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Dois anos do assassinato de George Floyd. (FOTO |Reprodução). |
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Dois anos do assassinato de George Floyd. (FOTO |Reprodução). |
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(FOTO |Danielle Feitosa - Dcom/UFCA). |
A
Universidade Federal do Cariri (UFCA) está com inscrições abertas, até o dia 2
de junho para o curso de formação “Ações Afirmativas por Meio de Cotas Raciais,
Bancas de Aferição e Fraudes”. A
capacitação pretende tocar nas questões teóricas sobre a população
afro-brasileira, o racismo estrutural no Brasil e as políticas afirmativas.
O
objetivo é abordar questões práticas sobre as bancas de heteroidentificação e a
legislação em torno dessa prática, construir compreensões da história e do
racismo estrutural para depois entender a origem das políticas afirmativas e,
consequentemente, das cotas e das bancas de aferição.
“Após a discussão teórica, a discussão
prática: como funcionam as bancas e todo o seu procedimento. Falaremos também
sobre as questões legais, que hoje asseguram tanto as cotas como as bancas”,
explicou o professor Reginaldo Ferreira Domingos, do Instituto de Formação de
Educadores (IFE/UFCA), que ministrará a disciplina.
O
curso é direcionado a servidores técnico-administrativos e docentes de
instituições de Ensino Superior e também a membros da sociedade civil que atuam
ou promovam a temática. As inscrições são gratuitas (50 vagas) e as aulas terão
início no dia 3 de junho de 2022.
___________
Com informações do Portal Badalo.
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Alexandre de Moraes assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto de 2022. Conduzirá, portanto, como autoridade maior, as eleições nacionais desse ano - Evaristo Sá / AFP. |
Seu jogo de colocar em dúvida se respeitará o resultado eleitoral caso seja derrotado é óbvio
Em O
Povo Contra a Democracia, um dos livros mais interessantes que li há três anos
na busca de compreender o fenômeno da ascensão da extrema-direita no mundo,
Yascha Mounk afirma um ponto em comum nas experiências mundiais: a oposição
sempre subestima e menospreza o líder populista, deixando de enxergar o que
pode advir de suas “bravatas”.
A
guerra que Jair Bolsonaro trava com o Poder Judiciário saiu do campo do mero
discurso e da retórica para apoiadores e passou a utilizar os instrumentos
formais de que dispõe, em um custo de oportunidade de vantagem tática e
estratégica na disputa indireta para desestabilizar o campo institucional que
tem por adversário.
Até
bem recentemente, para alguns agentes públicos, quando se falava na
possibilidade de golpe no Brasil havia uma rejeição natural ao nome por se
fazer uma projeção de vivência passada ao futuro. A experiência democrática pós
anos 80, com a Constituição Federal e as eleições diretas, firmou uma crença
nas instituições e na estabilidade das relações no interior do Estado como se
fossem capazes, por si só, de dar conta de tentativas de dissolver qualquer
aventura golpista.
Com
a subida do tom do discurso de Bolsonaro nas redes e nas ruas a partir de 2021,
bem como as falas feitas pelo ministro da Defesa, general do Exército Walter
Braga Netto, especialistas e pessoas públicas começaram a levar em consideração
que a perspectiva de não respeitar a vontade das urnas, conquanto possa ser
complexa e difícil a probabilidade de sucesso, possui desejo e disposição do
Presidente da República, o que a torna um cenário possível real.
Na
seara de mudança de método, Bolsonaro apresentou no último dia 16 de maio uma
notícia de crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro Alexandre
de Moraes, acusando-o de abuso de autoridade na condução do Inquérito 4.781,
conhecido como inquérito das fake news, que investiga a coordenação de ataques
aos ministros do Supremo. O pedido foi imediatamente rejeitado pelo ministro
Dias Toffoli, ao que Bolsonaro respondeu apresentando, no dia seguinte, uma
representação para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue
Moraes e com o anúncio de que estuda denúncia às cortes internacionais.
O
inquérito das fake news foi aberto em março de 2019 com base no artigo 43, do Regimento
Interno do STF. Em junho de 2020, o plenário do Tribunal, nos autos da Ação de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 572, julgou a investigação
legal e constitucional, por 10 votos a 1, divergindo apenas o ministro Marco
Aurélio Mello. O entendimento do colegiado foi o de que ataques em massa,
orquestrados e financiados com propósito de intimidar os ministros e seus
familiares, justificam a manutenção das investigações, necessárias para
viabilizar a defesa institucional daquela instituição.
Evidentemente,
Jair Bolsonaro não imagina que o STF vá abrir investigação contra um de seus
ministros pela condução de um inquérito por eles mesmos validado. Sua
insistência aponta criar condições agora para intenções futuras.
Alexandre
de Moraes assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto
de 2022. Conduzirá, portanto, como autoridade maior, as eleições nacionais
desse ano. A Bolsonaro importa, desde já, desgastar ao máximo a imagem do
futuro presidente do TSE, a quem já chamou de “líder da oposição”, “líder de
partido de esquerda”, “canalha” e adjetivos análogos. Ao situá-lo no campo de
adversário político, a arguição de sua suspeição para conduzir julgamentos que
coloquem a lisura das eleições em questão será apenas consequência, as
condições estarão dadas.
A
despeito de seu despudorado desprezo pelas perdas de vidas humanas com a
pandemia da covid-19, dos frequentes escândalos que assolam seu governo, da
deprimente situação econômica do país, de uma agenda de destruição das
políticas públicas em todos os níveis, da violação cotidiana de direitos,
Bolsonaro possui um espantoso índice de aprovação popular e de intenção de
votos que o torna um candidato competitivo para se reconduzir à cadeira que
hoje ocupa. Por centenas de razões, algumas facilmente detectáveis por um jogo
político midiático diuturnamente alimentado pela antipolítica, outras que nos
desafiarão por décadas a compreender.
Seu
jogo de colocar em dúvida se respeitará o resultado eleitoral caso seja
derrotado é óbvio, mas nem por isso menos perigoso. Não se trata de fazer
prognóstico pessimista a respeito, menos ainda ser fatalista, mas de levar a sério
suas ameaças à democracia.
As
entidades que ora se movimentam para observar de perto o processo eleitoral,
atuando nos fóruns abertos pelo TSE, já entenderam que há uma batalha em curso,
que inclusive transpõe temporalmente o processo de outubro, mas requer uma
atuação desde já. Não se trata de defender uma pessoa, tampouco esquecer a
contribuição dos órgãos do sistema de justiça para o atual estado de coisas, no
estrago na credibilidade e solidez das instituições brasileiras e os danos às
normas constitucionais. Trata-se da defesa das regras do jogo democrático.
Nesse
jogo, as eleições são apenas uma etapa. Fundamental, bom que se afirme, mas uma
etapa. O pior erro, o mais fatal, seria supor que sejam um fim em si mesmas e
que o fenômeno do bolsonarismo se esvairá com a derrota de seu líder. Haverá
uma luta muito longa pela frente, de múltiplos conflitos. Por isso mesmo a
atual batalha importa tanto. Porque alude à contenção da marcha da corrosão das
normas democráticas no momento primário, com garantia das eleições livres e a
afirmação da vontade popular.
Nesse
jogo não somos torcida, estamos em campo.
__________
Por
Tânia Maria Saraiva de Oliveira, em sua Coluna no Brasil de Fato.
*Tânia
Maria Saraiva de Oliveira é advogada, historiadora e pesquisadora. É integrante
do Grupo Candango de Criminologia da UNB (GCcrim/UNB) e integrante da
Coordenação Executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia
(ABJD).
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(FOTO | Divulgação). |
A
escritora Conceição Evaristo é a nova titular da cátedra Olavo Setúbal, de arte,
cultura e ciência, da USP.
A
poeta, contista, romancista e teórica da literatura assumirá em junho suas
atividades como a nova titular da Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e
Ciência da USP.
Homenageada
como Personalidade Literária do Ano pelo Prêmio Jabuti de 2019 e vencedora do
Prêmio Jabuti de 2015, além de ser contemplada, em 2018, com o Prêmio de
Literatura do Governo de Minas Gerais pelo conjunto de sua obra, a escritora
será o sétimo nome a assumir a gestão da cátedra, que foi criada em 2015 pelo
Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP e pelo Instituto Itaú Cultural com
o objetivo de lançar um novo e mais profundo olhar para a arte, a cultura e a
ciência.
Conceição
é autora de contos, poemas e romances, parte deles traduzida para o inglês e o
francês, além do árabe e do espanhol. Atualmente, está sendo produzida a
tradução de Becos da Memória para a língua espanhola, com possibilidades ainda
de tradução para o italiano, como ela mesma antecipa.
Seu
foco está nas mulheres negras, mas também
são retratos das desigualdades em nosso país, denunciando as opressões
raciais e de gênero, mas também recuperando a ancestralidade negra.
________
Com informações do Instituto Búzios.
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Valéria Carvalho (ao centro) ao lado da governadora do Ceará, Izolda Cela. (FOTO/ Reprodução/ Whatsapp). |
Por José Nicolau, editor
No
último mês de abril a Defensoria Pública do Estado do Ceará completou 25 anos
de atuação. A solenidade foi marcada por exibição de documentário, falas de
representantes da entidade e até de deputados e deputadas junto à Assembleia
Legislativa.
O
grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) que já tem mais de duas décadas
na luta antirracista foi agraciado com a Comenda de Mérito Defensorial José
Euclides Ferreira Gomes Júnior da Defensoria Pública do Estado do Ceará.
Valéria
Carvalho, uma das fundadoras do grupo, fez um discurso no qual destacou que
"o sentimento de orgulho
fundamenta-se na consciência dos esforços dos membros que ao longo dos últimos
22 anos tem pautado perenemente a ancestralidade negra e a luta antirracista
junto ao povo da nossa amada região do Cariri Cearense".
Ela,
entretanto, mencionou a desigualdade histórica que marca a história do país e
especialmente do Ceará. "Se hoje, com certeza, a maioria dos membros
da Defensoria Pública são pessoas brancas e de classe média enquanto a maioria
dos assistidos por esta instituição são negros e pardos tal fato indica um
contraste e desigualdade social que deve ser entendido como fruto de uma
construção histórica que estrutura e amarra nossas diferenças impedindo que
todos nós possamos fruir com todas as possibilidades todo o nosso potencial
humano."
Por
fim, fez um apelo. "O Ceará como
Terra da Luz deve retomar seu protagonismo dos tempos da luta abolicionista e
ser exemplo de medidas corajosas e ousadas para o enfrentamento deste mal que
contamina a alma de nossos compatriotas."
Abaixo o discurso completo:
BOM
DIA A TODAS, TODES E TODOS!
EXCELENTÍSSIMA
SENHORA GOVERNADORA DO ESTADO DO CEARÁ, PROFESSORA IZOLDA CELA
EXCELENTÍSSIMA
SENHORA DEFENSORA-PÚBLICA GERAL DO ESTADO DO CEARÁ, DRA. ELISABETH CHAGAS
EXCELENTÍSSIMO
SENHOR PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ, DEPUTADO
EVANDRO LEITÃO
AUTORIDADES
EM NOME DAS QUAIS SAÚDO TODAS AS DEMAIS PESSOAS PRESENTES FISICAMENTE E
VIRTUALMENTE NESTA SOLENIDADE.
Falo
em nome do Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC que nesta solenidade
recebe a Comenda do Mérito Defensorial José Euclides Ferreira Gomes Júnior da
Defensoria Pública do Estado do Ceará.
Para
nós o recebimento de tão honrosa distinção vem a calhar com um sentimento de
orgulho e resignação.
O
sentimento de orgulho fundamenta-se na consciência dos esforços de nossos
membros que ao longo dos últimos 22 anos tem pautado perenemente a
ancestralidade negra e a luta antirracista junto ao povo da nossa amada região
do Cariri Cearense.
Muitas
foram às lutas, dificuldades, enfrentamentos, desafios, medos.
Mas inesgotáveis foram os motivos que nos impeliram a continuar de pé firmes e fortes para alcançarmos conquistas, superações e continuarmos vigorosos em busca de dias melhores para nossa população afrodescendente.
O
sentimento de resignação tem por base a clareza que se a presente distinção não
vier acompanhada de ações concretas por parte da Instituição Defensoria Pública
do Estado do Ceará e demais instituições que aqui presente que nos ouvem, tal
distinção será mais um totem a empoeirar nas nossas estantes.
Nesta
oportunidade e muito respeitosamente exortamos a todas as autoridades presentes
à um compromisso real e diário para a superação do racismo no Brasil.
O
Ceará como Terra da Luz deve retomar seu protagonismo dos tempos da luta
abolicionista e ser exemplo de medidas corajosas e ousadas para o enfrentamento
deste mal que contamina a alma de nossos compatriotas.
O
racismo dá ensejo às violências de todas as naturezas destruindo o futuro de
nossa juventude negra, destruindo a dignidade de nossos homens, mulheres,
crianças, famílias e comunidades quilombolas.
Se
hoje, com certeza, a maioria dos membros da Defensoria Pública são pessoas
brancas e de classe média enquanto a maioria dos assistidos por esta
instituição são negros e pardos tal fato indica um contraste e desigualdade
social que deve ser entendido como fruto de uma construção histórica que
estrutura e amarra nossas diferenças impedindo que todos nós possamos fruir com
todas as possibilidades todo o nosso potencial humano.
Senhoras,
Senhores vivemos tempos sombrios.
Em
nível federal as conquistas históricas do povo negro têm sido assediadas por
grupo político racista e fascista reiteradamente pondo em risco todas as
políticas públicas que passaram a garantir um mínimo de dignidade e mobilidade
social para nossos grupos mais vulneráveis.
Neste
contexto, a instituição da Defensoria Pública deve ter por missão primordial,
final e real a garantia da dignidade humana dos menos favorecidos não só no
âmbito judicial, mas também no extrajudicial e quiçá no campo político no qual
com urgência precisamos engrossar as fileiras para garantia das conquistas
tanto do povo negro, quanto desta instituição.
Juntos
somos mais fortes e nos legitimamos a cumprirmos com louvor nossas missões.
Para
isso é necessário proximidade presencial, olho no olho, visitem nosso povo,
conheçam seu dia e não se isolem nos seus gabinetes e atendimentos virtuais.
Nesta
oportunidade, registramos o apoio da Dra. Elisabeth Chagas e equipe que em
vários momentos nos deu o apoio urgente, necessário e eficaz nas demandas que
surgiram. Razão pela qual todos os nossos membros são profundamente gratos e
felizes por tê-la de ombreada conosco em nossas lutas.
A
Senhora Defensora Pública Geral, pessoalmente, é referência de grande
relevância para o amparo da população vulnerável e seu exemplo pode guiar os
demais membros que por algum motivo ou outro careçam de norte para estabelecer
vínculo com seus grupos sociais assistidos.
Sem
mais agradecemos do fundo do nosso coração a Comenda concedida e exortamos mais
uma vez a nos aproximar para fortalecer nossa caminhada na construção de uma
pátria que de fato possa vir a ser chamada de mãe gentil.
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Covid-19, desigualdade e alta dos alimentos pode levar à extrema-pobreza 1 milhão de pessoas a cada 33 horas neste ano. (FOTO/ Reprodução/ RBA). |
De
acordo com a Oxfam, os bilionários do mundo todo que estão reunidos em Davos,
na Suíça, “têm muito o que comemorar”. Isso porque a “riqueza bilionária” e os
“lucros corporativos” cresceram vertiginosamente, atingindo níveis recordes
durante a pandemia da covid-19. Nesse período, surgiu um novo bilionário a cada
30 horas, em média. Atualmente, existem 573 bilionários a mais do que em 2020,
quando a pandemia começou. Em 24 meses, esse grupo viu suas fortunas atingirem
US$ 12,7 trilhões, crescimento de 42%. Por outro lado, a combinação entre a
crise da covid-19, o crescimento da desigualdade e o aumento dos preços dos
alimentos pode fazer com que até 263 milhões de pessoas estejam na extrema
pobreza em 2022, revertendo décadas de progresso.
Os
números são do relatório Lucrando com a Dor, que a Oxfam publicou nesta
segunda-feira (23). Com dados da revista Forbes e do Banco Mundial, a ONG mediu
o avanço da “pandemia de desigualdade” durante o auge da emergência em saúde,
que já matou mais de 6,2 milhões de pessoas em todo o mundo.
O
estudo indica que, atualmente, a riqueza total dos bilionários equivalente a
13,9% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Trata-se de um aumento de 4,4% em
relação a 2000. O resultado é que os 10 homens mais ricos do mundo têm mais
riqueza do que os 40% mais pobres juntos. Somente os 20 bilionários mais ricos
possuem mais do que todo o PIB da África Subsaariana.
Como
exemplo, a Oxfam afirma que Elon Musk, o homem mais rico do mundo, poderia
perder 99% de sua fortuna e, ainda assim, estaria entre os 0,0001% dos mais
ricos. Desde 2019, o seu patrimônio aumentou 699%, de acordo com o relatório.
Outro lado
A
ONG destaca que a covid-19 impulsionou o “maior aumento sistêmico” da
desigualdade já visto. Nesse sentido, a explosão nos preços dos alimentos e da
energia, que afetam mais fortemente a renda dos mais pobres, deve aumentar ainda
mais a desigualdade global.
O
estudo indica que a renda de 99% da população mundial caiu durante a pandemia,
enquanto os bilionários já se recuperaram, ampliando renda e patrimônio.
Somente no ano passado, a renda dos 40% mais pobres registrou queda de 6,7%. Em
2021, 125 milhões de empregos em tempo integral foram perdidos.
O relatório também indica que os governos não conseguiram impedir que a pandemia aprofundasse as desigualdades de gênero. Nesse período, as mulheres foram afastadas do trabalho “de maneira desproporcional”. Isso porque os setores de serviços, como turismo, hospitalidade e assistência, os mais afetados pelos lockdowns e medidas restritivas, são os que contam com a maior presença feminina. Como resultado, aumentou de 100 para 136 anos a projeção para a eliminação da diferença salarial entre homens e mulheres.
A
pandemia também afetou mais fortemente grupos “racializados”, como indígenas e
afrodescentendes no Brasil, do que a população branca. Além disso, os países
mais pobres registraram um número quatro vezes maior de mortes do que os ricos.
Quem mais lucrou com a dor
O
relatório da Oxfam também aponta alguns dos “titãs” bilionários que mais
lucraram com a dor durante a pandemia. Dentre eles, estão “dinastias” do setor
alimentício, grandes petrolíferas, gigantes do setor farmacêutico e empresas do
setor de tecnologia. A família Walton, por exemplo, dona da rede de norte-americana
de supermercados Walmart, viu sua riqueza crescer US$ 8,8 bilhões durante a
pandemia.
Cinco
das maiores empresas de petróleo (BP, Shell, TotalEnergies, Exxon e Chevron)
obtiveram um lucro combinado de US$ 82 bilhões somente no ano passado. Em 2021,
elas pagaram US$ 51 bilhões em dividendos nos Estados Unidos. Mas a maior parte
dessa riqueza é apropriada por uma minoria, já que os 10% mais ricos
norte-americanos possuem 89% das ações do país. A farmacêutica Pfizer, empresa
que mais vendeu vacinas no mundo, pagou US$ 8,7 bilhões em dividendos aos
acionistas.
Caminhos
Para
conter a riqueza extrema, o relatório propõe um imposto pandêmico “urgente”
sobre os lucros excessivos das maiores corporações do mundo. “A Oxfam insta por
um imposto temporário de 90% sobre os lucros excedentes134, para capturar os
lucros extraordinários das empresas em todos os setores”. Também defendem um
“imposto de solidariedade pandêmico” de 99% sobre as novas riquezas dos
bilionários.
Além disso, organização também defende um “imposto patrimonial permanente” para os mais ricos. A Oxfam sugere um imposto patrimonial líquido de 2% sobre fortunas pessoais acima de US$ 5 milhões; 3% para fortunas acima de US$ 50 milhões; e 5% para as acima de US$ 1 bilhão. No total, seriam arrecadados US$ 2,52 trilhões em todo o mundo. Assim, seria o suficiente para tirar 2,3 bilhões de pessoas da pobreza, produzir vacinas contra a covid-19 para o mundo e oferecer saúde universal e proteção social para todos que vivem em países de baixa e média renda, que somam 3,6 bilhões de pessoas.
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(FOTO | Michele Mendes | TV Globo/Arquivo). |
Dados
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep) mostram que a taxa de abandono escolar no ensino médio na rede pública
mais do que dobrou no ano passado. Em 2020, o percentual de estudantes que
abandonaram instituições foi de 2,3%, enquanto que, em 2021, a taxa foi de
5,6%.
Os
números foram divulgados nesta quinta-feira (19) pelo Inep e integram
os resultados finais da segunda etapa do Censo Escolar da Educação Básica
2021. A primeira fase foi divulgada no início deste ano (veja mais
abaixo).
No
ensino fundamental, a taxa de abandono escolar subiu de 1%, em 2020, para 1,2%,
em 2021. A única rede que não apresentou elevação foi a privada.
Ainda
segundo o levantamento, a região Norte do país foi a que mais sofreu com o
abandono dos alunos. Enquanto o país teve um índice de 5% no ensino médio,
os estados do Norte, juntos, acumularam uma taxa de 10,1% de abandono. Já
na etapa do ensino fundamental, o valor foi de 2,5% nesta região.
Taxas
de aprovação e reprovação
A
segunda etapa do Censo apontou ainda para uma redução da taxa de aprovação na
rede pública em todas as etapas de ensino em comparação com o ano de 2020.
Os
dados vêm após uma certa estabilidade nas taxas de aprovação e reprovação dos
alunos em decorrência da pandemia de covid-19 e das estratégias para o seu
enfrentamento — como a adoção do “contínuo curricular”, medida que “juntou” os
anos letivos de 2020 e 2021 para evitar o aumento da reprovação.
Ensino
fundamental
Em
2020, a taxa de aprovação nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º
ano), na rede pública, foi de 98,9%. Já em 2021, esse percentual caiu para
97,6%. Foi a primeira vez que houve queda, considerando os últimos 5 anos.
Nos
anos finais do ensino fundamental, os índices de aprovação caíram em todas as
dependências administrativas da rede pública. Em 2020, essa taxa foi de 97,8%.
No ano passado, as aprovações diminuíram para 95,7%.
As
taxas de reprovação nessa etapa também aumentaram, passando de 0,8% para 2%.
Ensino
médio
Já
no ensino médio, a taxa de aprovação caiu de 95% para 90,8% em relação ao ano
de 2020.
Esse
movimento tem reflexo no índice de reprovação: no ano passado, a taxa nessa
etapa de ensino foi de 4,2%, um aumento de 1,5 ponto percentual em comparação
com 2020 (2,7%).
Censo
Escolar
O
Censo Escolar é a principal pesquisa estatística do governo federal sobre a
educação básica. O levantamento, coordenado pelo Inep e realizado, em
regime de colaboração, entre as secretarias estaduais e municipais de educação,
serve de base para o repasse de recursos.
Os
dados abrangem as diferentes etapas e modalidades da educação básica: ensino
regular, educação especial, educação de jovens e adultos (EJA) e educação
profissional.
__________
Com informações do G1 e do Geledés.
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Coliseu de Roma, espaço usado para entreter a população e construído na época do imperador Vespaciano. (FOTO/ Wikipédia). |
Por José Nicolau, editor
“O maior espetáculo do
pobre da atualidade é comer.”
(Carolina Maria de Jesus)
Você
conhece a expressão “Política do Pão e Circo”? Se sim, sabe como poderemos identifica-la
(sem cometermos anacronismo) na atualidade?
“Panem
et circenses” do latim que significa Política do Pão e Circo é uma expressão
que tem origem histórica na Roma Antiga, em um momento específico da História e
consistia no fato de distrair e silenciar a população para que ela não se
revoltasse contra sua péssimas condições de vida. Essa distração se dava por
meio de ações promovidas pelos líderes romanos, como o imperador Otávio Augusto
e aperfeiçoada por Júlio César.
Entre
essas medidas para apaziguar a população estavam os grandes espetáculos que
para o seu desenvolvimento era necessário à construção de arenas. Aqui,
escravizados eram usados para entreter a população (uma sugestão para ampliar
seu conhecimento sobre isso é o filme Gladiador). Homens que perderam a liberdade
se enfrentavam aos olhos atentos do público que, naquele instante, acabava esquecendo-se
de suas condições precárias, da falta ações concretas dos governantes para
resolver as desigualdades. Essa mesma população que naquele exato momento ficava
com o poder de decidir se um dos gladiadores morria ou vivia.
Para
completar a distração, os servos eram obrigados a jogar nas arquibancadas alguns
pães. Dessa forma e de acordo com poeta romano Juvenal (100 d.C) que em sua
Sátira X destacou que os líderes romanos mantinha a população fiel à ordem
estabelecida e conquistava seu apoio. Findado isso, os problemas não haviam saído
do lugar, pois nada havia sido feito para acabar com eles. Muito embora tenha
se criticado a falta de informação e de interesse do povo romano em debater os
assuntos da cidade, é necessário destacar que a estrutura política e o regime
não lhes permitiam se aventurar no debate político.
Desta
feita, a população empobrecida de Roma não tinha tempo para se revoltar. Não
morria de fome e ao mesmo tempo se sentiam em paz ao lado de outros espetáculos
como brigas de humanos contra animais, artistas de teatro, corridas de cavalos,
acobracias e bandas. Esse era o objetivo. Manter os empobrecidos entretidos
para evitar descontentamentos, revoluções sociais.
A política do pão e circo resiste ao
tempo
Parecia
até que estávamos escrevendo sobre nosso cotidiano. Essa tática da Roma Antiga permanece
viva. Por isso e sem risco de entrarmos em anacronismo[1] é necessário destacar que
houve uma renovação nas formas de alienação do povo e uma delas é a
naturalização da pobreza. Há uma tentativa desenfreada de passar para a população
que a fome, a miséria e todas as outras formas de desigualdades são naturais e,
que portanto, não podem ser resolvidas.
Se entendermos que “pão e circo” enquanto fenômeno político é a distribuição à população de algo que ela deseja e necessita, logo essa prática resistiu ao tempo e ao lado dela outros conceitos, como o clientelismo nos ajudam a explicar que a todo o momento há ações que visam entreter o povo e mascarar a realidade.
O entretenimento sem ações paralelas que ajudem a resolver as desigualdades é só uma tentativa de silenciamento do povo e de esconder a realidade.
A
grande diferença hoje e já há estudos nesse sentido, é que grande parte da
população sabe disso. Sabe que as desigualdades não são naturais, mas “inventadas
por aqueles que comem” para parafrasear a escritora negra Carolina Maria de
Jesus na obra “Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada”. E mesmo assim aceita
participar do jogo, pois acredita que esta é (infelizmente) a única maneira de
sanar, mesmo que temporariamente, suas necessidades.
Referências
DIAS,
Anderson. Política do Pão e Circo. Disponível em http://www.parafrasear.net/2007/11/poltica-do-po-e-circo.html.
Acesso em: 22 mai.2022.
JESUS,
Carolina Maria de. Quarto de Despejo – diário de uma Favelada. 10. ed. São Paulo
: Ática, 2014. Disponível em https://drive.google.com/drive/my-drive.
Acesso em 22 mai.2022.
NEVES,
Juliete. Uma das sete maravilhas do mundo. Disponível em https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/coliseu.
Acesso em: 22 mai. 2022.
SOUSA, Rainier. Anacoronismo. Disponível em https://brasilescola.uol.com.br/historia/anacronismo.htm. Acesso em 22 mai.2022.
[1] "O anacronismo ou anticronismo consiste basicamente em utilizar os conceitos e idéias de uma época para analisar os fatos de outro tempo. Em outras palavras, o anacronismo é uma forma equivocada onde tentamos avaliar um determinado tempo histórico à luz de valores que não pertencem a esse mesmo tempo histórico. Por mais que isso pareça um erro banal ou facilmente perceptível, devemos estar atentos sobre como o anacronismo interfere no nosso estudo da História." Veja mais em: https://brasilescola.uol.com.br/historia/anacronismo.htm.