OAB se manifesta sobre vídeo de escola da PM com tributo a Jair Bolsonaro


O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Amazonas, Marco Aurélio de Lima Choy, criticou duramente o video em que dezenas de alunos do terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual Professor Waldocke Fricke de Lyra, em Manaus, aparecem chamando o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) de "salvação da nação", sob comando de dois policiais, num ginásio da escola.

         

Do O Globo - O colégio integra a rede estadual, mas é administrado pela Polícia Militar (PM) por meio de um acordo com a Secretaria de Educação do Amazonas (Seduc). O GLOBO entrou em contato com a secretaria, que comunicou estar "apurando a situação". Já a PM do Amazonas informou que abriu um procedimento administrativo que será conduzido pela Diretoria de Justiça e Disciplina da corporação.

O vídeo mostra nove filas de alunos, comandados por dois policiais militares, fazendo coro com as mãos para trás, como se fossem soldados. Os estudantes repetem em uníssono os gritos de ordem dos PMs como "Convidamos Bolsonaro, salvação dessa nação/ Nos quatro cantos ouvirão completa nossa canção". As imagens foram compartilhadas nas redes sociais do próprio Bolsonaro, que não poupou elogios.

— Repudiamos qualquer forma de ingerência sobre a liberdade de expressão, seja para homenagear ou deixar de homenagear alguém. Esse vídeo é lamentável. Não se coloca palavras na boca de adolescentes sobre decisões de outros, ainda mais sendo uma homenagem — comenta o presidente da OAB. — Trata-se de um ambiente acadêmico, onde se formam cidadãos. Não podemos permitir isso. O conselho da OAB do estado vai se reunir para liberar uma nota de repudio sobre o ocorrido.

PROFESSOR CONSIDERA DIVULGAÇÃO DE VÍDEO UMA CONTRADIÇÃO

Para o professor Fernando Penna, da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), a divulgação do vídeo por parte de Bolsonaro é uma enorme contradição.

— Se fosse um político de esquerda sendo chamado de salvador por alunos, o próprio Bolsonaro iria criticar. Quem começou o movimento “escola sem partido” foi o deputado estadual Flávio Bolsonaro, que apresentou o primeiro projeto em maio de 2014. É um projeto para acabar com a dimensão educacional da escola, mas que tem como um dos seus pretensos objetivos impedir a propaganda partidária nas salas de aula. É uma contradição grande que alguém que defenda isso compartilhe um vídeo como esse — disse Penna, que integra o movimento "Educação Democrática".


O professor também criticou a iniciativa da escola.

— Se esse vídeo foi feito pela escola, é muito grave — concluiu Penna.

LEIA, NA ÍNTEGRA, A NOTA DA PM DO AMAZONAS

"A Diretoria de Comunicação Social da Polícia Militar do Amazonas informa que o colégio Waldocke Fricke de Lyra é subordinado a administração do Comando Geral da Instituição, e que ao tomar conhecimento da divulgação do vídeo, o Comandante Geral determinou a abertura de um procedimento administrativo, que será apurado por meio da Diretoria de Justiça e Disciplina (DJD) da Polícia Militar." 
Imagem capturada do vídeo acima.




Altaneira pode ganhar primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural


Em nota lançada na tarde da última terça-feira, 08, na rede social facebook, o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Altaneira, Ceza Cristóvão, afirmou que apresentou ao agropecuarista Raimundo Nogueira Soares, popularmente conhecido por Mundim Soares, uma proposta para criação em seu lote de  terra localizado no Sítio Poças, da primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

Segundo pontua o site do Instituto Estadual de Floresta (IEF), a Reserva Particular do Patrimônio Natural se constitui em uma categoria de Unidade de Conservação particular criada em área privada, por ato voluntário do proprietário, em caráter perpétuo, instituída pelo poder público. Como depende da vontade do proprietário, é ele quem define o tamanho da área a ser instituída como RPPN.

Ao proprietário é lhe assegurado alguns benefícios, tais como - isenção de Imposto Territorial Rural – ITR, referente à área reconhecida como RPPN; Prioridade de análise dos projetos pelo Fundo Nacional de Meio Ambiente – FNMA; Preferência na análise de pedidos de crédito agrícola junto a instituições de crédito em propriedades que contiverem RPPN em seus perímetros; Maiores possibilidades de apoio dos órgãos governamentais para fiscalização e proteção da área, por ser uma Unidade de Conservação; Possibilidade de cooperação com entidades privadas e públicas na proteção, gestão e manejo da RPPN; Participação na Associação de Proprietários de Reservas Particulares de Minas Gerais (Arpemg) e na Confederação Nacional de RPPN, além do direito de propriedade preservado;

A legislação cearense constante no Decreto Nº 31255, de 26/06/2013, estabelece os critérios e procedimentos administrativos para a sua criação. O parágrafo 2º fixa que:

“§ 2º Qualquer proprietário de imóvel, rural ou urbano, poderá pleitear, voluntariamente, a constituição de sua área como RPPN, total ou parcialmente, protocolando o requerimento no Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente – CONPAM...”


Conforme nota do secretário, a conversa foi produtiva e “bem descontraída”, porém nada ficou definido. “Acredito que em breve teremos a resposta dele e em espaço curto de tempo, possivelmente, teremos nossa primeira área de preservação ambiental oficial em nosso Município”, finalizou Ceza.


 
O agropecuarista Mundim Soares e o Secretário de Agricultura Ceza Cristóvão no Sítio Poças. 
Foto: Antonio Rafael.

Prefeito de Altaneira afirma na Câmara que ainda não tem parecer jurídico sobre precatórios do Fundef



Na noite desta quarta-feira, 09, o prefeito de Altaneira Dariomar Soares (PT) usou a tribuna da Câmara para fazer apontamentos e prestar contas de algumas ações realizadas e em andamentos.

Em seu discurso, o gestor fez um balanço de sua viagem ao Estado de Santa Catarina arguindo que saiu de lá convencido de que o município necessita da construção de um aterro sanitário, mas entende que conseguir a parceria de outros municípios é difícil. Segundo ele, em Santa Catarina a questão dos lixões foi solucionada porque houve a união de várias cidades que entendem e tratam bem o meio ambiente. Lá a sustentabilidade é adquirida de maneira que o custo não seja alto. Dariomar espera que os prefeitos da região do cariri tenham se sensibilizado com a causa, pois pretende adquirir o apoio de no mínimo cinco municípios. “O Aterro Sanitário é uma questão de Saúde Pública”, pontuou.

Questões como melhoria na iluminação pública, aberturas de ruas, definição do limite da zona urbana, retirada de quebra-molas, 100% de saneamento básico na cidade, abastecimento de água e com qualidade, revitalização das casas de farinhas, construção de um galpão para a Associação de Costureiras e a volta do cartão mãe foram mencionadas por ele. 

Prefeito Dariomar durante discurso na Câmara nesta
quarta-feira, 09. Foto: João Alves.
Porém, um assunto roubou a cena. Os recursos provenientes do precatório do antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). Dariomar reiterou o que já havia mencionada na última assembleia do Sindicato dos Servidores Municipais de Altaneira (Sinsema) realizada no dia 22 de julho. “Ainda não consegui uma assessoria para definir com devo proceder. Necessito de uma segurança jurídica”, disse ele.


No tema livre, o precatório também foi mencionado. O líder da oposição na casa, o vereador professor Adeilton (PSD) arguiu que a câmara dará a legalidade para o gestor agir no que toca a distribuição dos recursos. “O dinheiro está na conta. Nós estamos sentindo o cheiro do dinheiro. Mas se formos esperar uma decisão da ministra Carmem Lúcia ou se os professores decidirem por entrar na justiça talvez o senhor termine seu mandato e nós não teremos como receber e você não possa utilizar o dinheiro", argumentou. Para o edil, seria importante que a distribuição seja tal qual manda o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), 60% para os professores e 40% para investir em educação e acabou citando exemplos de municípios em que a repartição foi de forma igualitária.

Porém, Dariomar voltou a afirmar que não pode se basear nos exemplos, pois não quer ser punido.  Segundo ele, Potengi já pagou e gastou tanto os 60 como os 40% e indagou: e se eles gastaram os 40% com algo que não seja relacionado à educação, como vão fazer para reparar o montante? "A questão não é essa. Temos muito o que fazer na educação. Escolas necessitam de reformas, como a Joaquim Rufino de Oliveira. “Eu ainda não tenho segurança se o dinheiro é do município, mas também não tenho para dizer que é dos professores”, frisou. O gestor ressaltou que entende a angustia dos docentes e pediu que eles não parassem de lutar por seus direitos. Ainda no que toca ao parecer jurídico que lhe fundamente na causa, o mesmo afirmou que no próximo domingo, 13, irá apresentar a direção do Sinsema e aos professores vários pareceres que irão demonstrar que não é má vontade sua em não pagar, mas que ele quer fazer tudo dentro da legalidade.

Ao final, ele convidou a casa e a população para a audiência pública versando sobre o Plano Plurianual (PPA) que se dará na próxima segunda-feira, 14.

A fala do prefeito foi acompanhada por alguns servidores e secretários, como o de Governo, Deza Soares, de Agricultura e Meio Ambiente, Ceza Cristóvão e de Administração e Finanças, Humberto Batista.


Professores (as) de Altaneira terão nova rodada de negociação sobre precatório do Fundef


O Sindicato dos Servidores Municipais de Altaneira (Sinsema) deve reunir no próximo domingo (13), a classe dos (as) profissionais do magistério em assembleia extraordinária visando mais uma vez debater, analisar e encontrar saída para o problema que se gerou com os recursos provenientes do precatório do antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).

O encontro marcará mais uma rodada de negociações entre professores (as), a direção do Sinsema e a prefeitura para decidirem que posição irão tomar acerca do pagamento dos precatórios do antigo Fundef.

Na última reunião realizada no dia 22 de julho que contou com cerca de 60 (sessenta) docentes, o prefeito Dariomar Soares (PT) afirmou que já tinha aberto duas contas, uma para os 60% e outra para os 40%, mas que não podia pagar sem que houvesse uma autorização judicial. Porém, naquela mesma oportunidade e depois de vários debates, o gestor chegou a afirmar que se o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) desse um parecer favorável ao pagamento ele o faria.



À redação do Blog Negro Nicolau, a presidenta do Sindicato dos Servidores Municipais (Sinsema), Maria Lúcia de Lucena, ressaltou que para além do edital de convocação 005/2017, a direção também encaminhou ofício para o prefeito, secretaria de educação, bem como para a Câmara Municipal.

A nova rodada de negociações está marcada para ocorrer às 09h00 da manhã na sede do Sinsema, situada na Avenida Santa Tereza, Sítio Poças. 

Prefeito, vice-prefeito, direção do Sinsema e professores durante reunião sobre precatório do Fundef no ultimo dia 22 de julho. Foto: Nicolau Neto.

Povos Indígenas correm risco de perder direitos em ações julgadas pelo STF


Governo Temer defende, por meio de parecer da AGU, que seja adotada a tese do marco temporal em todos processos que envolvem demarcações de terras indígenas. 

Do Ceert - O Supremo Tribunal Federal julgará, no próximo dia 16, três Ações Civis Originárias (ACOs) referentes à demarcação de terras indígenas. A preocupação dos povos tradicionais e de ativistas gira em torno da discussão sobre o "marco temporal". Segundo o advogado indigenista Luiz Henrique Eloy, a tese é uma ameaça às delimitações dos territórios dessas comunidades.

O marco temporal, defendido por ruralistas, prevê que os indígenas e quilombolas só teriam direito às terras que estavam sob sua posse no dia 5 de outubro de 1988, quando foi criada a Constituição Federal. Eloy explica que isso poderia inviabilizar a demarcação de muitos territórios em todo o país. "Se essa tese for aplicada, muitas comunidades terão as terras afetadas. E se tiver de adotar esse marco, então vamos voltar a 1500", afirmou em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Para sensibilizar o STF, os indígenas e quilombolas lançaram a campanha "Nossa história não começa em 1988". Lideranças e diversas comunidades viajam, nesta semana, à Brasília para pressionar os ministros. "O Judiciário é a última esperança, porque o Legislativo e Executivo estão totalmente tomados pelos ruralistas", lamenta o advogado.

Ações

As ações são relacionadas a três locais: o Parque Indígena do Xingu (MT), as terras indígenas dos povos Nambikwara e Pareci e a Terra Indígena Ventarra (RS). Os dois primeiros casos são semelhantes, ações movidas pelo estado do Mato Grosso contra a União, por supostamente demarcar terras em propriedades privadas. O estado pede uma indenização.
Já no caso do Rio Grande do Sul, trata-se de uma ação da Fundação Nacional do Índio (Funai) que pede a nulidade dos títulos de propriedade expedidos pelo estado na década de 1950, a favor de proprietários particulares.

Para Eloy, há muita pressão do Executivo e do Legislativo sobre o STF. "Há uma série de interesses econômicos e políticos", diz. Uma das decisões que caracteriza essa espécie de coação, segundo ele, foi a assinatura de Michel Temer ao parecer da Advocacia Geral da União (AGU) que determina a adoção do marco temporal em todos os processos administrativos envolvendo terras indígenas.

Além disso, o advogado também denuncia o enfraquecimento da política indigenista no governo Temer. "Há um desmonte no Brasil. A Funai está à mercê dos interesses do agronegócio e, a cada dia, ela vai perdendo sua autonomia política e econômica."

O movimento se deu de forma pacífica e sem registro de confrontos entre os operários e os manifestantes indígenas.
Foto: Caio Mota/ CPT Nacional.

Deputados (as) do Ceará aprovam em 2º turno extinção do TCM


Os (as) deputados (as) estaduais aprovaram nesta terça-feira, 08, por 30 votos a 9, em 2º turno, a PEC que determina o fim do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM. A oposição, contrária à extinção da Corte, foi vencida mais uma vez. Em julho, em votação no 1º turno, o placar havia sido 32 a 8.

A proposta deve receber uma redação final na Comissão de Constituição e Justiça da casa antes de ser promulgado pela mesa diretora e se tornar oficial. A expectativa, segundo apurou o jornal O Povo, “é de que a decisão seja publicada no Diário Oficial do Estado até o fim desta semana.

Ainda de acordo com o Povo, o autor do texto, o deputado Heitor Férrer (PSB), afirmou que a ação “não é uma promessa de economia. De R$ 126 milhões que seriam gastos em 2017, serão gastos apenas R$ 82 milhões”. “Portanto”, realçou, uma economia concreta de R$ 44 milhões.”

O deputado foi criticado pelo colega Odilon Aguiar (PSD), também da oposição, que era contrário a extinção do TCM. O parlamentar reessaltou que a Assembleia estava sendo manipulada pelo poder Executivo. Na mesma linha de raciocínio,  Ely Aguiar frisou também ser contra a extinção do órgão porque ela foi fruto de disputa política.
Assim como ocorreu durante todo o processo de discussão e votação das duas PECs, o processo de aprovação da emenda deve ser judicializado. Pelo menos é o que promete o presidente do TCM, Domingos Filho, que já está em Brasília.


Já estou em Brasília para dar entrada em recurso no Supremo Tribunal Federal. A aprovação (da PEC) foi um absurdo, uma agressão à Constituição e ao regimento”, disse Domingos.

O STF, em recente julgamento sobre a ampliação do número de conselheiros dos tribunais de contas dos municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo, abordou que o fato de as duas Cortes de Contas terem sido recepcionadas pela Constituição de 1988, somente por meio do Congresso Nacional poderiam ser realizadas quaisquer mudanças nas casas julgadoras”, completou o conselheiro Francisco Aguiar.

Rivalidade

A PEC que extingue o TCM já existia há meses, mas só foi tocada pela base depois de racha entre aliados. O presidente da AL, Zezinho Albuquerque, mostrou interesse no projeto que punia um rival político, o atual presidente do TCM, Domingos Filho.
As supostas irregularidades da Corte foram criticadas. O orçamento alto do TCM se tornou um problema que que serviu de argumento para sua extinção.

Nova PEC


Autor da PEC que extingue o TCM, Heitor Férrer afirmou que trabalha em uma nova PEC que impede que conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sejam nomeados politicamente. Segundo ele, o objetivo é que os julgamentos de contas sejam cada vez mais técnicos.. Ele garantiu ainda que o trabalho de fiscalização não será prejudicado após o fim do TCM.

Assembleia Legislativa votou ontem extinção do TCM. Foto: Mariana Parentes/ Especial O Povo.

Crato sediará etapa da IV Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial


A Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial (Ceppir), órgão vinculado ao Gabinete do Governador do Estado do Ceará, realizará no próximo dia 31 de agosto, mais uma etapa da IV Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial.

Esta fase faz parte da Conferência Macrorregional das regiões do cariri e centro sul e será sediado no município do Crato. Com o apoio da gestão municipal, a temática em discussão será “Ceará da Igualdade Racial: reconhecimento, justiça e desenvolvimento na Década dos afrodescendentes”.

O ato será promovido em conjunto com o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Coepir) e visa reafirmar e ampliar o compromisso do Governo e da sociedade civil cearense com políticas públicas de enfrentamento ao racismo e de promoção da igualdade racial como fatores essenciais à democracia plena, por meio do reconhecimento, acesso à justiça e desenvolvimento, bem como conferir as ações voltadas a Promoção da Igualdade Racial nos anos anteriores e construir propostas que serão levadas a IV Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial.

A COEPIR anuncia e convoca você que é quilombola, indígena, cigano, povo de terreiro, negro/a e que é dos municípios da região do Cariri e Centro Sul a participarem desse espaço de diálogo.

A ação se dará no Sest Senat situado à Avenida Padre Cícero e as inscrições serão feitas no ato das 08 ás 09hs.




Mapas reúnem práticas educacionais inovadoras de todo o mundo


Uma sala de aula da escola rural Lo de Mejía II, em San Juan Sacatepéquez, na Guatemala, foi transformada em museu, onde os alunos são incentivados a aprender pela experimentação. Objetos que as crianças da comunidade dificilmente teriam acesso, como pedras preciosas, antiguidades, réplica do sistema solar e moedas antigas, são usados para despertar curiosidade e gosto por conhecimento nelas.

O mapa coletivo da educação alternativa Reevo, lançado pela ONG Rede de Pares, tem a intenção de colocar em contato organizações, escolas e pessoas. Foto: Reprodução/ site.
Do Portal Porvir - A prática pontual, que chegou a ser premiada nacionalmente, mas dificilmente seria conhecida em outros países, é uma das 360 experiências que estão no mapa coletivo da educação alternativa Reevo, lançado pela ONG Redes de Pares. Sua intenção é colocar em contato organizações, escolas e pessoas interessadas na transformação da educação. “O objetivo da ONG, cujo Reevo é o primeiro projeto, é reunir comunidades e coletivos de pessoas com interesses comuns e trabalhar em rede para construir conhecimento e formas de ação coletiva”, explicou ao Porvir o cineasta argentino German Doin, 26, líder do projeto.

A plataforma mostra experiências de educação formal e não-formal, ensino superior, além de grupos de trabalho e estudo, personalidades e eventos relacionados à educação, que podem ser buscados por enfoque alternativo (progressista, democrático, holístico popular, etnoeducação e educação fora da escola), método pedagógico (Montessori, Waldorf, Reggio Emilia, Pikler) e tipo de gestão (estatal, privada, social, comunitária, charter). O nível de informação disponível sobre cada iniciativa é diferente, mas a maioria tem em sua ficha uma descrição das práticas e suas origens, o contexto do lugar onde estão instaladas, se são lucrativas ou não, se são reconhecidas oficialmente e que nível escolar atendem. Como é um mapa colaborativo, as informações aparecem em diferentes línguas.

O trabalho provocativo de Doin em prol da educação alternativa começou antes da criação do mapa, a partir do filme independente “La Educación Prohibida”,  lançado em agosto de 2012 pela internet, depois de três anos de produção. Para filmar a película, o argentino e outras pessoas que se juntaram a ele ao longo do processo visitaram 45 experiências de educação não convencionais em sete países da América Latina. A ideia era divulgar formas de educação transformadora e promover debate sobre o tema. E eles conseguiram.

Já na primeira semana após o lançamento, 2 milhões de pessoas haviam assistido ao filme. Até hoje, “La Educación Prohibida” teve cerca de 9 milhões de visualizações pela web. Segundo Doin, na Argentina, quase todos os professores viram a película. “Muita gente assistiu ao filme e começou a falar sobre educação. Isso tem mais valor que o filme e seu conteúdo em si”, avalia.

O mapa é uma continuação dessa conversa. Lançado junto com o filme, o Reevo documenta experiências (as do filme e outras) e as divulga. A ideia é transformar o Reevo em uma rede social e virtual dedicada à educação alternativa. O próximo passo é combinar o mapa com uma enciclopédia colaborativa.

Doin não está sozinho na empreitada. Atualmente, quatro pessoas com formação em comunicação e redes colaborativas trabalham em tempo integral no projeto. E cerca de 20 ativistas voluntários de vários países da América Latina e do mundo hispânico contribuem visitando escolas e relatando iniciativas inovadoras, assim como Doin fez para filmar seu filme.

No Brasil

Essa prática, aliás, não é exclusiva do cineasta argentino. Pelo mundo, outros interessados em educação realizam roteiros para conhecer instituições de ensino não convencionais e compartilham essas informações em blogs, livros e filmes. No Brasil, um desses viajantes é o jornalista Caio Dib, 23, que percorreu, entre março e agosto do ano passado, 58 cidades em 12 estados mais o Distrito Federal. Ele publicou um mapa do seu projeto, o Caindo no Brasil, em que indica 144 iniciativas que chama de “práticas educacionais inspiradoras escondidas pelo país”. Nessas práticas estão incluídas desde escolas, projetos e até histórias de pessoas.

O Caindo no Brasil indica 144 iniciativas considerada por seu criador. Foto: Reprodução/ site.

Embora nem todos os pontos tenham sido visitados por Caio, são resultado de conversas e dicas recebidas durante a viagem. Sempre que chegava a um lugar, ele conversava com as pessoas da cidade, que indicavam experiências interessantes e locais. Não deu tempo de conhecer todas elas, mas Caio as anotou num arquivo de Excel. “Depois que eu voltei, sempre que alguém me perguntava, eu repassava essas dicas. Mas ainda era algo fechado [comigo]. Encontrei no mapa um alternativa para abrir esses dados e facilitar essa comunicação”, conta Caio.

Para fazer o mapa, o jornalista selecionou apenas as práticas que se enquadravam dentro de alguns critérios. Ele queria registrar aquelas que desenvolviam entre os alunos as habilidades e competências de preparação holística para a vida, consideravam realidades locais e impactavam a comunidade. “Eu considero o mapa ainda em fase beta, mas ele já mostra que a educação no Brasil não é tão ruim como dizem, tem um monte de práticas legais espalhadas pelo país que podem ser adaptadas ou servir de inspiração”.

Nas próximas versões, Caio espera publicar melhorias tecnológicas, como filtros e agrupamentos, consolidar melhor as informações de cada iniciativa e agregar uma tecnologia social de mapeamento que melhore os critérios de seleção das escolas. “Estou buscando parceiros, como pesquisadores e profissionais de design social, para criar uma tecnologia de inteligência que cruze critérios e indicadores para analisar se uma escola pode ser considerada criativa e inspiradora e deve entrar no Caindo no Brasil”, explica.

Caindo e Reevo
Segundo Caio, o seu mapa e o Reevo não são concorrentes, mas complementares, e inclusive já conversou com Doin para estudar como cruzar as duas plataformas. Entre as diferenças apontadas pelo brasileiro nos dois mapas ele chama a atenção para a abrangência. “Reevo tem papel de fazer mapeamento global, eles estão até trabalhando na tradução das informações para várias línguas. O foco do Caindo no Brasil é muito mais local, até o extremo, ele enxerga práticas que estão em ruas paralelas. E, como brasileiro, acredito que consigo entender mais a realidade de cada lugar”, defende.

Doin também é entusiasta das múltiplas iniciativas  que buscam exemplos de ensino inovador e espera que elas transformem a educação. “Não é algo coordenado, mas estamos usando um meio de comunicação que a academia e os espaços que tradicionalmente pesquisam educação não usam, que é a internet e a cultura livre de divulgação de conhecimentos. Dentro da universidade muita gente já fez esse mesmo trabalho, mas isso se perdeu em bibliotecas, bancas. Estamos tratando de recuperar essas investigações. Dar visibilidade a essas experiências vai influenciar mais as políticas publicas”, diz.