No Distrito Federal, uso de máscaras em locais abertos deixa de ser obrigatório a partir da semana que vem. (FOTO/ Marcelo Camargo/ Agência Brasil). |
4 de março de 2022
Covid-19: estados preparam flexibilização do uso de máscaras
3 de março de 2022
Uma bala para um novo mundo
(FOTO/ Reprodução/ Reuters). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
Deixei
o poema escorregar entre nossos beijos. Era tarde, o sol esquentava as paredes,
enquanto nossas mãos desvendavam a música do corpo. Os jornais mutilavam as
notícias. As crianças desfilavam num horizonte esburacado, tingidas de tinta
carne.
Nas
ruas, tanques e carnaval. A criança corre, menos que as balas, A criança cai,
aqui, ali, acolá.
Otan,
otan, otan disparam no mundo inteiro!
O
beijo estuprou o grito. Plantaram flores de plástico em telões gigantes para
disfarçar a morte da realidade.
O próximo estrondo será nosso, as crianças se levantarão com as flores, dançaremos com as borboletas, o poema será escrito com o pão. Andaremos nus e sem esconderijos. As balas serão doces e circularão livremente com os versos.
Site do NEGRER já está no ar
(FOTO/ Ana Paula Santos). |
Por Nicolau Neto, editor
O
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Relações Étnico-Raciais
(NEGRER), vinculado à Universidade Regional do Cariri (URCA), informou nesta quarta-feira, 02, por meio de suas redes sociais, que
já se encontra no ar sua mais nova ferramenta de divulgação das atividades e
encontros. Trata-se do site que foi desenvolvido com a plataforma WIX, uma das
melhores construtoras desse ramo e líder na atualidade.
O
grupo que é composto por estudantes e professores/as de graduação e pós-graduação
da URCA e de outras instituições, além de
professores/as da educação básica e de ativistas de movimentos sociais da região
do Cariri, está cadastrado junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPQ) e na Rede Nacional de Núcleo de Estudos
Afro-brasileiros, Consórcio NEABs, junto à Associação Brasileira de Pesquisadores
Negros (ABPN).
Segundo
informações constantes já no próprio site, o NEGRER tem seis linhas de pesquisas,
a saber: Cultura de Base Africana e Educação; História Africana e
Afro-brasileira; Gênero, Diversidade, e Relações Étnico-Raciais; Infâncias,
Arte e Diversidade Étnico-Racial; Populações Indígenas: História, Cultura e
Educação e Educação Quilombola.
Ao
acessar o site, leitores podem ser direcionados para páginas que contem os
eventos realizados e a serem promovidos; uma biblioteca digital que contém materiais
didáticos, artigos, livros, dissertações e teses, além de dossiês e anais.
A
primeira matéria fala sobre a ação do projeto “o currículo e os processos de
formação docente no campo das relações étnico-raciais na educação básica”
desenvolvido na comunidade do Gesso, em Crato Ce.
Para acessar o site clique aqui.
2 de março de 2022
Linguagem neutra é fator de inclusão social e não pode sofrer censura, diz MPF
(FOTO/ Reprodução). |
A
chamada linguagem neutra é fator de inclusão, afirma a Procuradoria Federal dos
Direitos do Cidadão (PFDC), vinculada ao Ministério Público Federal (MPF). De
acordo com nota técnica divulgada pela entidade, “a vedação ao uso da linguagem inclusiva, além de transbordar os limites
das ciências sociais e linguísticas, incorre em patente inconstitucionalidade e
inconvencionalidade, por indevida censura prévia, cerceamento ao direito à
igualdade e à liberdade, especialmente de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
o pensamento, a arte e o saber, merecendo veemente repúdio”.
O
documento é assinado pelo titular da Procuradoria, Carlos Alberto Vilhena, e
pelo coordenador do grupo de trabalho “População LGBTI+: Proteção de Direitos”,
Lucas Costa Almeida Dias. “Os adeptos da
linguagem neutra entendem que uma língua que toma o masculino como regra e o
feminino como exceção é perfeita para a perpetração dos estereótipos de gênero,
reforçando a exclusão das mulheres e também de indivíduos de gênero não
binário, isto é, que não se identificam nem como homens nem como mulheres”,
diz a nota.
A
PFDC lembra ainda que estados como Rondônia e Santa Catarina editaram normas
que visam proibir, “de maneira
contundente”, o uso da linguagem neutra. A Secretaria Especial de Cultura,
do governo federal, também editou portaria nesse sentido. E há um projeto de
lei (PL 5.198/2020) que veda “novas formas de flexão de gênero e de número das
palavras da língua portuguesa”.
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Com informações da RBA.
1 de março de 2022
Conflitos e tensões na África impactam a vida de milhares de pessoas
(FOTO/ ONU). |
A
disputa militar entre o governo russo e a Ucrânia entra no sexto dia, envolve a
soberania em territórios e fronteiras. O conflito é semelhante, em muitos
aspectos, aos principais confrontos bélicos e ameaças de guerra em curso
atualmente em alguns dos países do continente africano.
Diferentemente
do que acontece no leste europeu, onde o conflito chamou a atenção do planeta,
fez a ONU (Organizações das Nações Unidas) convocar uma reunião emergencial do
do Conselho de Segurança e gerou medidas inéditas de compras de armas pela
União Européia, os conflitos nos países africanos têm pouco espaço na agenda
midiáticas e seus desdobramentos não causam repercussão global, apesar de
afetar diretamente milhões de pessoas.
Boa
parte dos conflitos atuais no continente africano tem origem nas guerras de
independência que resultaram de longos períodos de exploração colonial, por
parte de países europeus, e em tentativas externas de desestabilizar os
governos locais. Confira algumas das áreas com situação política em alerta na
região:
Etiópia
Desde
novembro de 2020, na região de Tigray acontecem conflitos entre o governo e um
movimento de independência, liderado por uma frente de libertação local.
A
Etiópia também tem disputas territoriais com o Sudão, na região de al-Fashqa.
Além disso, há uma tensão política com o Egito por conta da construção de uma
hidrelétrica etíope no rio Nilo, em território da Etiópia, perto da fronteira
do Sudão. A produção de energia na hidrelétrica começou em fevereiro de 2022.
Egito
e Sudão temem que ocorra uma crise hídrica por conta da barragem construída
pela Etiópia. Os dois países fizeram exercícios militares em conjunto no ano de
2021. Esses exercícios de guerra foram chamados de Operação Guardiões do Nilo.
Somália e Quênia
Desde
2014, a Somália e o Quênia discutem a soberania e uma nova divisão de fronteira
entre os dois países numa região pesqueira, no litoral do Oceano Índico, onde
também existe petróleo e gás natural. O conflito também é agravado porque o
Quênia apoiou o movimento de independência do Estado de Jubalândia, na Somália.
No mês de janeiro, nove pessoas morreram por conta de conflitos de milícias
separatistas e tropas do exército na região.
Burkina Fasso
Em
janeiro deste ano, o Movimento Patriótico pela Salvaguarda e Restauração
(MPSR), do líder militar Paul-Henri Sandaogo Damiba, assumiu o controle do país
ao derrubar o governo do presidente Roch Kaboré, que estava no poder desde
dezembro de 2015.
Cerca
de 50 soldados foram mortos nos últimos quatro meses durante confronto com
grupos extremistas em várias regiões do país. Milhares de civis deixaram o país
por medo dos conflitos.
Mali
No
dia 3 de dezembro do ano passado, um ataque feito por um grupo armado contra um
ônibus deixou 31 pessoas mortas na cidade de Mopti. O ataque terrorista foi uma
resposta às tentativas do governo de conter uma tentativa de golpe militar promovido
por grupos extremistas.
Em
dez anos, entre 2012 e 2022, Mali passou por três golpes de Estado. Os conflitos
entre as milícias no norte do país se espalham para regiões no Níger e em
Burkina Fasso.
Burundi
O
país no Sul de Ruanda passou por uma guerra civil nos últimos dois anos. Os
conflitos internos diminuíram em junho do ano passado, quando o líder militar
Evariste Ndayishimiye foi eleito presidente. A pandemia e o aumento da fome
provocaram a retomada de conflitos entre grupos extremistas na região.
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Com informações da Alma Preta.
27 de fevereiro de 2022
Pinturas de Abdias do Nascimento mostra experiência negra na América
“Cristo Negro”, pintura de Abdias. (FOTO/ Reprodução redes sociais). |
Imprensa cobre guerra da Ucrânia com “release único” divulgado por Washington
Avião atingindo Kiev. (FOTO/ Reprodução). |
“Na guerra, a primeira vítima é a verdade”.
Autoria desconhecida
A
cobertura que a mídia hegemônica faz da crise na Ucrânia é alarmantemente
viciada, além de claramente racista e preconceituosa.
Os
meios de comunicação em todo mundo são meros repetidores dos mantras
russofóbicos fabricados em Washington para instrumentalizar a guerrilha
geopolítica e ideológica das “forças do bem”, a civilização ocidental, contra a
“força do mal” – os russos, caucasianos e eurasiáticos.
Em
geral, a mídia não só é subserviente ao “release único” escrito em Washington,
como também é indigente e desonesta. Além de omitir aspectos étnicos,
históricos e culturais dos povos eslavos, também mente, estigmatiza Putin e
falsifica a história.
Na reprodução do noticiário e através de comentaristas vulgares, despreparados ou mal-intencionados, a mídia hegemônica segue omitindo, por exemplo, os antecedentes históricos da crise atual, que se localizam na farsesca revolução Maidan, que desembocou no golpe financiado pelos EUA para derrubar o governo pró-russo de Viktor Yanukovytch em 2014.
A
mídia continua escondendo, também, que a Ucrânia descumpriu o Protocolo de
Minsk, assinado por representantes reconhecidos das repúblicas independentes de
Donetsk e Luhansk e o governo ucraniano com a fiança institucional da própria
União Europeia.
E os
meios de comunicação a serviço de Washington continuam omitindo o perfil
neonazista do presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky e dos agrupamentos de
ultradireita extremista que apoiam o governo.
É
cada vez mais conhecida a conexão entre a ultradireita neonazista ucraniana e
os grupos fascistas e neonazistas no mundo e, também, com o bolsonarismo – Sara
Winter e “Os 300 do Brasil”. Mas, inclusive isso também é sonegado.
Os
EUA exercem sua primazia e hegemonia informacional e comunicacional no mundo
por meio do pensamento único deste jornalismo de guerra. Um jornalismo sem compromisso
com a verdade factual e histórica.
Nas últimas semanas, houve a escalada desta guerra informacional para criminalizar e demonizar o presidente russo Vladimir Putin e incensar o papel dos EUA e da OTAN.
Neste
jornalismo de guerra, todos os veículos hegemônicos no Brasil – absolutamente
todos, é preciso sublinhar – repetiram como papagaios o viés de análise de
Washington. Não ficou de fora nem mesmo um único veículo de nenhum meio de
transmissão – nas rádios, TVs, redes sociais e portais da internet.
Somente
os portais da mídia independente estão desde o início da crise reportando os
acontecimentos desde uma perspectiva abrangente e aberta. Não fossem estes
veículos contra-hegemônicos de informação e comunicação, a população brasileira
seria totalmente entorpecida com o pensamento único russofóbico.
Em
semanas de crise, pela primeira vez apareceu em um veículo da mídia hegemônica
uma abordagem dissonante do pensamento único. Aconteceu só agora, nesta
sexta-feira, 25/2. O portal UOL publicou entrevista em que o analista político
estadunidense Andrew Korybko afirma que “o Brasil e a Ucrânia foram ambos
vitimados pelas guerras híbridas dirigidas pelos Estados Unidos com o objetivo
de fortalecer a hegemonia unipolar norte-americana”.
Da
mesma maneira que a Ucrânia rapidamente deverá assinar a rendição a Moscou, a
mídia hegemônica se verá obrigada a se render às exigências de um jornalismo
plural e honesto, se quiser sobreviver no mundo multipolar que começa nascer.
Caso
contrário, será enterrada junto com os escombros da ordem unipolar e imperial
que está morrendo.
________
Por Jeferson Miola, em seu Blog.
Programa um milhão de cisternas sofre com cortes do governo federal
De 2020 para 2021, o programa "1 Milhão de Cisternas", do Governo Federal, sofreu um corte de cerca de 94%. (FOTO/ ASA Brasil). |
Em
muitos lares do semiárido, ter água em casa é um privilégio. O clima é marcado
por altas temperaturas e chuvas irregulares, o que deixa a região sob-risco
constante de escassez hídrica. No Brasil, a região ocupa 12% do território
nacional e abriga cerca de 28 milhões de habitantes, é um dos semiáridos mais
povoados do mundo.
Sem
nenhum rio perene, que corra durante o ano inteiro, a região apresenta o menor
percentual de água reservada no país, algo em torno de 3%. Para lidar com essa
realidade e mostrar que o êxodo não é a única saída para o sertanejo, a
Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), há mais de vinte anos vem desenvolvendo
tecnologias de convivência esse clima.
Entre os exemplos está o programa que já construiu mais de 1 milhão de
cisternas distribuídas pela região Nordeste e pelo Norte de Minas Gerais.
Alexandre
Pires, coordenador executivo da ASA, conta como o Programa 1 Milhão de
Cisternas (P1MC) impactou a população do semiárido: "o Programa de Cisternas rompe com um ciclo histórico que é o da
dependência da população do carro pipa, da dependência da população rural do
semiárido às vontades políticas e interesses políticos eleitorais. Então, o
programa de cisternas mudou a cara do semiárido quando assegurou uma tecnologia
simples, barata, de domínio popular, uma tecnologia social, que garantiu à
população, através da captação de água das chuvas, ter água na porta de casa".
Pires
explica ainda que o P1MC é uma iniciativa da sociedade civil, que o governo
Lula acolheu como uma política pública capaz de resolver um problema secular,
enfrentado pela população rural do semiárido, que é o de acesso à água: "Essa decisão política fez com que a gente
conseguisse, num diálogo entre sociedade civil e governo, garantir que em 2016
chegássemos a 1,2 milhão de cisternas construídas".
As
cisternas, além de água para beber e para o uso diário, armazenam também a
possibilidade de geração de renda através da agricultura e pecuária familiar, impactando
de forma significativa sobretudo na vida das mulheres. Como explica o
coordenador executivo da ASA no Ceará, Marcos Jacinto: "era comum a imagem da mulher com a lata
d'água na cabeça no nosso semiárido. Essa imagem ficou mais rara com a chegada do
Programa 1 Milhão de Cisternas porque com ele a família tem na sua própria
residência a água para consumo das pessoas e também para sua própria produção".
No
Estado do Ceará, desde o início do programa, a meta era beneficiar 304 mil
famílias. Desse total, 248 mil receberam a tecnologia, o que sinaliza que
muitas outras ainda vivem num contexto de insegurança hídrica. Uma preocupação
que se intensifica ainda mais num contexto de desmonte da política promovido
pelo atual governo de Jair Bolsonaro.
É o que denuncia Jacinto: "esse momento nos preocupa muito mais, porque
nós sabemos que existe ainda um contingente muito grande de famílias no
semiárido cearense, que ainda não tem acesso a água potável. Nós temos ainda
cerca de 50 mil famílias que ainda não têm a tecnologia social de primeira água
e nós estamos num momento em que o programa tem sido desmontado e está
paralisado do ponto de vista de investimentos públicos federais".
E
essa não é uma realidade só do Ceará, no país cerca de 350 mil famílias do
semiárido ainda não dispõem da tecnologia. Nos últimos anos, o recurso federal
destinado aos programas de convivência com o semiárido vem sofrendo sucessivos
cortes. Em 2012, por exemplo, o P1MC teve o menor orçamento da história
destinado ao programa.
"É difícil da gente compreender como uma
política que tem tanto sucesso, mudou e transformou tanto a vida das pessoas no
semiárido brasileiro, e em outras regiões semiáridas, é desestruturada por este
governo. Quer dizer, eu digo que é difícil da gente compreender, mas a gente
sabe que o governo Bolsonaro é um governo que não tem prioridade pela população
mais pobre do nosso país, na verdade é um governo que tem prática genocida, uma
prática que não atende as necessidades daqueles que mais precisam",
enfatiza Alexandre.
Nossa
reportagem entrou em contato com o Ministério do Desenvolvimento Regional para
questionar sobre o corte, mas não obtivemos resposta até o fechamento da
matéria. Para continuar o trabalho, a ASA está com uma campanha para levantar
fundos para o programa. Intitulada 'Tenho Sede', a campanha já está dando
resultado: agora em março, estão executando as 20 primeiras cisternas com
dinheiro arrecadado. Para saber como ajudar, acesse o site tenhosede.org.br
____________
Com informações do Brasil de Fato CE.