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Dia Mundial do Livro: que obra indicar hoje?

 

Livro "Como o racismo construiu o Brasil". (FOTO | Acervo pessoal | Nicolau Neto).

Por Nicolau Neto, editor

Hoje, 23 de abril, é o dia mundial do livro. Para homenagear a tod@s que acreditam que é por meio da leitura que conseguimos escrever bem e melhorar nosso vocabulário e nosso poder de argumentação, deixo aqui trecho do livro do sociólogo brasileiro Jessé Souza:

...Na estratégia do branqueamento, o decisivo é que a ascensão de negros e mestiços seja individual, daqueles que aceitam as regras do sistema dominante, e nunca coletiva, o que poderia pôr o sistema como um todo em xeque. O que o progressismo neoliberal hoje faz é, sem tirar nem pôr, o que as elites racistas brasileiras sempre fizeram para enfraquecer a resistência popular, cooptando e "comprando" suas melhores cabeças. (SOUZA, Jesse. Como o racismo construiu o Brasil. 1° ed. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2021. Pg. 38).

Sobre o autor

Jessé Souza é um sociólogo, pesquisador e professor brasileiro. Possui graduação em Direito pela Universidade de Brasília (1981), mestrado e doutorado em Sociologia, pela Universidade de Brasília (1986) e pela Karl Ruprecht Universität Heidelberg, Alemanha (1991), respectivamente. Seu pós doutorado é em filosofia e psicanálise na New School for Social research de Nova Iorque, EUA (1994-1995), e teve livre docência em sociologia pela Universität Flensburg, na Alemanha em 2006.

Como autor e organizador, chegou a escrever 27 livros além de mais de 100 artigos e capítulos de livros em diversas línguas, sobre teoria social, pensamento social brasileiro e estudos teórico/empíricos sobre desigualdade e classes sociais no Brasil contemporâneo. Atualmente é professor titular da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Entre suas obras, além da creferenciada nesse texto, está “A tolice da inteligência brasileira” (2015); “A radiografia do golpe” (2016); “Inequality in capitalist Soceties”, em co-autoria com Boike Rehbein e Surinder Jodkha (2017); “A elite do atraso: da escravidão a lava jato” (2017) e “A classe média no espelho”(2018).

Como o Racismo criou o Brasil, livro de Jessé Souza

 

Jessé Souza. (FOTO/ Reprodução).

O tema do racismo é reconstruído desde o início da civilização ocidental até nossos dias, de modo a permitir uma compreensão fundamental: a de que todo processo de desumanização e animalização do outro assume as formas intercambiáveis de racismo cultural, de gênero, de classe e de raça.

Perceber as diferentes facetas do racismo possibilita não se deixar fazer de tolo, por exemplo, quando o racismo racial assume outras máscaras para fingir que se tornou guerra contra o crime, como se a vítima não fosse sempre negra, ou luta contra a corrupção, usada contra qualquer governo popular no Brasil que lute pela inclusão de negros e pobres.

Apenas uma abordagem multidimensional permite efetivamente perceber como o racismo racial sempre esteve no comando da iniquidade da sociedade brasileira, da escravidão até hoje. Ao desvendar todas as máscaras de que o afeto racista se recobre para continuar vivo fingindo que morreu, podemos enfim perceber o racismo racial como a verdadeira causa de todo o atraso social, econômico e político do Brasil.

"Como o racismo criou o Brasil" veio para levar a outro patamar de sofisticação teórica a discussão sobre o racismo no Brasil e para jogar luz sobre todo o ódio e todo o ressentimento social com que nos deparamos hoje em dia. O debate está posto!

Sobre o autor

JESSÉ SOUZA é graduado em Direito e mestre em Sociologia pela Universidade de Brasília, a UnB, doutor em Sociologia pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha, com pós-doutorado em Psicanálise e Filosofia na The New School for Social Research, em Nova York.

Professor titular da Universidade Federal do ABC, professor convidado da Universidade de Sorbonne, Paris I, e pesquisador sênior da Universidade Humboldt, em Berlim, ele coordenou diversas pesquisas empíricas de amplitude nacional e internacional sobre desigualdade, preconceito e classes sociais no Brasil e no mundo.

É autor de mais de 30 livros e de uma centena de artigos e ensaios em vários idiomas. Entre seus maiores sucessos se destacam A elite do atraso, A classe média no espelho e A guerra contra o Brasil.

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Com informações da Amazon.

“Bolsonaro atualizou o afeto racista”, diz Jessé Souza em entrevista à Carta Capital

 

(FOTO/ Ruy Baron/Valor).

O sociólogo, pesquisador e escritor, Jessé Souza, concedeu uma entrevista à Revista Carta Capital e falou sobre seu novo livro “Como o racismo criou o Brasil”. Na conversa, ele contou como vê a situação atual do Brasil. Para Souza, “Bolsonaro atualizou o afeto racista e incorporou o racismo que já existe há mais de cem anos”.

Jessé, que é Professor convidado da Universidade de Sorbonne, na França, e pesquisador sênior da Universidade Humboldt, em Berlim, falou da imagem do brasil no exterior e como Bolsonaro está diretamente ligado a isto: “a imagem do Brasil no exterior é a pior possível, pois ela está ligada a Bolsonaro. É aquela pergunta: que país atrasado pode eleger Bolsonaro à Presidência da República? O que não se percebe é que isso vai se associar a cada brasileiro, assim como Hitler se associava aos alemães e Trump se associava aos norte-americanos”, disse o Professor.

O escritor tem em sua carreira os best-sellers “A guerra contra o Brasil” e “A elite do atraso: Da Escravidão a Bolsonaro”, livro no qual ele faz uma crítica aos grandes empresários, que mantém a economia brasileira e contribuem para a desigualdade, corrupção e estrutura racista. Em 2021, Jessé Souza publicou a obra “Como o racismo criou o Brasil”, nela desdobra as atualizações que o racismo sofreu dentro da sociedade brasileira em 40 anos.

Ele finalizou a entrevista deixando alguns questionamentos sobre a sociedade brasileira e a Operação Lava-Jato: “O que são aqueles jovens que passam 14 horas pedalando numa bicicleta para entregar a pizza quentinha, se não os novos escravos de ganho? A classe média branca e racista nunca se importou com a corrupção. A classe média sai às ruas quando? Quando Getúlio Vargas, João Goulart, Lula e Dilma queriam integrar negros e pobres. É só aí que essas pessoas se incomodam. Quando começam a entrar negros nas universidades. Não tem nada a ver com moralismo. Tem a ver com racismo” concluiu Jessé Souza.

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Com informações do Notícia Preta.