“O que Bolsonaro está fazendo na Lista de
Furnas ?”, indaga Kiko Nogueira em texto publicado no site DCM, ao qual reproduzo abaixo.
Ancelmo
Gois, no Globo, lembrou que o processo da Lista de Furnas, dinheiro de caixa 2
que abasteceu 156 campanhas em 2000, foi reaberto.
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Bolsonaro e Cunha (com o Pastor Everaldo ao centro): Na lista de furnas. |
Estão
lá os notórios Aécio, Serra e Alckmin — mas também Eduardo Cunha e Jair
Bolsonaro. Os seguidores do JB estão ouriçados, alegando que se trata de mais
uma calúnia contra o incorruptível mito.
Em
2015, Bolsonaro acusou na Câmara que “os canalhas ligados ao PT e PSOL”
forjaram o documento. É a mesma argumentação de Aécio Neves, que apenas tira o
PSOL.
Joaquim
de Carvalho, autor de uma série de reportagens sobre o tema no DCM, explicou a
questão:
Existe uma só Lista de Furnas, cujo
original foi periciado pela Polícia Federal e serviu de base para a denúncia
que a procuradora da república Andréia Bayão apresentou no Rio de Janeiro em
2012, depois de inquérito da Polícia Federal que durou seis anos.
Foram onze as pessoas denunciadas por
ela, por crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro,
todas sem foro privilegiado, entre elas Dimas Toledo, o ex-deputado Roberto
Jefferson e o próprio Nílton Monteiro.
Aécio e mais de uma centena de
políticos só não entraram na denúncia porque têm foro privilegiado e a
investigação contra eles estava parada na Procuradoria Geral da República, em
Brasília.
Todos os políticos da lista eram da
base de Fernando Henrique Cardoso, inclusive Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro. O
objetivo da lista era mesmo chantagem, mas de políticos como Aécio Neves, para
que negociassem com Lula a permanência de Dimas em Furnas.
Por três anos, deu certo, e há vários
testemunhos, entre eles o de Roberto Jefferson e agora o de Delcídio do Amaral,
de que Aécio pediu a Lula que mantivesse Dimas em Furnas.
Jair
Messias Bolsonaro aparece como destinatário de 50 mil reais, como você pode ver
abaixo.
Quem
divulgou a versão de que é falsidade foi o PSDB de Minas Gerais, com base em
pareces de peritos contratados para isso e num laudo da PF feito em cima de uma
das cópias divulgadas por Nilton Monteiro, o homem que confessou atuar em
Furnas como operador do caixa 2.
Quando
a tese da falsidade prosperava, Monteiro entregou à Polícia Federal a lista
original, que foi periciada. A conclusão foi que se tratava de um papel
autêntico.
Em
março, Roberto Jefferson e mais seis viraram réus no caso.
Bolsonaro
age como se fosse uma virgem no bordel.
Ele
era do Partido Progressista, o que mais aparecia, proporcionalmente, nas
investigações da Lava Jato — mas sua campanha era irrigada com boas vibrações
do espírito santo. Na semana passada, a Justiça declarou o bloqueio de meio
bilhão de reais do PP.
Acabou
migrando para o PSC, ninho de pastores evangélicos. Um deles, Everaldo, o
presidente, pediu dinheiro a Cunha, segundo a PF.
Depois
de se desentender com a liderança do PSC, JB já avisou que vai sair —
juntamente com o amigão Marco Feliciano, que pretende ser vice na chapa para a
presidência em 2018.