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Formulada na Grécia Antiga, a democracia tem sido o ideal de modelo político desde então. No Brasil, está sob risco. |
Jornalista
econômico e criador do Jornal GGN, Luis Nassif acredita que a eleição para
presidente da República deste ano tem um elemento que a torna mais dramática do
que os pleitos anteriores. “Temos uma guerra mundial hoje em torno da barbárie
contra a civilização”, afirma.
A
observação vem ao encontro de declarações recentes de ex-ministros da França,
Espanha, Itália e Alemanha, alguns presentes no seminário Ameaças à Democracia
e a Ordem Multipolar, realizado pela Fundação Perseu Abramo (FPA) na última sexta-feira
(14).
“Quando teve a crise de 2008, se teve a
abertura do mercado financeiro para os fluxos de capitais, que conviveu com a
democracia enquanto se vendia aquele peixe de ‘se sacrificar, se cortar
orçamento, se acabar com o Estado de bem-estar social, todos serão mais
felizes’. Quando isso falhou, em 2008, esse processo de globalização passou a
investir contra aquela ordem internacional que vinha do pós-guerra e que
garantia paz, respeito entre as nações, o primado da democracia",
explica Nassif, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, na
Rádio Brasil Atual. “E a maneira que eles
encontraram foi acabar com a política, criminalizar a política e dar espaço pra
judicialização da política. Então o que acontece no Brasil é um reflexo do que
acontece lá fora.”
No
caso do Brasil, o jornalista acredita que desde o impeachment da ex-presidenta
Dilma Rousseff o país enveredou por um caminho que hoje o coloca numa
encruzilhada. “A partir do momento em que
os partidos, PSDB e outros, endossam o golpe nas instituições, tudo passa a ser
possível. A luta hoje não é entre PT e PSDB, é democracia contra barbárie”,
afirma.
A
crise do PSDB – partido que desde 1994 divide a predominância no espectro
político nacional com o PT – também colabora para o surgimento de uma
candidatura de extrema-direita como a de Jair Bolsonaro (PSL). “Qual era o discurso do PSDB lá atrás? Era
uma social-democracia light, com alguma preocupação social, mas sem passar o
protagonismo político para o povo”, lembra, observando que atualmente, a
legenda descambou para uma radicalização que levou ao poder uma quadrilha e que
perdeu relevância para figuras como João Amoedo e Bolsonaro.
Nesse
contexto eleitoral entre a vitória da democracia ou da barbárie, representada
pela candidatura de Bolsonaro, Nassif enaltece o voto do eleitor nordestino,
normalmente alvo de preconceito por parte da população do Sul e Sudeste do
Brasil.
“Falam tanto da depreciação do Nordeste, e
quando você vê essa luta civilizatória hoje... O primeiro-ministro da Alemanha
falava, ‘se cair a democracia no Brasil, cai na Argentina’, o Pierre (Sané),
que foi presidente da Anistia Internacional, também falava que cai (a
democracia) na África... então o Brasil tem um papel chave, hoje, na democracia
mundial. E quem está garantindo isto aqui, é o eleitor nordestino, aquele
eleitor de baixa renda que pela primeira vez teve oportunidade, viu o lado
benéfico do Estado, pela primeira vez viu a paz social, a luta contra a seca. É
interessante isso. E é importante que a população tome consciência do que está
em jogo. Está em jogo acabar com as políticas sociais, está em jogo o aumento
desmedido da violência. É só ver que todas as manifestações de violência acabam
centralizando em eleitores do Bolsonaro. Não vou dizer que todos os apoiadores
do Bolsonaro são depravados, mas todos os depravados são apoiadores do
Bolsonaro.” (Com informações da RBA).
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