Mostrando postagens com marcador Bolsonaro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Bolsonaro. Mostrar todas as postagens

Pesquisa Ipec Ceará: Lula tem 58%; Bolsonaro, 19%; Ciro, 14%

 

Legenda: Candidatos Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB)
Foto: Ricardo Stuckert/Agência Brasil/Fabiane de Paula/Divulgação

A primeira pesquisa Ipec no Ceará para a disputa pela Presidência da República aponta o ex-presidente Lula (PT) com 58% das intenções de voto. Em segundo lugar, aparece o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), com 19%. Ciro Gomes, ex-governador do Ceará, tem 14%. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

O levantamento foi encomendado pela TV Verdes Mares e ouviu 1.200 pessoas entre o dia 29 de agosto e a última quarta-feira (31). As entrevistas foram feitas no modo presencial em 56 municípios.

A candidata Simone Tebet (MDB) tem 1% das intenções de voto. Vera Lúcia (PSTU), Pablo Marçal (Pros), Roberto Jefferson (PTB), Felipe d’Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União) não pontuaram. Os candidatos Constituinte Eymael (DC), Léo Péricles (UP) e Sofia Manzano (PCB) não foram citados.

Brancos e nulos representam 4% dos entrevistados. Outros 4% disseram não saber ou não responderam à pesquisa. O nível de confiabilidade é de 95%.

SE A ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA FOSSE HOJE E OS CANDIDATOS FOSSEM ESTES, EM QUEM O(A) SR.(A) VOTARIA? (ESTIMULADA %):

Lula (PT): 58%

Jair Bolsonaro: 19%

Ciro Gomes (PDT): 14%

Simone Tebet (MDB): 1%

Vera Lúcia (PSTU): 0%

Pablo Marçal (Pros): 0%

Roberto Jefferson (PTB): 0%

Felipe d’Avila (Novo): 0%

Soraya Thronicke (União): 0%

Branco/Nulo: 4%

Não sabe/Não respondeu: 4%



A pesquisa capta os primeiros efeitos da campanha eleitoral gratuita no rádio e na televisão, que começou na última sexta-feira (26). O levantamento foi realizado pelo instituto Ipec Inteligência e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob número BR-05276/2022 e no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) sob protocolo CE-08708/2022.

ESPONTÂNEA

Na pesquisa espontânea, quando o entrevistador não apresenta os nomes dos candidatos, Lula (PT) lidera com 54% das intenções de voto. Em seguida, aparecem Jair Bolsonaro (PL), com 19%, e Ciro Gomes (PDT), com 10%. Simone Tebet (MDB) foi apontada por 1% dos entrevistados. Felipe d’Ávila (Novo) e Pablo Marçal (Pros) não pontuaram.

Constituinte Eymael (DC), Léo Péricles (UP), Roberto Jefferson (PTB), Sofia Manzano (PCB), Soraya Thronicke (União) e Vera Lúcia (PSTU) não foram citados. Outros nomes foram mencionados pelos eleitores, mas não chegaram a pontuar. Brancos e nulos somam 4%. De todos os eleitores ouvidos pela pesquisa, 13% disseram não saber ou preferiram não opinar.

A soma dos percentuais pode não totalizar 100% em decorrência de arredondamentos.

________

Com informações do Diário do Nordeste.

Bolsonaro: Inimigo da Cultura

Bolsonaro. (FOTO |Reprodução).

Por Alexandre Lucas, Colunista

O último ataque do governo Bolsonaro ao setor cultural representou um golpe contra a Lei Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2. As duas leis são resultado de uma ampla discussão nacional que envolveu trabalhadores e trabalhadoras da cultura, gestores públicos e parlamentares de diversas siglas partidárias.

Com características distintas, tendo em vista que a Lei Paulo Gustavo, tem caráter emergencial e já deveria ser executado esse ano e a Lei Aldir Blanc 2 tem uma dimensão permanente, a qual deve ser executada a partir de 2023.

Com a canetada golpe de Bolsonaro, através de Medida Provisória (MP) 1.135/2022, o repasse de recursos das duas leis foi adiado para 2023 e 2024, mudando inclusive o teor da lei.  A luta é para que a MP seja devolvida a Bolsonaro, o que exige uma ampla e imediata articulação dos movimentos culturais junto aos senadores e deputados.  Essa medida desrespeita uma conquista importante para a economia dos estados e municípios por meio do fomento cultural.

A Lei Paulo Gustavo sendo executada esse ano como estava previsto pode injetar ao setor cultural 3.862 bilhões através do repasse aos estados e municípios. Já a Lei Aldir Blanc prevê um repasse de 3 bilhões anuais durante cinco anos. Esses valores podem impulsionar em todo o país a economia da cultura e possibilitar que o Sistema Nacional de Cultura comece a se estruturar.  

No governo de Bolsonaro tivemos um processo contínuo de destruição das políticas públicas para a cultura no País. A extinção do Ministério da Cultura, desmonte e o desvio de função dos órgãos vinculados a Secretaria Especial da Cultura,  enterramento do Cultura Viva, semi-extinção das políticas de editais, negligência ao Sistema Nacional de Cultura e o  revezamento da incompetência do secretariado é o legado devastador desse governo que ostenta a marca da exclusão e do extermínio.

Esse é o momento propício para intensificar a luta contra esse governo declaradamente inimigo da cultura e da democracia.   A luta ultrapassa a derrubada da Medida Provisória que no momento já representa duas leis importantíssimas para o setor cultural do país.  

Reconquistar novamente a Lei Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2 faz parte da mesma agenda de reconstrução do projeto nacional de desenvolvimento econômico e social do país e ao mesmo tempo de condução da cultura para centralidade e a transversalidade da política de Estado. O que exige derrotar Bolsonaro e os partidos de sua base de sustentação.

Bolsonaro mantém alta rejeição e não tira votos de Lula. ‘Precisa, mas não consegue’

 

"Reverter 51% de rejeição, em menos de 45 dias da eleição, não é uma tarefa simples. E talvez seja ainda mais difícil para Bolsonaro que todos os dias produz notícias negativas para a sua campanha". (FOTO/ Alan Santos/PR).

As pesquisas eleitorais divulgadas ao longo desta semana indicam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) consolidado na dianteira da disputa pelo Palácio do Planalto. Mas também um crescimento do presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida, embora abaixo do esperado diante dos pacotes eleitoreiros. Além disso, Bolsonaro não consegue tirar votos de Lula, e a redução de sua rejeição também não se dá no ritmo necessário.

A avaliação é da cientista política Rosemary Segurado, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Em entrevista a Rafael Garcia, do Jornal Brasil Atual, a Rosemary baseia sua análise com base na última pesquisa Datafolha, divulgada ontem (18). No estudo, o petista aparece 15 pontos percentuais à frente de Bolsonaro no primeiro turno, com 47%, ante 32% do candidato à reeleição.

O crescimento de 3 pontos de Bolsonaro em relação à pesquisa anterior fica dentro da margem de erro. O presidente também conseguiu avançar numericamente entre outros segmentos, como o de eleitores que ganham de dois a cinco salários mínimos, no qual Bolsonaro no qual agora figura em empate técnico com Lula, também dentro da margem de erro (40% a 38% para o petista). “Ele (Bolsonaro) precisava mexer nisso e não consegue”, comenta Rosemary. Além disso, na faixa mais pobre – e mais populosa – Lula ainda lidera, com 54% a 23%.

Rejeição mais alta

A rejeição a Bolsonaro também segue como obstáculo para o atual presidente, de acordo com ela, já que Datafolha apurou que 51% declaram que não votariam nele de jeito nenhum. “Reverter 51% de rejeição, no tempo que se tem, menos de 45 dias da eleição, não é simples. E talvez seja ainda mais difícil para Bolsonaro, que todos os dias produz notícias negativas para a sua própria campanha. Por exemplo, ontem, ter agredido um youtuber que foi esperá-lo na saída do Palácio do Planalto”, observa a cientista política. Ela se refere ao caso em que Bolsonaro foi chamado nesta quinta de “thutchuca do centrão“. E, revoltado, partiu para cima de Wilker Leão, tentando arrancar o celular de suas mãos.

Primeiro turno

Rosemary também vê com ressalva análises da mídia comercial que apontam como certo o segundo turno. “Os dados não estão mostrando exatamente isso”, analisa. “Temos o ex-presidente Lula bastante consolidado na liderança e Bolsonaro, mesmo com todas essas medidas feitas recentemente, e Bolsonaro não conseguiu reverter (a rejeição). Crescer um ponto em um mês e em outro é insuficiente e distante da expectativa do que conseguiria com esses recursos. Nós não estamos vendo essa mudança. Então, há sim essa possibilidade de vitória no primeiro turno (de Lula).”

O Datafolha indicou que Lula tem hoje 51% dos votos válidos, excluindo nulos e brancos, ante 35% de Bolsonaro. O ex-presidente também supera o atual com uma diferença de 13 pontos percentuais em São Paulo, 20 em Minas Gerais e 6 no Rio de Janeiro. Os três colégios eleitorais normalmente já indicam quem pode ser o vencedor das eleições. “No Rio a diferença é menor, mas temos que ter em mente que sua vida e trajetória política foram constituídas totalmente no Rio. Ele tem uma base de apoio muito grande no estado, então é compreensível que ele tenha uma performance melhor do que em outros lugares”, pondera Rosemary.

________

Com informações da RBA.

No Ceará, Lula tem 50% na espontânea e Ciro 8%, diz Ipespe

 

(FOTO | Divulgação).

A Ipespe também divulgou nesta sexta-feira, 5, os dados da pesquisa de intenção de voto para a presidência da República entre os eleitores do Ceará.

No levantamento espontâneo, o ex-presidente é o líder absoluto com 50% de preferência dos cearenses. Na segunda colocação, aparece Jair Bolsonaro (PL) com 18% e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que no seu próprio estado, registra 8% das menções. Branco/Nulo 3% e Indecisos 19%.

Na estimulada, Lula também aparece na liderança com 55% das intenções de voto contra 20% de Jair Bolsonaro (PL) e 11% do próprio Ciro. Confira os outros nomes:

André Janones (Avante): 4%

Simone Tebet (MDB): 1%

Vera Lúcia (PSTU): 1%

Eymael: 0

Nenhum / branco / nulo: 3%

Não sabe / não respondeu: 5%

A Ipespe entrevistou (por telefone) cerca de 1000 eleitores do Ceará entre os dias 30 de julho e 2 de agosto de 2022. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa pesquisa foi contratada pelo Jornal O Povo e está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre os números BR-03845/2022 e CE-01693/2022.

____________

Com informações do O Cafezinho.

Mais de 70% dos eleitores já estão decididos sobre voto presidencial, diz Datafolha

 

(FOTO/ Divulgação).

A pesquisa do DataFolha divulgada nesta quinta-feira, 28, também revela que 71% dos eleitores entrevistados pelo levantamento estão decididos no que diz respeito ao voto presidencial.

Já 28% diz que ainda pode mudar a escolha pelo próximo titular do Palácio do Planalto. As intenções de voto mais consolidadas são destinados a Lula e Jair Bolsonaro.

No caso do líder progressista, 79% afirmam que estão totalmente decididos. Outros 20% afirmam que ainda podem mudar de candidato. Em relação a Bolsonaro, os índices são de 79% e 21%, respectivamente.

No que diz respeito ao voto no ex-ministro Ciro Gomes (PDT), 34% dizem estar totalmente decididos e 65% que ainda podem mudar. Em relação a Simone Tebet (MDB), os índices são de 39% e 59%.

O DataFolha ouviu 2.556 pessoas em 183 municípios entre os dias 27 e 28 de julho de 2022. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no TSE com o número BR-01192/2022.

___________

Com informações de O Cafezinho.

A marcha para Jesus se veste de Bolsonaro

 

Bolsonaro discursa no palco do evento Marcha para Jesus. (FOTO |Thiago Gadelha).


Por Alexandre Lucas, Colunista 

Esse ano a “Marcha para Jesus” completa 30 anos, organizada pelas Igrejas evangélicas, o evento que acontece em vários estados brasileiros  está se transformando em palanques eleitorais para o bolsonarismo. As programações misturam pregações, músicas gospel, atividades infantis, trios elétricos e a presença de Bolsonaro, motociata, réplicas de arma de fogo, uso  intenso do   verde e amarelo, cores de  demarcação política dos apoiadores do presidente da república.         

Nas eleições de 2018, os evangélicos tiveram papel predominante na vitória eleitoral de Bolsonaro, a memória recente ainda guarda a lembrança das mãos fazendo alusão as “arminhas”. Os pastores de forma organizada se transformaram  em cabos eleitorais do bolsonarismo. De acordo com o Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, a Frente Evangélica no congresso nacional representa   quase 30% da população e 24% do eleitorado brasileiro e a maioria apoia o governo Bolsonaro.

A marcha evangeliza para eleger o Messias que não segue os ensinamentos de Jesus. O discurso armamentista, odioso e de retirada de direitos de Bolsonaro coloca em risco a democracia,  esquarteja as conquistas sociais, gera instabilidade econômica e promove a agenda da carestia e do desemprego.

O movimento evangélico sabe do seu poderio eleitoral. Conforme aumenta  as igrejas e os seus fiéis ampliasse  a sua participação no cenário político nacional. Os evangélicos estão preparados para a disputa das eleições de 2022, isso é fato.

Se não existe espaço vazio na política, os evangélicos conseguiram acertar na sua força social e política para obter um bom desempenho na matemática eleitoral.  

É preciso desconstruir  esses palanques eleitorais de sapata fascista que esconde  o seu intento ideológico e eleitoral.

Entretanto, outras marcham se movem no país em defesa do evangelho de Jesus Cristo e pela derrota de Bolsonaro. Os evangélicos se dividem,  não são uma unanimidade, diversos grupos se manifestam contrários ao atual presidente e desmascaram a trindade “Deus, Pátria e Família”, lema de inspiração fascista já pronunciado por Bolsonaro.

É hora de unir as forças, de colocar a bíblia na mesa ( e reler), juntar os pastores e as pastoras  que acreditam na divisão e multiplicação do pão, na defesa vida e que estejam dispostos  a luta ao lado dos oprimidos e dos explorados numa marcha verdadeira para Jesus. Marcharemos com evangélicos, com os patriotas e as famílias no sentido oposto do fascismo, da ditadura e da retirada de direitos da classe trabalhadora.  

Pesquisas da semana: Lula segue na liderança e alta rejeição mostra limites de Bolsonaro

 

Na disputa com Lula, Bolsonaro oscila dentro ou próximo à margem de erro em simulações de segundo turno - Ricardo Stuckert e Agência Brasil.

As duas pesquisas nacionais sobre a corrida presidencial divulgadas nesta semana mostram uma diminuição, dentro da margem de erro, da distância entre o líder dos levantamentos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Mesmo assim, ambas trazem a possibilidade de vitória do petista em primeiro turno.

Na Quaest/Genial, publicada na quinta-feira (7), Lula tem 45% contra 31% de Bolsonaro. Em seguida aparecem Ciro Gomes (PDT), com 6%, André Janones (Avante) e Simone Tebet (MDB), com 2% cada um, e Pablo Marçal (Pros), com 1%. Vera Lúcia (PSTU), Eymael (Democracia Cristã), Felipe d'Ávila (Novo), Sofia Manzano (PCB), Luciano Bivar (União Brasil) e Leonardo Péricles (UP) não pontuaram, enquanto brancos e nulos somaram 6%, e indecisos outros 6%.

Lula tem 45% contra 42% de seus adversários somados. Na pesquisa anterior do instituto, o petista tinha 46%, enquanto Bolsonaro aparecia com 31%. Quando se observa a rejeição, o atual presidente tem o maior índice, com 59% dos eleitores afirmando que não votariam no capitão reformado. Ciro Gomes tem 55% e Lula, 41%.

As pesquisas e a rejeição a Bolsonaro

A elevada rejeição evidencia os limites do crescimento do candidato à reeleição. Em um eventual cenário de segundo turno, o petista tem 53% contra 34% do atual presidente, com 9% afirmando que votariam em branco, nulo ou que não votariam, e 4% se dizendo indecisos.

Ou seja, em relação ao percentual que apresenta no cenário de primeiro turno, Bolsonaro cresce três pontos, apenas um acima da margem de erro da pesquisa, sugerindo que não consegue agregar votos de forma significativa no turno decisivo, enquanto Lula cresce oito pontos percentuais.

O mesmo acontece na pesquisa PoderData, feita por telefone e divulgada também na quinta. Os dados mostram o petista com 44%, seguido pelo candidato do PL, com 36%, com uma oscilação positiva de 2%, dentro da margem de erro, em relação ao levantamento anterior. Nesta sondagem, os adversários somados de Lula têm 47%, configurando empate técnico com o ex-presidente e colocando a possibilidade de a eleição ser resolvida no primeiro turno.

Em cenário semelhante ao da pesquisa Quaest, na PoderData Bolsonaro apenas oscila na margem de erro na simulação de segundo turno, passando de 36% para 38%. Já Lula consegue adicionar seis pontos percentuais, passando de 44% para 50%. Segundo o instituto, o atual presidente é rejeitado por 52% dos brasileiros, índice que é de 38% para Lula.

___________

Com informações do Brasil de Fato.

Pesquisa Quaest/PDT revela que no Ceará, Lula tem 59%, Bolsonaro 18% e Ciro 11%

 

(FOTO/ Reprodução/ Poder360).

Por Nicolau Neto, editor

O Jornalista Érico Firmo, do O POVO, publicou na manhã desta quinta-feira, 07 de julho, dados da Pesquisa Quaest que foi contratada pelo PDT para orientar escolha de candidatos da agremiação ao Governo do Ceará. A informação, segundo Firmo, foi divulgada por Carlos Mazza, colunista do portal mencionado.

A pesquisa ouviu de forma presencial 1.500 eleitores espalhados em 49 municípios do Estado entre os dias 27 de junho e 1º de julho e foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por meio dos números BR-07841/22 e CE-05334/22. Firmo destacou que a pesquisa demonstrou que o ex-presidente Lula (PT) atingiu quase 60% (59%), enquanto que o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) não conseguiu alcançar 20%, ficando, pois com 18%. Ciro Gomes (PDT) chegou a pontuar no seu Estado 11%.

Ainda pontuaram André Janones (Avante) e Simone Tebet (MDB) com 3% e 1%, respectivamente. 4% pretendem votar branco/nulo, enquanto que 3% ainda não decidiram em quem votar.

O levantamento que foi realizado visando orientar a escolha de quem será o representante do PDT ao governo do Ceará nas eleições deste ano e mostrou que o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio é o que tem o melhor desempenho frente ao Capitão Wagner (União Brasil). Cláudio aparece com 40%. Segundo a margem de erro, ele está tecnicamente empatado com Wagner, pré-candidato da oposição, que pontuou com 44%.

Já a atual governadora Izolda Cela atingiu 30% diante de 52% do Wagner. Movimentos nas redes sociais já foram lançados em prol de Izolda para que a governadora e ex-secretária estadual da Educação seja a escolhida do PDT na disputa.

A pesquisa também fez simulação com os outros nomes do PDT, como Mauro Filho e Evandro Leitão. Ambos com resultados menores.

Clique aqui e veja os dados completos.

Bolsonaro dobra gastos com publicidade na TV em ano eleitoral; Globo ultrapassa Record e SBT

 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) carregando uma placa com os dizeres "Globo Lixo", em fevereiro de 2021 - Reprodução/Facebook.

Se um dia o presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou a Rede Globo uma das inimigas do país, hoje ele já nem se lembra mais. Entre janeiro e junho deste ano, o governo dobrou os gastos com publicidade na emissora, em relação com mesmo período do ano passado. 

Pré-candidato à reeleição, hoje Bolsonaro utiliza o espaço da maior rede de TV do país para fazer campanha e divulgar o que fez em três anos e meio de governo. Há cerca de um ano, em fevereiro de 2021, Bolsonaro chegou a levantar uma placa com a frase “Globo Lixo”, durante viagem para a entrega do Centro Nacional de Treinamento de Atletismo do município de Cascavel, no Paraná.

Entre 1º de janeiro a 21 de junho do ano passado, foram pagos R$ 6,5 milhões à TV Globo pela veiculação de materiais publicitários. Em 2022, houve um aumento de 43% desse valor, chegando a R$ 11,4 milhões, segundo dados da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência (Secom), reunidos pelos UOL.

O valor investido somente nesse período equivale a 42% de todo recurso destinado à compra de espaço publicitário na Globo durante os quatro anos de mandato, considerando os seis primeiros meses de cada ano. 

Juntas, Globo, SBT, Rede TV, Record e Band receberam R$ 33 milhões no primeiro semestre. É o maior valor desde 2009, quando foram pagos R$ 30,4 milhões em valores líquidos. O montante destinado à TV Globo nesses primeiros seis meses do ano superou o montante pago à Record e à SBT, emissoras próximas do presidente Jair Bolsonaro.

Campanhas institucionais

Mas não foram só os valores pagos à TV Globo que mudaram. O modelo de propaganda que mais recebeu investimento também passou por modificações. Se em 2021, a Secom comprou mais inserções publicitárias para veicular informações de “utilidade pública”, neste ano priorizou materiais institucionais. 

Em 2021, foram 46 propagandas de utilidade pública e 10 para materiais institucionais na TV Globo. Neste ano, entre janeiro e junho, foram 72 campanhas institucionais e somente duas de utilidade pública. As campanhas institucionais são aquelas que contém informações sobre os feitos da gestão e ajudam a levantar a popularidade do presidente.

Na Record, o volume de materiais institucionais saiu de seis para 53. No total, as cinco maiores emissoras do país receberam um aumento de 69% na quantidade desse tipo de material veiculado, em relação ao primeiro semestre do ano passado.

Os recursos destinados à TV Globo passaram a aumentar depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) obrigou a Secom a direcionar os investimentos com propaganda de acordo com critérios técnicos, como os números de audiência dos veículos de comunicação. 

----------------------

Edição: Vivian Virissimo, originalmente no Brasil de Fato.

Bolsonaro versus Moraes: qual é o jogo que ameaça a democracia?

 

Alexandre de Moraes assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto de 2022. Conduzirá, portanto, como autoridade maior, as eleições nacionais desse ano - Evaristo Sá / AFP.


Seu jogo de colocar em dúvida se respeitará o resultado eleitoral caso seja derrotado é óbvio

Em O Povo Contra a Democracia, um dos livros mais interessantes que li há três anos na busca de compreender o fenômeno da ascensão da extrema-direita no mundo, Yascha Mounk afirma um ponto em comum nas experiências mundiais: a oposição sempre subestima e menospreza o líder populista, deixando de enxergar o que pode advir de suas “bravatas”.

A guerra que Jair Bolsonaro trava com o Poder Judiciário saiu do campo do mero discurso e da retórica para apoiadores e passou a utilizar os instrumentos formais de que dispõe, em um custo de oportunidade de vantagem tática e estratégica na disputa indireta para desestabilizar o campo institucional que tem por adversário.

Até bem recentemente, para alguns agentes públicos, quando se falava na possibilidade de golpe no Brasil havia uma rejeição natural ao nome por se fazer uma projeção de vivência passada ao futuro. A experiência democrática pós anos 80, com a Constituição Federal e as eleições diretas, firmou uma crença nas instituições e na estabilidade das relações no interior do Estado como se fossem capazes, por si só, de dar conta de tentativas de dissolver qualquer aventura golpista.

Com a subida do tom do discurso de Bolsonaro nas redes e nas ruas a partir de 2021, bem como as falas feitas pelo ministro da Defesa, general do Exército Walter Braga Netto, especialistas e pessoas públicas começaram a levar em consideração que a perspectiva de não respeitar a vontade das urnas, conquanto possa ser complexa e difícil a probabilidade de sucesso, possui desejo e disposição do Presidente da República, o que a torna um cenário possível real.

Na seara de mudança de método, Bolsonaro apresentou no último dia 16 de maio uma notícia de crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro Alexandre de Moraes, acusando-o de abuso de autoridade na condução do Inquérito 4.781, conhecido como inquérito das fake news, que investiga a coordenação de ataques aos ministros do Supremo. O pedido foi imediatamente rejeitado pelo ministro Dias Toffoli, ao que Bolsonaro respondeu apresentando, no dia seguinte, uma representação para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue Moraes e com o anúncio de que estuda denúncia às cortes internacionais.

O inquérito das fake news foi aberto em março de 2019 com base no artigo 43, do Regimento Interno do STF. Em junho de 2020, o plenário do Tribunal, nos autos da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 572, julgou a investigação legal e constitucional, por 10 votos a 1, divergindo apenas o ministro Marco Aurélio Mello. O entendimento do colegiado foi o de que ataques em massa, orquestrados e financiados com propósito de intimidar os ministros e seus familiares, justificam a manutenção das investigações, necessárias para viabilizar a defesa institucional daquela instituição.

Evidentemente, Jair Bolsonaro não imagina que o STF vá abrir investigação contra um de seus ministros pela condução de um inquérito por eles mesmos validado. Sua insistência aponta criar condições agora para intenções futuras.

Alexandre de Moraes assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto de 2022. Conduzirá, portanto, como autoridade maior, as eleições nacionais desse ano. A Bolsonaro importa, desde já, desgastar ao máximo a imagem do futuro presidente do TSE, a quem já chamou de “líder da oposição”, “líder de partido de esquerda”, “canalha” e adjetivos análogos. Ao situá-lo no campo de adversário político, a arguição de sua suspeição para conduzir julgamentos que coloquem a lisura das eleições em questão será apenas consequência, as condições estarão dadas.

A despeito de seu despudorado desprezo pelas perdas de vidas humanas com a pandemia da covid-19, dos frequentes escândalos que assolam seu governo, da deprimente situação econômica do país, de uma agenda de destruição das políticas públicas em todos os níveis, da violação cotidiana de direitos, Bolsonaro possui um espantoso índice de aprovação popular e de intenção de votos que o torna um candidato competitivo para se reconduzir à cadeira que hoje ocupa. Por centenas de razões, algumas facilmente detectáveis por um jogo político midiático diuturnamente alimentado pela antipolítica, outras que nos desafiarão por décadas a compreender.

Seu jogo de colocar em dúvida se respeitará o resultado eleitoral caso seja derrotado é óbvio, mas nem por isso menos perigoso. Não se trata de fazer prognóstico pessimista a respeito, menos ainda ser fatalista, mas de levar a sério suas ameaças à democracia.

As entidades que ora se movimentam para observar de perto o processo eleitoral, atuando nos fóruns abertos pelo TSE, já entenderam que há uma batalha em curso, que inclusive transpõe temporalmente o processo de outubro, mas requer uma atuação desde já. Não se trata de defender uma pessoa, tampouco esquecer a contribuição dos órgãos do sistema de justiça para o atual estado de coisas, no estrago na credibilidade e solidez das instituições brasileiras e os danos às normas constitucionais. Trata-se da defesa das regras do jogo democrático.

Nesse jogo, as eleições são apenas uma etapa. Fundamental, bom que se afirme, mas uma etapa. O pior erro, o mais fatal, seria supor que sejam um fim em si mesmas e que o fenômeno do bolsonarismo se esvairá com a derrota de seu líder. Haverá uma luta muito longa pela frente, de múltiplos conflitos. Por isso mesmo a atual batalha importa tanto. Porque alude à contenção da marcha da corrosão das normas democráticas no momento primário, com garantia das eleições livres e a afirmação da vontade popular.

Nesse jogo não somos torcida, estamos em campo.

__________

Por Tânia Maria Saraiva de Oliveira, em sua Coluna no Brasil de Fato.

*Tânia Maria Saraiva de Oliveira é advogada, historiadora e pesquisadora. É integrante do Grupo Candango de Criminologia da UNB (GCcrim/UNB) e integrante da Coordenação Executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).


Quem defende a educação de verdade é contra o homeschooling e contra o Bolsonaro.

 

(FOTO |Reprodução)


Lugar de criança é na escola

#HomeschoolingNão

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 18, o texto-base do projeto de lei que regulamenta o ensino domiciliar no Brasil, conhecido como homeschooling. Foram 264 votos favoráveis e 144 contrários, com duas abstenções. Hoje, 19, os deputados devem analisar os destaques, que são propostas de mudança na redação.

O que está em jogo é a regulamentação do ensino domiciliar na educação básica, nas etapas de Educação Infantil, Fundamental e Ensino Médio, a partir de uma modificação na Lei de Diretrizes e Bases. A prática não é regulamentada no País, por um entendimento do Supremo Tribunal Federal de 2018 de que não há lei que estabeleça as diretrizes do ensino domiciliar.

A maioria das propostas para a regulamentação do tema tem como autores apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, caso do PL 2401/19, que leva as assinaturas de Damares Alves, ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e de Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação. À proposta está apensado o PL 3179/12, do deputado Lincoln Portela (PL-MG), um pastor evangélico.

Votei contra o projeto e permanecerei sendo contra o ensino domiciliar. Escola é lugar de aprendizado, de convívio social e de proteção. As escolas devem receber mais investimentos e os educadores devem ser valorizados. Bolsonaro é inimigo da educação pública de qualidade. Quem defende a educação de verdade é contra o homeschooling e contra o Bolsonaro.

-----------------

Texto do Deputado Federal Glauber Braga, em suas redes sociais.

Carlos Alberto Tolovi: A diversidade sempre foi vista como uma ameaça para um sistema de poder que quer ser absoluto

 

Carlos Alberto Tolovi. (FOTO/ Reprodução/ YouTube/ Papo Social Podcast).

Em 29 de dezembro de 2018, logo após o processo eleitoral ter chegado ao fim e colocado no poder um representante da extrema direita, o Jair Messias Bolsonaro, o Blog Negro Nicolau (BNN) entrou em contato com o professor da Universidade Regional do Cariri (URCA), o Dr. Carlos Alberto Tolovi.

A entrevista foi uma das mais acessadas do Blog desde o seu lançamento em 2011 e, por isso mesmo, resolvemos republicá-la.

Naquela oportunidade, ressaltamos que o resultado das eleições trouxe a cena uma questão fundamental e com ela outras tantas. Quais os desafios do Brasil pós-eleição? Quais as estratégias que devem ser tomadas para que os a margem do poder não sejam cada vez mais massacrados nesses quatro anos vindouros? Como os movimentos sociais devem se comportar? É possível um diálogo mais eficiente entre partidos de esquerda e os movimentos sociais? Como isso deve ser feito para atingir os menos favorecidos?

Para contribuir com essas e tantas outras questões e desafios, o Blog entrevistou o filósofo, Dr. em Ciências da Religião e autor de dois livros, Carlos Alberto Tolovi. Tolovi afirma que a vitória de Bolsonaro foi uma “tragédia” social no Brasil e que ele representou a “construção de uma narrativa organizada pela direita, que respondia aos desejos e necessidades da coletividade a partir de um caos produzido intencionalmente.”

O filósofo, autor dos livros “Mito, Religião e Política. Padre Cícero e Juazeiro do Norte” (Editora Prismas, 2019) e “Moral e Ética nas Relações de Poder” (Editora Brazil Publishing, 2021), ressalta que nas disputas ideológica o campo da educação é o mais importante, sendo a diversidade uma constante ameaça.

Não podemos nos esquecer que, na guerra ideológica, o campo da educação é um dos mais importantes. Principalmente em um movimento fascista como esse que estamos vendo. A diversidade sempre foi vista como uma ameaça para um sistema de poder que quer ser absoluto, disse.

Leia a entrevista concedida por e-mail ao Blog Negro Nicolau (BNN).

Blog Negro Nicolau (BNN). Você é conhecido por ser um professor ligado aos movimentos sociais, inclusive os de linhagem religiosa. No que pese a política partidária usou muito sua rede social facebook para se manifestar contra o candidato eleito Jair Bolsoanro (PSL). A que você credita a vitória de Bolsonaro?

Carlos Alberto Tolovi. Quando um filósofo ou um sociólogo, com bases marxistas como eu, tenta entender o fato de um candidato de extrema direita se eleger com os votos de grande número de trabalhadores, nós corremos o risco de responder dentro de um esquema fechado, que não dá conta do fenômeno ocorrido. Em minha perspectiva, entre os diversos fatores que contribuíram para essa “tragédia” social no Brasil, eu coloco uma questão que se encaixa dentro de um padrão universal: sempre que for possível construir um caos social e a partir do mesmo colocar em destaque uma narrativa ordenadora, que responda aos desejos e necessidades da coletividade, é possível produzir um mito. Porém, esse mito sempre nasce com desejo de sacrifício. E nesse esquema, o sacrificado é sempre aquele que não possui poder de reação. Neste contexto, Bolsonaro não era apenas um candidato. Ele era a construção de uma narrativa organizada pela direita, que respondia aos desejos e necessidades da coletividade a partir de um caos produzido intencionalmente. Assim, em nome de um reordenamento por meio de uma moral colonialista, foi possível criar uma “onda devastadora” que diabolizou e condenou todos os focos de resistência das minorias sociais no campo da luta de classes. A partir da diabolização do Partido dos Trabalhadores foi possível rotular de forma condenatória todos os partidos e movimentos de esquerda em nosso país. Paulo Freire já nos alertava que uma das formas de dominação e opressão viria da mitologização da realidade.

BNN. O que esperar de um governo em que o eleito já demonstrou ser contra todos os direitos das maiorias sociais, porém minorias nos espaços de poder?

Tolovi. Hoje é muito comum encontrar pessoas que não votaram em Bolsonaro com o seguinte discurso: “vamos esperar, quem sabe ele não seja tão ruim como nos parece! Quem sabe ele nos surpreende?” Por outro lado, os que contribuíram com a sua eleição afirmam: “ele nem assumiu ainda e vocês já estão condenando!” Em meio a esses discursos, uma coisa já aprendemos nas lições da história: o que vimos de bom especificamente para os mais pobres vindo da classe política denominada como direita? Você poderia destacar uma conquista social, como os direitos da classe trabalhadora, que não veio com suor e sangue de pessoas inseridas nas lutas denominadas como esquerda? Pois é! Se Bolsonaro se elegeu canalizando as energias e investimentos da elite do nosso país, como os banqueiros, os fazendeiros, os médicos, enfim, os que podem ser chamados de burguesia, o que podemos esperar desse governo? Que ele traia a classe que o elegeu ou que ele sacrifique as minorias no campo do poder para saciar a fome dos capitalistas inescrupulosos?

BNN. O presidente eleito irá colocar no Ministério da Educação o professor e filósofo colombiano Ricardo Velez Rodriguez. Ele foi indicado pelo escritor e jornalista Olavo de Carvalho e teve o apoio da bancada evangélica. É possível ter uma educação voltada para o reconhecimento e valorização da diversidade nesse governo?

Tolovi. Bem, se foi indicado por Olavo de Carvalho – um intelectual banal  e “prostituto” da direita; se foi aprovado pela bancada evangélica – tendo como referência Edir Macedo e Silas Malafaia, dois grandes representantes da religião como forma de dominação; e se foi aprovado por Bolsonaro, então, o que esperar desse ministro? Não podemos nos esquecer que, na guerra ideológica, o campo da educação é um dos mais importantes. Principalmente em um movimento fascista como esse que estamos vendo. A diversidade sempre foi vista como uma ameaça para um sistema de poder que quer ser absoluto.

BNN. Houve mudanças no quadro do congresso nacional que foi eleito nessas últimas eleições. Acreditas que essas mudanças se darão também em ações que beneficiem aqueles a margem do poder?

Tolovi. Quando vemos um ator pornô, um palhaço, e tantos outros personagens que chegaram ao poder na “onda do golpe”, desencadeado pelo legislativo, apoiado pelo judiciário e alimentado pela grande mídia, nos perguntamos: o que devemos esperar? Sabemos que na Câmara dos Deputados e no Senado Federal teremos certamente focos de resistência em defesa dos que estão à margem do poder. Contudo, se não ocorrer o fortalecimento e a união dos movimentos sociais, fortalecendo os partidos de esquerda em nosso país, é muito difícil esperar políticas públicas voltadas aos menos favorecidos.

BNN. A grande sacada de Bolsonaro e de seus seguidores eleitos para o campo da educação é o projeto “Escola sem Partido”. Se aprovado, didaticamente falando qual o efeito que ele terá?

Tolovi. Como o campo da educação está em disputa tendo em vista o controle do Estado, precisamos desmontar essa narrativa ideológica. Em primeiro lugar, você conhece alguma “Escola com partido”? Aqueles que sustentam os partidos de direita e extrema direita em nosso país, propõem uma “Escola sem Partido". Mas, estão fazendo essa proposta pensando em todas as escolas? É claro que não! Apenas para as escolas públicas, onde estão as crianças, os adolescentes e jovens dos trabalhadores. Afinal, é nas escolas que estes poderiam despertar, fazendo uma leitura crítica da realidade e não aceitando ser mão de obra barata para o mercado de trabalho. Os dominadores já perceberam que as escolas e Universidades públicas representam focos de resistência diante de suas propostas de “colonização moderna”.

BNN. Certa vez no programa “Esperança do Sertão”, da Rádio Comunitária Altaneira FM, você chegou a afirmar “quer acabar com a resistência e o poder de organização e criticidade de um povo"?, "destrua a educação e a cultura". Um seguidor militar de Bolsonaro e que fala sobre educação chegou a dizer que é preciso trazer “a verdade” sobre o período da ditadura civil-miliar no Brasil para os livros escolares. Que efeito prático tem essa frase?

Tolovi. Somente pela educação e pela cultura é possível desencadear um processo de colonialidade – uma forma de colonização da subjetividade. A maneira de fazer o colonizado assumir a visão de mundo e a defesa do colonizador. Sem esquecer que a moral e a religião encontram-se nesse campo cultural. Afinal, são duas dimensões essenciais para fazer o explorado defender o seu próprio explorador, pois o dominado assume os valores morais da classe dominante.

E com relação a afirmação do professor sobre a “verdade da ditadura”, nos serve para refletir sobre esse termo: a verdade. Para um povo que assumiu as verdades dos invasores e colonizadores, denominados como “descobridores”, não é de se estranhar uma afirmação como essas. O estranho foi descobrir nessas últimas eleições a quantidade de professores preconceituosos, machistas e fascistas que temos em nossas escolas. Nos faz refletir sobre os nossos processos formativos em nossas Universidades.

BNN. Bolsonaro já formou seu quadro de ministros que irão exercer suas funções a partir de janeiro. Qual avaliação você faz dessas escolhas?

Tolovi. Sem novidades! Pessoas que desprezam a diversidade, a educação pública, as políticas públicas, as manifestações culturais e as necessidades dos negros e dos índios, etc. etc.. Inclusive com Sergio Mouro, para passar uma imagem de um governo sério. Afinal, se o desejo é o sacrifício dos menos favorecidos para atender à “necessidade” de concentração de renda, é preciso um “Capitão do Mato” para caçar os “escravos rebeldes”. É preciso alguém que ajude a conter os movimentos de esquerda. Por isso tantos militares também no poder.

BNN. A democracia está em risco com o governo Bolsonaro?

Tolovi. Penso que não esteja em risco, mas já profundamente comprometida.

BNN. Fernando Haddad (PT) foi colocado de última hora para disputar a presidência. No fundo, a ala petista ainda acreditaria na soltura do Lula. Chegou no segundo turno, porém não venceu. A escolha do PT em apostar todas suas fichas no Lula foi um erro?

Tolovi. Não creio que o PT acreditava na soltura de Lula. O esquema do golpe foi bem montado e era preciso tirar Lula do caminho para que o mesmo funcionasse até o fim. O que o PT não contava era com a eficiência da estratégia do esquema montado em torno de Bolsonaro. Favorecido pela facada, que justificou a sua ausência nos debates e possibilitou o seu “silêncio”, alimentando a imagem da vítima com poder de reação por meio das redes sociais que alimentou incessantemente o ódio por tudo o que representava a diversidade frente a moral eurocêntrica.

BNN. Tu acreditar que Lula é um preso político?

Tolovi. Certamente! Porque devemos aderir à campanha do “Lula Livre”? Porque a trama que envolve a prisão de Lula faz parte de um golpe ainda em curso, com características de fascismo que, como afirmei anteriormente, compromete a nossa “jovem” democracia.

BNN. Guilherme Boulos (PSOL) é tido como a grande aposta do campo da esquerda para 2022, embora tenha tido uma votação inexpressiva. Qual sua avaliação sobre ele?

Tolovi. Foi o candidato que mais apresentou um plano de governo que serviria de alternativa viável frente ao capitalismo neoliberal. Foi quem mais denunciou de forma competente o sistema hegemônico vigente e quem mais apontou caminhos para a saída desse impasse gerado equivocadamente pela tentativa de “conciliação de classes”. Precisamos de alguém que assuma de fato algumas bandeiras socialistas viáveis nesse momento histórico, e não tenha medo de se assumir representante da Esquerda, voltado para as necessidades dos menos favorecidos.

BNN. O aparecimento de Bolsonaro acabou por acender a chama dos movimentos sociais. Boaventura de Sousa Santos disse em novembro último que os movimentos sociais são a chave para a reinvenção das esquerdas. Você concorda?

Tolovi. Certamente! São os movimentos sociais que alimentam e fortalecem os partidos de esquerda. São os movimentos sociais que são capazes de desencadear uma narrativa desmitologizante. São os movimentos sociais que fomentam o empoderamento das bases, onde se encontram os núcleos de resistência e de luta.

BNN. Que lição se pode tirar dessas eleições?

Tolovi. Um dos maiores erros do PT no poder - entre tantos outros -, foi ter assumido uma roupagem de conciliador. Enquanto incorporou diversas lideranças sociais ao poder executivo, acomodando os movimentos e as organizações de base, ofereceu espaço e tempo para que a elite brasileira formulasse um “golpe fatal”. Diante disso temos de aprender: a luta pela justiça social e equidade vai muito além de uma proposta de igualdade. Exige uma cultura de organização das bases, resistência e mobilizações permanentes.

Tolovi: “A diversidade sempre foi vista como uma ameaça para um sistema de poder que quer ser absoluto”

 

Carlos Alberto Tolovi. (FOTO/ Reprodução/ YouTube/ Papo Social Podcast).

Por Nicolau Neto, editor

Em 2018, o Brasil testemunhava um dos maiores retrocessos desde o projeto português de colonização e que implantou a escravização dos povos originários, inicialmente e, de povos africanos, posteriormente, como a principal ferramenta de sua manutenção. Naquele fatídico dia 28 de outubro, o capitão reformado do exército que desde 1991 estava como deputado federal, mas que pouco aparecia na mídia, não por decisão própria, mas porque nada tinha pra mostrar nesses anos todos como parlamentar, elegeu-se presidente com mais de 57 milhões de votos. 55,1% no segundo turno. Algo inimaginável para um país que carrega na sua trajetória política dois imperadores e dois processos ditatoriais. Estes últimos já no século passado.

Mesmo assim, dois meses depois do resultado das eleições de 18, este Blog entrevistou o professor universitário, filósofo e autor dos livros “Mito, Religião e Politica. Padre Cícero e Juazeiro do Norte” (2019) e Moral e Ética nas Relações de Poder” (2021), o Dr. Carlos Alberto Tolovi. Naquela oportunidade, algumas questões nortearam a entrevista, como por exemplo. Quais os desafios do Brasil pós-eleição? Quais as estratégias que devem ser tomadas para que os a margem do poder não sejam cada vez mais massacrados nesses quatro anos vindouros? Como os movimentos sociais devem se comportar? É possível um diálogo mais eficiente entre partidos de esquerda e os movimentos sociais? Como isso deve ser feito para atingir os menos favorecidos?

Para Tolovi, a vitória de Bolsonaro foi uma “tragédia” social no Brasil e que ele representou a “construção de uma narrativa organizada pela direita, que respondia aos desejos e necessidades da coletividade a partir de um caos produzido intencionalmente”.

O professor foi taxativo ao destacar que o processo que culminou na vitória de Bolsonaro representa ações de um movimento fascista e lembrou que “não podemos nos esquecer que, na guerra ideológica, o campo da educação é um dos mais importantes. Principalmente em um movimento fascista como esse que estamos vendo”.

Para complementar, asseverou:

A diversidade sempre foi vista como uma ameaça para um sistema de poder que quer ser absoluto.

2022 chegou e os desafios são enormes, a começar pela retirada da cadeira de presidente daquele que representa um perigo para a já fragilizada democracia; para os menos favorecidos; para negros/as e povos originários; para a comunidade lgbtqia+......

Quer reler essa entrevista? É só clicar aqui.