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(FOTO | Marcos Corrêa-PR/Ricardo Stuckert). |
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(FOTO | Marcos Corrêa-PR/Ricardo Stuckert). |
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Chegada do Pros vai adicionar mais alguns segundos à propaganda de Lula no rádio e na TV. (FOTO |Ricardo Stuckert). |
Por Nicolau Neto, editor
Meu
amado pai. Lembro bem de quando me colocava no "tuntum" e íamos para
a praça da Capela São José assistir o Jornal Nacional. Por muito tempo lá em
casa não teve TV. Era criança, mas recordo bem. A praça Manoel Pinheiro de
Almeida era a única que tinha uma Televisão e passávamos algumas horas da noite
assistindo.
Recordo
também que para os passeios, às vezes pela manhã e outras a noite, meu pai
tirava um pente do bolso (ainda hoje ele tem esse hábito) e penteava o cabelo e
depois penteava o meu. Só depois desse ritual a gente saia. Quantas
memórias.... Todas demonstram o pai carinhoso que foi e é.
Da
roça também tenho algumas recordações. Na "barragem", nos terrenos de seu Ivan (prefeito por várias vezes
em Altaneira) na época, meu pai tinha plantações. Plantava milho e feijão há
alguns anos lá. Em 2004 estávamos limpando. Chovia muito. Meu pai olhou pra mim
e disse: "vamos esperar a chuva
passar naquela casa. Depois a gente volta." A casa a qual ele se
referia era uma próxima a roça. Era grande, calçada alta e de degraus. Disse de
imediato. Vamos sim. A chuva nada de passar. Ele ficou no quarto e eu na sala.
Por várias vezes ele chamou para perto dele, no quarto. Eu resolvi ficar. Olhar
atento para o horizonte na esperança da chuva parar. Não, ela não parava. Olhei
para o telhado e pedaços de barros caiam no chão. Contei pra ele. Mais uma vez
ele me chamou para o quarto. Dessa vez lhe disse: vou já. Quando volto a olhar
para o telhado só lembro-me de ripas, caibros e telhas vindo em minha direção.
Paralisado, ainda deu tempo de pensar para onde correria, se para quarto onde
estava meu pai ou para fora da casa. Escolhi a segunda opção. Não me lembro de
mais nada. Simplesmente desmaiei debaixo dos escombros.
Meu
pai me conta que ficou apavorado. Gritava por mim e não ouvi minha voz. Correu
pra fora e não me via. A única imagem que via era barro, tijolos, telhado e
madeiras no chão. Ainda gritando meu nome, conta, começou a escavar com as
próprias mãos até me encontrar desmaiado.
Da
barragem até a casa dos meus pais é muito distante. Mas ele me colocou nos
braços até lá. Só retomei os sentidos horas depois. Até hoje sinto problemas na
coluna fruto desse acidente. Mas ainda hoje não me esqueço da força, da firmeza
e do amor imenso que meu pai teve naquele momento.
Hoje essas características continuam. Sempre carinhoso, ele quer que eu esteja em Altaneira todo dia. Mas sempre que posso eu lá estarei pra vê-lo e pra ver também a nossa heroína, a mamãe.
Para
meu pai, João Nicolau da Silva.
Com carinho, seu filhão.
A foto é de hoje, dia dos pais.
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Vera Lúcia e Léo Péricles se autodeclararam pretos. (FOTOS/Divulgacand). |
Por Nicolau Neto, editor
No site
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já é possível perceber os registros de
candidaturas, os planos de governo e outras informações pertinentes das
candidaturas aos mais variados cargos às eleições deste ano, de deputados/as
estaduais à presidência da república.
O
Blog Negro Nicolau fez uma consulta junto ao Divulgand, do TSE, das informações
referentes aqueles e àquelas que estão na disputa pelo Palácio do Planalto. Foram
12 candidaturas registradas até o início da construção deste texto.
Ao
fazer uma análise do perfil por gênero, constata-se que apenas quatro são mulheres,
o que equivale a 33,3%. Disputam a preferência de eleitores/as Vera Lúcia
(PSTU), Sofia Manzano (PCB), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União
Brasil).
Os
dados são ainda menores quando se verifica a questão étnico-racial. Só duas
candidaturas se autodeclaram pretas, a saber: Vera Lúcia e Léo Péricles. O que
em termos percentuais representa irrisoriamente 16,6%.
Dados
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em julho
deste ano apontaram que a população que se autodeclara negra (somados pretas e
pardas) atingiu 56,1%. Os mesmo dados demonstram que em 10 anos o número de
brasileiros/as que se autodeclaram pretas teve um aumento de 32% e de quase 11%
o de pardos. Ainda assim essa maioria
não se vê representadas nos cargos de poder.
O mesmo se pode afirmar das mulheres que são maioria. Elas representam 52,2%.
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(FOTO | Museu Horniman). |
Um
museu em Londres anunciou que devolverá à Nigéria artefatos saqueados no século
19, ainda durante a época do Reino de Benin.
O
Museu Horniman disse que a propriedade de 72 objetos seria transferida para o
governo nigeriano.
Os
itens incluem 12 placas de bronze, conhecidas como Bronzes do Benin, um galo de
bronze e uma chave do palácio do rei.
A
decisão ocorreu após um pedido da Comissão Nacional de Museus e Monumentos da
Nigéria (NCMM), feito em janeiro.
O
museu, no sudeste de Londres, diz que consultou membros da comunidade,
visitantes, crianças em idade escolar, acadêmicos, profissionais da área de
patrimônio e artistas baseados na Nigéria e no Reino Unido.
"Todas as suas visões sobre o futuro dos
objetos do Benin foram consideradas, juntamente com a proveniência dos objetos",
explicou o museu.
A
presidente do museu disse que era "moral
e apropriado" devolvê-los.
Nos
últimos anos, aumentou a pressão política sobre governos e museus europeus para
devolver os artefatos saqueados - incluindo esculturas de marfim e esculturas
de metal conhecidas como Bronzes do Benin.
Alemanha também devolveu
"É muito claro que esses objetos foram
adquiridos à força, e a consulta externa reforçou nossa opinião de que é moral
e apropriado devolver sua propriedade à Nigéria", disse Eve Salomon,
presidente do museu.
"O Museu Horniman está satisfeito por poder
dar este passo e estamos ansiosos para trabalhar com o NCMM para garantir
cuidados de longo prazo para esses artefatos preciosos."
Os
itens da coleção do Horniman são apenas alguns dos artefatos devolvidos à
Nigéria nos últimos meses de museus em países ocidentais.
No
mês passado, o Jesus College em Cambridge (Inglaterra) e a Universidade de
Aberdeen (Escócia) devolveram uma escultura de galo e outra da cabeça de um obá
(rei).
As
autoridades alemãs também devolveram mais de 1.100 artefatos ao país da África
Ocidental.
O
NCMM diz que algumas das esculturas de valor inestimável serão armazenadas no
Museu Nacional do Benin assim que for ampliado e outras serão armazenadas no
Museu de Lagos.
O
Museu Britânico possui a maior coleção de bronzes do Benin do mundo. Mas diz
que está impedido de devolver itens permanentemente pela Lei do Museu Britânico
de 1963 e pela Lei do Patrimônio Nacional de 1983.
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Com informações da BBC News Brasil.
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Sueli Carneiro. (FOTO/ Reprodução/ Outras Palavras). |
No
momento que avalia ser o de maior recrudescimento do racismo no Brasil desde a
abolição, a filósofa e ativista Sueli Carneiro considera que as cotas raciais,
política que completa dez anos em 2021, foram um dos principais remédios para
combater as desigualdades no país.
Ela
participou nesta quinta-feira (11) do seminário “Dez anos da Lei de Cotas: resultados e desafios”, no museu
Afro-Brasil, no parque Ibirapuera, em São Paulo. O evento foi promovido pelo
Consórcio de Acompanhamento das Ações Afirmativas, formado por pesquisadores do
tema.
“As cotas se constituíram num dos principais
e mais exitosos remédios para enfrentamento das desigualdades de raça, gênero e
social”, disse Carneiro, que é também fundadora da Geledés – Instituto da
Mulher Negra.
Para
ela, nos últimos 40 anos, os movimentos negros foram capazes de uma série de
conquistas, em especial com a consolidação das cotas raciais. No entanto,
avalia que o país vive atualmente um momentos de aumento da violência e indiferença
à população negra .
“O racismo e o sexismo recrudesceram na
sociedade brasileira. A licença de matar, que o fascismo emergente na nossa
sociedade, tem por alvo prioritário a negritude. Em nenhum outro momento da
pós-abolição, o projeto de extermínio da nossa racialidade se tornou tão
evidente no Brasil com tamanho apoio e indiferença social”, disse.
A
Lei de Cotas completa em 29 de agosto 10 anos de existência. O consórcio, que
inclui especialistas de diversas universidades públicas —UFRJ, UnB, UFBA, UFMG,
UFSC, Unicamp e Uerj—, foi criado para estudar de forma ampla as consequências
e efeitos dessa política de inclusão.
O
texto da lei prevê que ela seja revista após 10 anos de implementação. No entanto,
o governo federal não apresentou nenhuma proposta para sua revisão até agora.
“A necessidade de revisão da lei não implica
sua expiração, mas, sim, uma avaliação da política, o que poderia levar à sua
melhora e fortalecimento”, diz o sociólogo Luiz Augusto Campos, professor
da Uerj e um dos acadêmicos que criaram o consórcio.
Campos
lembrou que as cotas raciais já existiam em outras universidades do país antes
da lei, mas que a política só foi expandida e consolidada a partir de 2012.
A
Uerj, em 2002, foi a primeira instituição de ensino superior do país a ter
reserva de vagas para estudantes pretos, pardos e indígenas. Segundo dados do
consórcio, em 2019, 105 universidades do Brasil tinham cotas raciais.
“É sem dúvida a maior e mais abrangente política
de cotas, baseada em critérios sociais e raciais, de todo o mundo”, disse
Campos.
Segundo
os dados apresentados pelo consórcio, de 2001 a 2020 o número de pretos, pardos
e indígenas matriculados em universidades públicas no Brasil passou de 31% para
52% do total de estudantes.
Um
levantamento feita pela Folha mostrou que embora o ensino superior brasileiro
ainda seja marcado por múltiplas desigualdades, inclusive raciais, a proporção
de negros de 30 anos ou mais com diploma universitário se aproximou de sua
representação populacional em 23 das 27 unidades da federação entre 2014 e
2019.
Carneiro,
que é uma das principais pensadoras do feminismo negro, disse ainda que no
atual cenário, é importante que as forças progressistas sejam intransigentes na
defesa da democracia, condição indispensável para a promoção de ações para a
igualdade de direitos.
“Queremos de volta aquela democracia de baixo
impacto que, apesar dos pesares, nos garantiram avanços como a Lei de Cotas.
Que a coragem demonstrada pela sociedade no dia de hoje nos inspire a defender
essas conquistas”, disse.
______________
Por Isabela Palhares, na Folha de São Paulo e replicado no Geledés.
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Alexandre Lucas. (FOTO/ Arquivo Pessoal). |
O
homem não disse nada. Ficou em silêncio enquanto a vida passava. Escutou as
histórias que atravessaram os seus caminhos como um figurante, sem fala e nome.
A porta da sua vida era trancada com fechadura enferrujada, a chave apartada em
pedaços irreconciliáveis.
O
homem parado seguia. Se segue parado. Sentou na praça, ergueu um chiclete,
mascou até perder a sensibilidade. Enquanto mascava, a banda tocou. As crianças
brincaram com milhos e pombos. A polícia bateu nos estudantes, tingiu a praça
de sangue. A chuva veio repentinamente
forte e estralando os céus. O homem
continuava mascando chiclete. O homem não disse nada.
Quando perguntaram sobre o seu silêncio, o homem não disse nada. Já era tarde, assim como os livros que são queimados antes de serem lidos.
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Um
dos equipamentos culturais do município de Nova Olinda, na região sul do Estado
do Ceará, estará completando 20 anos. O Teatro Violeta Arraes - Engenho de
Artes Cênicas foi inaugurado em 19 de dezembro de 2002 pelo Governo do Estado
do Ceará.
Hoje,
para quem visita Nova Olinda, o espaço é um dos destinos a ser conhecido,
principalmente para turistas, profissionais da educação, estudantes e
pesquisadores(as) que têm no roteiro a Casa Grande- Memorial Homem do Cariri.
O
Teatro se configura como um importante instrumento cultural, visto que recebe
diversos espetáculos ligados à dança e a música, por exemplo, e foi entregue
durante o governo de Tasso Jereissati (PSDB).
A
denominação faz referência a ativista política e socióloga Violeta Arraes
Gervaseau, assim como também as peças arquitetônicas dos engenhos de rapadura
do Cariri cearense e teve como idealizadora Maria Eliza Costa.
Vem à Nova Olinda? Então, aproveita que vai passar pelo Museu Ciclo do Couro do Artesão Espírito Seleiro, Museu Casa Oficina de Dona Dinha e pela Fundação Casa Grande e passa também no Teatro.