Capa da obra 'Black Power – A Política de Libertação nos Estados Unidos' (2021). (FOTO/ Divulgação / Jandaíra/ Aventuras na História).
Recém-lançada
pela Editora Jandaíra, a obra "Black Power – A Política de Libertação nos
Estados Unidos", de Charles V. Hamilton e Kwame Ture (antes
conhecido como Stokely Carmichael) foi o primeiro livro a definir o conceito de
racismo institucional.
Publicada
originalmente em 1967, a obra foi fundamental para a luta do movimento negro,
ao denunciar o preconceito racial.
Escrita
no auge da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, a obra discute o
enfrentamento à supremacia branca e denuncia a opressão cometida pela branquitude.
“Este livro se mantém como um símbolo da
juventude e da autoconfiança do movimento Black Power, que elevou a luta por
direitos civis nos Estados Unidos e inspirou movimentos de libertação em todo o
mundo. No fim dos anos 1960 e 1970, os ativistas do Black Power impulsionaram
uma nova consciência coletiva que unia lutas globais por meio de visões
anticoloniais, anti-imperialistas e pan-africanas. O Black Power acentuou o
orgulho de se ter a pele mais escura e o cabelo natural como uma celebração estética
da beleza negra”, escreveu Bokar Biro Ture, filho de Kwame Ture, no
prefácio.
De
acordo com a ativista do Movimento Negro desde a década de 1960, Elida Monteiro
Damazio, a obra reconhece, ainda, a importância das mulheres negras na luta
contra o racismo.
“As referências acadêmicas e o tom de
manifesto revolucionário não lhe tiram a verve de um romance arrebatador e nos
provocam a mesma emoção de assistir a um filme de Ava DuVernay ou de Spike Lee”.
Disponível
na Amazon em formato Kindle e edição física, "Black Power – A Política de
Libertação nos Estados Unidos", ainda hoje, é uma obra fundamental
para entender conceitos fundamentais da luta do movimento negro.
Enquanto Bolsonaro perde quase metade do seu eleitorado, Lula retém a grande maioria dos votos de Haddad e recebe o apoio daqueles que apoiaram Bolsonaro. (FOTO/ Fabio Rodrigues Pozzebom / ABr).
O
presidente Jair Bolsonaro perdeu metade de sua base eleitoral, segundo pesquisa
divulgada nesta sexta-feira (15) pela Genial/Quaest. “Os dados mostram que apenas 52% daqueles que votaram em Bolsonaro no
segundo turno de 2018 votariam outra vez no presidente”, afirma o cientista
político Felipe Nunes, diretor da Quaest e professor da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).
Dos
votos que Bolsonaro perdeu, 21% migraram para o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, segundo a pesquisa. Ciro Gomes recebe 8%; Doria, 7%; e os brancos e
nulos ficam com 12%.
Entre
quem votou em Fernando Haddad no segundo turno de 2018, 79% votariam em Lula e
só 1% diz que votaria em Bolsonaro. “Ou
seja, enquanto Bolsonaro perde quase metade do seu eleitorado, Lula retém a
grande maioria dos votos de Haddad e recebe o apoio daqueles que apoiaram
Bolsonaro”, afirma Nunes em sua conta no Twitter.
“Se no primeiro turno das eleições de 2018
Jair Bolsonaro teve 46% dos votos válidos, a 4º rodada da pesquisa mostra que
seu desempenho hoje seria bem pior. Bolsonaro não passaria dos 30% de votos
válidos”, observa ainda o cientista político.
A
quarta rodada da pesquisa foi feita entre 30 de setembro e 3 de outubro, com
2.048 pessoas em entrevistas presenciais domiciliares. A margem de erro da
pesquisa é de 2.2 pontos.
Especial Dia do/a Professor/a: o papel fundamental do/a professor/a na luta antirracista. Na foto, o professor Nicolau Neto durante conversa com estudantes da Escola 18 de Dezembro, em Altaneira, sobre a falsa abolição da escravatura.
Quais
são as principais alegrias e os principais desafios da carreira das professoras
e dos professores brasileiros? E qual é a importância da promoção da educação
antirracista? Fizemos essas perguntas a quatro educadores participantes do
Edital Equidade Racial na Educação Básica, que tem como propósito fortalecer
coletivos de pesquisa nessa temática e mapear oportunidades estratégicas de
atuação.
O
Edital é uma iniciativado Itaú Social
com realização do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades
(CEERT), em parceria com o Instituto Unibanco, a Fundação Tide Setubal e o
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Conheça
abaixo um pouco mais sobre os projetos e professores representantes de cada
etapa de ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II
e Ensino Médio:
Professora
Neli Edite dos Santos - Educação Infantil
“Ingressei
no magistério com 18 anos de idade. Hoje, passados 38 anos, posso dizer que
tenho marcas inscritas em mim por engajamentos, curiosidades, inquietações,
estudos, parcerias, comprometimentos políticos, indignações, descobertas, somas,
sonhos e transgressões poéticas. Em cada escola onde trabalhei, transpus muros,
arrisquei. Semeei desobediências inventivas entre estudantes, famílias,
comunidade e com colegas que toparam riscos.
Desde
os primeiros anos de atuação como alfabetizadora, passando pelas redes públicas
estadual e municipal, até ingressar no Colégio de Aplicação da Universidade
Federal de Uberlândia, em 2010, tenho sido inquieta, afetada por aquilo que tem
me constituído e atravessado. Cada escola tem seu jeito, seu ritmo, suas
riquezas, suas dificuldades, suas mazelas e potencialidades. Em cada uma delas,
afetei e fui afetada pelos coletivos: colegas, estudantes, famílias e
vizinhança. Em cada uma delas, busquei parcerias e encontrei conflitos
produtivos e improdutivos. Muitas geraram bons afetos e frutos. Algumas deram
em nada. Outras, dissabores e amarguras. Por isso, talvez, minha principal
alegria em continuar sendo professora é a disposição para arriscar,
principalmente quando o risco se confunde com travessura, travessias e
atravessamentos.
O
papel de professores e professoras no enfrentamento ao racismo depende de
vários elementos. Posso citar, por exemplo, seu reconhecimento étnico-racial,
de gênero e classe. Para enfrentar o racismo e contribuir para uma educação
antirracista, professores brancos precisam enfrentar o espelho, a historicidade
da branquitude em suas relações desumanizadas e desumanizantes com povos não
brancos: negros, indígenas, indianos, ciganos – entre outros.
Se
for uma pessoa negra e se for uma pessoa que pretende contribuir com a justiça,
com a igualdade de fato, com a democracia, ela poderá ser atravessada pelo
reconhecimento da sua condição de negritude e somará, assim, no enfrentamento
ao racismo. Uso o termo poderá, e não deverá.Isso porque, ao reconhecer-se e, mais ainda, assumir-se negra, a pessoa
é arremetida ao confronto com uma sociedade forjada e mantida pelo racismo
estrutural. Conhecer-se nessa arquitetura pode ser vivido como algo
extremamente pesado, sufocante e, a depender das circunstâncias, fatal.
É
comum a expectativa de que pessoas negras se posicionem em relação ao racismo,
denunciando-o, falando sobre ele, tendo-o como objeto de estudo. É comum também
que pessoas não negras, não indígenas, não indianas, não ciganas (entre outros
povos não brancos) considerem exageradas as denúncias de racismo, sobretudo
quando são praticantes dele (em geral, sem intenção de ofender).
Com
essa breve reflexão, quero dizer que o papel do(a) professor(a) no
enfrentamento ao racismo depende de vários elementos. A começar pela relação
que ele/a tenha com sua imagem nos espelhos da sua história, da história de seu
país e da história da humanidade”.
A
professora Neli Edite dos Santos é coordenadora geral do projeto ‘Construindo
uma escola antirracista: ingresso e permanência de cotistas na educação
básica’, realizado na Escola de Educação Básica, um colégio de aplicação da
Universidade Federal de Uberlândia, que oferece Educação Infantil, Ensino
Fundamental Regular e na Modalidade Educação de Jovens e Adultos.
Givânia
Maria da Silva - Ensino Fundamental I
“A
lista dos desafios de ser professor é grande, principalmente em uma sociedade
marcada pelo racismo e por um ensino que deixa tantas lacunas na nossa formação
inicial. A formação continuada também não dá conta de nos ajudar a superar
determinados déficits. No caso das comunidades quilombolas, as novas
tecnologias também se tornaram desafios, pois são desconhecidas por muitas
pessoas.
Precisamos
lidar com estruturas tão hierarquizadas dos estados e municípios, onde os
gestores não pautam a questão racial como fundamental e a gente sabe o quanto
isso é importante. Muitos quilombos não têm acesso à internet. Falta
investimento na compra de equipamentos, na formação dos profissionais e nas
escolas quilombolas. Tudo isso prejudica o trabalho do professor e a
aprendizagem dos alunos.
Mas
temos também as nossas alegrias. Sabemos que nada será feito sem nós. Somos
peças fundamentais no processo educacional. Mesmo com a tecnologia,o professor ainda é uma peça muito importante
e nunca vai deixar de ser. Precisamos avançar e construir comunidades de
aprendizados.
Também
sentimos profunda alegria quando vemos que inspiramos outras pessoas. Somos um
instrumento da luta e da resistência para uma educação antirracista. Por isso
seremos sempre um instrumento de transformação e emancipação, apesar do modelo
social. Devemos ocupar o lugar de instrumento e ferramenta da luta
antirracista, seja na sala de aula ou no cotidiano.”
A
professora Givânia é coordenadora do projeto Quilimbos e Educação: Políticas
Públicas e Práticas Pedagógicas, com foco na análise dos dados do Censo do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira para
identificar os desafios da educação quilombola enfrenta e em estudos de casos
em duas comunidades quilombolas: Povoado de Mesquita, em Cidade Ocidental (GO)
e Quilombo de Conceição das Crioulas, em Salgueiro (PE).
Erisvaldo
Pereira dos Santos - Ensino Fundamental II
“O
principal desafio de ser professor está relacionado com o lugar social da
profissão docente em nossa sociedade. Embora todos as outras profissões
dependam do trabalho docente, há uma falta de compromisso político com a
valorização desse profissional em nossa sociedade em termos de remuneração. A
principal alegria de ser professor é a de saber que sem o seu trabalho as
transformações no mundo em prol da justiça social e do bem-estar não
acontecerão. Mesmo porque, todo(a) professor(a) está investido de uma
autoridade comprometida com o curso do mundo na ordem do bem viver social. Por
isso Paulo Freire afirma que educar é uma prática política.
O
desafio principal do (a) professor (a) diante do enfrentamento ao racismo é o
de não naturalizar esse fenômeno que estrutura nossas relações sociais. Ao
naturalizar o racismo, o(a) professor(a) contribui para que não haja mudanças
nas relações sociais e raciais. Para não cair na armadilha da naturalização,
seu trabalho docente carece, portanto, de uma sólida formação teórica e de uma
postura ética de acolhimento e valorização da alteridade.
A
partir daí, ele(a) não enfrentará apenas o racismo, sendo uma pessoa
antirracista, mas também enfrentará todas as mazelas que envolvem os sujeitos
subalternizados e discriminados. A interseccionalidade entre raça, gênero e
classe é a base que organiza essa prática. Dessa maneira, o (a) docente
contribuirá para a formação de um sujeito autônomo, crítico e ético.”
Erisvaldo
é coordenador do projeto Epistemologias Antirracistas e Projeto Político
Pedagógico: Uma Pesquisa Aplicada no Âmbito da Secretaria de Educação de
Contagem (MG). O objetivo do projeto foi oferecer aportes epistemológicos do
feminismo negro e antirracista, afim de contribuir para a reflexão sobre a
fundamentação de Projetos Políticos Pedagógicos (PPP’s), na perspectiva das
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e
para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Gerson
Alves dos Santos - Ensino Médio
“O
grande desafio de ser professor é atuar em um ambiente cada vez mais
precarizado e deixado de lado pelas políticas públicas. O tempo todo
enfrentamos uma realidade desestimuladora e que acaba por consumir nossas esperanças
e anseios quanto ao desejo de construir uma educação de fato transformadora.
Gestores
e colegas professores, em grande medida não se preocupam ou desconhecem a
importância da autonomia no processo de ensino. Algo que cria um ambiente pouco
politizado e pouco aberto a pautas que vão além de um conjunto de ações e
entendimento, preso a institucionalização burocratizada.
Já
a grande alegria é ouvir os alunos e suas experiências transformadoras no
ambiente escolar. É saber que alguns transformam sua realidade a partir do que
discutimos em sala. Isso reforça a esperança e refloresta a crença na educação
como um espaço de transformação de uma realidade tão adversa.
Penso
que o professor tem que ser protagonista, principalmente nesse contexto político
em que estamos vivendo. As políticas que garantem o ensino da história, cultura
afro-brasileira e indígena é uma realidade do ponto de vista institucional,
mas, ainda está longe do ideal quando se pensa o ambiente escolar e um conjunto
de práticas cotidianas que viabilizem um ensino antirracista.
Temos
de sair do plano institucional, isto é, da data enquanto momento folclórico e
por vezes romantizado. Algo muito comum entre nós brasileiros, sociedade em que
a lei por vezes acaba em si mesmo e não se transforma em realidade cotidiana.
No caso, o professor, sabedor dessa realidade, precisa se colocar enquanto
agente transformador, alguém capaz de questionar e instigar no ambiente escolar
a discussão sobre o racismo brasileiro e seu caráter estrutural. Alguém capaz
de ser protagonista nesse processo de questionamento das subjetividades
reprodutoras desse racismo estrutural que tende a desumanizar a população
negra.”
Gerson
é coordenador do projeto “O quilombo na escola: práticas pedagógicas,
identidade étnica e ancestralidade”, que tem como objetivo atuar na formação de
professores das escolas estaduais (Ensino Fundamental e Médio) de uma
comunidade quilombola na cidade de Moreilândia, Estado do Tocantins.
A
ideia é que a história da comunidade possa fazer parte do currículo de modo a
ser incorporada na realidade dessas escolas, fazendo com que a realidades dos
quilombolas e dos moradores da cidade possam fazer parte do cotidiano escolar,
potencializando, assim, uma educação inclusiva e antirracista.
Fruto
de uma mobilização voluntária de cinco moradores/as do Sítio Latão, em Santa do
Cariri (CE), imbuídos no desejo de transformar essa comunidade através da
educação e da cultura, nasceu o projeto social Biblioteca “Caminho
do Conhecimento”.
O projeto que partiu da professora Renata Lino, Marcia Lino, Luiz Reginaldo,
José Reginaldo e Francisco Martins, conhecido popularmente por “Chichico” se
configura como uma ação não governamental e já está em processo de organização de
acervo bibliográfico, inclusive com pretensão de tombamento.
Segundo
Renata Lino, o espaço onde funcionará a biblioteca tem como proprietário o
Chichico e passou por reforma. Ela destaca ainda que quem desejar fazer doações
é só entrar em contato com os/as idealizadores ou encaminhar mensagens para a
página do projeto literário no Facebook.
A
Biblioteca já conta com alguns acervos, tanto didáticos como paradidáticos e a inauguração
deve acontecer em dezembro, contanto com todos os cuidados que a pandemia
exige. O equipamento vai oferecer consulta de acervo e empréstimo de livros.
Entre o catálogo de exposição online do Museu Afro Brasil está uma coleção dedicada a registrar parte das habilidades e conhecimentos africanos que construíram o “novo mundo” e inspiram o presente. A exposição “Design e Tecnologia na Escravidão”, online e grátis, apresenta objetos, como ferramentas e obras de arte.
O movimento do museu com esta mostra é ir para além da imagem, por vezes, menor, de que e a presença africana no país se firmou apenas pelas contribuições culturais e folclóricas.
É possível “passear virtualmente” pelas salas e conferir, em detalhes, cada um dos objetivos ali posicionados, sendo que grande parte deles registra o cotidiano de pessoas escravizadas e suas ferramentas de trabalho. É uma prova fundamental do desenvolvimento de tecnologias por pessoas negras, escravizadas, livres e libertas, no campo do vestuário, da mineração, agricultura e até na identificação de mudanças climáticas.
O texto do pesquisador, Douglas Araújo, afirma que o legado africano foi e é “um elemento essencial no desenvolvimento tecnológico das etapas de desenvolvimento econômico do país”. Em outras palavras, a exposição deixa nítido que praticamente tudo que foi construído no passado, por aquelas pessoas negras, não só determinaram o tipo de país daquele momento, como também construiu as bases do que temos hoje, como ensina o ideograma Sankofa, que nos leva a olhar, sempre, para o passado para construir o futuro.
Acervo digital
Além da visita virtual é possível acessar o acervo digital do museu que conserva mais de 5 mil obras, entre gravuras, pinturas, fotografias, documentos e outros registros.
Dados
gerais da campanha de vacinação da Covid-19 apontam resultado positivo e avanço
em todo o país, porém, entre as comunidades quilombolas, incluídas entre os
grupos prioritários, os índices seguem abaixo da média nacional de 45,2%. De
acordo com a segunda edição do Vacinômetro Quilombola, cerca de 60,4% da
população quilombola ainda não receberam a segunda dose da vacina. Dos
1.184.383 quilombolas, apenas 469.972 completaram o ciclo vacinal, o que
representa 39,6% do total.
O
levantamento foi lançado no último mês pela Coordenação Nacional de Articulação
das Comunidades Rurais Quilombolas (Conaq) apoiada pelas entidades Terra de
Direitos e Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam). Esse mapeamento inclui 565
quilombos de 24 estados, com um total de 200 mil quilombolas, e será incluído
em uma ação que já tramita no STF para tratar do assunto.
“Estamos
longe de sermos imunizados. Todos esses problemas criam gargalos. Quilombolas
estão morrendo por não estarem vacinados”, afirma Kátia Penha, gestora de monitoramento
de vacinação da Covid-19 pela Conaq. “Corremos o sério risco de terminar a
campanha com quilombolas que não foram imunizados. Idosos acamados que não
conseguiram se imunizar. Está muito longe [o momento] de as comunidades serem
totalmente vacinadas”, pondera.
Em
comparação, o levantamento mostra que há desnível dos quilombolas em relação à
população indígena, que também é classificada como grupo prioritário no
Programa Nacional de Imunizações (PNI), no qual cerca de 81% já tem o esquema
vacinal completo.
Na
última semana, o país atingiu a marca de 45,25% de toda a população brasileira
completamente imunizada. Quando concentrada na população que possui mais de 18
anos, o índice nacional geral ultrapassa 60%. De acordo com o Ministério da
Saúde, são mais de 95 milhões de brasileiros adultos com as duas doses da
vacina ou com o imunizante de dose única, produzido pela Jansen.
“Temos
relatos de problemas diversos, ligados à organização nos municípios. Chegou ao
extremo de doses destinadas ao povo quilombola acabarem em uso na população
geral”, destaca a gestora.
O
monitoramento realizado pela plataforma LocalizaSUS, baseado na prestação de
contas acerca da vacinação em todo país, identifica que a vacinação de
quilombolas realmente segue em ritmo descompassado. Os dados foram coletados
pelo Plano de Enfrentamento à Covid-19 produzido e atualizado pela Secretaria
Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SNPIR).
Desafios
A
representante da área de monitoramento da Covid-19 da Coordenação Nacional de
Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Kátia Penha,
explica que essa essência de atraso no ciclo vacinal se dá principalmente nos
municípios.
Segundo
a gestora, os maiores problemas se relacionam à falta de doses, dificuldades de
transporte, exigência de comprovação de pertencimento à comunidade quilombola.
Outro problema é que no Brasil não existem dados oficiais sobre a população
quilombola. A categoria seria incluída pela primeira vez no Censo 2020, adiado
por conta da pandemia.
Nos
dias 27 e 28 de outubro de 2021 acontece na Universidade Federal do Cariri
(UFCA), o III Simpósio de Gestão de Cidades, que tem como tema central “Itinerários
da Ação Pública e os Desafios da Governança Metropolitana”. O evento
acontecerá de forma remota e será transmitido pelo canal do Laboratório de
Estudos em Gestão de Cidades e Territórios (LaCITE) no YouTube.
Além
do LaCITE, o Laboratório Interdisciplinar de Estudos em Gestão Social (LIEGS) e
o Laboratório de Estudos Urbanos, Sustentabilidade e Políticas Públicas
(LAURBS) fazem parte da realização do evento. O Simpósio conta ainda com o
apoio do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), do
Laboratório de Estudos em Violência e Segurança Pública (LEVIS-UFCA), do Grupo
de Estudos Ambientais da Universidade Regional do Cariri (GEA-URCA), do
Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Estadual do Ceará
(PPGA-UECE) e do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
“Esta
3° edição vai acontecer em um momento único e delicado da história brasileira.
Ainda estamos no meio de uma pandemia que deixou, até o momento, quase 600 mil
mortos. Além disso, a democracia e o estado de direito são alvo de ataques frequentes.
Com isso, o Simpósio quer fomentar o debate para identificar alternativas e
estratégias que os estados, municípios e a sociedade civil podem tomar no que
diz respeito ao protagonismo na ação pública e territorial. Espera-se que o
balanço crítico do momento presente nos possibilite reavaliar as raízes e a
multidimensionalidade dos problemas atuais, bem como desenhar cursos de ação
que apontem para outros horizontes e reavivem a nossa capacidade de imaginar e
construir outros futuros possíveis para as nossas cidades.”, diz o
professor Raniere Moreira, coordenador do LaCITE e docente do curso de
Adminsitração Pública e Gestão Social da UFCA.
A
programação completa está disponível na página do evento. Também se encontra no
link outras informações, bem como o formulário para as inscrições. O evento é
gratuito e se propõe a ser um ambiente de convergência, congregando estudantes,
professores, pesquisadores, gestores públicos, representantes de movimentos
sociais, organizações da sociedade civil e demais interessados na discussão das
questões urbanas e da gestão das cidades, notadamente no contexto da Região
Metropolitana do Cariri – RM Cariri. O propósito central do evento, de acordo
com a organização, é o fortalecimento de um espaço plural para o debate de
ideias e a construção de alternativas de ação.
No
dia 12 de outubro, no Santuário Nacional de Aparecida - localizado município de
mesmo nome no interior de São Paulo - milhões de fiéis se reúnem em homenagem à
padroeira do Brasil, representada pela imagem de uma mulher negra.Entre os católicos, Nossa Senhora Aparecida é
muito requisitada por seus fiéis que precisam de ajuda em momentos de aflição.
A
santa se tornou conhecida após o episódio em que sua imagem foi encontrada
pelos pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia em 1717, no rio
Paraíba do Sul, em São Paulo. Outras versões dizem que essa imagem encontrada
era de Nossa Senhora da Conceição, feita em terracota, com 36 centímetros de
altura e 2,5 quilos.
Ela
veio em dois pedaços: primeiro o corpo e depois a cabeça. A partir desse
encontro ela se tornou ‘Aparecida’. O nome se encaixou perfeitamente e o
episódio se tornou um milagre. Segundo teóricos, a santa teria sido jogada na
água por alguma pessoa que pretendia se livrar da imagem, que já estava
quebrada. Existem pessoas que dizem que um santo quebrado atrai má sorte.
De
acordo com o infográfico criado pelo site do Santuário Nacional e a
historiadora Teresa Pasin, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi esculpida
por volta do ano 1600. “O que sabemos é que a provável pessoa que teria feito a
imagem foi o frei Agostinho de Jesus, em 1600, que se ocupava em modelar na
argila imagens pequenas para ficar dentro de casa da Imaculada Conceição”,
afirma.
O
padre Lucas Emanuel enaltece a beleza e o mistério da padroeira negra. “A
imagem apareceu no momento em que muitos negros eram escravizados. As
divindades não concordam com a escravidão, ao contrário disso, elas querem que
todos nós tenhamos dignidade e liberdade”, pontua.
A
santa libertadora
O
babalorixá Dhill Costa, do Ilé Ọdẹ Maroketu Àṣẹ Ọba, ressalta a ligação da
imagem da santa com uma figura de "libertação" dos negros escravizados.
De acordo com ele, existe também uma representação de liberdade para as
mulheres, que tanto já sofreram com a perseguição.
"Ela
é dita como libertadora pela sua audácia feminina, ser a mãe de Jesus, ser
destemida, foi uma mulher liberadora, uma mulher de resistência, corajosa,
audaciosa, e a mulher brasileira representa muito isso hoje. Ela apareceu em um
rio numa imagem preta, o que destaca também o sofrimento da mulher preta",
considera.
Associação
com Oxum
Nas
regiões Sudeste e Centro-Oeste do país é comum a associação da padroeira à
orixá Oxum, cultuada pelas religiões de matriz africana e conhecida como a
rainha das águas calmas, símbolo de fertilidade e proteção das mulheres. O
babalorixá, no entanto, explica que se tratam de figuras de religiosidades
distintas.
"Existe
o sincretismo religioso na Umbanda que é uma religião afrodescendente. Já no
Candomblé há Oxum, que é uma divindade africana enquanto Nossa Senhora
Aparecida não é uma divinidade, é uma santa cristã. O Candomblé e o
Cristianismo são completamente diferentes", esclarece.