Datena, Barbosa e Huck: o que levam 'outsiders' a desistirem do pleito?


Os Outsiders que desistiram da corrida eleitoral, Datena, Joaquim Barbosa e Luciano Huck. (Foto: Reprodução/ STF/ Divulgação / Montagem).

Um dos últimos "grandes" outsiders das eleições de 2018 anunciou no início de julho que está fora da corrida eleitoral deste ano. O apresentador da Band José Luiz Datena havia apresentado sua pré-candidatura ao Senado pelo DEM e voltou atrás em menos de uma semana. No mesmo dia retornou a seu programa dominical na emissora.

Não é a primeira vez que faz isso e nem o único. Nas eleições de 2016, o jornalista já havia ensaiado disputar a prefeitura de São Paulo pelo PP, mas retirou sua pré-candidatura.

"Achei que não era a hora de participar dessa política do jeito que ela esta aí", afirmou à imprensa sobre a mais recente desistência.

Neste ano eleitoral houve ao menos outras duas baixas entre os "famosos" citados em pesquisas eleitorais, ambos postulantes ao Palácio do Planalto: o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa e o apresentador global Luciano Huck.

Na ocasião em que Barbosa anunciou sua desistência no Twitter, Datena lamentou a retirada do ex-magistrado sem prever que ele próprio seria o próximo a repetir o feito. "Era o cara que [eu] passaria perto de votar". "Virei órfão político", declarou à Folha de S. Paulo.

Os motivos que o fizeram desistir, assim como no caso de Barbosa e Huck, podem ser resumidos em três aspectos no olhar de cientistas políticos ouvidos pela reportagem: questão pessoal e familiar, finanças e exposição da vida privada.

Antes mesmo de anunciar sua entrada no jogo eleitoral, Datena disse à imprensa que sua mulher chorava “dia e noite” com receio. Ao anunciar seu nome como pré-candidato, o apresentador informou que sua decisão foi tomada junto com seus familiares.

Entre os argumentos, Huck e Barbosa alegaram questões pessoais e familiares para abandonar o pleito. Para Claudio Couto, cientista político, essa motivação pode ou não ser verossímil. “A política profissional é demandante e não é fácil ser familiar de político. Político não tem hora, político tem sua vida privada devassada, sofre ataques, ou seja, tem uma vida muito exposta. Tudo isso pesa para a família e, consequentemente, é uma escolha difícil para quem tem uma vida razoavelmente organizada e estruturada. Há quem consiga lidar bem isso, há que não consiga”, diz.

Isso é uma explicação plausível, embora não necessariamente a única. Às vezes dizer que são problemas particulares é uma boa maneira de não dar explicação, afinal de contas ninguém tem que dar satisfação dos seus problemas particulares para os outros.”

Outro argumento em voga está relacionado com a questão financeira. Os dois apresentadores de televisão têm rendimentos que podem facilmente chegar a mais de R$ 1 milhão ao mês, entre salário e participação em campanhas publicitárias.

No caso do ex-ministro do STF, sua aposentadoria na corte do Supremo lhe garante R$ 33.763,00. Não há dados sobre o quanto lhe rende sua atuação no escritório de advocacia que montou em São Paulo após se retirar do tribunal. O salário bruto de um presidente da República é de R$ 30.934,70.

Ganhando ou perdendo o pleito, Jairo Pimentel, cientista político e especialista em pesquisas eleitorais, crê que a chance de perdas no campo profissional são muito altas. "Eles [Datena e Huck] têm muito a perder ao entrar na política. Pode significar o fim de carreiras bem sucedidas. Uma das condições impostas ao Luciano Huck pela Globo é que ele deixasse o programa de TV e se descompatibilizar da emissora. Imagina quantos milhões ele deixaria de ganhar nesse período. Isso pesa no curto e no longo prazo porque uma vez candidato, sendo eleito ou não, afeta diretamente o rumo dele dentro do seu ramo mais tradicional. E isso representa um fator de desistência das candidaturas."

A ideia é corroborada por Couto: "Quanto será que Datena e o Luciano Huck ganham nos programas deles de televisão? Será que eles vão abrir mão dessa vida confortável de ganhos muito consideráveis, de cobranças muito pequenas com relação à vida pública em prol de uma alternativa muito menos interessante que á a atividade política? Acho que é esse o ponto e talvez por isso tenham desistido sem sequer ter começado".

Ainda na esfera econômica, outro ponto delicado é a perspectiva dos partidos em contar com o aporte financeiro de seus outsiders nas campanhas. O apresentador da Band chegou a afirmar que não ia colocar nenhum recurso próprio para a disputa da cadeira do Senado. A postura do apresentador contratasta com a do tucano João Dória, que chegou à prefeitura de São Paulo investindo quase 3 milhões de reais de sua fortuna pessoal.

Outro obstáculo para os novatos está relacionada a própria inexperiência em lidar com a estrutura e comandos dos partidos políticos. Datena declarou à Folha de S.Paulo que se o enchessem na política poderia “dar uma bica na bola”, referindo-se a uma possível desistência do pleito.

Segundo Couto, tal postura mostra o próprio equívoco que seria sua candidatura. “Ninguém faz política sem aceitar algum tipo de imposição por parte do partido. É preciso fazer negociações, a política requer busca de soluções de compromissos e negociações. Acho que, inclusive, a dificuldade de lidar com isso foi uma das coisa que levou à tragédia da Dilma: uma pessoa muito pouco propensa a buscar soluções de compromisso, a dialogar, a negociar consequentemente. Terminou como terminou”, explica.

A personalidade do outsider é fator determinante das dificuldades do apresentador em compreender o funcionamento do mundo político. “O Datena achando que por seus belos olhos e pela sua popularidade como apresentador de TV poderia entrar na política sem fazer qualquer tipo de concessão é algo completamente equivocado. É um erro achar que dá para fazer política sem qualquer tipo de concessão, achando que chegando ali já chega por cima de todo mundo. Uma bobagem. Acho que mostra a incompreensão que é a vida política”, afirma Couto, que defende que a política deve ser exercida profissionalmente.

Pimentel corrobora com a reflexão e ressalta que a vantagem dele em relação a Huck estava nos seus bons resultados nas intenções de votos. "O Datena tinha mais probabilidade de ser eleito em relação ao Huck, até porque o cargo era mais fácil de ser alcançado. Provavelmente o que pesou mais para o Datena foi a incompatibilidade de sua personalidade com o mundo político. Ele é uma pessoa cuja personalidade não é muito afeita a aceitar o dissenso ou de aceitar contestações."

Renovação política?

Datena, Barbosa e Huck, no curto período que estiveram sob o olhar dos partidos, sempre foram vendidos ao eleitorado como nomes que poderiam renovar a política brasileira. "A gente vive um momento em que a opinião pública clama por alguém de fora da política para arejar o sistema tendo em vista os escândalos de corrupção, e mesmo a crise econômica que a opinião pública co-relaciona à crise moral. Os outsiders representam uma esperança desse quadro", afirma Pimentel, que também ressalta a ânsia por novos nomes da política como algo frequente.

"Sempre houve um discurso de renovação política. Talvez a renovação que tivemos mais ampla foi com a que veio com a redemocratização. Mesmo os caras-pintadas, hoje, já estão velhos. Mas isso é sempre uma demanda necessária porque a política é uma estrutura de busca pelo poder, por força, por recursos que acaba transmitindo a ideia de que ela sempre precisa ser moralizada". O problema, aponta ele, é justamente o fato de o sistema político ser muito refratário a mudanças. "Ele é muito mais construída para a manutenção das coisas."

Para Couto, a renovação não deve vir necessariamente a partir dos outsiders. "Vamos imaginar que a 'nova política' seja uma maneira de fazer política diferente daquela que vem sendo feita tradicionalmente no país. Ela não precisa ser algo feita necessariamente por outsiders. Por trás dessa ideia existe uma crença ao meu ver equivocada de que a política não pode ser exercida profissionalmente e que ao ser exercida profissionalmente é que se produz o problema".

Ele aponta que assim como existem maus profissionais em outras áreas e atividades, o mesmo acontece na esfera política.

"Claro que há uma série de problemas nas nossas instituições. Elas produzem um recrutamento perverso da classe política. A qualidade de políticos no âmbito dos partidos e do legislativo é muito ruim e tem produzido um efeito negativo, mas isso não quer dizer que a solução para isso seja necessariamente a entrada de outsiders. É claro que uma renovação do ponto de vista de você não ter sempre os mesmo quadros pode ser uma coisa positiva. É bom ter sangue novo na política como é bom ter sangue novo em qualquer outra atividade humana. Agora o fato de outsiders terem tido seus nomes aventados a concorrer e rapidamente terem desistido, talvez isso só confirme o ponto de que política é para profissional".

"Quem está ali em uma aventura ou tentativa voluntarista de resolver os problemas com base na suas boas intenções ou acreditando que vai poder fazer isso como esporte, talvez não tenha tantas condições de competir como acreditava que teria", conclui. (Com informações de CartaCapital).

Congresso Nacional quer aumentar salário de deputados e senadores para R$ 38 mil


(Foto: Wilson Dias/Agência Brasil).

Há no Congresso conversa em evolução para aumento do salário de deputados e senadores que tomarão posse em 2019. Segundo a colunista Andreza Matais, do jornal O Estado de S. Paulo, a ideia que está em debate, ainda nos bastidores, é a da ultrapassagem do teto constitucional dos presentes R$ 33,7 mil para R$ 38 mil. O salto, caso se concretize, será de R$ 4,3 mil, valor do auxílio-moradia.

O último aumento do teto constitucional foi em dezembro de 2014, no Supremo Tribunal Federal (STF). À época, o salário dos ministros saltou de R$ 29,4 mil para R$ 33,7 mil. Ainda de acordo com a colunista, o Congresso pretende votar o reajuste após as eleições.

Também estiveram em debate sobre a questão ministros do STF inconformados com a decisão de Cármen Lúcia, que não quer propor aumento para o ano seguinte. (Com informações do O Povo Online).

Por que gritamos e defendemos ‘Lula livre’?


(Foto: Francisco Proner).

No dia da prisão de Lula transmitida em rede nacional (sim, a contrarrevolução foi televisionada) tive uma tosse horrível, cheguei a ter febre e vomitei duas vezes. Há anos que meu físico tem esse tipo de reação quando a vida machuca legal: ele bota pra fora tudo aquilo que eu não consigo falar e/ou escrever. Naqueles dois dias: eu só chorei e muito. E confesso pra vocês que essa dor é imensa porque o que a gente viveu nesses últimos cinco anos, desde 2013, é muito violento, muito traumático, muito horrível. Violento, traumático e horrível pelo nível de desumanidade que a direita brasileira e suas frações de classe histéricas são capazes de mobilizar para se manter no poder, transformar o Estado em um grande balcão de negócios e perpetuar as enormes e estruturantes desigualdades brasileiras – a mensagem é clara: o Estado é deles e para eles, e o restante da população deve viver no limite da humanidade para lhes servir como exército de reserva, mão de obra precarizada e subalternos de toda sorte. A punição exemplar de Lula, esse homem imenso, é paradigmática desse processo.

A questão que importa: Lula está preso, mas está longe de estar acabado. Isso porque não se trata apenas do homem, mas como ele mesmo falou no comício antes de ser encarcerado: Lula é uma ideia que nos últimos 13 anos foi transformado em um programa de governo chamado lulismo. O lulismo, nos termos desenvolvido por André Singer, é um projeto de Nação onde todos ganham sem o acirramento dos conflitos. E nós sabemos que durante os governos petistas todos ganharam e não foi pouco. E nós também sabemos que mesmo com o presidencialismo de coalizão: a sociedade brasileira não é mais a mesma. O que também vimos nesses últimos dias em São Paulo é uma sociedade altamente politizada em torno do legado de Lula e do lulismo. Entre as cenas mais tristes transmitidas para o mundo, ao vivo e em tempo real, vimos a cena mais bonita e emocionante: trabalhadores e trabalhadoras se auto organizando para impedir que Lula se entregasse à PF. Ali, na hora, no momento mesmo daquela dor imensa e da luta, que no cotidiano dessas pessoas são as mesmas coisas – quem há de negar a natureza revolucionária desse ato espontâneo?

Isso tem implicações sérias para a esquerda nesse momento, sobretudo para um setor da esquerda que tem esbravejado que o Lulismo morreu com a prisão arbitrária de Lula. O lulismo está mais vivo do que nunca e tornou-se incontornável: para a esquerda e para a direita. Primeiro porque não há um lulismo no Brasil, esse país com enormes assimetrias regionais. Há lulismos: aqui no Nordeste está longe de ser um reformismo fraco. A Revolução Severina, por exemplo, é a prova cabal disso: não se trata de combate à pobreza, mas de combate à histórica desigualdade social. Lembremos do programa mundialmente reconhecido: 1.500.000 cisternas, que fornecem água e combatem à seca nordestina, quebrando o ciclo de gerações e gerações de nordestinos indo para o centro-sul para servir de mão-de-obra precarizada e super explorada.

O lulismo no centro-sul, SP e RJ, é outra coisa. E mesmo assim não é o mesmo para todas as classes sociais. Ele é limitado e aparece como esgotado para um setor da classe média ilustrada dessas regiões, sobretudo para aqueles que se auto qualificam de esquerda autonomistas cujos integrantes nasceram fazendo três refeições diárias, com água abundante, luz elétrica inesgotável, dentição completa e acesso ao mundo amplo e irrestrito. São esses acadêmicos burgueses que não suportam que o povo faça a sua política, no tempo que lhe convém, da forma possível de suportar o insuportável às vezes, com sua própria capacidade de mediar o cotidiano que já luta em si. É esse setor ilustrado da classe média e a elite golpista têm decretado o fim de algo, o lulismo, que o Golpe de 2016 e a prisão de Lula deram um novo fôlego e certamente ganhará um novo capítulo nas eleições de 2018 – mesmo se o golpismo continuar agindo ao arrepio da lei e mantendo Lula preso. A prova cabal de que o lulismo não se restringe ao homem, mas a ideia, é que qualquer pessoa indicada por Lula já sai com 12% das intenções de voto e sem campanha!

O lulismo é múltiplo e está longe de ter se esgotado. Lula é um Titã que foi condenado arbitrariamente por um justiçamento partidarizado e foi arrancado dos braços do povo para se tornar Gramsci no cárcere fascista, como escreveu Wilson Gomes – o liberal favorito da Bahia. Naqueles dias, a direita brasileira e suas frações fascistas e histéricas fizeram renascer o Lula, o PT e o lulismo como ideia, como campo político hegemônico e como projeto de país, respectivamente. Os lulismos tornaram-se incontornáveis para a esquerda e para a direita – que não consegue emplacar um candidato porque o que está em jogo é exatamente o acúmulo de experiência política e o legado dos lulismos. Nada menos do que isso foi o principal recado dos trabalhadores e das trabalhadoras que estavam no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, protestando contra esse golpe nefasto.

Seria interessante que os autonomistas da classe média intelectualizada na carteirada e militantes das redes sociais prestassem atenção no recado deles e aprendessem com eles o que é autonomismo e como fazer a luta política autônoma. Porque a classe trabalhadora sabe de cor e salteado que a prisão não é o fim de nada. É um outro começo no qual todos devemos construir juntos. (Por Patricia Valim, na Revista Fórum).

Professor Evantuil e poeta Adriano Sousa são empossados na Academia de Letras do Brasil/Araripe-CE


Posse dos Acadêmicos José Evantuil e Adriano Sousa na ALB/Seccional Regional Araripe no auditório da Escola 18 de Dezembro, em Altaneira. (Foto: João Alves).

O auditório da Escola de Ensino Fundamental 18 de Dezembro, em Altaneira, foi palco na tarde deste sábado, 14, de sessão solene visando empossar o professor e sindicalista José Evantuil, bem como o poeta e escritor Adriano Sousa na Academia de Letras do Brasil/Araripe-CE.

O evento que contou com a participação de parte dos/as acadêmicos e acadêmicas que compõem a Academia de Letras do Brasil/Seccional Regional Araripe, de professores/as, homenageados e homenageadas, familiares representantes de patronos das cadeiras a serem ocupadas pelos empossados, do prefeito Dariomar Rodrigues (PT) e do Secretário Municipal de Governo, Deza Soares, do ex-prefeito João Ivan Alcântara, do Controlador Geral do Município que ora estava como Mestre de Cerimônia, Antonio de Kaci e da imprensa local, oficializou o assento dos supracitados na academia.

Tanto Evantuil quanto Adriano apresentaram biografia de seus patronos - Fausta Venâncio David e Euclides Nogueira Santana -, respectivamente.

Evantuil por ocasião do discurso de posse
na ALB/Araripe. (Foto: João Alves).
Quanto a primeira, Dona Fausta como figurou no imaginário do povo altaneirense, Evatuil trouxe um balanço da sua trajetória que foi do ambiente educacional até o envolvimento (embora não de forma efetiva e maciça) em grupos políticos do município.

O professor conta que Dona Fausta viveu até os 101 anos. Ela nasceu em 12 de outubro de 1915, em Santana do Cariri e faleceu em 17 de dezembro de 2016 em Altaneira. Por aqui, Fausta fixou residência no pós emancipação política em 1958, montando em sua morada uma mini escola de apenas uma sala que funcionou até os anos 90 do século passado. Evantuil relatou que ela chegou a participar de campanha que culminou na construção da capela de São José, localizada no centro da cidade e que foi assediada para se envolver na política no grupo de Frutuoso José de Oliveira, mas que optou pela área educacional. Ela foi inclusive a primeira professora deste município. Evantuil mencionou que esteve mais presente na vida dela nos anos que antecederam seu falecimento. “Costumava fazer visita-la sempre no dia 12 de outubro, dia do seu aniversário”, finalizou. Para ele, ter Dona Fausta como patrona da cadeira que terá assento é uma das formas de poder render homenagens a esta figura que sempre teve relação estreita de prestação de trabalho aos altaneirenses.

De igual modo, Adriano Sousa trouxe para o auditório da escola que estudou todo o ensino fundamental um escrito biográfico de Euclides Nogueira Santana, ou simplesmente “Seu Quido”. Na sua oratória, o poeta que também é presidente da ALB/Seccional Regional Araripe, mencionou a relação de afinidade de sua família com seu patrono que começou de forma efetiva em Osasco (SP) quando ele estava adoentado e Seu Quido o medicou. A família foi ao Hospital das Clínicas, um dos mais conhecidos do estado e lá o médico de origem japonesa prescreveu a mesma medicação.

Adriano Sousa no seu discurso de posse na ALB/Seccional Regional Araripe. (Foto: João Alves).

Adriano conta também que muito do que sabe de Seu Quido é fruto de sua própria memória ao ouvir conversas de sua família e de familiares do seu patrono, como o do irmão Pedro Delvino. Foi inclusive ao lembrar de relatos do irmão de Seu Quido que pode constatar a vocação deste para a medicina. Na ocasião, Pedro conta que teve um desmaio e Quido colocou folhas em um recipiente com água e fez com que ele bebesse, voltando a ficar consciente.

O poeta destacou a trajetória difícil do patrono até o auge da carreira na política e na área da saúde. Muito do que fora frisado no auditório já tinha sido publicado aqui no Blog Negro Nicolau (BNN) em artigo de sua autoria. Na infância ficou órfão de pai. Fez-se agricultor para auxiliar no sustento dos dois irmãos mais novos. Iniciou a vida no comercio precário como tropeiro vendedor de peles, milho, feijão, amendoim, rapadura e fumo. Anos mais tarde abriu as portas de um comércio varejista no centro da comunidade Santa Teresa. Assim fez-se conhecido de todos os cidadãos do lugarejo.

Em 1958, ingressou no movimento político que culminou com o desligamento do Distrito Altaneira do município de Farias Brito-CE. Escreveu o Hino Municipal de Altaneira e assim deu à mais nova cidade um dos seus primeiros símbolos cívicos.

Elegeu-se vereador para a primeira legislatura da cidade de Altaneira. Esteve ao lado de Altaneira nos momentos mais críticos da vida política daquela gleba.

Enquanto comerciante da cana-de-açúcar, deu renda aos pais de família que lhe prestaram serviços; investido de poderes políticos, fez muito sua terra e sua gente a partir dos tantos projetos que saíram de sua mesa; enquanto farmacêutico, atendeu os altaneirenses nas tardes quentes e nas madrugadas de chuva. Munido apenas de estetoscópio, esfigmomanômetro e muita sabedoria, visitava o paciente e tomava as decisões cabíveis ao momento: medicava com exatidão ou transferia para o Crato-CE.

Ele conclui dizendo que um curso de farmácia o fez farmacêutico, mas o povo de Altaneira o fez médico.

Durante a sessão solene, os músicos Sebastião Amorim, conhecido popularmente por Charles Tocador, Cícero Herlândio – o Cícero Cabeludo -, a rezadeira e mestra da Dança do São Gonçalo, Dona Angelita e Socorro Carneiro, integrante do grupo religiosa vinculado à Igreja Católica, receberam diploma da Academia pelos serviços prestados ao município.

Abaixo outras fotos sob as lente de João Alves:





















Quinze anos depois, Lei 10.639 ainda esbarra em desconhecimento e resistência


(Foto: Reprodução do kit A Cor da Cultura).


A professora de Geografia da rede municipal de Macaé, município do Rio de Janeiro, Sabrina Luz, foi denunciada pelo pai de um estudante por exibir um filme sobre a cultura negra em sala de aula.

No vídeo que a docente veiculou em suas redes sociais, ela explica o porquê da escolha do filme Besouro, que conta a história do capoeirista baiano Manuel Henrique Pereira, conhecido como ‘Besouro Mangangá’, na década de 20. “O filme mostra a resistência negra [embora a abolição da escravatura tivesse ocorrido décadas antes, os negros continuavam a ser tratados como escravos], a capoeira, a umbanda e o candomblé como parte dessa resistência”, coloca.

Ainda que o teor da denúncia não tenha sido divulgado, a professora acredita que ela tenha sido motivada por intolerância religiosa, ao que complementa. “A escola pública é laica, todos os alunos de todas as religiões cabem dentro dela”. A professora também comenta que 70% dos alunos que seguem as religiões de matriz africana evadem das escolas por preconceito. “O racismo é crime e nós professores temos que ensinar no cotidiano como foi a escravidão, mostrar a resistência do povo negro e a sua história”.

Em nota, a Prefeitura de Macaé informou que não abrirá processo contra a professora. A decisão é pautada pela lei. A prática de Sabrina Luz se ancora na legislação 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos currículos das redes de ensino e na lei 10.645 que trata da obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

Sabrina, no entanto, não é a única a esbarrar em dificuldades para cumprir o a lei. Em março deste ano veio à tona um caso envolvendo o Sesi Volta Redonda (RJ), que chegou a abolir da grade de livros didáticos a obra Omo-Oba: Histórias de Princesas, da autora Kiusam de Oliveira, devido ao questionamento de alguns pais quanto ao conteúdo.

A instituição voltou atrás assumindo o “equívoco” e informando que a obra não seria mais substituída depois que alguns familiares protestaram contra a decisão nas redes sociais. A mãe de um aluno, Juliana Pereira de Carvalho, viralizou seu post com mais de 6 mil compartilhamentos: “acredito ser de fundamental importância que a equipe pedagógica esclareça esses pais. Não falo apenas pelos meus filhos negros, mas para além da necessidade imediata da visibilidade afro-descendente, precisamos formar pessoas que se sensibilizem e busquem uma sociedade mais justa”, defendeu.

Raio-X da intolerância

No Rio de Janeiro, os casos de intolerância religiosa trilham uma curva ascendente, como mostram os registros da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI). Os dados apontam um aumento de 56% nos casos em comparação com o primeiro trimestre de 2017 e com o mesmo período deste ano: entre janeiro e abril do ano passado foram 16 denúncias; este ano, no mesmo intervalo de tempo, 25. Somando as denúncias de 2017 até abril deste ano há 112 casos registrados.

O Rio de Janeiro concentra os maiores índices deste tipo de crime, 55%, seguido por Nova Iguaçu, 12,5% e Duque de Caxias, 5,3%. O tipo de violência mais praticada é a discriminação com 32%, depredação de lugares ou imagens 20% e difamação 10,8%. As religiões como Candomblé, Umbanda e outras de matrizes africanas lideram o índice de denúncias: candomblé, 30%, umbanda, 22% e as demais, 15%.

Sensibilização e formação

Embora reconheçam avanços desde o início da Lei 10.639, inclusive no sentido de pautar outros dispositivos sobre a cultura afro-brasileira, especialistas na temática reconhecem barreiras que ainda precisam ser superadas para sua total efetivação.

O sociólogo e professor do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Leonardo Borges da Cruz, fala em falta de sistematização. “Nas escolas municipais, estaduais e particulares, o cumprimento da Lei ainda fica muito a cargo de um sujeito ou outro que resolve comprar a causa. Muitas vezes o professor se sensibiliza pelo tema ou por ser negro ou por ter tido contato com o tema em algum momento”, avalia o profissional que também é colaborador do projeto educacional ENEMEX.

Ainda assim, nem sempre as práticas em sala de aula são corroboradas pela gestão escolar, como observa a pesquisadora Paola Prandini, co-fundadora da Afroeducação, instituição que pensa estratégias para a equidade racial brasileira. “Ainda são vários os casos de gestores, diretores e coordenadores não  preparados que, dentro de uma lógica de racismo institucional, invalidam ou bloqueiam as possibilidades dos docentes”, conta.

Prandini também cita como ponto nevrálgico da questão as famílias. “Temos um número muito grande de evangélicos neopentecostais que infelizmente entendem que trabalhar a cultura negra é trabalhar somente as religiões de matriz africana, não entendem a religião enquanto componente cultural”, acrescenta.

Por essa razão, os especialistas entendem ser fundamentais estratégias de sensibilização e formação efetivas. Em São Paulo, a rede municipal de ensino aposta na educomunicação. “A ideia é superar a visão tradicional sobre a lei, de uma educação formal ultrapassada. O nosso trabalho é a partir das mídias, com possibilidades de trabalhar o cinema, o rádio, o jornal. Isso tem colaborado para que os professores se sintam mais seguros para a aplicação da lei”, comenta Paola Prandini, que atua como consultora da rede.

No Estado do Rio de Janeiro, a SEDHMI firmou um termo de cooperação técnica com secretaria de educação para inclusão do tema no currículo estadual, com apoio de uma cartilha e um curso a distância para os profissionais das escolas. “É importante para que professores, coordenadores, diretores e familiares entendam o propósito da Lei”, afirma o membro da SEDHMI e presidente do Conselho Estadual de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa, Marcio D’Jagun.

Outras narrativas

O trabalho com a cultura e história afro-brasileira traz para as escolas a possibilidade de construir narrativas contra-hegemônicas. “É uma possibilidade para que a população negra, maioria em nosso País, tenha sua autoestima valorizada, sua representatividade legitimada e para que possamos trazer outros lugares de fala que não seja o do homem, branco, heterossexual, rico, cisgênero, que é quem está no poder”, pondera Paola.

Cruz também fala da necessidade de descolonizar o pensamento. “Do ponto de vista da nossa epistemologia, da nossa formação de conhecimento, do auto entendimento, somos muito colonizados. Eu estudei um sociólogo, Alberto Guerreiro Ramos, que tem um texto chamado A Patologia Social do Branco Brasileiro” que diz que o branco brasileiro acha que é o branco europeu, mas só aqui ele é entendido assim, ao sair do País ele é visto como latino. É um problema de auto estimação e é a partir dele que se mantem as hierarquias raciais”, analisa o sociólogo.

É nesse sentido que leis como a 10.639 11.645 contribuem. No sentido de abrir um espaço legítimo no ambiente escolar para que possamos estudar aquilo que não foi até hoje. Nós ainda não sabemos quem somos“. (Com informações de Carta Educação).

"O golpe de 64 me tirou de minas, o de 2016 me devolveu", diz Dilma


(Foto: Reprodução/Brasil 247).

Dilma Vana Rousseff, 70 anos, vítima da ditadura militar quando jovem e, em 2016, afastada da Presidência da República sem ter cometido crime de responsabilidade algum. Apesar dos momentos difíceis que enfrentou na vida, ela parece não se envergar, como deixou explícito na entrevista que concedeu a Aloizio Mercadante, estreando o programa "Brasil Primeiro", que será apresentando pelo ex-ministro. Cantarolando uma canção que expressa toda a sua mineiridade, ela reafirma sua candidatura ao Senado por Minas Gerais e reflete: "o golpe de 64 me tirou de Minas, o de 2016 me devolveu".

Dilma Rousseff, que tem participado de várias palestras e debates no exterior a respeito do golpe de 2016, explica o significado do Estado de exceção seletivo. "Ao aposto do ocorrido na ditadura, onde todas as instituições estavam suspensas, no Brasil de 2016 vivemos um novo tipo de golpe e que, ao contrário de que alguns apontaram, não tem nada de soft (suave)", elucida.

Mentor do golpe: Mercado financeiro

"O golpe de 2016 é fruto do domínio bastante perverso do chamado Mercado, que possui um desenvolvimento econômico extremamente financeirizado. Se no passado a árvore da democracia na ditadura militar era cortada pelo machado, neste novo tipo de golpe ela corroída por parasitas e fungos perigosíssimos", observa Dilma Rousseff.

Executor do golpe: judiciário

A respeito das arbitrariedades que acometem Lula, ela considera que o episódio do habeas corpus negado ao ex-presidente só agrava o Estado de exceção. "Mesmo considerando que o mercado é o grande sujeito, o executor tem sido segmentos do judiciário", aponta a presidente legítima.

Dilma Rousseff afirma que o Estado de exceção se inicia com a blindagem da Operação Lava Jato, que tinha prerrogativas até para grampear Presidentes da República, e que a situação de ilegalidade se agrava. "Um dos princípios fundamentais do Estado democrático de direito, é que todos são iguais perante a lei, diante disso é fundamental que a justiça seja imparcial, ela não pode julgar conforme a cara do freguês", defende.

Referente ao habeas corpus expedido ao ex-presidente Lula pelo desembargador Rogério Favreto e vetado pelos desembargadores do TRF-4 Thompson Flores e Gebran Neto, Dilma Rousseff considera que tentam inverter a situação colocando a culpa em Favreto. "Ele agiu corretamente ao conceder o habeas corpus a Lula. A lei é clara, ao plantonista cabe essa atribuição de competência", ressalta.

E acrescenta: "O judiciário antigamente possuía uma fachada, após o último episódio envolvendo Lula, eles escancaram a perseguição ao ex-presidente para que ele não seja candidato", expõe a presidente legítima.

"Sou candidata ao Senado"

A presidente legítima Dilma Rousseff aceitou o desafio do Partido dos Trabalhadores (PT) e irá se candidatar ao Senado pelo estado de Minas Gerais. Natural de Belo Horizonte, no passado ela teve que sair da sua terra para sobreviver ao período da Ditadura Militar.

Dilma Rousseff afirma que Minas é um Estado estratégico. "Lá se encontram os autores do impeachment, que criaram as condições para que o governo mais corrupto da história governasse o País. Essa aliança entre o PSDB e o MDB é a responsável por toda a destruição que vivemos no Brasil", denuncia.

Ela ressalta que, mesmo tendo passado pelo processo de impeachment ilegítimo e precisar de descanso, não irá interromper suas atividades políticas "enquanto o Brasil não retomar a saúde" e salienta: "Não posso ter um pouco de repouso enquanto o Brasil não retomar o crescimento".

A presidente legítima conclui a entrevista citando a música de Lô Borges que, para ela, resume a sensação de pertencimento ao Estado. "Sou do mundo, sou Minas Gerais" e conclui: "O golpe militar me tirou de Minas, o de 2016 me devolveu, e que esse último golpe tenha um tempo de duração muito curto". (Com informações do Brasil 247).


Separados por Ciro e Lula, PDT e PT devem se unir por Camilo no Ceará


Ciro Gomes, Lula e Camilo Santana em reunião em São Paulo, no ano passado.
(Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula).

O governador do Ceará Camilo Santana, do PT, deve viver uma situação inusitada nas eleições deste ano. Aliado de longa data do presidenciável Ciro Gomes e de seu irmão, o ex-governador Cid Gomes, ambos do PDT, ele deve ter o apoio da legenda trabalhista para disputar a reeleição. A unidade no palanque estadual contrasta, porém, com a divisão entre pedetistas e petistas no plano nacional. O mandatário estadual provavelmente terá de defender a candidatura presidencial escolhida pelo PT, enquanto seus padrinhos políticos estarão do outro lado da disputa.

Segundo o deputado federal André Figueiredo (PDT-CE), a eleição a governador em seu estado “está muito perto de ser resolvida, pela multiplicidade de forças”. Ele se refere à virtual ausência de oposição a Camilo, candidato à reeleição.

Hoje em dia não tem oposição [no Ceará]. A oposição veio quase toda para a base do governo”, afirmou. No estado, a base oficial do governo conta com os partidos PP, DEM e MDB. Na Assembleia Legislativa, ainda fazem aliança com o PDT o PRB e o Patriota.

Este último quase foi o partido pelo qual o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) se lançaria à Presidência. De última hora, ele optou pelo PSL em meados de março. “Só o Tasso [Jereissati, ex-governador do estado pelo PSDB] efetivamente faz oposição.”

O que o PDT pedirá em troca do apoio a Camilo deve ser fechado após a convenção estadual do partido, em 20 de agosto. O mais provável é que ele opte por manter alguém do partido como vice-governador na chapa. “Não vamos abrir mão [do vice]”, diz Figueiredo. Segundo o deputado, a indicada pode  até mesmo ser a atual vice, Izolda Cela.

O deputado estadual e presidente do PT no Ceará, Moisés Braz, explica a conjuntura curiosa. “Não temos tido qualquer dificuldade para separar a bancada [na Assembleia] do governador. Há uma unidade muito grande em torno do projeto do estado. A dificuldade é a unidade em nível nacional, que podem ser palanques diferentes.”

Esse é um cenário provável. Se as coisas se mantiverem como estão, o PDT — hoje o partido mais forte no Ceará, com 12 de 46 deputados estaduais — poderá apoiar a candidatura de Camilo Santana ao governo, e a de Ciro Gomes (PDT) à Presidência. Apesar de relatos de que o governador estaria disposto a renunciar ao apoio do ex-presidente Lula (PT) para garantir alianças locais, em meados de maio, Braz garante que ele não terá essa autonomia.

Não aceitamos esse debate aqui no estado do Ceará. Não vamos admitir que tenha outra candidatura que não a do Lula”, explica. “Vamos fazer um encontro no final do mês e definir como vamos autorizar o governador a construir sua chapa majoritária.”

A única definição do PT local, por enquanto, é que não haverá “qualquer dificuldade em relação a legenda para que o Camilo se candidate à reeleição”. “Não tenho nenhuma dúvida de que o PDT será um grande aliado. É todo interesse [do PT] reivindicar nomes [do PDT], mesmo com Ciro concorrendo. Não há nenhuma chance de o PDT não estar na chapa majoritária", promete Braz.

Por outro lado, ele afirmou que “não dá para afirmar se a vice-governadoria continua com o PDT ou com outro partido”.

Amizade

Camilo começou a carreira política no gabinete de Cid Gomes, irmão de Ciro, à época em que ele era governador do estado pelo PSB, em 2007. À época, Camilo já era filiado ao PT havia quatro anos.

O atual governador é assumidamente próximo da família Gomes. Sua indicação para o governo do estado foi uma sugestão do próprio Cid. No entanto, políticos dos dois partidos negam que isso será razão para incômodo ou atrito nas relações partidárias.

As pessoas associam ele [Camilo] a Cid e Ciro porque ele concorria ao Senado [em 2014] e mudou de posição na última hora. Compreendemos [isso]”, disse Bráz. (Com informações de CartaCapital).

Adelita Monteiro, pré-candidata à Câmara Federal pelo Psol, visita Nova Olinda


Comitiva de Adelita Monteiro em bate-papo político com Nicolau Neto na "Conceito Livraria Café", em Nova Olinda. (Foto: Pablo Luan, estudante de Jornalismo na UFCA).

A artesã, ativista política e pré-candidata à deputada federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Adelita Monteiro, está cumprindo agenda pela região do cariri.

A agenda “Adelita pelo Cariri” começou nesta quarta-feira, 11, e será concluída no domingo, 15, tendo como destino Várzea Alegre, Assaré, Potengi, Crato e Juazeiro do Norte. Segundo o produtor cultural e ativista Técio Nunes, um dos articuladores do movimento, a ideia é construir com a base uma nova forma de fazer política. Ele afirmou que estava programada uma roda de conversa com agricultores familiares de Altaneira, mas que foi adiada.

Na manhã desta quinta-feira, 12, foi a vez do município de Nova Olinda receber Adelita. O grupo constituído de 4 integrantes passou pelo museu do artesão Espedito Seleiro e depois realizou um bate-papo político com este blogueiro, professor e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras. Em uma conversa descontraída no espaço “Conceito Livraria Café”, a pré-candidata à Câmara Federal falou acerca do que a motivou em participar do pleito.  Segundo ela, o Brasil tem o congresso mais conservador da história e o momento não é nada animador. “Precisamos enquanto mulher e mulher do campo da esquerda progressista ocupar esses espaços. Só assim poderemos construir um país com mais equidade”, disse ela se referindo a sub-representação feminina na política brasileira.

Nicolau que foi convidado para a conversa afirmou que o Brasil passa por uma grave crise de representatividade política e que as últimas pesquisas presidenciais tem mostrado que o conservadorismo e o reacionarismo representado pela direita e extrema direta e o campo progressista estão muito próximos. A prova disso é o Lula e o Bolsonaro em primeiro e em segundo lugar nas pesquisas, respectivamente. “Bolsonaro com suas frases feitas cheias de ódio, de misoginia, racismo e homofobia está conseguindo falar de uma forma que a população entende. As pessoas que se identificam com essas ideias preconceituosas lhe entendem, sabem o que ele está dizendo e o acompanha”, disse.

Falar de política para o povo, para as pessoas mais humildes, principalmente nas pequenas cidades do interior, em uma linguagem que eles possam entender, é um dos principais desafios da esquerda. Conseguindo isso, estaremos dando um grande passo para podermos ocupar os espaços de poder. Mas, antes, faz-se necessário ocupar os espaços das periferias e das pequenas cidades dialogando com as bases sem academicismo”, destacou Nicolau.

Técio endossou as palavras de Nicolau, mas ponderou não saber se Bolsonaro faz isso por estratégia ou se por falta de conhecimentos dos principais assuntos.

Na mesma linha de raciocínio, Adelita argumentou que a linguagem utilizada pelos membros do partido é alvo de constante debates e que entende ser esse um dos alicerces de sua pré-campanha. “Por isso, estamos visitando os municípios para conversar com quem realmente deseja mudar o pais para melhor. Nosso maior desafio é discutir política com quem não quer”, frisou. Ela mencionou que essa é a segunda vez que concorre a um cargo político. A primeira vez foi em 2010 disputando um assento na assembleia legislativa do Ceará. “Muitas pessoas perguntam se não seria mais fácil concorrer para deputada estadual. Mas a ideia não é apenas concorrer por concorrer, queremos mudar o congresso nacional. Queremos ser uma voz atuante em defesa dos menos favorecidos na Câmara Federal”, disse.

O chamamento para conversar com você, Nicolau, é porque entendemos ser uma pessoa que pode somar conosco nessa caminhada, principalmente no debate sobre raça, sobre a negritude e as relações étnico-raciais nos espaços políticos. Precisamos nos fortalecer e isso precisa ser feito a partir dos municípios”, disse Técio Nunes.

O bate-papo teve alguns encaminhamentos conforme elencados a seguir:

1 – Formação do Psol em Altaneira (possibilidade);

2 – Formação de um grupo de debates e articulações para a divulgação de temas geradores da campanha de Adelita, assim como para apresentação de sugestões;

3 – Inclusão de Nicolau no grupo/partido visando a implementação das discussões de raça, gênero e relações étnico-raciais;

4 – Ficou acordado encontros para o mês de agosto nos municípios de Altaneira e Nova Olinda.