12 de abril de 2017

Segundo jornal, Temer vai comprar apoio de jornais, TVs e parlamentares com publicidade




O governo de Michel Temer pretende comprar o apoio de deputados federais e senadores para a reforma da Previdência usando verbas de publicidade que serão entregues a jornais e outros veículos de comunicação escolhidos pelos próprios parlamentares. A estratégia foi revelada em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo publicada na noite de segunda-feira 10.

CartaCapital- De acordo com o Estadão, diante da impopularidade das mudanças previdenciárias no Congresso, o Palácio do Planalto decidiu separar 180 milhões de reais para jornais, sites e emissoras de rádio e televisão cujos jornalistas aceitem explicar a reforma da Previdência "sob um ponto de vista positivo".

"Os veículos de comunicação que aderirem à campanha terão direito à publicidade federal", informa o jornal, acrescentando que o principal foco será o Nordeste, assim como locutores e apresentadores populares da região.

O direcionamento dos recursos dessa "política pública" de Temer será feito justamente pelos deputados e senadores. Trata-se de uma moeda de troca adicional, além da liberação de emendas parlamentares e de cargos a apadrinhados políticos dos congressistas.

A verba a ser direcionada à mídia será, segundo o Estadão, usada por deputados e senadores para "ganhar espaço para aparecer" na imprensa, uma vez que serão os responsáveis por levar dinheiro público para essas empresas.

Ainda segundo o Estadão, a estratégia foi definida pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, o angorá das delações da Odebrecht, e o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), receberá os pedidos dos parlamentares. Um auxiliar de Temer afirmou ao jornal que a compra de apoio “mata dois coelhos com uma só cajadada”.


11 de abril de 2017

MEC prejudica estudantes de baixa renda e aumenta em 5 vezes acima da inflação taxa do ENEM 2017


A semana começa com mais um duro golpe nos estudantes brasileiros: o Ministério da Educação anuncia um aumento, de quase cinco vezes acima da inflação, no valor da inscrição do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para 2017, passando a taxa para R$ 82 e prejudicando milhões de estudantes em todo o país.

Revista Fórum - Em 2016, cerca de 9,2 milhões de pessoas se inscreveram para as provas, que além de avaliarem o ensino médio, são as portas de entrada para as universidades e institutos federais e para programas de ingresso ao ensino superior, como o Prouni e o Fies.

Em comparação com outros indicadores, a taxa do Enem teve um aumento absurdo: 20,5%, ante os 4,57% da inflação acumulada (mar 16/fev 17 – IPCA/IBGE) e frente ao pouco mais de 4,5% de aumento anunciado para o salário mínimo.

Apesar de manter a gratuidade para alunos de escolas públicas, o Enem mais caro dificulta a participação na prova para outros setores sociais e para aqueles que, há tempos longe da escola, querem voltar a estudar e realizar o sonho de cursar uma universidade.

Ainda, é preciso levar em conta a crise econômica e o alto desemprego no país. Muitos pais de estudantes que antes puderam arcar com a educação privada, e por isso estão fora dos grupos de isenção da taxa, hoje perderam seus empregos e terão dificuldades em pagar a inscrição.

Tal aumento é mais um ataque à educação brasileira e no seu processo de democratização e universalização. Mas não é o único.

Há poucos dias, o governo PMDB/PSDB anunciou o fim do programa Ciências sem Fronteiras, que financiou os estudos de graduação e pós graduação de quase 93 mil jovens brasileiros, a maioria de baixa renda, em grandes universidades da europa, ásia, Canadá e Estados Unidos, uma iniciativa criada nos governos Lula e Dilma e sem precedentes no mundo.

Ainda, cortou em 44% o orçamento da pesquisa científica nacional, inviabilizando projetos nas universidades públicas e comprometendo o desenvolvimento tecnológico brasileiro, além de reduzir os repasses do FIES e do Prouni e de extinguir por completo o Programa Nacional de Combate ao analfabetismo, responsável por derrubar a taxa de analfabetismo em mais de 30% em apenas 10 anos.

Dessa forma, não só com o aumento na taxa do Enem, mas em seu conjunto de ações contra o povo mais pobre e contra os estudantes e as estudantes, a aliança do golpe sucateia o sistema de ensino e quer, como faz com os direitos trabalhistas e com as aposentadorias, também acabar com a educação pública brasileira.


Temer e Mendonça Filho goleiam estudantes de baixa renda. Foto: Revista Fórum.

10 de abril de 2017

Bolsonaro, o paladino da moral, está na Lista das Furnas


O que Bolsonaro está fazendo na Lista de Furnas ?”, indaga Kiko Nogueira em texto publicado no site DCM, ao qual reproduzo abaixo.

Ancelmo Gois, no Globo, lembrou que o processo da Lista de Furnas, dinheiro de caixa 2 que abasteceu 156 campanhas em 2000, foi reaberto.

Bolsonaro e Cunha (com o Pastor Everaldo ao centro): Na lista de furnas.
Estão lá os notórios Aécio, Serra e Alckmin — mas também Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro. Os seguidores do JB estão ouriçados, alegando que se trata de mais uma calúnia contra o incorruptível mito.

Em 2015, Bolsonaro acusou na Câmara que “os canalhas ligados ao PT e PSOL” forjaram o documento. É a mesma argumentação de Aécio Neves, que apenas tira o PSOL.

Joaquim de Carvalho, autor de uma série de reportagens sobre o tema no DCM, explicou a questão:

Existe uma só Lista de Furnas, cujo original foi periciado pela Polícia Federal e serviu de base para a denúncia que a procuradora da república Andréia Bayão apresentou no Rio de Janeiro em 2012, depois de inquérito da Polícia Federal que durou seis anos.

Foram onze as pessoas denunciadas por ela, por crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, todas sem foro privilegiado, entre elas Dimas Toledo, o ex-deputado Roberto Jefferson e o próprio Nílton Monteiro.

Aécio e mais de uma centena de políticos só não entraram na denúncia porque têm foro privilegiado e a investigação contra eles estava parada na Procuradoria Geral da República, em Brasília.

Todos os políticos da lista eram da base de Fernando Henrique Cardoso, inclusive Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro. O objetivo da lista era mesmo chantagem, mas de políticos como Aécio Neves, para que negociassem com Lula a permanência de Dimas em Furnas.

Por três anos, deu certo, e há vários testemunhos, entre eles o de Roberto Jefferson e agora o de Delcídio do Amaral, de que Aécio pediu a Lula que mantivesse Dimas em Furnas.

Jair Messias Bolsonaro aparece como destinatário de 50 mil reais, como você pode ver abaixo.

Quem divulgou a versão de que é falsidade foi o PSDB de Minas Gerais, com base em pareces de peritos contratados para isso e num laudo da PF feito em cima de uma das cópias divulgadas por Nilton Monteiro, o homem que confessou atuar em Furnas como operador do caixa 2.

Quando a tese da falsidade prosperava, Monteiro entregou à Polícia Federal a lista original, que foi periciada. A conclusão foi que se tratava de um papel autêntico.

Em março, Roberto Jefferson e mais seis viraram réus no caso.

Bolsonaro age como se fosse uma virgem no bordel.

Ele era do Partido Progressista, o que mais aparecia, proporcionalmente, nas investigações da Lava Jato — mas sua campanha era irrigada com boas vibrações do espírito santo. Na semana passada, a Justiça declarou o bloqueio de meio bilhão de reais do PP.

Acabou migrando para o PSC, ninho de pastores evangélicos. Um deles, Everaldo, o presidente, pediu dinheiro a Cunha, segundo a PF.

Depois de se desentender com a liderança do PSC, JB já avisou que vai sair — juntamente com o amigão Marco Feliciano, que pretende ser vice na chapa para a presidência em 2018.


9 de abril de 2017

Base define que ensino de História ocorra em ordem cronológica



O ensino de História, área que foi alvo de críticas durante a elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), deverá ocorrer na ordem cronológica. Nas discussões, venceu o chamado método tradicionalista.

Estadão - Hoje, como o Brasil não tem um currículo nacional, as escolas seguem diretrizes municipais e estaduais e material didático de livre escolha. Alguns colégios também consideram conteúdos cobrados em avaliações como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Para a consultora em educação Ilona Becskehazy, a linha cronológica faz sentido. “O mundo antigo, com mitologias, castelos e príncipes, atrai as crianças pequenas. Conforme elas crescem, vão ganhando maturidade para entender melhor a realidade atual. Quanto mais moderna e contemporânea é a história, mais ferramentas são necessárias para entendê-la.”
A proposta, porém, também recebeu críticas. “No fundo, o novo documento reproduz muito do que, nos últimos anos, os currículos, as propostas pedagógicas e os livros didáticos mais tradicionais sugerem para os alunos. É uma perspectiva cronológica, mais preocupada com exemplos convencionais do que com uma formação e conhecimentos mais amplos”, afirmou Roberto Catelli, doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com ele, faltou ousadia para pensar em outra forma de trabalhar a disciplina, valorizando conceitos importantes para a formação do cidadão. “Sinto falta de uma abordagem que permita formular e refletir sobre períodos históricos. Não adianta apenas conhecer um conjunto de informações.”

Quando a primeira versão da base foi lançada, em setembro de 2015, a área de História recebeu críticas. As Revoluções Industrial e Francesa e a história das civilizações grega e egípcia não constavam no texto, e o modelo dava maior ênfase na história da África e das Américas.

Agora, parte das questões foi resolvida e, por outro lado, a história africada aparece de maneira mais tímida. Desde 2003, o ensino de história e cultura africana e indígena é obrigatório nas escolas brasileiras. Catelli destaca que há referência às sociedades africanas, mas na forma tradicional em que costumam aparecer. “A relação com a cultura brasileira surge de forma muito eventual”, apontou.

A cultura africana está novamente no documento na parte de Educação Física, com brincadeiras, jogos e danças a serem aprendidos pelos alunos do 1.º ao 9.º ano do fundamental.

A expectativa é de que o currículo de História incorpore o maior porcentual de parte diversificada. Isso porque a base deixa livre para que Estados e municípios complementem 40% do conteúdo a ser ensinado na educação básica. O Rio Grande do Sul, por exemplo, pode priorizar a Revolução Farroupilha, enquanto São Paulo pode dar mais ênfase à Revolução Constitucionalista.

Mudanças. Outra alteração é a exclusão do ensino religioso nesta terceira versão da base. O Ministério da Educação alegou respeitar a legislação que determina que o tema seja optativo nas escolas e destacou que é competência das secretarias estaduais e municipais definir a regulamentação.

A versão anterior estabelecia diretrizes para o ensino religioso em todo o fundamental e defendia que a escola poderia “contribuir para a promoção da liberdade religiosa e dos direitos humanos, com práticas pedagógicas”.

Terceira versão da base foi apresentada pelo MEC nesta quinta. Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil



8 de abril de 2017

Debate: Historiador ou professor de História?


Renato Janine Ribeiro disse hj: "Quem é da área de Filosofia raras vezes chama os colegas de filósofos e não se autodenomina filósofo. O mais frequente é nos dizermos professores ou pesquisadores de filosofia".

Antonio Celso Ferreira, em seu perfil - Concordo muito com ele. Os profissionais de História da minha geração também tem pudores em se autodenominarem "historiadores". Mas isso se tornou corriqueiro nesta última década, o que sempre me causou certo incômodo.

Fui acostumado a pensar que "Historiador" é um reconhecimento dado pelos leitores ou pelos nossos pares como resultado de uma obra de vida e que deve ser usado com muito comedimento.

Antonio Celso Ferreira. Foto: Perfil/Facebook.
Nem todo mundo é historiador ou se torna historiador. Somos, antes de tudo, professores de História e não há nada de mal ou desprestígio nisso. O título de "historiador" é como o de "escritor", "romancista" ou "artista". Para mim, só é historiador aquele cuja obra é assimilada pela historiografia como uma contribuição que perpassa o tempo. Geralmente os historiadores, assim como os filósofos, só são reconhecidos pela posteridade.

Da mesma forma não gosto de usar o título de Doutor. É um falso orgulho. Aprendi que outros até podem nos chamar dessa forma, nunca nós mesmos.

Por essa razão, não gostei e não apoiei a luta da Anpuh pela profissionalização do historiador. Tanto em razão do que eu disse acima, quanto pelo fato de que já considerava uma luta perdida. Despolitizada e vã. Esse talvez seja o maior erro da Anpuh, além do fato de ter se tornado um apêndice da CapesTalista.

O que adianta ser chamado de "historiador" quando qualquer um pode ser "notório saber"?
Trata-se de equívoco de natureza corporativa e que ilude os alunos. Atualmente, até alunos de primeiro ano se consideram historiadores, quanto mais inúmeras nulidades que conseguiram seus diplomas de doutor ou pós.docs (uma praga) sem dar alguma contribuição significativa ao conhecimento.

A derrota das ilusões dessas duas últimas décadas de carreirismo e produtivismo inútil nos deve levar à reflexão.

O que significa essa mania de todos se considerarem historiadores? Equivale à mesma ilusão de ascensão das classes populares às classes médias pelo consumo. A mesma expressão da (Teo)Ideologia da Prosperidade Evanjegue-Petista. Um falso trunfo. Um desprezo pelo magistério. Uma expressão de reacionarismo. Todos serão professores. Não há lugar para historiadores.

Historiador não é profissão.

Não, não somos historiadores. Isso é pretensão. Pedantismo. É fake. Como os pobres que querem se autoafirmar copiando máscaras da classe dominante.

Só o tempo dirá quem são os historiadores da nossa época.

Mas seremos todos professores de História com orgulho. Apesar de muito provavelmente terceirizados.

Temer acaba com o farmácia popular



Dando prosseguimento a sua política de desmonte dos direitos e programas sociais, a partir de maio o governo Temer vai acabar com as unidades próprias do programa Farmácia Popular, criado por Lula em 2004 e atingindo 9,8 milhões de pessoas.

Dep.Benedita da Silva - Nas unidades próprias, financiadas pelo governo federal, são oferecidos gratuitamente 112 medicamentos. Já nos pontos do Aqui Tem Farmácia Popular, da rede privada, a oferta é de apenas 25 medicamentos.

Mais do que antissocial, é uma decisão extremamente cruel com a população pobre, que não tem condições de pagar por remédios. É especialmente perversa com os aposentados que são os que mais precisam e os que menos podem pagar.

A situação social do Brasil é de verdadeiro pesadelo para o povo. Acabam com a CLT; cortam o Bolsa Família e a parte popular do Minha Casa, Minha Vida; congelam por vinte anos os gastos com saúde e educação; tentam acabar na prática com a aposentadoria; cotam pela metade o BPC, que é o benefício de um salário mínimo para os idosos totalmente desamparados e agora enfiam mais uma faca no povo e nos aposentados acabando com o remédio gratuito.

Até quando nosso povo vai aguentar essa violência irrestrita contra seus direitos e sua vida? Temos que reconquistar o nosso direito de eleger direta e livremente o nosso presidente. Diretas Já.


7 de abril de 2017

“Como paramos no tempo se há 500 anos lutamos por nossas terras?”, dizem índios em respostas ao presidente da FUNAI



Em entrevista ao portal BBC Brasil nesta quinta-feira (6), o novo presidente da Funai, Antônio Costa, afirmou que os índios não podem ficar parados no tempo e que têm que entrar na cadeia produtiva por meio de financiamentos de tecnologia para produzir grãos ou alavancar a pesca para que chegue a um nível competitivo com o mercado. A proposta vai na contramão do modo tradicional de vida desses povos, que prezam pela produção apenas do essencial para sobreviver, e não produzem para lucrar.

Revista Fórum - Lideranças indígenas, nesta sexta-feira (7), rebateram as declarações de Costa, que é dentista e pastor evangélico.

Como estamos parados no tempo se estamos lutando há mais de 500 anos para que não destruam nossas terras?”, questionou a coordenadora-geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab), Telma Taurepang. Para Taurepang, o novo presidente da Funai não conhece a causa indígena.

No dia em que esse povo acordar e ver que não pode comer petróleo, quando esse povo acordar e não conseguir respirar ar puro, talvez seja tarde demais”, completou.

De acordo com Costa, os índios deveriam deixar de ser apenas coletores para serem também produtores e entrarem na competição do mercado. A declaração também foi rebatida por outra liderança indígena, Tiago Karai, que é coordenador da Comissão Guarani Yvyrupa.

Parece que a gente deveria pensar em plantar soja, cana, milho em grande escala para vender. Só que o indígena não tem esse pensamento, a gente planta para comer e trocar com outros povos, esse é o nosso interesse”, afirmou.

A líder indígena Telma Taurepang/ Arquivo Pessoal.

Vídeo - Bolsonaro diz que teve filha mulher por "fraquejada"


Imagem capturada do vídeo abaixo. 

Em novo dia de declarações polêmicas, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) disse que sua única filha mulher ocorreu após uma “fraquejada”. “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, aí no quinto eu dei uma fraquejada e veio uma mulher", disse.

O Povo - A declaração ocorreu durante palestra do deputado na sede do Clube Hebraica, uma associação cultural de pessoas da religião judaica, do Rio de Janeiro. O evento ocorreu após uma série de protestos de integrantes do grupo, que criticaram convite feito ao deputado pela diretoria do clube.

Na mesma palestra, o deputado também criticou a presença de refugiados no País e prometeu extinguir "todo tipo" de território indígena ou quilombola no País. “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles".