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Congresso aprova corte de 92% de recursos da Ciência a pedido do Ministério da Economia.(foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) |
8 de outubro de 2021
Ministério da Economia corta 92% dos recursos destinados à Ciência
Sueli Carneiro deixa conselho editorial da Folha de S. Paulo
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Sueli Carneiro.(FOTO/ Divulgação). |
A
filósofa e escritora Sueli Carneiro, pediu o seu desligamento do conselho
editorial do jornal Folha de S. Paulo. A informação foi divulgada pela Folha,
após reunião do conselho, nesta quinta-feira (7).
A
saída de Sueli Carneiro ocorre dias depois do jornal publicar uma artigo do
colunista Leandro Narloch, em que ele relativiza a escravidão de mulheres
negras, em texto intitulado “Luxo e riqueza das ‘sinhás pretas’ precisam
inspirar o movimento negro”. Em resposta, o advogado Thiago Amparo, que
integra o conselho editorial da Folha, classificou o artigo como racista e o
jornal como conivente por publicá-lo.
Na
coluna, Narloch argumentou que o movimento negro de hoje deve se inspirar nos
negros escravizados que ascenderam socialmente. Em um trecho ele diz: “os
negros foram escravizados, assassinados e estuprados no sistema escravocrata,
mas olhem para o lado bom: meia dúzia de sinhás ascenderam socialmente dentro
desse sistema”.
“A sinhá preta é um personagem poderoso
porque complica narrativas de ativistas. As negras prósperas no ápice da
escravidão são uma pedra no sapato de quem acredita que ‘o capitalismo é
essencialmente racista e machista’ e que o preconceito é uma força determinante
[…]”, disse Narloch, em mais um trecho da coluna, utilizando a mesma tática
que em seu livro “Guia do Politicamente Incorreto”.
Durante
o encontro da Folha, o economista Joel Pinheiro da Fonseca defendeu que o
jornal não pode afirmar que Jair Bolsonaro mente, porque, segundo ele, isso
“afasta o leitor”. José Henrique Mariante, também parte da Folha de S. Paulo,
afirmou, no dia 3 de outubro, que a empresa manterá em seus quadros o
jornalista Leandro Narloch.
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Com informações do Notícia Preta.
7 de outubro de 2021
Ministro da Educação diz que Brasil tem “universidades em excesso”
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(FOTO/ Arthur Menescal/Especial Metrópoles). |
Durante
evento realizado na última terça-feira (5), em uma igreja evangélica, o
ministro da educação, Milton Ribeiro, que também é pastor, criticou o número de
universidades públicas criadas em governos anteriores, indicando que há um
excesso de instituições de ensino superior no país.
De
acordo com o ministro, a maior parte das instituições de ensino superior precisa
oferecer reforço aos estudantes recém-ingressos. “Meninos que chegam
para fazer engenharia que não sabem fazer uma regra de três”, criticou ele.
“O alicerce na educação é a alfabetização.
Como é que se pode imaginar alguém construir uma casa começando pelo telhado?
Quando falo em universidade, como falam que foi democratizada, encheram de
telhados, esqueceram do alicerce. O que nós temos hoje: jovens que são
analfabetos funcionais, não entendem o que leem”, disse Milton Ribeiro.
Segundo ele, o foco do ensino deve estar nos níveis básicos, com foco na
alfatabetização.
O
ministro criticou ainda os governos que antecederam a gestão de Bolsonaro.
Segundo Ribeiro, eles deixaram “uma herança ruim” ao
país. “Tivemos 20 anos de governo de esquerda, que levaram o país a
essa situação. Eu estou colhendo frutos. Estou me esforçando em um ano de
pandemia, com poucos recursos. Parece que o governo Bolsonaro é essa terra
arrasada”, disse o ministro, em setembro deste ano, na Comissão de
Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal.
Milton
Ribeiro e outros ministros de Estado participaram do “Simpósio Cidadania Cristã”, promovido pela Confederação dos
Conselhos de Pastores do Brasil (Concepab). O evento é realizado na Igreja
Batista Central, em Brasília, e deve contar ainda com a presença do presidente
Bolsonaro.
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Com informações do Notícia Preta.
6 de outubro de 2021
Mais de 1 mil pessoas foram resgatadas de trabalho escravo no Brasil em 2021
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(FOTO/ Valter Campanato/ Agência Brasil). |
A
Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) atualizou no dia 5 de outubro a
plataforma de estatísticas ‘Radar SIT’, que revelou dados alarmantes sobre a
realidade das condições de trabalho no país. Ao todo, cerca de 1.015
trabalhadores foram resgatados de atividades análogas à escravidão só neste
ano. De janeiro a setembro, 234 estabelecimentos foram fiscalizados, tendo 102
autuados por submeter pessoas à condições subumanas.
Em
comparativo com 2020, em 12 meses, o ano registrou 276 ações fiscais, mas
totalizando um número inferior com este ano, tendo 936 trabalhadores
resgatados. Segundo o auditor fiscal Maurício Krepskye, chefe da Divisão de
Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (DETRAE/CGFIT/SIT), o aumento
dos resultados apurados em 2021 ocorreu, em grande parte, por causa da
‘Operação Resgate’, a maior operação para combate ao trabalho escravo já
realizada no país, em parceria com diversos órgãos.
No
topo do ranking de ações fiscais, Minas Gerais foi o estado com o maior número
de operações de combate a esta realidade, com 54 empregadores fiscalizados e
com 420 trabalhadores resgatados, quase metade do registro geral. O estado é
seguido por São Paulo, com 135 trabalhadores resgatados e Goiás, com 102. No
nordeste, Pernambuco desponta com 34 casos de resgate finalizados até o dia 30
do último mês e estão sendo atualizados junto à plataforma.
Sobre
o perfil dos mecanismos de exploração, Carlos Silva, coordenador da
Fiscalização de Combate ao Trabalho Análogo ao Escravo em Pernambuco, afirma
que os exploradores do trabalho se aproveitam de diversas vulnerabilidades
sociais e econômicas que atingem as pessoas exploradas, como é o caso da baixa
escolaridade, da falta de emprego e trabalho e da baixa renda individual e
familiar.
“É uma situação de absoluta e inequívoca coisificação da pessoa humana. Nas ações fiscais os Auditores-Fiscais do Trabalho normalmente constatam que os exploradores “amarram” os trabalhadores por meio de dívidas impagáveis, desde a origem de suas cidades, até mesmo no local de trabalho, onde em algumas situações os escravizados pagam por suas ferramentas de trabalho”, conta.
Carlos
ressalta que também há retenção salarial, de documentos e uso de violência
física e psicológica, além de sistemas de remuneração por produção que fomentam
o trabalho até a exaustão.
A
Subsecretaria de Inspeção adiantou que mais de R$5 milhões de reais foram pagos
diretamente aos trabalhadores durante as ações de resgate registradas este ano
como resposta aos direitos trabalhistas que não foram respeitados durantes os
períodos de atividades.
Para denunciar
A
SIT informa que denúncias de trabalhos análogos à escravidão podem ser feitas
de forma remota e sigilosa através do ‘Sistema Ipê’. A plataforma, lançada no
primeiro semestre de 2020, funciona em parceria com a Organização Internacional
do Trabalho (OIT).
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Com informações do Alma Preta.
5 de outubro de 2021
Historador Jones Manoel lança livro Revolução Africana na próxima quarta
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O Historador e comunicador pernabucano Jones Manoel. (FOTO/ Divulgação). |
Conhecido
pelos vídeos no Youtube, onde debate política e filosofia, o historiador e
comunicador pernambucano Jones Manoel realiza, desde 15 de setembro, um giro
por diversos Estados para promover debates e lançamentos dos livros da coleção
Quebrando as Correntes.
Em
Salvador, o livro será lançado na próxima quarta-feira (6), às 18h, no Espaço
Glauber Rocha, na Praça Castro Alves.
Iniciativa
de editora Autonomia Literária, a coleção Quebrando as Correntes conta já com
títulos como “Revolução Africana – Uma antologia do pensamento marxista” e
“Raça, classe e revolução – A luta pelo poder popular nos Estados Unidos”, que
fortaleceram o debate sobre marxismo e questão racial no Brasil a partir de
textos inéditos em português de autores africanos e organizações
estadunidenses.
_________
Com informações do Política Livre.
Quem apertou o gatilho?
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Alexandre Lucas, Colunista. (FOTO/ Divulgação). |
Por Alexandre Lucas, Colunistas
Teve
um tiroteio, bem no meio da barriga, daqueles que não matam. Era uma noite de
sexta-feira, tinha preparado um verso para encher a noite de felicidade. Dizem
que as sextas-feiras é cheia de ministério. Teve um tempo que esses tiroteios
apareciam todos os dias. Parecia uma
festa de São João.
Sempre
pensei que iria morrer. É dor passageira, faz destroços e passa, mas não passa
eternamente, volta sem anúncio prévio.
Fazia um rosário no pensamento para contar o silêncio. Os tiros acabaram
desaparecendo, aos poucos começava a dançar uma valsa, apenas com a respiração.
Tem dias que os tiroteios parecem não acabar. No interior da casa, um corpo é encolhido com receios dos tiros de verdade, aqueles que matam, que atravessam a carne. Poças de lágrimas e gritos se misturam ao sangue. A criança toma leite, os mais velhos assistem atentamente a tragédia, como se assistissem a uma comédia comendo pipoca.
As balas ficam cravadas, os tiroteios apenas cessam. Os corpos estendidos são publicados sem limites. Encolhidos, outros corpos, escondem as marcas das balas que peneiram os pensamentos.
Os gatilhos estão soltos.
4 de outubro de 2021
Marighella’, o filme, tem estreia confirmada para 4 de novembro, data do assassinato
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Filme já teve aproximadamente 30 exibições pelo mundo e passou por festivais. (FOTO/ Divulgação/ Montagem/ RBA). |
O
filme Marighella, dirigido por Wagner Moura e com Seu Jorge no papel principal,
vai enfim estrear no Brasil. A data marcada é 4 de novembro, quando se
completam 52 anos do assassinato de Carlos Marighella, em uma emboscada na
cidade de São Paulo. Pré-estreias estão marcadas para o dia 1º.
O
longa, o primeiro dirigido pelo ator Wagner Moura, sofreu sucessivos
adiamentos, incluindo desentendimento com a Agência Nacional de Cinema
(Ancine). A dificuldade estaria relacionada com o histórico do personagem
retratado. O comunista Marighella, criador da Ação Libertadora Nacional (ALN),
foi um dos principais opositores da ditadura. O filme foi exibido em vários
países e festivais, com boa recepção. Foram aproximadamente 30 exibições nos
cinco continentes.
Além
de Seu Jorge na figura do guerrilheiro, Bruno Gagliasso encarna o policial
Lucio, que o persegue. Na vida real, Marighella foi caçado pelo delegado Sérgio
Paranhos Fleury, até ser morto a tiros na alameda Casa Branca, no bairro
paulistano dos Jardins.
O
elenco tem ainda Adriana Esteves (como Clara Charf, companheira do líder
comunista), Herson Capri e Luiz Carlos Vasconcellos, entre outros. Com
filmagens na Bahia, em São Paulo e no Rio de Janeiro, o longa tem Fernando
Meirelles como produtor associado. Foi inspirado no livro Marighella – O guerrilheiro
que incendiou o mundo (Companhia das Letras), escrito pelo jornalista Mário
Magalhães e lançado em 2012.
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Com informações da RBA.
3 de outubro de 2021
Educação antirracista: como a escola pode combater as desigualdades educacionais entre negros e brancos?
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Educação antirracista: como a escola pode combater as desigualdades educacionais entre negros e brancos?/(FOTO/ Reprodução/NOVA ESCOLA). |
“Nós somos geneticamente capacitados, como
qualquer pessoa branca. Se o Projeto Genoma já disse isso, se a Ciência já
legitimou isso, por que é que a gente está congelado naquele lugar do não saber?”,
pergunta Benilda Brito, pedagoga e mestre em Gestão Social, neste vídeo em que
explica como a discriminação influencia no processo de aprendizagem e resulta,
entre outras consequências, no baixo rendimento escolar de crianças e jovens
negros. “Rendimento escolar tem a ver com
afetividade. Não se discute Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica]
sem discutir racismo. Não se discute avanço educacional sem trabalhar a
autoestima da criança negra”, afirma. Ou seja, não dá para pensar o sistema
educacional sem considerar o racismo estrutural refletido nele.
“A primeira coisa que temos de pensar quando
falamos do papel da escola [na luta antirracista] é que ela não é um disco
voador que baixa nos territórios. Ela tem uma função social importante e deve
articular saberes construídos ao longo da história” Este deve ser o
pensamento, segundo a coordenadora executiva adjunta da Ação Educativa Ednéia
Gonçalves.
As
escolas desempenham um papel fundamental na construção e na garantia da
equidade racial. Além de lidar com o racismo institucional, as instituições de
ensino precisam construir e aplicar uma educação antirracista. Para isso, foi
alterada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 2003 com a Lei
10.639, que prevê a obrigatoriedade do ensino de história e cultura
afro-brasileira e africana — alterada, por sua vez, pela Lei 11.645 de 2008,
que fez o mesmo com os povos indígenas e sua cultura — dentro dos componentes
curriculares.
Para
os gestores e professores, isso implica implementar em toda sua dimensão e de
forma prática o que traz o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes
Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Estão ali a história
da África e dos povos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura e o
papel do negro na formação da sociedade nacional, assim como a história e a
cultura indígena e sua participação na construção da identidade brasileira.
Como a questão das relações étnico-raciais é transversal, ela atravessa todas
as áreas de conhecimento.
Para
isso acontecer no dia a dia, a professora e formadora de educadores Gina Vieira
afirma que é necessário superar o mito da democracia racial. “Ano passado, durante minhas palestras, eu
fiquei assustada com a quantidade de professores e professoras que falavam
frases do tipo: ‘Não estou entendendo o que você está falando. Você está
dizendo que somos diferentes? Mas somos um só povo. Isso que você está falando
vai provocar uma divisão’”, conta.
Um
levantamento do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa da Uerj
(Gemaa), divulgado em maio, aponta que menos de um em cada dez alunos (9,75%)
se autodeclara preto ou pardo nas 20 escolas com as maiores notas no Enem 2019
no país. Dessas, apenas uma é pública. De acordo com dados do IBGE, só em 2019
as universidades tiveram mais alunos negros (50,3%) do que brancos. E as
carreiras mais concorridas e com maior remuneração têm percentual menor de
pretos e pardos, como Medicina (39,9%), Engenharia (40%), Odontologia (38,7%) e
Direito (43,8%).
Para
Edneia, as salas de aula não estão e nem devem estar descoladas da realidade do
Brasil. “Temos de considerar que existe a
escola que é racista, e isso acontece porque ela foi construída, assim como
todos os outros sistemas no país, para a manutenção de privilégios — e eles não
eram dos pretos e dos indígenas”, explica.
Apesar
de a legislação prever o ensino de história e cultura afro-brasileira, Gina
aponta que as escolas têm um currículo “que
privilegia os autores brancos e a história contada pela perspectiva do
colonizador”.
A
professora conta também que é comum ouvir histórias em que o docente responde “não liga para isso, você é linda”, após
uma criança negra relatar ter ouvido comentários racistas a respeito de seu
cabelo, por exemplo. “Essa é uma resposta
acrítica porque dizer para uma criança não ligar para o que ela está sentindo é
dizer que o que ela está sentindo não é importante”, explica Gina. “É ignorar que essa criança vive dentro de
uma estrutura que diz o tempo todo que ela é feia”.
Vale
pontuar que muitos gestores e professores podem encarar a questão apenas como
bullying, mas vai muito além disso. É de racismo que estamos falando, e adotar
uma postura silenciosa diante de acontecimentos é perpetuar a discriminação.
Situações
como essa, ressalta Gina, podem desestimular o aluno a denunciar casos de
racismo, além de prejudicar seu desenvolvimento socioemocional – essencial para
uma educação integral. E acabam, ainda que de maneira inconsciente, reforçando
o preconceito e a discriminação. “Ao
silenciar o sofrimento dessa criança, você transforma a escola em um ambiente
totalmente hostil para que ela consiga estudar e ter acesso a espaços onde ela
possa expressar seu modo de vida, sua cultura e sentimentos”, explica
Ednéia.
O
Anuário Brasileiro de Educação Básica 2021, divulgado em agosto, aponta que
apenas 48% das instituições de ensino brasileiras afirmaram ter projetos para
tratar relações étnico-raciais. E esse espaço está diminuindo. O levantamento
indica, que apesar de o debate avançar na sociedade, nas salas de aula acontece
o inverso. Entre 2013 e 2017, mais de 70% das escolas tinham projetos sobre a
temática.
A
falta de exemplos africanos ligados à inovação é outro motivo citado por Ednéia
para ampliar a desigualdade entre alunos pretos e brancos. “As grandes inovações que o Brasil
experimentou vieram do continente africano. Precisamos pensar o quanto os
conhecimentos de engenharia, arquitetura e filosofia são importantes para a
identidade e para o desenvolvimento do brasileiro”, diz ela.
O
professor de Artes Edmar Galiza, da rede pública do Distrito Federal, alerta
que muitas escolas, “para cumprirem
tabela”, discutem o tema apenas na semana da Consciência Negra, em
novembro. “Não se aprofunda em nada. E eu
sempre digo: não somos negros apenas em novembro, mas 24 horas por dia”,
ressalta.
Ednéia
conta também que a visão e o posicionamento dos professores nesse processo é
essencial. Por isso, o educador ou gestor escolar precisa se atentar aos
preconceitos que tem ao avaliar que crianças negras são mais violentas ou mais
indisciplinadas. “Falamos o tempo
inteiro, por exemplo, de dados de evasão, mas não os discutimos como um fator
necessário para ampliar a qualidade da escola em cumprir a sua função social”,
completa.
É
importante ter em mente, segundo os professores ouvidos por NOVA ESCOLA, que
educadores, gestores e alunos brancos são responsáveis por desconstruir e
colaborar para uma educação antirracista.
Como agir para uma educação
antirracista?
Depois
de entender o impacto do racismo na desigualdade educacional, é importante
saber como colocar em prática a educação antirracista na sala de aula e na
formação de professores.
O
professor Edmar Galiza recomenda, em primeiro lugar, que os projetos e as aulas
sejam “estudados, debatidos e pesquisados”.
Para ele, é importante que professores brancos, negros e de diferentes raças
trabalhem coletivamente e com uma periodicidade grande, evitando que o tema seja
abordado apenas em novembro.
Aliado
a isso, a formadora Gina Vieira orienta também que as escolas ofereçam
qualificação a seus funcionários. “Não se
promove uma educação antirracista sem uma qualificação técnico-profissional. As
pessoas precisam ler e se capacitar para entender por que as culturas
silenciadas no currículo são trabalhadas de maneira estereotipada”,
explica.
Realizar
um diagnóstico entre os professores, antes das reuniões de formação, pode
ajudar o gestor a entender também o perfil de cada educador e o nível de
entendimento do tema. “Quando Paulo Freire
fala de uma educação emancipadora, em resumo é disto que ele está falando: de
uma Educação que nos traga consciência de como os sistemas de opressão operam
nos planos simbólico, discursivo e material”, complementa Gina.
Já
Ednéia recomenda um acervo bibliográfico diverso e que o espaço da escola fique
aberto, acolhendo também alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos), que
acabam sendo predominantemente negros. O documento “Indicadores da Qualidade na
Educação ? Relações Raciais na Escola” pode ajudar muito, pois visa contribuir
com a superação do racismo nas escolas abordando desde atitudes e
relacionamentos, currículo e proposta político-pedagógica, atuação dos
profissionais de Educação e gestão democrática, entre outros pontos. Esse
material faz parte da coleção “Educação e Relações Raciais: Apostando na
Participação da Comunidade Escolar”, elaborada com apoio da Comissão Europeia
no Brasil, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), do Instituto
C&A e do Save the Children UK.
Para
trabalhar a educação antirracista, a coordenadora da Ação Educativa sugere
também que a escola seja um espaço de proteção para jovens negros. De acordo
com o Atlas da Violência, 75,7% das vítimas de homicídio no Brasil eram negras
em 2018. No contexto histórico, de 2008 a 2018, o número de homicídios de
pessoas negras no país aumentou 11,5%; já entre pessoas não negras, caiu 12,9%.
“Precisamos discutir o genocídio dessa
população, analisar as estatísticas e trazer o tema para dentro do PPP (projeto
político-pedagógico)”, explica.
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Com informações do Nova Escola.