Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Enedina Alves Marques



Enedina Alves Marques foi a primeira mulher e primeira negra a graduar-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná, em 1945. A engenheira participou da construção da Usina de Parigot de Souza e trabalhou na Secretaria Estadual de Educação, entre outros locais.

Em agosto de 1981, o jornal Diário Popular tinha a matéria de capa que pedira aos infernos. Uma senhora fora encontrada morta em seu apartamento, na Rua Ermelino de Leão, Centro de Curitiba. O porteiro sentira falta da moradora, chamou a polícia e a imprensa veio atrás. A foto da “falecida” saiu sem pudores, na cama, em camisolas, um tratamento dado aos “presuntos”, no jargão da imprensa policial. Houve quem não gostasse, com punhos e coração.

A vítima se chamava Enedina Alves Marques, tinha 68 anos e fora a primeira engenheira negra do Brasil. Morreu de infarte. Indignação. Seus companheiros de ofício fizeram uma grita nas páginas da revista Panorama. O Diário se retratou. Afinal, as vitórias de uma mulher negra e pobre que figurou entre os seletos bacharéis de Engenharia da UFPR, na década de 1940, deveria constar nos anais da República, e não na manchete sanguinolenta de um tabloide.

Deu resultado. Enedina virou placa de rua no Cajuru. Ganhou inscrição de bronze no Memorial à Mulher Pioneira, criado pelas soroptimistas – organização internacional voltada aos direitos humanos, da qual participou. Mereceu biografia assinada por Ildefonso Puppi. Seu túmulo, no Municipal, é mantido com respeito pelo Instituto de Engenheiros do Paraná. Tempos depois, batizou o Instituto Mulheres Negras, de Maringá.

Aos poucos, descansou em paz. Paz até demais. O centenário de nascimento de Enedina, em janeiro deste ano, passou em branco. Poderia ter sido celebrado pari passu com o de sua contemporânea, a poeta Helena Kolody, com quem, suspeita-se, teria estudado. Sim, antes de engenheira foi normalista e civilizou os sertões de Rio Negro e Cerro Azul, saindo das lides de doméstica e de “mãe preta” para a de titular de uma sala de aula.

Eu mesmo, confesso, nunca tinha ouvido falar dela até semana passada, quando meu vizinho, Darcy Rosa, estufou o peito para contar que tinha trabalhado com Enedina na Secretaria de Viação e Obras. Publicamos a declaração. Foi o que bastou: súbito vieram mensagens revelando a catacumba onde se reúnem os cultores dessa mulher.

O cineasta Paulo Munhoz prepara um documentário sobre ela, em parceria com o historiador Sandro Luis Fernandes. A casa de Sandro, no São Braz, virou um pequeno memorial de todo e qualquer documento que traga informações sobre a engenheira. São raros, dispersos e imprecisos. Bem o sabe o estudante baiano Jorge Santana. Há dois anos, ele pinça toda e qualquer pista sobre Enedina para uma monografia no curso de História da UFPR. A pesquisa promete. Há fortes indícios de que Enedina sofreu perseguição racial nos bastidores da universidade.

Formou-se aos 31 anos, sem refresco, depois de uma saga nas madurezas. Vingou-se ao se aposentar, na década de 1960, como procuradora, respeitada por sua contribuição à autonomia elétrica do Paraná. Conheceu o mundo. Morava num apartamento de 500 metros quadrados. Impôs-se entre os ricos por sua cultura, 12 perucas e casacos de pele. Desconhece-se que tenha feito odes feministas ou em prol da igualdade. Ou que fizesse o tipo boazinha para ser aceita. Pelo contrário. Talvez Enedina tenha sido mais admirada que amada. É o que a torna ainda mais intrigante.

As pesquisas de Sandro e de Jorge – ambos negros – já tiraram Enedina do campo dos panegíricos, que se limitam a pintá-la como alguém que venceu pelo próprio esforço. É um discurso bem conveniente, como se sabe. Tudo indica que não se trata de uma biografia isolada, ainda que pareça.

A mulher baixinha, magérrima e durona sabia se impor entre os homens – com os quais gostava de beber cerveja. Enfrentava a lida nas barragens como um deles, armada se preciso fosse. É uma heroína perfeita para um longa-metragem. Nasceu de uma gente humilde do Portão. Era única menina numa casa de dez filhos. A mãe, Virgília, a dona Duca, ganhava uns trocos como lavadeira. O pai, Paulo, está na categoria “saiu para comprar cigarros”.

Mas não é tudo. Enedina teria feito parte de uma rede de resistência da comunidade negra paranaense, pré-Black Power, da qual pouco se ouve falar. As vitórias que teve desmentem a propalada passividade desse grupo diante das migalhas que lhe foram reservadas. O destino dela teria mudado ao cruzar com a família de Domingos Nascimento, negro de posses da Água Verde, e com os Heibel e os Caron, brancos progressistas que acabaram por se tornar os seus.

Nesses redutos não teria encontrado apenas um horário para estudar ao lado do fogão de lenha. Ali, suspeita-se, passou de Dindinha, seu apelido, a Enedina, a primeira engenheira, mas também uma das primeiras negras de fato alforriadas de que se tem notícia. Eis o ponto.

Pretas Simoa, no cariri, promove III Pipada Contra a Redução da Maioridade Penal


O Grupo de Mulheres Negras do Cariri – Pretas Simoa realizará na manhã deste sábado, 11 de julho, no campinho do gesso, no município de Crato, região metropolitana do cariri cearense, ato visando protestar contra a Proposta de Emenda à Constituição – PEC 171, matéria que, após uma manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi aprovada na semana passada, em Brasília, reduzindo a maioridade penal de 18 para 16 anos para menores que cometerem crimes hediondos.

O ato é intitulado de “III Pipada na Comunidade do Gesso Contra a Redução da Maioridade Penal” e está previsto para ter início a partir das 08 da manhã no campinho do Gesso. Em sua página na rede social facebook, Dayze Vidal, uma das integrantes do grupo em vídeo afirma que o evento está sendo organizado junto a outros coletivos e organizações.  

Nesta comunidade está sendo desenvolvida pelo Pretas Simoa, oficinas de pipas visando conscientizá-la e politizá-la contra a redução da maioridade penal.

O Pretas Simoa é um movimento negro que vem desde sua criação tendo grande visibilidade com suas atuações principalmente tendo como norte as causas negras na região do cariri. 

Deputados protocolam junto ao STF mandado de segurança e argumentam que maioridade penal é inconstitucional



Com o argumento de “grave e injustificável atropelo ao direito das minorias parlamentares e à observância das regras básicas sobre o jogo democrático”, um grupo de 102 deputados de 14 partidos protocolou hoje (9) mandado de segurança  no Supremo Tribunal Federal (STF). Os parlamentares pediram a suspensão da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171, matéria que reduziu a maioridade penal de 18 para 16 anos para menores que cometerem crimes hediondos. Eles também acusaram o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de ter feito manobras para aprovar a matéria.

Luiza Erudnia é um dos 102 nomes de deputados de 14
partidos que protocolaram mandado de segurança.
Conforme o teor do mandado de segurança, a votação da PEC é inconstitucional por dois motivos. Primeiro, pelo fato, como deixam claro os deputados na peça jurídica, da votação realizada um dia depois da redução da maioridade ter sido rejeitada pela Casa ferir o artigo quinto da Constituição Federal, segundo o qual, "matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa". Em segundo lugar, porque a votação da emenda aglutinativa que levou à mudança no resultado aconteceu “no susto, sem respeito ao debate no plenário da Câmara”.

Assinaram o mandado de segurança deputados do PT, PSB, PDT, PC do B, PPS, Pros, Psol, PSDB, PV, DEM, PR, PSC, PTC e também do PMDB, partido de Eduardo Cunha.

De acordo com o mandado, “não há dúvidas de que a emenda aglutinativa tratou da mesma matéria já rejeitada quando da votação do substitutivo”. O texto destaca, ainda, que “o tema em discussão era e continuou a ser redução do limiar etário de responsabilização penal”. “A mera recombinação de tipos penais não parece suficiente para caracterizar matéria nova. O cerne da questão era e continuou a ser a redução da idade mínima da responsabilização”, acentuam os autores do mandado.

Manobra

O documento enfatiza que o presidente, propositadamente, pautou a emenda aglutinativa que retirava do texto o roubo agravado (um dos critérios para a redução da maioridade penal estabelecido no teor que foi rejeitado na véspera), para a sessão seguinte. E ressalta que, por mais que a manobra de Cunha tenha sido constitucional, a inconstitucionalidade de PEC aprovada persiste, uma vez que a emenda aglutinativa tratou de matéria nova, “mas sem ter sido subscrita por um terço dos membros da Casa Legislativa que a propôs, conforme manda o inciso I do artigo 60”.

Além disso, o grupo de parlamentares acrescentou que também não foi aberto espaço para a discussão do novo tema, conforme manda o parágrafo 2º do mesmo artigo. “De um jeito ou de outro, o que se tem é um grave e injustificável atropelo ao direito das minorias parlamentares, à observância das regras básicas do jogo democrático e do Estado de Direito”. (...) “Ao fim e ao cabo, o que se verificou foi uma proposta de emenda sacada de improviso e já após o encerramento da fase de debates, assinada por alguns poucos parlamentares e votada sem discussão acerca de suas particularidades”, afirmam os parlamentares, no mandado de segurança.

A entrega do documento ao STF foi feita por vários deputados, dentre os quais Alessandro Molon (PT-RJ), Chico Alencar (Psol-RJ), Luiza Erundina (PSB-SP) e Marcelo Castro (PMDB-BA). Para Molon, Cunha fez “flagrante violação e desrespeito ao regimento da Câmara”. Já Chico Alencar lembrou a situação, que considerou como “muito séria” observada, hoje, na Casa, na qual os parlamentares precisam recorrer a um outro poder para garantir a atuação do Legislativo. “Tudo isso porque o presidente tem agido com um autoritarismo violento e imperial. Mas os obscurantistas e autoritários não passarão”, afirmou.

Equipe de advogados

Os deputados, que recentemente impetraram mandado de segurança para pedir a anulação da sessão que aprovou o financiamento privado de campanhas e teve o pedido indeferido pelo STF, receberam apoio de uma equipe grande de advogados, assinando a peça jurídica. Eles foram representados, desta vez, pelos advogados Eduardo Mendonça, Mariana Cunha e Melo, Thiago Magalhães Pires, Felipe de Melo Fonte, Karin Dannemann, Felipe Monnerat e Rafael Barroso Fontelles.

De acordo com Eduardo Mendonça, o objetivo do pedido não é subverter a ordem do debate pela via judicial. O problema, disse ele, é que “nenhum resultado é legítimo quando as regras do jogo não são cumpridas à risca”. “A maioria pode até ganhar no final mas não tem o direito de atropelar o debate e retirar das minorias o direito de participar em condições efetivas, nos termos da Constituição e do Regimento Interno da Câmara”, ressaltou.

Segundo Mendonça, “colocou-se em votação uma proposta formulada já após encerrada a fase de discussões, apresentada poucas horas antes. Essa pressa súbita e avassaladora, em um projeto que tramita há 22 anos, não justifica que se aprove uma proposta de emenda à Constituição sem permitir o debate”.

Secult do Ceará está com inscrições abertas para o “Tesouros Vivos da Cultura”




A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) está com inscrições abertas, de 1º a 31/7, para novas propostas conforme Edital dos "Tesouros Vivos da Cultura". A ação tem por objetivos a inscrição, seleção e titulação de até 09 (nove) de pessoas naturais e 02 (dois) de grupos no Livro de Registro dos “Tesouros Vivos da Cultura” do Estado do Ceará, bem como reconhecer, proteger e valorizar os conhecimentos, fazeres e expressões das culturas populares e tradicionais do Ceará, por meio da titulação dos “Tesouros Vivos da Cultura”, com vistas à preservação da memória cultural e transmissão de seus saberes e fazeres artísticos e culturais.

As inscrições podem ser realizadas, de 1º de julho a 31 de julho de 2015, das 8:00 às 16:30h, com exceção do disposto no item 3.9. do edital,3.3. (ver edital), de forma gratuita e abertas a pessoas naturais e a grupos que atendam de forma cumulativa os seguintes requisitos: Comprovar a existência e a relevância do saber e/ou do fazer; Ter reconhecimento público de sua atividade específica; Deter a memória indispensável à transmissão do saber e/ou do fazer; Propiciar a efetiva transmissão dos conhecimentos; Possuir residência, domicílio e atuação, conforme o caso, no Estado do Ceará, há pelo menos 20 (vinte) anos, completos ou a serem completados no ano da candidatura; A inscrição poderá ser proposta por qualquer pessoa jurídica de direito público ou privado ou qualquer pessoa natural que seja capaz, na forma do Artigo 9o, da Lei no13.842/2006 e do disposto no 1.3 do Edital, desde que expressamente autorizados pelo candidato.

Dona Angelita é considerada um dos símbolos
de cultura viva no município de Altaneira-Ce.
Serão considerados aptos a serem inscritos no Livro de Registro dos “Tesouros Vivos da Cultura” as pessoas naturais, os grupos dotados de conhecimentos e técnicas de atividades culturais, cuja produção, preservação e transmissão, assim considerados pelas pessoas e órgãos indicados no Artigo 9o, da Lei estadual no13.842, de 27.11.2006, representativas de elevado grau de maestria, constituindo importante referencial da Cultura Cearense.

Após diplomados “Tesouros Vivos da Cultura”, passarão a dispor de alguns direitos, como registrar seu nome no Livro dos "Tesouros Vivos da Cultura" , ter seus projetos recepcionados preferencialmente quando submetidos a certames públicos promovidos pela Pasta da Cultura relativos à área de atuação do diplomado; e terão a percepção de auxílio financeiro, a ser pago, mensalmente, pelo Estado do Ceará, em valor não inferior a um salário de referência (mínimo), que será destinado, exclusivamente, para as pessoas naturais de comprovada carência econômica.

Com a diplomação, os inscritos no Livro de Registro dos “Tesouros Vivos da Cultura” comprometer-se-ão a transferir suas técnicas e conhecimentos a alunos ou aprendizes, através de programas educativos, os quais, quando organizados diretamente pela Secretaria da Cultura do Estado, terão despesas custeadas pelo Tesouro Estadual.

Com a abertura do edital, a Secult dá continuidade ao seu projeto de investimentos também para aqueles que formam uma sólida manifestação da cultura popular por todo o Ceará.
Interessados em participar do Edital devem entrar em contato com a Coordenadoria de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, da Secult, pelo fone 85-3101-6787 ou pelo e-mail: editais@secult.ce.gov.br. 


Quando a resposta vem de onde menos se espera: Deputado diz que atuação da oposição é hipócrita



Em sessão para votação da medida provisória sobre o refinanciamento das dívidas fiscais e trabalhistas dos clubes de futebol profissional, na tarde de ontem (7), o deputado Silvio Costa (PSC-PE) voltou a discursar em defesa do governo e fez duras críticas aos parlamentares do PSDB e ao DEM – a quem tem chamado ironicamente de “paladinos da ética”.

Em sua fala de nove minutos, ele chamou de “convulsão” a convenção do PSDB realizada no último domingo. “Não dá para dizer que aquilo foi uma convenção. E não dá para acreditar que o PSDB acredita que o povo do Brasil acredita no PSDB. Acho que o PSDB está precisando fazer uma análise. É um poço de incoerência”, disse.

O parlamentar lembrou que o líder do DEM, deputado José Mendonça Bezerra Filho, foi autor da emenda da reeleição aprovada em 1997, que permitiu que prefeitos, governadores e presidentes pudessem emendar dois mandatos seguidos. A emenda, que beneficiou Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi aprovada mediante um esquema de compra de votos na Câmara. “Todo mundo sabe que o PSDB usou a máquina para aprovar a reeleição (de FHC). No meu estado, vários deputados federais receberam rádio do PSDB para aprovar a reeleição.”

Outra lembrança de Costa foi a criação, pelos tucanos, do fator previdenciário. “O PSDB foi o primeiro a mexer e tirar o direito do trabalhador. E agiu certo porque era o PSDB. Depois acabou com o fator. O mesmo partido criou e acabou a CPMF.

Para ele, os parlamentares dos dois partidos são incoerentes e não têm autoridade política para criticar o governo, muito menos propostas.

Em tom de provocação, mandou recado para Aécio Neves: “Aécio não vai ser candidato porque (Geraldo) Alckmin, como se diz no nordeste, já comeu o cartão dele. Serra quer botar o parlamentarismo”.

FHC não foi poupado. “Fernando Henrique tem ciúme de Lula, inveja de Lula porque Lula tem cheiro de povo e ele tem cheiro dessa parte dessa elite imbecil de São Paulo, que assaltou o país por 500 anos e que olhava para Minas e para o Nordeste com nojo. Lula fez o povo, acima de tudo, sentir o prazer de viver.”

Costa defendeu os 39 ministérios do governo Dilma Rousseff, comparando com o exagero das 27 secretarias criadas pelo governador paulista Geraldo Alckmin. “Proporcionalmente, é maior o número de 27 secretarias num estado do que 39 ministérios para todo o país. Rapaz, respeitem a inteligência do povo brasileiro. Vocês estão pensando que o povo vai entrar na onda de vocês, que estão querendo surfar na insatisfação momentânea de grande parte do povo brasileiro.”

De acordo com o parlamentar, faltam credibilidade, proposta e, principalmente, “a qualidade de chegar no coração das pessoas. “As pessoas ficam mangando do PSDB. Eu estou com pena do garoto do Rio. O Aécio Neves, coitadinho, é um menininho que fica tomando chope em Ipanema. Como perdeu para a presidente Dilma, está com ciúme.”

E atacou também o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), que apareceu no programa Fantástico, da Rede Globo, recebendo R$ 1 milhão. “Que moral é essa? Vocês, da oposição, quando são pegos em corrupção, então tudo bem.”

Ele ressaltou que o governo está investigando a corrupção e que nunca foram feitas tantas prisões como no governo do PT. E que durante o governo de FHC, o então chefe da Polícia Federal, Romeu Tuma, foi impedido de investigar as privatizações.

E recebeu aplausos de uma parte do plenário quando sugeriu à oposição esperar o término das investigações da Operação Lava Jato, que citou dois ministros do Tribunal de Contas da União. “Vocês vêm falar em pedaladas, mas é preciso esperar para saber se os ministros são culpados ou não. Quem primeiro mexeu em déficit primário foi o PSDB.”

No final de março, em discurso igualmente inflamado contra a oposição, ele criticou a hipocrisia dos parlamentares da oposição e os acusou de acobertar crimes em São Paulo, como os envolvendo o chamado esquema do trensalão.

                               

Cerca de 8 mil pessoal vão as ruas em um levante contra a redução da maioridade penal



Aproximadamente oito mil pessoas, segundo os organizadores do ato, percorreram as principais avenidas de São Paulo, parte do trajeto sob chuva, no início da noite desta terça-feira, 7, para protestar contra a redução da maioridade penal aprovada na semana passada, em Brasília, após uma manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conseguir reverter a rejeição da matéria. “Ô Cunha, pode esperar. A sua hora vai chegar”, foi uma das palavras de ordem mais gritadas pelos ativistas durante a passeata, para expressar a indignação com a postura do parlamentar.

Protesto contra a redução da maioridade penal também
aconteceu no Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão.
O número expressivo de manifestantes nas ruas da capital paulista, em uma noite fria e chuvosa, encheu de ânimo as lideranças dos movimentos sociais que integram a frente contra a redução da maioridade penal. Eles acreditam que é possível reverter a manobra de Eduardo Cunha da semana passada. Para virar lei, a matéria ainda precisará ser aprovada em um segundo turno na Câmara, além de ser aprovada em dois turnos no Senado. Nas três votações, é preciso maioria qualificada.

A mobilização popular tem sido a grande força contra o avanço do conservadorismo no país”, ressalta Juninho, do Circulo Palmarino. “A juventude quer educação e não prisão. Não vamos aceitar calados, as manobras de Eduardo Cunha. O ato é importante porque foi construído em ampla unidade com setores democráticos e populares (da sociedade)”, reforça Beatriz Lourenço, do Levante Popular da Juventude.

Protesto

Os organizadores da manifestação desta terça já anunciaram um novo ato para o próximo dia 13, contra a redução da maioridade penal e para lembrar os 25 anos da entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “Somos contra alterar o ECA. Propomos que o Estatuto seja de fato implantado no país, coisa que nunca aconteceu”, frisa Douglas Belchior, dirigente da Uneafro.

Para o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Menor, a proposta de alteração do ECA, defendida pelo governo na Câmara, é uma temeridade devido à composição de forças políticas conservadoras que integram o atual Parlamento. “Com esse Congresso é muito perigoso”, comenta preocupado. “Primeiro é preciso verificar se o ECA está sendo cumprido”, completa.

Para derrubar a redução da maioridade penal, o padre também confia na pressão popular. “É preciso mostrar que há quem seja contra. E aqui (na rua) está uma grande parcela da juventude, para mostrar que o Congresso está completamente equivocado, que o (Eduardo) Cunha está insistindo no caminho da violência e da repressão. Fascistas, não passarão”, alfineta Padre Julio.

Repressão

A Polícia Militar acompanhou todo o trajeto com viaturas, motos, ônibus e um forte aparato de policiais. A tropa do braço, com sua armadura e escudos também marcou presença, mas desta vez não interveio. Ouviu, mas não reagiu às palavras de ordem entoadas a plenos pulmões pelos manifestantes. “Não acabou, tem de acabar. Eu quero o fim da Polícia Militar.”

Quando a manifestação atingiu a Praça Roosevelt, onde as lideranças concluíram o ato, a tropa do braço se recolheu aos veículos da Polícia Militar. Várias viaturas da Força Tática e motos da Rocam, no entanto, continuaram estacionadas na rua da Consolação próximas ao cruzamento com a rua Caio Prado, com os giroflex ligados. Os policiais observavam os manifestantes à distância.

Esse cruzamento foi o palco do epicentro da repressão ao protesto do Movimento Passe Livre pela redução da tarifa do transporte público, em junho de 2013, quando o fotógrafo Sérgio Silva ficou cego de uma das vistas ao ser atingido por uma bala de borracha disparada pela Tropa de Choque da PM.

Aula de cidadania

Isaías, 19 anos, com boné do grupo de rap Facção Central, também engrossou a passeata. O menino franzino com consciência de gigante, que descarrega caminhões durante o dia em uma rede de hipermercados e à noite cursa História em uma faculdade particular, deu uma verdadeira aula de cidadania durante a entrevista à reportagem de Caros Amigos.

Com essa política de redução da maioridade penal, o moleque vai ser preso e quando sair da prisão não vai conseguir (arrumar) emprego. Porque não se dá emprego a quem tem passagem (na polícia). Aí o moleque vai voltar pra quebrada e vai ter uma vaga (no tráfico) esperando por ele”, antecipa.

Morador de Perus, região noroeste da capital, ele conhece de perto essa realidade. Já teve um amigo (mano, como ele o define) que foi parar atrás das grades por causa do tráfico de drogas.

E ele questiona: “Por que na Noruega, Finlândia, Irlanda não se discute a redução da maioridade penal? Será que os moleques de lá são melhores do que os daqui? Será que são mais seres humanos do que nós? Não. Não são melhores do que os moleques da quebrada. A diferença é que lá, eles têm um futuro garantido, aqui não. Essa é a realidade.

Racismo

Bruna Tamires de Souza Cruz, 22 anos, estudante de Gestão de Políticas Públicas, na USP Leste, também resolveu se juntar àqueles que protestam contra a redução da maioridade penal. Ela conta que se deu conta de que era negra só após entrar na universidade. “Na escola municipal todo mundo é pobre. Descobri que era negra, quando percebi que não era bem-vinda na USP. Quando começaram a aparecer várias pichações racistas nas paredes dos banheiros, montamos um coletivo de negros e negras da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades).”

Esse foi o pontapé inicial para a conquista da consciência. Mas a entrada na luta contra a redução aconteceu de forma ainda mais dura. A estudante conta que foi vítima de um ataque racista no trem. Moradora de Pirituba, na zona noroeste da capital, ela ia para um evento em Campo Limpo, no extremo sul da cidade, quando ouviu uma passageira criticar seu cabelo Black Power e resolveu reagir.

Ela disse: ‘Que horrível, não sei como alguém pode andar com uma bucha como essa (na cabeça)’. E eu fiquei com muita raiva, muita raiva. Ela tava falando pra todo mundo ouvir. Ela era branca. E o que eu podia fazer pra destruir essa pessoa no argumento? Eu pensei, eu não vou levar isso pra casa. Esse problema não é meu, ela é a racista. Eu não ia acabar com o meu dia, por causa dela. Aí eu levantei e disse (para as pessoas que estavam no vagão): ‘Passageiros e passageiras, eu vou falar sobre a redução da maioridade penal, que é uma política racista, que vai prejudicar negros e negras, como a gente… E eu vi que a mulher começou a se encolher. E as pessoas bateram palmas”, comemora. “De 10 pessoas, se a gente conversar, consegue reverter (a opinião de) umas oito”, conclui.

Liberdade para Islam Hamed

Ativistas da Frente Palestina e da Missão a Gaza se juntaram aos manifestantes contra a redução da maioridade penal e panfletaram um documento exigindo a libertação do brasileiro-palestino que está há 90 dias em greve de fome, para pressionar por sua repatriação ao Brasil. “Redução não é solução. Para as crianças palestinas, prisão é realidade desde o nascimento”, relata trecho do texto distribuído.

O documento informa ainda que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, esteve recentemente em Israel, país exportador de materiais bélicos usados na repressão contra a juventude marginalizada brasileira.

Ministério da Cultura lança três editais de fomento à política nacional de cultura viva



O Ministério da Cultura – por meio de sua Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural – lançou, no dia 2 de julho de 2015, três editais para fomento de iniciativas relacionadas à Política Nacional de Cultura Viva. Ao todo, serão liberados R$ 13,428 milhões, a serem distribuídos entre 210 iniciativas.

O edital para pontos de mídia livre conta com a parceria do Ministério das Comunicações e da Secretaria do Audiovisual do MinC. O edital dedicado à cultura indígena tem a parceria da Secretaria do Audiovisual e da Fundação Nacional do Índio (Funai).

A solenidade de lançamento ocorreu na Funarte, em São Paulo e os editais estão disponíveis na edição do Diário Oficial da União do dia 3 de julho de 2015, data de abertura das inscrições.

Veja abaixo os detalhes de cada edital.