12 de setembro de 2025

'Tentou apagar nossa história’: movimentos negros, quilombolas e indígenas celebram condenação de Bolsonaro

 

Jair Bolsonaro em sua resistência. (FOTO |Sérgio Lima | AFP).

Movimentos sociais e organizações em defesa das comunidades quilombolas, indígenas e da população negra celebraram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.

Em nota oficial, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) destacou que os ataques à democracia terão resposta nas instituições e que os impactos da condenação vão além do campo jurídico.

“Hoje, ao ver a justiça alcançar aquele que tentou apagar nossas histórias e negar nossos direitos, celebramos mais do que um resultado judicial: comemoramos a afirmação de nossa existência e da força de nossa luta. A condenação de Bolsonaro é uma vitória da democracia, mas também da resistência quilombola, que há séculos enfrenta o silenciamento, a exclusão e o apagamento histórico”, afirmou a entidade. 

A CONAQ também relembrou ataques racistas e de violência simbólica contra quilombolas e negros feitos por Bolsonaro. Em 2017, durante uma palestra no Rio de Janeiro, o ex-presidente relatou uma visita a uma comunidade quilombola, dizendo que “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas” e que os quilombolas “não serviam nem para procriar”.

A entidade considerou a declaração um exemplo de racismo estrutural e desumanização de povos quilombolas. 

Em 2020, Bolsonaro voltou a repetir a ofensa e direcionou a frase preconceituosa a um quilombola e a um eleitor negro em frente ao Palácio da Alvorada. “Conseguiram te levantar? Tu pesa o quê? Mais de sete arrobas, né?”, disse.

Organizações cobram justiça por crimes do governo Bolsonaro

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) também se manifestou nas redes sociais, destacando a importância da condenação do ex-presidente por crimes contra a democracia e aos povos originários durante o seu mandato, encerrado em 2022.

Segundo a organização, o período foi marcado pelo desmonte de políticas ambientais, genocídio indígena, violação de direitos constitucionais e agressões aos biomas brasileiros.

“Seguimos exigindo justiça pena: que ele seja responsabilizado também pelos crimes contra os povos originários e contra a mãe terra”, declarou a articulação.

O Instituto Peregum, que atua na defesa dos direitos da população negra, afirmou que a condenação representa o peso das vozes negras que resistiram e foram silenciadas durante o governo Bolsonaro.

“Não esquecemos que a primeira morte por COVID-19 no Brasil foi de uma mulher negra trabalhadora doméstica, exposta por não poder se proteger. Não esquecemos as 100 mil, 250 mil, mais de 700 mil vidas perdidas sob a negligência criminosa de Bolsonaro”, publicou nas redes sociais.

A organização também ressaltou que a condenação não repara os crimes cometidos durante esse período. 

“Hoje, essa condenação não repara o genocídio cometido, mas marca um divisor de águas: mostra que não haverá mais impunidade para quem atenta contra a democracia e a vida”, acrescentou. 

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Por Thayna Santana, na Alma Preta Jornalismo.

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