17 de maio de 2015

Patrimônio material e imaterial é foco na V Edição da Caravana da Cultura



A quinta edição da Caravana da Cultura, iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) que busca estreitar laços e ouvir demandas de artistas e gestores culturais, teve início nesta terça-feira (12) com uma série de atividades na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. O ministro Juca Ferreira, a presidenta do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Jurema Machado, e os secretários do Audiovisual, Pola Ribeiro, e da Cidadania e da Diversidade Cultural, Ivana Bentes, participaram de reunião com autoridades, visitaram um terreiro de candomblé e conheceram ações do Iphan no município, entre outras atividades.


 Nesta visita, estamos vendo as demandas que a população tem em relação ao patrimônio histórico. Também vamos conversar com a comunidade para aproximar o ministério de onde a cultura floresce”, destacou Juca Ferreira. “O Recôncavo é uma das regiões mais densas culturalmente do Brasil. E Cachoeira é uma cidade muito viva, que está sempre se renovando e tem um patrimônio histórico invejável. Tenho muito afeto pela cidade”.

O secretário de Cultura da Bahia, Jorge Portugal, destacou que a visita ao Recôncavo Baiano é um gesto “emblemático” do Ministério da Cultura. “Cachoeira e Santo Amaro são as duas cidades mais importantes do Brasil Colônia, locais onde o país começou e se sedimentou culturalmente”, afirmou. “A Secretaria de Cultura está irmanada nesta caravana como se estivesse recebendo o abraço de um irmão que convida para a realização de uma política cultural competente para o nosso país”.

Uma das atividades deste primeiro dia foi a visita ao Candomblé Roça de Ventura. O santuário religioso, que faz parte da naçãoJeje Mahi, originária nos cultos às divindades chamadas vodum, é um dos mais antigos terreiros de candomblé da Bahia, tendo sido tombado em 2014 pelo Iphan como patrimônio cultural do Brasil. O terreiro tem fundamental importância na formação da rede de terreiros do Recôncavo Baiano e, sobretudo, para a formação histórica do candomblé como uma instituição religiosa.

Uma das coisas de que mais gosto em Cachoeira é esta densidade espiritual. A sociedade brasileira deve muito a essa contribuição africana para a formação da nossa identidade, espiritualidade e alegria de viver”, afirmou Juca Ferreira. “Reconhecer o valor deste terreiro como patrimônio é fundamental”, acrescentou o ministro, que também criticou a intolerância religiosa da qual são vítimas terreiros de religiões de matriz africana. “Devemos continuar plurais e respeitosos”, afirmou.

Durante a visita ao candomblé, Jorge Portugal informou que a Secretaria de Cultura da Bahia irá incluir o terreiro e outras casas de matriz africana no Programa de Apoio a Ações Continuadas de Instituições Culturais, possibilitando o repasse a essas instituições de recursos do Fundo de Cultura do Estado da Bahia. “É a garantia de funcionamento de fundações e instituições importantes para a nossa cultura”.

O responsável pelo terreiro, Edvaldo de Jesus Conceição, mais conhecido como Buda de Bobosa, destacou a importância do tombamento pelo Iphan. “A preservação desta área é muito importante para evitar devastações na nossa área e para podermos fazer nossos cultos aos orixás”, afirmou.

Na sequência, a comitiva do MinC esteve no Casarão, imóvel histórico construído no século XVIII e tombado em 1943. A presidente do Iphan, Jurema Machado, assinou termo de cessão do prédio para a Administração Municipal. No local, serão instalados vários equipamentos do Sistema Municipal de Cultura, como a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, o Conselho Municipal de Política Cultural, o Centro do Samba de Roda de Cachoeira e o Memorial de Imagem e Som de Cachoeira, entre outros.

Cachoeira é um dos exemplos mais interessantes na história do Iphan dessa associação entre patrimônio e dinamização da vida urbana”, afirmou Jurema Machado. “É preciso dar uso a esse patrimônio, fazer com que ele faça sentido no cotidiano da cidade. Ver esta casa usada, com intenso interesse da comunidade, é muito importante para a preservação do patrimônio”.

Ainda nesta terça-feira, a comitiva do MinC visitou o Quarteirão Colombo, onde será implantada uma nova unidade do campus da Universidade Federal do Recôncavo Baiano e o Cine Teatro Cachoeira. Ao lado, havia uma manifestação organizada pelo Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Cachoeira reivindicando mais educação.  Em jantar com o secretário Jorge Portugal, o cantor Carlinhos Brown, o presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, e o Vovô do Ilê Ayê, fundador do bloco Ilê Ayê, a Caravana da Cultura discutiu a criação de um circuito afro no carnaval da Bahia

16 de maio de 2015

Hospital Euclides Nogueira Santana, em Altaneira, é reinaugurado



O hospital Euclides Nogueira Santana do município de Altaneira, região do cariri, foi construído no último mandato do ex-prefeito João Ivan Alcântara e inaugurado nos primeiros anos da gestão do ex-chefe do poder executivo Antonio Dorival de Oliveira, passou por uma ampla reforma e ampliação nesse governo de Delvamberto Soares (Pros).

O fato permitiu que nesta sexta-feira, 15 de maio, houvesse uma solenidade de reinauguração, vindos a contar com a participação de algumas pessoas da comunidade, dentre os quais se inclusive os servidores da saúdePrestigiou ainda a solenidade, secretários municipais, vereadores da base de sustentação a administração local, além de Delvamberto, o vice-prefeito Dedé Pio, a primeira-dama Paula Soares, o prefeito de Nova Olinda Ronaldo Sampaio e do chefe de gabinete do governado do estado, Fernando Santana. O ato foi acompanhado ainda pela Banda de Música Padre Davi Moreira. 

Dona Quinina em ato simbólico de reinauguração do Hospital
Euclides Nogueira Santana. Foto: João Alves.
Em ato simbólico, Dona Quinina, representante da família Nogueira Santana e viúva daquele que leva o nome do hospital, veio a cortar fita da reinauguração do prédio de forma conjunta com o gestor municipal e com Audilene Fernandes, ora na função de secretário de saúde.

É sabido que houve discursos na solenidade, mas não se tem nenhuma informação do teor destes. De registros tem-se apenas as palavras de Audilene Fernandes na rede social facebook. Ela se expressou agradecendo o apoio do secretário Antonio Pereira na realização do evento e arguiu que o hospital está com qualidade. “Obrigada a todos em especial ao secretario de cultura Antonio Kaci que muito contribuiu para o nosso evento. Altaneira esta de parabéns, hospital de qualidade para atender com dignidade a população, isso é saúde”, afirmou.

Confira outros fotos abaixo












15 de maio de 2015

Trilha Sítio Poças e Horta Orgânica, em Altaneira, rebe visita de alunos (as) da UFCA




Estudantes do curso de Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Cariri (UFCA) visitaram na última quarta feira (13/05) a Trilha Sítio Poças e Horta Orgânica Dois Irmãos sob a condução do grupo Associação dos Condutores de Trilhas de Altaneira (ACONTRIAL).

Supervisionados pela professora Brisa Cabral os universitários foram recepcionados pelos de condutores e condutoras de Altaneira, logo no início da manhã.

Os estudantes foram divididos em dois grupos, facilitando assim o percurso da Trilha, conduziu o primeiro grupo guiado pelo articulador social Cicero Chagas, mais conhecido por Ciço Inventor e Francilene Oliveira, o segundo grupo que iniciou a caminhada 15 minutos após o primeiro, foi conduzido por Cleodimar Rodrigues, Luzya Rufino e João Paulo Cruz.

Após a caminhada na Trilha foi servidor almoço com produtos naturais da Horta Orgânica e após descanso os estudantes visitaram a horta.

O agricultor João Bel fez um relato de sua experiência com a agricultura orgânica, a origem de seu trabalho e os detalhes de todo processo utilizado no cultivo das hortaliças, frutíferas e no trato com os animais.

Çiçô Inventor e a professora Brisa Cabral, também fizeram suas explanações e parabenizaram a iniciativa. O agricultor João Bel que foi bastante aplaudido por todos.

Segundo Çiçô Inventor, articulador da visita, o principal objetivo da aula de campo foi conhecer a vegetação predominante do ambiente podendo estar em contato com o meio, conhecendo também as plantações existentes na Horta Dois Irmãos.

A professora Brisa Cabral e os estudantes da UFCA também elogiaram a iniciativa da abertura da Trilha e a recepção dos condutores e da família do senhor Jõao Bel.

Confiram outras da visita:









Inscrições abertas para o Curso de Formação de Gestores Municipais de Cultura do Cariri



Estão abertas, até dia 7 de junho, as inscrições para o Curso de Formação para Gestores e Conselheiros Municipais de Cultura das Regiões do Cariri e Centro-sul do Ceará, resultado de uma parceria do Ministério da Cultura (MinC) com a Pró-Reitoria de Cultura da Universidade Federal do Cariri (Procult-UFCA).

Quadro montado por este blogueiro a partir de imagens referente a III Conferência Municipal de Cultura de Altaneira.
O objetivo do curso é formar gestores e conselheiros municipais para implementar e consolidar os Sistemas Municipais de Cultura conforme as normas e princípios do Sistema Nacional de Cultura (SNC).

O curso será semipresencial, com carga horária de 150 horas, sendo 76 horas à distância e 74 horas presenciais. Os encontros presenciais são de caráter obrigatório. Ao total, serão 150 vagas destinadas aos gestores públicos de cultura dos municípios selecionados (confira lista abaixo) e parte para livre concorrência dentro do campo de abrangência das regiões contempladas.

Os municípios contemplados são Altaneira, Antonina do Norte, Araripe, Assaré, Aurora, Barbalha, Barro, Brejo Santo, Campos Sales, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Granjeiro, Jardim, Jati, Juazeiro do Norte, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Nova Olinda, Penaforte, Porteiras, Potengi, Salitre, Santana do Cariri, Tarrafas e Várzea Alegre (Cariri), Acopiara, Baixio, Cariús, Catarina, Cedro, Ererê, Icó, Iguatu, Ipaumirim, Jaguaribe, Jucás, Lavras da Mangabeira, Orós, Pereiro, Quixelô, Saboeiro e Umari (Centro-Sul).

A inscrição é online e a documentação exigida, prevista no edital, deverá ser enviada para o endereço eletrônicogestaocultural@ufca.edu.br.

14 de maio de 2015

Incrições para o ENEM 2015 estarão abertas a partir de 25 de maio



O Ministério da Educação (MEC) confirmou: as inscrições para o ENEM 2015 serão a partir de 25 maio e seguem até 23h59 do dia 5 de julho. Já as provas estão previstas para os dias 24 e 25 de outubro. O edital com todas as informações será divulgado na próxima segunda-feira.

Os estudantes da Rede Pública de Ensino são isentos de pagar a taxa de inscrição. Contudo, aqueles que não comparecem nos dois dias de provas perderão o benefício na próxima edição. Quem justificar a ausência e tiver o argumento aceito, não será punido.

Neste ano, as provas começarão às 13h30. Os portões serão fechados às 13h, mas as provas só terão início meia hora depois. Os minutos extras serão usados para procedimentos de segurança.

Para realizar a inscrição, os candidatos devem acessar o endereço eletrônico http://enem.inep.gov.br/ e informar dados pessoais como número do Cadastro de Pessoa Física (CPF), número do documento de identidade (RG), alem de endereço residencial, endereço de e-mail, necessidade (caso possua) de atendimento especial ou especializado.

O Enem 2015 também pode ser realizado com a finalidade de obter a Certificação de Conclusão do ensino médio, basta que o candidato informe que é esta a finalidade no momento da inscrição, porém isto só é permitido para candidatos maiores de 18 anos.

13 de maio de 2015

Machado de Assis e a sua fina ironia sobre a Abolição da Escravatura



Em crônica publicada no dia 19 em maio de 1888 – mês em que foi abolida a escravatura no país –, Machado de Assis descreve um cenário bem atual e ironiza a “liberdade” que negros e negras passaram a ter com o fim da escravidão.

Crônica publicada no jornal Gazeta de Notícias, em 19 de maio de 1888, seis dias após a abolição da escravatura.

Bons dias!

Eu pertenço a uma família de profetas après coup, post factum, depois do gato morto, ou como melhor nome tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário fôr, que tôda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.

Neste jantar, a que meus amigos deram o nome de banquete, em falta de outro melhor, reuni umas cinco pessoas, conquanto as notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo), no intuito de lhe dar um aspecto simbólico.

No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de champanha e declarei que acompanhando as idéias pregadas por Cristo, há dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas idéias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era um dom de Deus, que os homens não podiam roubar sem pecado.

Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio abraçar-me os pés. Um dos meus amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu à ilustre assembléia que correspondesse ao ato que acabava de publicar, brindando ao primeiro dos cariocas. Ouvi cabisbaixo; fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, recebi muitos cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho que a óleo.

No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza:

– Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado que…

– Oh! meu senhô! fico.

– …Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo; tu cresceste imensamente. Quando nasceste, eras um pirralho dêste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa ver; olha, és mais alto quatro dedos…

– Artura não qué dizê nada, não, senhô…

– Pequeno ordenado, repito, uns seis mil-réis; mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha.

– Justamente. Pois seis mil-réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete.

Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Êle continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.

Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí pra cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe bêsta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas tôdas que êle recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre.

O meu plano está feito; quero ser deputado, e, na circular que mandarei aos meus eleitores, direi que, antes, muito antes da abolição legal, já eu, em casa, na modéstia da família, libertava um escravo, ato que comoveu a tôda a gente que dêle teve notícia; que êsse escravo tendo aprendido a ler, escrever e contar, (simples suposições) é então professor de filosofia no Rio das Cobras; que os homens puros, grandes e verdadeiramente políticos, não são os que obedecem à lei, mas os que se antecipam a ela, dizendo ao escravo: és livre, antes que o digam os poderes públicos, sempre retardatários, trôpegos e incapazes de restaurar a justiça na terra, para satisfação do céu.

Boas noites.

Texto extraído do livro Assis, Machado de. Obra Completa, Vol III. 3ª edição. José Aguilar, Rio de Janeiro. 1973. p. 489 – 491.

Desfazendo mitos: Por que os negros não comemoram o 13 de maio, dia da abolição da escravatura?



A Lei Áurea, que aboliu oficialmente a escravidão no Brasil, foi assinada em 13 de maio de 1888. A data, no entanto, não é comemorada pelo movimento negro. A razão é o tratamento dispensado aos que se tornaram ex-escravos no País. “Naquele momento, faltou criar as condições para que a população negra pudesse ter um tipo de inserção mais digna na sociedade”, disse Luiza Bairros, ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

Após o fim da escravidão, de acordo com o sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995), em sua obra “A integração do negro na sociedade de classes”, de 1964, as classes dominantes não contribuíram para a inserção dos ex-escravos no novo formato de trabalho.

Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assumisse encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho”, diz o texto.

De acordo com a Bairros, houve, então, um debate sobre a necessidade de prover algum recurso à população recém-saída da condição de escrava. Esse recurso, que seria o acesso à terra, importante para que as famílias iniciassem uma nova vida, não foi concedido aos negros. Mesmo o já precário espaço no mercado de trabalho que era ocupado por essa população passou a ser destinado a trabalhadores brancos ou estrangeiros, conforme Luiza Bairros.

Integrante da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Alexandre Braga explica que “O 13 de maio entrou para o calendário da história do país, então não tem como negar o fato. Agora, para o movimento negro, essa data é algo a ser reelaborado, porque houve uma abolição formal, mas os negros continuaram excluídos do processo social”.

Essa data é, desde o início dos anos 80, considerada pelo movimento negro como um dia nacional de luta contra o racismo. Exatamente para chamar atenção da sociedade para mostrar que a abolição legal da escravidão não garantiu condições reais de participação na sociedade para a população negra no Brasil”, completou a ex-ministra.

Ela defende, porém, que as mudanças nesse cenário de exclusão e discriminação estão acontecendo. “Nos últimos anos, o governo adotou um conjuntos de políticas sociais que, aliadas à política de valorização do salário mínimo, criou condições de aumento da renda na população negra”.

Inclusão do negro ainda é meta

Apesar dessas políticas, tanto a ex-ministra quanto Braga entendem que ainda há muito por fazer.

O representante da Unegro cita algumas das expressões do racismo e da desigualdade, no país: “No Congresso, menos de 9% dos parlamentares são negros, enquanto que a população que se declara negra, no Brasil, chega a 51%. Estamos vendo também manifestações de racismo nos esportes, principalmente no futebol. Ainda temos muito a caminhar”.

Ainda estamos tentando recuperar a forma traumática como essa abolição aconteceu, deixando a população negra à sua própria sorte. Como os negros partiram de um patamar muito baixo, teremos que acelerar esse processo com ações afirmativas, para que possamos sentir uma diminuição mais significativa das desigualdades”, explicou Bairros.


12 de maio de 2015

Comissão de Educação aprova projeto que inclui nome de Brizola no Livro dos Heróis da Pátria



A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) aprovou, nesta terça-feira (12), projeto que inclui o nome de Leonel de Moura Brizola no Livro dos Heróis da Pátria. Lançado na vida política por Getúlio Vargas, ele foi o único político do país eleito em votação popular para governar dois estados diferentes — Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Também se notabilizou pela atenção que sempre deu ao tema da educação e pela resistência ao regime militar instalado em 1964.

A matéria, que agora irá a Plenário para decisão final, teve origem na Câmara dos Deputados. De autoria do ex-deputado Vieira da Cunha, o projeto (PLC 67/2014) também altera a legislação para diminuir a exigência de 50 anos da morte do homenageado para a inclusão de seu nome no livro.

O autor sugere o tempo máximo de dez anos. Para isso, muda a Lei 11.597/2007, que trata da inscrição de nomes no Livro dos Heróis da Pátria. Para Vieira da Cunha, é de fato necessário um período de tempo entre a data da morte e a edição de lei para que os homenageados ganhem lugar no Livro dos Heróis. Porém, considera que 50 anos “é tempo excessivamente longo, que não se justifica”.

O Livro dos Heróis da Pátria fica exposto no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e serve de homenagem aos brasileiros que se destacaram em defesa do país. Nele estão inscritos, entre outros, Tiradentes, Zumbi dos Palmares e Santos Dumont.

Filho de camponeses pobres, Brizola nasceu em Carazinho, município do interior do Rio Grande do Sul, no dia 22 de janeiro de 1922. Batizado como Itagiba de Moura Brizola, cedo adotou o nome de um líder maragato da Revolução de 1923, Leonel Rocha.

Ele faleceu aos 82 anos, em 21 de junho de 2004. No ano passado, portanto, completou-se dez anos desde sua morte.

Papel marcante

A relatora da matéria na CE, senadora Ana Amélia (PP-RS), se manifestou a favor da aprovação do projeto. Mesmo sem ter chegado ao posto de presidente da República, conforme assinalou, Brizola marcou a história do Brasil e merece todo o reconhecimento.

Entre outros fatos, ela citou a atenção especial que Brizola sempre deu à educação, desde seu governo no Rio Grande do Sul. Lembrou que, no Rio de Janeiro, o político criou os Centros Integrados de Educação Pública, os conhecidos Cieps, escolas de tempo integral com toda a infraestrutura para estimular a aprendizagem.

— Penso que proposição para incluir seu nome no Livro dos Heróis é uma homenagem mais do que merecida — argumentou a senadora.

Cristovam Buarque (PDT-DF) destacou o papel de Brizola para garantir a posse do vice-presidente João Goulart no lugar de Jânio Quadros, que renunciou ao posto em 1961. Para isso, formou a chamada Rede da Legalidade, conectando emissoras de rádio de todo o país em defesa da solução constitucional, ante a ameaça de um golpe militar desde então.

— A Cadeia da Legalidade foi um marco da história desse país, o marco de uma ação de cidadania e uma demonstração de como alguém pode pegar o microfone e resistir, já que não tinha acesso a canhões para enfrentar os militares — comentou.

Lídice da Mata (PSB-BA) lembrou que, em sua reentrada na vida política após o retorno do exílio, Brizola apresentou ao país sua proposta de um “socialismo moreno”, ideia acompanhada de “forte abordagem da questão racial”. Por isso, atraiu para os quadros do PDT, que ele criara, destacadas lideranças do movimento negro, como Abdias Nascimento, que foi senador, e Carlos Alberto Oliveira, que chegou à Câmara dos Deputados.

— A luta de Brizola se inspirou em Joaquim Nabuco, quando abordou a educação e soube, com toda perspicácia, destacar a bandeira da questão racial, que até então os partidos de esquerda consideravam menor, já que não se referia à luta de classe — disse a senadora.

Histórico

Com 23 anos de idade, Leonel Brizola foi um dos fundadores do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no Rio Grande do Sul. Um ano depois, em 1946, ele já seria eleito deputado estadual, iniciando sua longa carreira política. Em 1958, Brizola se elegeu governador do Rio Grande do Sul, com mais de 55% dos votos válidos.

Após o golpe militar de 1964, Brizola, que era diretamente ligado ao presidente deposto, perdeu seus direitos políticos e se exilou no Uruguai. Em 1979, beneficiado pela Lei da Anistia, ele retorna ao país. No mesmo ano, funda o Partido Democrático Trabalhista (PDT), retomando sua vida política.

Em 1982, Leonel Brizola foi eleito governador do estado do Rio de Janeiro, cargo para o qual foi novamente eleito em 1990. Suas administrações foram marcadas pela criação de dezenas de Cieps, onde as crianças recebiam três refeições diárias.