 1961, criando a Rede da Legalidade através de rádios de todo o Rio Grade do Sul, comandadas dos porões do Palácio Piratini por ele mesmo ao microfone. Aliás Brizola usou rádio como poucos, quando governador tinha um programa as sextas-feiras de noite em rede de rádios que era ouvido pela maioria dos gaúchos. Dialogava diretamente com as pessoas e ouvia suas reivindicações.

Em 1964 se exilou no Uruguai e de lá comandou movimentos de resistência como o de Três Passos liderado pelo coronel Jeferson Cardin com os Grupos dos 11 e a Guerrilha de Caparaó, em Minas Gerais, onde esteve o jornalista Flávio Tavares. Em 1979 retornou do exílio e refundou o Partido Trabalhista Brasileiro, cuja legenda perdeu para a deputada paulista Ivete Vargas, criou então o PDT. Por este partido elegeu-se governador do estado do Rio de Janeiro e mais tarde concorreu à Presidência da República, depois concorreu como candidato a vice-presidente na chapa do PT, liderado por Luís Inácio Lula da Silva.

A liderança de Brizola hoje está substituída pela força de Luís Inácio Lula da Silva, que acredita nos mesmos princípios e na mesma politica de alianças que poderá devolver ao Brasil a democracia e a economia independente que está sendo destruída pelo atual desgoverno.

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Por Walmaro Paz, originalmente no Brasil de Fato.

“A Voz do Milênio” se cala: morre Elza Soares, aos 91 anos

 

Elza Soares morreu aos 91 anos, em casa, de causas naturais. (FOTO/ Marcos Hermes).

A cantora Elza Soares, 91, morreu na tarde desta quinta-feira (20), em casa, no Rio de Janeiro, de causas naturais. “É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais”, diz a postagem nas redes sociais da cantora.

Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio, teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação”, continua o texto.

A assessoria lembrou ainda que Elza se manteve ativa até os últimos dias de vida. “A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”.

Com mais de 50 anos de carreira e 34 discos gravados, Elza Soares cantou do samba ao funk, do jazz à música eletrônica. “Eu sempre quis fazer coisa diferente, não suporto rótulo, não sou refrigerante”, dizia ela. Como um capricho do destino, Elza morreu no mesmo dia que seu ex-marido, o jogador Mané Garrincha, 39 anos depois do seu falecimento.

No último carnaval, em 2020, Elza foi enredo do samba da Mocidade Independente de Padre Miguel. Ela desfilou no último carro e teve sua história cantada no sambódromo, onde ela foi uma das primeiras mulheres a interpretar um samba enredo. “És a ESTRELA! Seu povo esperou tanto pra revê-la! E reviu! Reviu o seu amor Independente passar na Avenida da forma mais linda possível! Você foi uma das maiores deste país. Só podemos agradecer por tudo. Consternados! Essa é a nossa despedida! Obrigado, Deusa. NÓS NÃO VAMOS SUCUMBIR NUNCA! ✊🏿😭⭐️💚”, postou a escola de Padre Miguel, em homenagem à cantora.

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Com informações do Noticias Preta.

Desaparecida

 

Alexandre Lucas. (FOTO/ Reprodução).

 Por Alexandre Lucas, Colunista

A carta estava amarelada, escrita com pressa e força, era possível perceber a pressão da palavra sobre o papel, escrita grossa e azul. Dobrada várias vezes em tamanho pequeno, cabia na palma da mão. Papel amassado, cheio de rugas, sobras de um embrulho para presente, vermelho cintilante. 

Fincada na parede, a carta parecia Cristo crucificado. Acelerado os desaparecimentos, o aborto das despedidas era um código de sobrevivência. As cartas, às vezes, compostas de três palavras e o embaraço do aligeiramento, nem chegavam aos seus destinatários.

Ninguém sabe o que tinha, o tempo esfarelou cada palavra fincada naquele papel crucificado na parede.

Inspirado em Carolina Maria de Jesus, livro reúne histórias de catadoras do Brasil

 

(Foto/Elizabeth Nader/Prefeitura de Vitória).

Vulnerabilidade social, violência doméstica, fome e racismo são alguns dos relatos comuns compartilhados por 21 catadoras de materiais recicláveis de diferentes cidades do Brasil, que, assim como a escritora e catadora Carolina Maria de Jesus, encontraram na escrita uma forma de partilhar as suas dores e tomarem o protagonismo das suas próprias histórias.

As histórias estão reunidas nas 243 páginas do livro 'Quarentena da resistência', publicado pela editora Coopacesso, que conta a história de catadoras de materiais recicláveis de forma intimista e a busca dessas mulheres, de maioria negra e chefes de família, por melhores condições de vida e oportunidade. O livro está disponível para download no site da Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma das parceiras do projeto.

Durante sete meses, as trabalhadoras participaram de uma formação virtual com oficinas de criação literária e escrita através da leitura do livro 'Quarto de Despejo: Diário de uma favelada', da escritora Carolina Maria de Jesus. Por meio das trocas de experiências e debates, as catadoras compartilharam sobre as suas realidades. Cada participante recebeu uma bolsa de estudos mensal com valor de R$ 385 para os custos de internet e cestas básicas.

"Inspiradas em Carolina Maria de Jesus, as catadoras, trabalhadoras severamente atingidas pela pandemia, em sua maioria negras, encontraram um lugar de fortalecimento e luta pela palavra e compartilhamento das dores e afetos. O potencial trazido pela literatura, a partir de reflexões sobre trabalho, racismo, gênero e outras questões que atravessam a vida das catadoras, reflete na organização do grupo e na defesa de direitos", afirma Elisiane dos Santos, procuradora do Trabalho do MPT-SP e uma das idealizadoras do projeto.

A ideia do livro surgiu em meio a pandemia de Covid-19, período em que grupos em situação de vulnerabilidade sofreram impactos devastadores, sobretudo os catadores e catadoras de materiais recicláveis, expostos a condições de trabalho precárias e baixa remuneração.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Ministério Público do Trabalho (MPT) de São Paulo, a Festa Literária das Periferias (FLUP) e a Cooperativa Central do ABC (Coopcent ABC), com o apoio da Universidade Federal do ABC (UFABC) e os Laboratórios da Palavra e de Teorias e Práticas Feministas do Programa Avançado de Cultura Contemporânea da Faculdade de Letras/UFRJ.

'O resgate da história de organização da categoria profissional, agora em livro, mostra à sociedade a importância fundamental do trabalho que realizam, ao tempo em que cobra do Poder Público as condições e políticas públicas para a valorização e reconhecimento do trabalho de milhares de mulheres e famílias no Brasil, trabalho este do qual depende a vida das pessoas e do planeta. Essa obra deve ser lida por todos e todas", ressalta Elisiane.

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Com informações do Alma Preta.

Estudantes de história da Ufal lançam calendário em homenagem a personalidades negras de Alagoas

 

Calendário criado por estudantes de história da Ufal homenageia personalidades negras/(FOTO/ Reprodução: G1).

Alunos do curso de licenciatura em História da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), do Campus do Sertão, criaram um calendário 2022 para homenagear personalidades negras alagoanas que dedicaram a vida à luta antirracista.

O projeto foi desenvolvido na disciplina Atividade Curricular de Extensão. Os estudantes também fazem parte do Grupo de Cultura Negra do Sertão Abí Axé Egbé, um equipamento cultural da UFAL em Delmiro Gouveia, que promove estudos, pesquisas, debates, produtos científicos e pedagógicos, eventos, oficinas e apresentações artísticas com foco nas relações raciais e na cultura afro-brasileira.

De acordo com o diretor do grupo, professor Gustavo Gomes, a elaboração do calendário surgiu com a proposta de ir além da utilidade para organizar as atividades diárias e que deve ser visto como um importante instrumento pedagógico, ao trazer um pouco da memória cultural negra do estado.

“É uma forma de propor para as pessoas uma reflexão afrocentrada durante o ano todo, não apenas no mês da Consciência Negra. Propor que aprendam sobre outros marcos temporais, que não são aqueles eurocentrados, marcando o tempo em perspectiva negra, a partir de memórias culturais negras. O resultado ficou lindo, sensível e robusto. É um índice de que o processo de curricularização da extensão acadêmica tem dado certo”, comemora Gomes.

Entre os homenageados estão Mãe Neide, Zezito Araújo, Dona Irinéia e Mestre Tião do Samba. Segundo o grupo Abí Axé Egbé, o projeto buscou personalidades de áreas como política, movimentos sociais, artes, religião, saúde, educação e LGBTQIA+, de diferentes regiões alagoanas.

“São pessoas com vida dedicada à luta antirracista e que deixaram um legado para posteridade. É uma forma de dar visibilidade a negros e negras de Alagoas como heróis e heroínas para além de Zumbi dos Palmares. Elas precisam ter suas memórias reconhecidas, valorizadas, divulgadas, salvaguardadas e internalizadas afetivamente. As pessoas precisam reconhecer e valorizar essas pessoas negras. Ter afeto por essas personalidades”, defende o professor.

O material pode ser baixado gratuitamente no site da Ufal.
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 Com informações do G1.

A quem interessa pregar a narrativa do “racismo reverso”?

 

Quando ouvimos a frase “não consigo respirar” ou algo como “zara zerou” logo vem à memória casos óbvios e marcantes de racismo, porém não isolados, aumentando a certeza de que o racismo sufoca, cercea e assassina vidas negras. A ativista Angela Davis ensina que “numa sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. Porém, como num efeito “não olhe para cima”, algumas pessoas tentam negar o óbvio. Em um artigo publicado, irresponsavelmente, no site da Folha de São Paulo, neste sábado (15), o escritor e antropólogo baiano Antônio Risério prega que “racismo de negros contra brancos ganha força com identitatismo”.

Pois bem, enquanto nós negros tentamos respirar com joelhos sobre os nossos pescoços, como fez George Floyd antes de morrer sufocado por um policial branco em 2020; enquanto lutamos para não ser humilhados ao entrar numa loja de luxo como a Zara no Brasil; enquanto desviamos para não ser alvejados por 80 tiros numa tarde corriqueira de domingo, Risério tenta provar a teoria fracassada, e recharçada pelos estudiosos, do racismo reverso. Mas a quem interessa pregar e fortalecer essa narrativa?

No estilo a lá Olavo de Carvalho, Antônio Risério pinça meia dúzia de fatos isolados, que são muito mais uma crítica à condução ideológica da mídia norte-americana, reduzindo um assunto que sentencia a vida de bilhões de pessoas no mundo. Ele compara o racismo, a que ele chama de “racismo branco antipreto” a cenas isoladas discriminatórias de pretos contra pessoas brancas, asiáticas e judeus. Alguns casos são levianamente tirados de contexto como por exemplo o que o autor chama de “o boicote preto a um armazém do Brooklyn, cujos proprietários eram coreanos”. Talvez ele não saiba que fazer o dinheiro produzido por pessoas negras circular na comunidade negra já tem nome, e se chama “black money”.

Tentanto justificar que os negros “já têm instrumentos de poder para institucionalizar o racismo antibranco”, Risério diz que “o racismo negro se manifesta por meio de organizações poderosas como a ‘Nação do Islã’”. Ora, a Nação do Islã é uma instituição religiosa, de caráter confessional e privado, não é a Suprema Corte Americana ou o Congresso. Essas instituições, sim, ao invés de garantir igualdade e justiça, foram vetores de segregação ao promulgar e garantir a manutenção de uma série de normas racistas como as leis Jim Crow, entre 1877 e 1964, nos EUA. Na África do Sul, o Apartheid, que teve efeitos devastadores para gerações inteiras, durou de 1948 a 1994.

Ao menos nos resta dizer, uma vez mais, que não existe racismo reverso, tampouco um “racismo preto antibranco”, como o autor diz. O negro não pode sustentar um sistema racista porque o racismo é um mecanismo de opressão que só existe porque o branco detém o poder. O poder está nas mãos de meia dúzia de homens brancos, de famílias brancas. O dinheiro é deles. O sistema de justiça é operado por eles. Eles controlam a mídia. A política está cheia deles.

O filósofo camaronês, Achille Mbembe, reforça que “o racismo é uma tecnologia de poder, e que sua função é regular a distribuição da morte e tornar possíveis as funções assassinas do estado”. Isso fica claro quando olhamos as estatísticas. Dados do Atlas da Violência 2021 (IPEA, FBSP) mostram que um negro tem 2,6 vezes mais chances de ser assassinado no Brasil. Entre os anos de 2009 e 2019, 623.439 pessoas foram vítimas de homicídio no país. Destas, 53% do total eram adolescentes e jovens negros.

Racismo não se trata apenas de uma ofensa ou agressão pessoal por causa da cor da pele da outra pessoa. Conforme afirma o professor e jurista, Sílvio de Almeida, o racismo é estrutural, porque rege a estrutura da sociedade. Ele impede que pessoas negras acessem espaços de poder e de decisão. A falácia do racismo reverso interessa, tão somente, a quem não quer perder estes espaços de poder.

Além disso, nunca existiu uma lei impedindo um branco de usar o banheiro do negro. Nunca existiu uma lei como o Apartheid para os brancos. Nunca existiu uma lei da “vadiagem” para prender brancos no Brasil. Pessoas brancas não perdem vagas de emprego apenas por serem brancas. Os brancos não foram escravizados e tratados como mercadoria por mais de 350 anos. Não foram os corpos dos brancos lançados no Atlântico, mudando a rota dos tubarões.

É fato que têm negros que agem com discriminação, e isso é repudiável! Ninguém deve ser discriminado. Porém, é leviana e desonesta a afirmação de Risério, ao dizer que “sob a capa do discurso antirracista, esquerda e movimento negro reproduzem projeto  supremacista, tornando o neorracismo identitário mais norma que exceção”. A verdade é que o racismo é sobre uma pergunta: onde estão os negros?

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Por Jersey Simon, originalmente no Notícia Preta.

PhD em Direito Silvio Almeida rebate artigo sobre racismo reverso publicado na Folha de S. Paulo

 

Silvio Almeida. (FOTO/ Reproduçã/ DW).

O filósofo e PhD em Direito Silvio Almeida deu uma resposta ao artigo de ‘racismo inverso’ do antropólogo Antonio Risério na Folha de S.Paulo deste domingo (16).

O que Silvio Almeida disse?

Ele escreveu no Twitter:

Espero que sejam compartilhados e comentados os textos de Thiago Amparo, Celso Rocha de Barros e Ronilso Pacheco – apenas para ficar nestes exemplos -, com o mesmo entusiasmo com que isso é feito com artigos de arruaceiros, nulidades e oportunistas que têm assento na grande imprensa.

Esses especialistas em gerar o caos são incapazes de exercer o pensamento crítico, pois para isso precisariam estudar os temas sobre os quais falam. Mas, isso está fora de cogitação porque o único objetivo é causar indignação nos leitores.

E as empresas jornalísticas que abrigam esta baderna mental tentam parecer aos olhos do público como ‘ágoras’, espaços ‘democráticos’, que abrigam a ‘pluralidade’. Mas, na melhor das hipóteses se assemelham a arenas, e na pior, becos de lutas clandestina e sem regras.

Há centenas de articulistas sérios e talentosos, mas quem recebe atenção e tem texto compartilhado é o baderneiro, o mal-educado, o ignorante. E o mais interessante é que quase sempre o artigo do fanfarrão ataca alguma minoria.

Não fazem um debate político sério; não se posicionam sobre questões econômicas com profundidade; não conseguem falar de história, de direito ou de filosofia. Não entram em nenhum tema que divirja de seus patrões. Só tem coragem de falar contra minorias. São covardes.

Deveriam ser ignorados, mas a dinâmica de confusão própria das redes sociais fará com que esses vampiros continuem vivos porque já se alimentaram da frustração – e do compartilhamento – de quem leu o artigo.

E assim, esta postura de capanga faz com que algumas figuras tenham sempre um emprego/espaço garantido, ao passo que pessoas sérias têm seus textos pouquíssimo divulgados e se tornam, portanto, dispensáveis.

Particularmente, não vou gastar meu tempo e nem minha coluna para lidar com esse tipo de gangsterismo intelectual. Há polêmicas sérias sobre racismo, há uma situação geopolítica que demanda nossa atenção; há um disputa sobre a identidade nacional que vai se intensificar com o bicentenário da Independência, os 100 anos da semana de arte moderna; pandemia, copa do mundo e eleições cruciais para o destino do país. Muitos livros básicos dementem tudo o que estes articulistas têm escrito, de tal sorte que com eles não se deve gastar energia que possamos compartilhar, divulgar e comentar textos de gente realmente disposta a pensar. Para o resto é ‘Oi Rodrigo’. (No caso específico ‘Oi Antonio’).

Adendo: vejo aqui também os ‘progressistas’ que gastam mais tempo cobrando colunistas negros quando um branco escreve um absurdo do que comentando e compartilhando os artigos destes mesmos colunistas negros. Estamos de olho…

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Com informações do DCM.


Em vias de preterir Risério, por Alex Ratts

 

Alex Ratts. (FOTO/ Divulgação).

O antropólogo Antônio Risério, do artigo “Racismo contra branco” (Folha, 15/01/21), tinha bastante trânsito com os movimentos negros nos anos 1980 e estava à frente do CERNE (Centro de Referência Negro-Mestiça).  Escreveu alguns livros sobre culturas negras e poéticas africanas. Nos anos 2000, passou a fazer parte do conjunto de personalidades anti-cotas raciais, tendo por alvo a intelectualidade negra.

Desde então, vem requentando suas opiniões de forma desproporcional à dimensão da questão racial, sem diferenciar processos históricos, assim como os racismos, as ideias de raça, arregimentando um ódio indeterminado contra negros e negando, inclusive, parte do que escreveu.

Em tempos da segunda abolição, parafraseando Luiz Gama: [numa instituição que faz ação afirmativa] se uma pessoa branca for preterida por causa de uma pessoa negra, é legítima defesa.

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Publicado originalmente em seu Blog.

Comenda João Zuba: O que é e quem pode ser agraciado com ela?

 

João Zuba. (FOTO/ Heloisa Bitu).

Por Valéria Rodrigues, Colunista

A Câmara de Altaneira aprovou no dia 30 de outubro de 2019 em sessão ordinária, o Projeto de Lei nº 003/2019 de autoria das vereadoras Zuleide Oliveira (PSDB), Silvânia Andrade (PT) e Alice Gonçalves (PRP), criando a Comenda João Zuba.

Embora a autoria seja atribuída às três parlamentares, o projeto foi apresentado em 16 de outubro daquele ano pela vereadora Zuleide (hoje Secretária Municipal da Educação) e foi idealizado pelo professor Nicolau Neto, autor de um artigo científico sobre João Zuba e fundador deste Blog. A comenda visa condecorar pessoas físicas que tenham prestado ou prestem importantes serviços em prol do desenvolvimento da cultura popular do município.

De acordo com o texto da lei, a comenda deve vir amparada de justificativa e documentos comprobatórios do mérito do ou da possível agraciado/a, para fins de sua submissão à aprovação em plenário da casa legislativa e está de acordo com os “princípios e diretrizes dos Sistemas Estadual e Nacional da Cultura”. Os agraciados e as agraciadas deverão “diferenciar-se por sua atuação no âmbito da cultura popular” e, ou, “ser autor ou autora de trabalho de reconhecimento municipal ou regional no âmbito da cultura popular que a divulgue/preserve”.

A entrega da medalha deve ser feita pelo Poder Legislativo, em evento aberto ao público, a ser realizado, preferencialmente, no dia 05 de junho de cada ano (data de nascimento de João Zuba), após divulgação no sítio eletrônico da casa e nos demais veículos de comunicação, conforme preceitua o Art. 5º do PL.

Já foram agraciados/as com a Comenda a mestre da cultura popular Dona Angelita; Luiz Manoel, um dos idealizadores da Banda Cabaçal; a integrante da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe, Socorro Lino e o ex-secretário municipal de Cultura, Ivanildo Cidrão. A solenidade ocorreu em 2020 em sessão solene híbrida em face da pandemia da Covid-19.

Em 2021 em virtudes do aumento desenfreado de casos da pandemia, o evento não foi realizado, devendo ser retomado este ano. 

João Zuba foi um homem simples; foi ao mesmo tempo um colaborador no fortalecimento do vínculo dos mais jovens com suas raízes culturais indígenas e negras através da música,  destacou Nicolau Neto a esta Coluna.

Quem foi João Zuba

João Sabino Dantas foi um homem simples. Agricultor por profissão, mestre da cultura por paixão. Foi um exímio exemplo de esposo e pai. Passou boa parte de sua vida construindo cacimbas, quando as águas do açude pajéu ainda não eram realidade nas residências dos munícipes.

Mas ninguém conhecia João Sabino Dantas pelo nome de batismo. Todos o conheciam e ele passou para a história do município como “João Zuba”. Poucos o conheciam pela sua arte em fazer cacimba. Embora esta tenha sido um dos prazeres em sua vida. Seu João Zuba figurou no imaginário popular como o tocador de pífano, um instrumento tradicional da região nordeste do país. Mas ele não só tocava. Era ele quem confeccionava seu próprio instrumento. Foi do pífano que se originou uma das Bandas Cabaçais no município sob a sua liderança.

Clique aqui e saiba mais sobre João Zuba.

Cecília de 11 anos é a primeira criança a receber dose de vacina contra Covid-19 no Ceará

 

Cecília de 11 anos é a primeira criança a receber dose de vacina contra Covid-19 no Ceará. (FOTO/ Reprodução).

Por Nicolau Neto, editor

Este sábado, 15, foi um dia histórico para a valorização da ciência e para o processo de imunização das crianças do Estado do Ceará contra a Covid-19. Cecília, 11 anos, residente no Vila União, na capital, foi a primeira criança a receber a primeira dose da vacina.

A imunização foi registrada através dos perfis do governador Camilo Santana (PT), que ao descrever o momento destacou “a importância de os pais ou responsáveis cadastrarem as crianças no Saúde Digital” e completou “juntos vamos superar essa pandemia!

Cecília recebeu o imunizante da pediátrico da Pfizer. Ontem, 14, no Estado de São Paulo, indígena Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, foi a primeira criança a ser vacinada contra a Covid-19 no país .

O Ceará recebeu nesta sexta-feira (14), 55.100 doses pediátricas da Pfizer que serão utilizadas para a imunização do público de 5 a 11 anos e já foram distribuídas aos municípios.