A
Fundação Cultural Palmares (FCP/MinC) realizará na próxima quarta-feira (26) o
simpósio Agô, Carolina! em celebração ao Centenário da escritora Carolina Maria
de Jesus. Durante o evento serão lançados dois de seus textos inéditos: Onde
estaes felicidade e Favela. A proposta é que, a partir de suas obras e ensaios,
sejam debatidas questões em torno da inserção da população negra nos espaços
oficiais de cultura.
O
simpósio é o primeiro dentro de um projeto de pesquisa dedicado aos estudos da tradição oral, da
memória e dos saberes negros no Brasil. Referência da literatura de periferia,
a obra de Carolina foi fundamental para a compreensão das populações vulneráveis
que compunham a sociedade brasileira, a partir da década de 1960.
Catadora,
teve enquanto recursos à sua formação e obra apenas o que encontrava pelas
ruas: livros, cadernos e canetas descartados por moradores da grande São Paulo.
Porém, não se intimidou em registrar as necessidades, exclusão e abandono em
que viveu.
As
coordenadoras do simpósio Kátia Santos, assessora Internacional da FCP/MinC, e
Néia Daniel, representante da FCP no Rio
de Janeiro, destacam a necessidade de se lembrar Carolina por sua história e
trajetória. Kátia ressalta que apesar do pouco estudo Carolina fez da escrita
sua ferramenta de luta. “Ela foi a
oralidade bem sucedida que se grafou por sua determinação em registrar a
própria existência”, disse.
Legado social
– A obra de Carolina de Jesus é hoje descrita por especialistas como registro
histórico das realidades humanas por ela assistida. Esse registro serviu também
para proporcionar ao Estado uma nova visão, evidenciando a negligência à
população negra em vários aspectos sociais.
Destacando
a importância desse material que é hoje tratado como documento, a assessora
destaca que “A ousadia de Carolina foi
escrever sem preocupação com qualquer impedimento. O que ela tinha era o papel
e a caneta e se utilizou disso para grafar o que lhe afligia”, diz Kátia.
Lançamento
– Os textos inéditos fazem parte do livro Onde estaes felicidade? As histórias
constam tais como foram escritas por Carolina e de, acordo com Kátia, com uma
linguagem simples e um português que “não por acaso, foge às regras da norma
culta”. No primeiro texto, de mesmo nome do livro, Carolina trata de um
triângulo amoroso entre os personagens José dos Anjos, Maria da Felicidade e um
viajante.
A
história aborda os sonhos da jovem, que pouco sabe sobre o mundo e que tem nas
mãos o destino de dois homens por ela completamente apaixonados. A autora narra
o cotidiano da moça, marcado por uma linha tênue entre a razão e a loucura. Já
no texto intitulado Favela, Carolina traz à tona histórias paralelas de
moradores de um assentamento informal na cidade de São Paulo, onde, em uma das
situações ressalta as angústias sofridas pelos ameaçados de despejo,
“invasores” de uma área privada.
Via
FCP
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