13 de setembro de 2025

53% dos brasileiros não leem livros, aponta Pesquisa Retratos da Leitura

 

53% dos brasileiros não leem livros, aponta Pesquisa Retratos da Leitura. (FOTO | Reprodução | Publishnews).

A edição 2024 da Pesquisa Retratos da Leitura – a mais completa e aprofundada pesquisa sobre os hábitos de leitura do brasileiro –aponta que, nos últimos quatro anos, houve uma redução de 6,7 milhões de leitores no país. Pela primeira vez na série histórica da pesquisa, a proporção de não-leitores é maior do que a de leitores na população brasileira: 53% das pessoas não leram nem parte de um livro – impresso ou digital – de qualquer gênero, incluindo didáticos, bíblia e religiosos, nos três meses anteriores à pesquisa.

Ao se considerar somente livros inteiros lidos, no período de três meses anteriores à pesquisa, o percentual de leitores é ainda menor: 27%. Livros lidos por vontade própria, inteiros ou em partes e de qualquer gênero, foram lidos por 43% da população brasileira com 5 anos ou mais.

A média de livros lidos no período de três meses também diminuiu, de 2,6 para 2,4. Considerando apenas livros lidos inteiros no mesmo período, é de apenas 0,82 por entrevistado.

Números da série histórica da Pesquisa Retratos da Leitura | © Instituto Pró-Livro.


Pesquisa foi realizada em 208 municípios

Realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL), com incentivo fiscal pela Lei Rouanet, e patrocinada pelo Itaú Unibanco, esta edição contou com parceria da Fundação Itaú e com apoio da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). O levantamento foi feito pelo Instituto Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria.

A amostra foi de 5.504 entrevistados em 208 municípios. Realizado desde 2007, o levantamento deste ano trouxe novos indicadores. Pela primeira vez foi mensurado o número de livros infantis nas residências e os hábitos de leitura dos pais sob a ótica das crianças entre 5 e 13 anos. Outra investigação importante, e que tem sido objeto de estudo de especialistas, é como os leitores avaliam a leitura no suporte papel e no digital: qual é mais efetiva para a atenção e a compreensão?

Para possibilitar a construção e manutenção da série histórica do estudo – crucial para avaliação, monitoramento e orientação de políticas públicas – a metodologia da pesquisa segue orientação do CERLALC (Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e o Caribe) e se mantém desde 2007. Para identificar as mudanças que acontecem no cenário da leitura, em especial, impactado pelos novos suportes e meios digitais de acesso e produção de conteúdo, o Instituto Pró-Livro busca a cada edição a consultoria de especialistas para a formulação de questões voltadas a um diagnóstico mais preciso das mudanças que impactam o comportamento leitor.

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, desenvolvida ao longo desses 18 anos pelo IPL, tornou-se muito mais do que um levantamento de dados; ela é um verdadeiro farol para compreendermos os desafios que enfrentamos na promoção da leitura”, comenta Sevani Matos, presidente do IPL. "É um trabalho que reflete o compromisso com a transformação cultural do Brasil”, completa Sevani.

Como parte deste diagnóstico, a edição atual da pesquisa também contou com a reformulação de perguntas e de itens de respostas, para captar as mudanças e facilitar a compreensão do entrevistado. A coleta de dados foi realizada pelo Ipec, por meio de entrevistas domiciliares face a face, com registro das respostas em tablets, e ocorreu entre 30 de abril de 2024 e 31 de julho de 2024.

Segundo o IPL, a Retratos da Leitura no Brasil apresenta um raio-X da relação do brasileiro com o livro, aferindo informações sobre hábitos e motivações para a leitura; representações e valorização da leitura; leitura de literatura; preferências sobre livros, gêneros e autores; a leitura em diferentes suportes; o acesso a livros, em papel e digital, envolvendo bibliotecas e os diferentes canais de distribuição e venda; o papel das escolas, das famílias e das bibliotecas na formação de leitores e no desenvolvimento da leitura no Brasil; práticas leitoras e acesso em meio digital e fragmentado, em diferentes materiais e ambientes; a formação de leitores e a influência para o consumo ou acesso aos livros.

O objetivo da pesquisa é conhecer o comportamento leitor do brasileiro, a partir dos cinco anos de idade, medindo a intensidade, forma, limitações, motivação, condições de acesso ao livro – impresso e digital – pela população, orientado para contribuir com as políticas públicas e expandir o público leitor. “Este retrato detalhado tem sido essencial para orientar políticas públicas e inspirar ações concretas de incentivo à leitura e ao acesso ao livro, envolvendo tanto a sociedade civil quanto os governos”, afirma a presidente do Instituto Pró-Livro.

Redução de leitores em todos os perfis

A redução no percentual de leitores identificada na série histórica da pesquisa se deu em todos os perfis e segmentos pesquisados: por faixa etária, gênero, escolaridade, classe, renda e entre estudantes e não estudantes.

Considerando a faixa etária, apenas entre a população com 11 e 13 anos e com 70 anos ou mais não foi registrada redução no percentual de leitores. A faixa etária de 11 a 13 anos é a que apresenta o maior percentual de leitores – no entanto, vale ressaltar que a pesquisa também considera a leitura de livros didáticos como parte da investigação.

Redução ocorreu em quase todos os perfis de leitores | © Instituto Pró-Livro


Para além das novidades dessa edição, as principais questões que gostaríamos de deixar para refletirmos são: por que temos tão poucos leitores? Os interesses e hábitos de leitura revelados por essa ‘radiografia’ podem explicar se estamos formando leitores críticos e que compreendem plenamente o que leem, essenciais para nosso desenvolvimento social, humano e nossa democracia? E como melhorar esse retrato?”, questiona a coordenadora da pesquisa, Zoara Failla.

Influenciadores e motivações de compra

A pesquisa buscou compreender também o papel da internet, das redes sociais e dos influenciadores digitais no hábito da leitura. No geral, apenas 2% dos leitores mencionaram que a indicação de um influenciador digital, de um blog, das redes sociais ou do YouTube motivou a escolha de um livro para ler. Já quando perguntado àqueles que compraram algum livro qual o fator de influência nessa compra, 3% mencionaram os influenciadores digitais, em 2024. Tema se mantém em primeiro lugar com 52%. As menções ao preço (15%) e a autor (20%) tiveram redução de sete pontos percentuais em comparação com 2019.

Fatores que motivaram escolhas de livros para compras | © Instituto Pró-Livro


A edição de 2024 da pesquisa passou a investigar também a influência de padres, pastores ou outros líderes religiosos na indicação de livros – 9% daqueles que compraram livros citaram esses influenciadores.

Dentre os fatores que influenciam a seleção do livro para a compra, a indicação de um influenciador digital, em blogs, redes sociais ou pelo YouTube aparece apenas na nona colocação.

Quando os leitores foram perguntados sobre quem indicou o último livro lido, o peso dos influenciadores digitais foi um pouco maior. Dentre os leitores, 8% disseram que escolheram a obra porque viram no YouTube, no Instagram, no Facebook ou em outras redes sociais. Esse percentual cresce na faixa de 18 a 39 anos, chegando a 16%. Também nessa faixa etária, os amigos ganham importância no compartilhamento das experiências de leitura. A partir dos 18 anos, são mais citados do que os professores, atingindo 26% entre 18 e 24 anos, e mantendo cerca de 20% até os 49 anos.

Número de livros lidos também diminuiu

A média de livros lidos, que tinha se mantido entre as edições de 2015 e 2019, também diminuiu tanto no total da população com 5 anos ou mais como também entre os leitores. Essas reduções estão em sintonia com a piora nos índices de leitura.

Entre todos os entrevistados, foram lidos total ou parcialmente, em média 2,04 livros nos três meses anteriores à pesquisa, enquanto a média na última edição era de 2,6 títulos.

Considerando apenas aqueles que são classificados como leitores, ou seja, que leram algum livro inteiro ou em partes nos três meses anteriores à pesquisa, a quantidade média de obras lidas também diminuiu – de 5,04 livros para 4,36.

A média de livros lidos por ano passou de 4,95 títulos para 3,96, a mais baixa da série histórica.

Quem lê tem uma vida mais interessante

A pesquisa também mostra que as pessoas que têm o hábito da leitura fazem mais atividades diferentes no seu tempo livre – não necessariamente relacionadas ao livro. Na média, os leitores mencionaram 7,6 entretenimentos no tempo livre, desde uso da internet até frequência a bares e restaurantes ou mesmo ida a eventos culturais. Já os não-leitores apontaram uma média de 5,3 atividades, tendo maior percentual em relação aos leitores somente em ver TV. “O repertório de atividades culturais, sociais, na internet e até a prática de esportes, é mais diversificado e frequente entre leitores, o que pode contribuir para ampliar a visão de mundo e oportunidades sociais e profissionais”, reflete Zoara Failla.

Clique aqui para ter acesso à Pesquisa Retratos da Leitura 2024.

Comparação de atividades entre leitores e não-leitores | © Instituto Pró-Livro


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Com informações do PublishNews.

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