14 de agosto de 2022

Dia dos pais: com carinho, seu filhão

 

Por Nicolau Neto, editor

Meu amado pai. Lembro bem de quando me colocava no "tuntum" e íamos para a praça da Capela São José assistir o Jornal Nacional. Por muito tempo lá em casa não teve TV. Era criança, mas recordo bem. A praça Manoel Pinheiro de Almeida era a única que tinha uma Televisão e passávamos algumas horas da noite assistindo.

Recordo também que para os passeios, às vezes pela manhã e outras a noite, meu pai tirava um pente do bolso (ainda hoje ele tem esse hábito) e penteava o cabelo e depois penteava o meu. Só depois desse ritual a gente saia. Quantas memórias.... Todas demonstram o pai carinhoso que foi e é.

Da roça também tenho algumas recordações. Na "barragem", nos terrenos de seu Ivan (prefeito por várias vezes em Altaneira) na época, meu pai tinha plantações. Plantava milho e feijão há alguns anos lá. Em 2004 estávamos limpando. Chovia muito. Meu pai olhou pra mim e disse: "vamos esperar a chuva passar naquela casa. Depois a gente volta." A casa a qual ele se referia era uma próxima a roça. Era grande, calçada alta e de degraus. Disse de imediato. Vamos sim. A chuva nada de passar. Ele ficou no quarto e eu na sala. Por várias vezes ele chamou para perto dele, no quarto. Eu resolvi ficar. Olhar atento para o horizonte na esperança da chuva parar. Não, ela não parava. Olhei para o telhado e pedaços de barros caiam no chão. Contei pra ele. Mais uma vez ele me chamou para o quarto. Dessa vez lhe disse: vou já. Quando volto a olhar para o telhado só lembro-me de ripas, caibros e telhas vindo em minha direção. Paralisado, ainda deu tempo de pensar para onde correria, se para quarto onde estava meu pai ou para fora da casa. Escolhi a segunda opção. Não me lembro de mais nada. Simplesmente desmaiei debaixo dos escombros.

Meu pai me conta que ficou apavorado. Gritava por mim e não ouvi minha voz. Correu pra fora e não me via. A única imagem que via era barro, tijolos, telhado e madeiras no chão. Ainda gritando meu nome, conta, começou a escavar com as próprias mãos até me encontrar desmaiado.

Da barragem até a casa dos meus pais é muito distante. Mas ele me colocou nos braços até lá. Só retomei os sentidos horas depois. Até hoje sinto problemas na coluna fruto desse acidente. Mas ainda hoje não me esqueço da força, da firmeza e do amor imenso que meu pai teve naquele momento.

Hoje essas características continuam. Sempre carinhoso, ele quer que eu esteja em Altaneira todo dia. Mas sempre que posso eu lá estarei pra vê-lo e pra ver também a nossa heroína, a mamãe.

Para meu pai, João Nicolau da Silva.

Com carinho, seu filhão.

A foto é de hoje, dia dos pais.

Das 12 candidaturas à presidência em 2022, apenas duas são pretas

 

Vera Lúcia e Léo Péricles se autodeclararam pretos. (FOTOS/Divulgacand).

Por Nicolau Neto, editor

No site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já é possível perceber os registros de candidaturas, os planos de governo e outras informações pertinentes das candidaturas aos mais variados cargos às eleições deste ano, de deputados/as estaduais à presidência da república.

O Blog Negro Nicolau fez uma consulta junto ao Divulgand, do TSE, das informações referentes aqueles e àquelas que estão na disputa pelo Palácio do Planalto. Foram 12 candidaturas registradas até o início da construção deste texto.

Ao fazer uma análise do perfil por gênero, constata-se que apenas quatro são mulheres, o que equivale a 33,3%. Disputam a preferência de eleitores/as Vera Lúcia (PSTU), Sofia Manzano (PCB), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

Os dados são ainda menores quando se verifica a questão étnico-racial. Só duas candidaturas se autodeclaram pretas, a saber: Vera Lúcia e Léo Péricles. O que em termos percentuais representa irrisoriamente 16,6%.

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em julho deste ano apontaram que a população que se autodeclara negra (somados pretas e pardas) atingiu 56,1%. Os mesmo dados demonstram que em 10 anos o número de brasileiros/as que se autodeclaram pretas teve um aumento de 32% e de quase 11% o de pardos.  Ainda assim essa maioria não se vê representadas nos cargos de poder.

O mesmo se pode afirmar das mulheres que são maioria. Elas representam 52,2%.

Museu de Londres vai devolver 72 objetos saqueados da Nigéria no século 19

 

(FOTO | Museu Horniman).

Um museu em Londres anunciou que devolverá à Nigéria artefatos saqueados no século 19, ainda durante a época do Reino de Benin.

O Museu Horniman disse que a propriedade de 72 objetos seria transferida para o governo nigeriano.

Os itens incluem 12 placas de bronze, conhecidas como Bronzes do Benin, um galo de bronze e uma chave do palácio do rei.

A decisão ocorreu após um pedido da Comissão Nacional de Museus e Monumentos da Nigéria (NCMM), feito em janeiro.

O museu, no sudeste de Londres, diz que consultou membros da comunidade, visitantes, crianças em idade escolar, acadêmicos, profissionais da área de patrimônio e artistas baseados na Nigéria e no Reino Unido.

"Todas as suas visões sobre o futuro dos objetos do Benin foram consideradas, juntamente com a proveniência dos objetos", explicou o museu.

A presidente do museu disse que era "moral e apropriado" devolvê-los.

Nos últimos anos, aumentou a pressão política sobre governos e museus europeus para devolver os artefatos saqueados - incluindo esculturas de marfim e esculturas de metal conhecidas como Bronzes do Benin.

Alemanha também devolveu

"É muito claro que esses objetos foram adquiridos à força, e a consulta externa reforçou nossa opinião de que é moral e apropriado devolver sua propriedade à Nigéria", disse Eve Salomon, presidente do museu.

"O Museu Horniman está satisfeito por poder dar este passo e estamos ansiosos para trabalhar com o NCMM para garantir cuidados de longo prazo para esses artefatos preciosos."

Os itens da coleção do Horniman são apenas alguns dos artefatos devolvidos à Nigéria nos últimos meses de museus em países ocidentais.

No mês passado, o Jesus College em Cambridge (Inglaterra) e a Universidade de Aberdeen (Escócia) devolveram uma escultura de galo e outra da cabeça de um obá (rei).

As autoridades alemãs também devolveram mais de 1.100 artefatos ao país da África Ocidental.

O NCMM diz que algumas das esculturas de valor inestimável serão armazenadas no Museu Nacional do Benin assim que for ampliado e outras serão armazenadas no Museu de Lagos.

O Museu Britânico possui a maior coleção de bronzes do Benin do mundo. Mas diz que está impedido de devolver itens permanentemente pela Lei do Museu Britânico de 1963 e pela Lei do Patrimônio Nacional de 1983.

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Com informações da BBC News Brasil.

13 de agosto de 2022

Cotas são remédio mais exitoso no combate às desigualdades, diz Sueli Carneiro

 

Sueli Carneiro. (FOTO/ Reprodução/ Outras Palavras).

No momento que avalia ser o de maior recrudescimento do racismo no Brasil desde a abolição, a filósofa e ativista Sueli Carneiro considera que as cotas raciais, política que completa dez anos em 2021, foram um dos principais remédios para combater as desigualdades no país.

Ela participou nesta quinta-feira (11) do seminário “Dez anos da Lei de Cotas: resultados e desafios”, no museu Afro-Brasil, no parque Ibirapuera, em São Paulo. O evento foi promovido pelo Consórcio de Acompanhamento das Ações Afirmativas, formado por pesquisadores do tema.

As cotas se constituíram num dos principais e mais exitosos remédios para enfrentamento das desigualdades de raça, gênero e social”, disse Carneiro, que é também fundadora da Geledés – Instituto da Mulher Negra.

Para ela, nos últimos 40 anos, os movimentos negros foram capazes de uma série de conquistas, em especial com a consolidação das cotas raciais. No entanto, avalia que o país vive atualmente um momentos de aumento da violência e indiferença à população negra .

O racismo e o sexismo recrudesceram na sociedade brasileira. A licença de matar, que o fascismo emergente na nossa sociedade, tem por alvo prioritário a negritude. Em nenhum outro momento da pós-abolição, o projeto de extermínio da nossa racialidade se tornou tão evidente no Brasil com tamanho apoio e indiferença social”, disse.

A Lei de Cotas completa em 29 de agosto 10 anos de existência. O consórcio, que inclui especialistas de diversas universidades públicas —UFRJ, UnB, UFBA, UFMG, UFSC, Unicamp e Uerj—, foi criado para estudar de forma ampla as consequências e efeitos dessa política de inclusão.

O texto da lei prevê que ela seja revista após 10 anos de implementação. No entanto, o governo federal não apresentou nenhuma proposta para sua revisão até agora.

A necessidade de revisão da lei não implica sua expiração, mas, sim, uma avaliação da política, o que poderia levar à sua melhora e fortalecimento”, diz o sociólogo Luiz Augusto Campos, professor da Uerj e um dos acadêmicos que criaram o consórcio.

Campos lembrou que as cotas raciais já existiam em outras universidades do país antes da lei, mas que a política só foi expandida e consolidada a partir de 2012.

A Uerj, em 2002, foi a primeira instituição de ensino superior do país a ter reserva de vagas para estudantes pretos, pardos e indígenas. Segundo dados do consórcio, em 2019, 105 universidades do Brasil tinham cotas raciais.

É sem dúvida a maior e mais abrangente política de cotas, baseada em critérios sociais e raciais, de todo o mundo”, disse Campos.

Segundo os dados apresentados pelo consórcio, de 2001 a 2020 o número de pretos, pardos e indígenas matriculados em universidades públicas no Brasil passou de 31% para 52% do total de estudantes.

Um levantamento feita pela Folha mostrou que embora o ensino superior brasileiro ainda seja marcado por múltiplas desigualdades, inclusive raciais, a proporção de negros de 30 anos ou mais com diploma universitário se aproximou de sua representação populacional em 23 das 27 unidades da federação entre 2014 e 2019.

Carneiro, que é uma das principais pensadoras do feminismo negro, disse ainda que no atual cenário, é importante que as forças progressistas sejam intransigentes na defesa da democracia, condição indispensável para a promoção de ações para a igualdade de direitos.

Queremos de volta aquela democracia de baixo impacto que, apesar dos pesares, nos garantiram avanços como a Lei de Cotas. Que a coragem demonstrada pela sociedade no dia de hoje nos inspire a defender essas conquistas”, disse.

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Por Isabela Palhares, na Folha de São Paulo e replicado no Geledés.

Calado, por Alexandre Lucas

 

Alexandre Lucas. (FOTO/ Arquivo Pessoal).


O homem não disse nada. Ficou em silêncio enquanto a vida passava. Escutou as histórias que atravessaram os seus caminhos como um figurante, sem fala e nome. A porta da sua vida era trancada com fechadura enferrujada, a chave apartada em pedaços irreconciliáveis.

O homem parado seguia. Se segue parado. Sentou na praça, ergueu um chiclete, mascou até perder a sensibilidade. Enquanto mascava, a banda tocou. As crianças brincaram com milhos e pombos. A polícia bateu nos estudantes, tingiu a praça de sangue.  A chuva veio repentinamente forte e estralando os céus.  O homem continuava mascando chiclete. O homem não disse nada.

Quando perguntaram sobre o seu silêncio, o homem não disse nada. Já era tarde, assim como os livros que são queimados antes de serem lidos.

12 de agosto de 2022

20 anos do Teatro Violeta Arraes - Engenho de Artes Cênicas em Nova Olinda (Ceará)

 

Teatro Violeta Arraes - Engenho de Artes Cênicas. (FOTO / Professor Nicolau Neto)


Por Nicolau Neto, editor

Um dos equipamentos culturais do município de Nova Olinda, na região sul do Estado do Ceará, estará completando 20 anos. O Teatro Violeta Arraes - Engenho de Artes Cênicas foi inaugurado em 19 de dezembro de 2002 pelo Governo do Estado do Ceará.

Hoje, para quem visita Nova Olinda, o espaço é um dos destinos a ser conhecido, principalmente para turistas, profissionais da educação, estudantes e pesquisadores(as) que têm no roteiro a Casa Grande- Memorial Homem do Cariri.

O Teatro se configura como um importante instrumento cultural, visto que recebe diversos espetáculos ligados à dança e a música, por exemplo, e foi entregue durante o governo de Tasso Jereissati (PSDB).

A denominação faz referência a ativista política e socióloga Violeta Arraes Gervaseau, assim como também as peças arquitetônicas dos engenhos de rapadura do Cariri cearense e teve como idealizadora Maria Eliza Costa.

Vem à Nova Olinda? Então, aproveita que vai passar pelo Museu Ciclo do Couro do Artesão Espírito Seleiro, Museu Casa Oficina de Dona Dinha e pela Fundação Casa Grande e passa também no Teatro.

Yury do Paredão se reúne com lideranças políticas em Juazeiro do Norte

Yury do Paredão se reúne com lideranças políticas em Juazeiro do Norte. (FOTO |Reprodução | WhatsApp)

O empreendedor Yury do Paredão, candidato a deputado federal, se reuniu com apoiadores e amigos, nesta quinta-feira, 11, no espaço Cuida Coworking, em Juazeiro do Norte. O objetivo da reunião foi apresentar seus projetos, caso seja eleito nas eleições de 2022.

Representando o Cariri, Yury do Paredão é um dos principais nomes da legenda para Câmara Federal. Com um trabalho árduo, o empreendedor vem conquistando apoiadores de diversas regiões do Ceará.

“Estou entrando em mais um desafio em minha vida e quero dar o meu melhor, para trazer mais benefícios para o Ceará, e em especial para o meu Cariri”. Falou Yury da importância de concorrer a uma vaga no legislativo federal.

É a primeira vez, que o empreendedor é candidato a deputado federal. “Nossa bandeira é o ‘Pensar Grande’ e vamos juntos, pensar grande para mais oportunidades para os jovens, saúde pública para todos, comida no prato e transporte público de qualidade. É dessa forma que podemos nos unir, e juntos conquistar uma sociedade mais justa”, afirmou. 

Yury reforçou a gratidão aos grupos de apoiadores. “Agradeço imensamente lideranças políticas, amigos e autoridades de Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Araripe, Nova Olinda, Aurora, Várzea Alegre e Granjeiro. Obrigada pela parceria de todos, e saibam que estarei lutando cada dia por um Ceará melhor”, concluiu.

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Texto encaminhado a redação do Blog por Gabrielly, do Blog do Boa.

O Grande Desafio, o filme [Resenha]

 

Equipe do debate montada pelo professor Thompson. (FOTO/ Reprodução).

Por Nicolau Neto

O Grande Desafio é um filme estrelado pelo ator Denzel Washington que no roteiro exerce o papel do professor Melvin Thompson. Amante dos livros, das palavras e de um bom debate, ele atua na escola com um objetivo a ser atingido: a transformação da realidade a partir dos alunos e das alunas.

Para isso, ele decide criar grupos de debatedores e colocar a pequena Wiley College, do Texas (EUA), no circuito dos campeonatos entre as universidades. A história que é baseada em fatos reais, traz como pano de fundo o racismo e as desigualdades que ele gera.  Ela ocorre nos anos 30 e perpassa pela trajetória do professor Melvin Thompson que decide formar uma equipe de debatedores negros dispostos a enfrentar a tradicional e imbatível campeã da modalidade, frequentada por brancos.

James Farmer Jr, garoto de 14 anos durante discurso.(FOTO/ Reprodução).

Um dos discursos mais eloquentes e emocionantes é de James Farmer Jr, um garoto de 14 anos. Pela frase “fazemos o que temos a fazer, a fim de fazer o que queremos fazer" já nos indica o tamanho da potencia que tem sua fala.

Abaixo você encontra disponível e de forma completa o filme no YouTube: