O coração foi consumido

 

Alexandre Lucas, Colunista. (FOTO | Acervo Pessoal).

Alexandre Lucas, Colunista

Comi o coração sem pressa e no exercício da fome. Bebi da lua e do desequilíbrio da noite em goles gelados.  Embriagado   fiz do profano, o sagrado. Subir aos céus em mastro firme. Toquei as estrelas e escorreguei na boca.

Taquei fogo na noite. Fui comido pelo coração. Toquei tambor e devo ter gritado os versos mais sacanas. A  madrugada não era para ser guardiã do silêncio.  A carne foi socada, prensada, roçada, mordida, avermelhada, erguida, acarinhada, desenhada, cheirada, beijada, sentida. 

As erupções, os tremores, os  rios efêmeros e as paisagens corporais se refizeram como versos selvagens costuradas com lãs.  A cada instante se consumia  forme e  prazer sem sobras para o dia seguinte.

Manhã. O caldo reforçava a gentileza da carne e a liberdade ensaiava vôos.

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