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Ministro da Economia Paulo Guedes e presidente Jair Bolsonaro. (FOTO/ Mauro Pimentel/ AFP). |
Copiando
o comportamento do chefe, o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia,
Paulo Guedes, disse que o "termômetro"
que mede o desemprego está quebrado só porque o tamanho da febre é
constrangedor para ele.
Ele
criticou a metodologia de cálculo de desemprego do IBGE, nesta sexta (30), após
o instituto divulgar que temos 14,8 milhões de pessoas procurando trabalho sem
encontrar. Guedes disse que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
"está ainda na idade da pedra
lascada".
Ironicamente,
uma das principais características do período Paleolítico, que foi do
surgimento dos primeiros hominídeos até uns 10 mil a.C., era que os seres
humanos caminhavam o tempo todo em busca de sustento e abrigo. Mais ou menos
como 14,6% da população brasileira, sob a sua gestão, neste momento.
O
que nos leva a crer que não é o IBGE que ganhou ares de Idade da Pedra Lascada,
mas, citando o economista Gil do Vigor, sob Guedes e Bolsonaro, o Brasil tá
lascado.
O
ministro reclamou que apesar do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados)
apontar um saldo positivo de 1,5 milhão de postos de trabalho no primeiro
semestre deste ano, a Pesquisa Nacional por Amostra de domicílio (PNAD)
Contínua, do IBGE, afirma que o país mantém 14,8 milhões de desempregados.
Diz
que irá "rever" os
procedimentos do instituto porque os métodos "não são os mais eficientes". E reclama de pesquisas realizadas
por telefone durante a pandemia, por mais que o método tenha sido adotado pelas
principais instituições em todo o mundo para evitar contaminação por covid-19.
O
ministro não é burro, ele sabe que o Caged atua com empregos formais e a PNAD
Contínua envolve a enorme massa de trabalhadores informais. Mas critica o
indicador não por razões técnicas, mas políticas.
Segue
assim os passos de Bolsonaro que, diante de altas taxas de desemprego, tem
atacado não as suas causas, mas o IBGE, que informa o tamanho do problema.
Voltando à metáfora do termômetro, é como se um médico, diante de uma febre,
blasfemasse contra o aparelho ao invés de ministrar o remédio correto - médico
que, aliás, deixou que o quadro do paciente chegasse a um estado crítico por
sua omissão e negligência.
"Estamos criando empregos formais, e
bastante, mês a mês, mas tem aumentado o desemprego por causa dessa metodologia
do IBGE, que atendia ao governo da época. Esse tipo de metodologia, no meu
entender é o tipo errado. Vou sofrer críticas do IBGE, mas eles podem mudar a
metodologia", afirmou, em entrevista à CNN, no dia 8 de abril.
Para
Guedes e Bolsonaro, a metodologia, que segue padrões internacionais, é errada
porque não favorece o seu discurso. E, portanto, precisa ser mudada. Tal como
Jair acusou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) de mentir sobre
o desmatamento na Amazônia porque as imagens de satélite não corroboravam as
mentiras que ele contava.
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Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog. Leia a íntegra do texto clicando aqui.