7 de abril de 2017

“Como paramos no tempo se há 500 anos lutamos por nossas terras?”, dizem índios em respostas ao presidente da FUNAI



Em entrevista ao portal BBC Brasil nesta quinta-feira (6), o novo presidente da Funai, Antônio Costa, afirmou que os índios não podem ficar parados no tempo e que têm que entrar na cadeia produtiva por meio de financiamentos de tecnologia para produzir grãos ou alavancar a pesca para que chegue a um nível competitivo com o mercado. A proposta vai na contramão do modo tradicional de vida desses povos, que prezam pela produção apenas do essencial para sobreviver, e não produzem para lucrar.

Revista Fórum - Lideranças indígenas, nesta sexta-feira (7), rebateram as declarações de Costa, que é dentista e pastor evangélico.

Como estamos parados no tempo se estamos lutando há mais de 500 anos para que não destruam nossas terras?”, questionou a coordenadora-geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab), Telma Taurepang. Para Taurepang, o novo presidente da Funai não conhece a causa indígena.

No dia em que esse povo acordar e ver que não pode comer petróleo, quando esse povo acordar e não conseguir respirar ar puro, talvez seja tarde demais”, completou.

De acordo com Costa, os índios deveriam deixar de ser apenas coletores para serem também produtores e entrarem na competição do mercado. A declaração também foi rebatida por outra liderança indígena, Tiago Karai, que é coordenador da Comissão Guarani Yvyrupa.

Parece que a gente deveria pensar em plantar soja, cana, milho em grande escala para vender. Só que o indígena não tem esse pensamento, a gente planta para comer e trocar com outros povos, esse é o nosso interesse”, afirmou.

A líder indígena Telma Taurepang/ Arquivo Pessoal.

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