O
presidente da Fundação Cultural Palmares (FPC/MinC), Hilton Cobra, propôs nesta
terça-feira (18) a criação de uma lei específica para a cultura, que destrave
os processos burocráticos ao financiamento das produções artísticas e
culturais.
A
proposta foi feita durante a audiência pública “Financiamento de Políticas de Estímulo à Cultura Negra”, da
Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, em alusão ao Dia Nacional da
Consciência Negra. Hilton Cobra explicou as dificuldades enfrentadas pelos
produtores culturais. “É complicado compreender que a lei que permite a
produção de uma peça de teatro é a mesma utilizada pelas construtoras para a edificação
de pontes”, comparou.
Ele
destacou a existência de setores da economia que têm lei própria para o
destravamento das burocracias. “É
possível que a Cultura também tenha uma lei própria. Precisamos montar uma
comissão que pense os aspectos específicos da cultura brasileira”, afirmou
Cobra.
Financiamento
da Cultura - Para Cobra, apesar dos R$ 36 milhões investidos para a cultura
negra nos últimos dois anos, na gestão da Ministra Marta Suplicy, ainda há
muito o que ser feito para a produção e difusão da cultura de matriz africana
no Brasil. “São necessários recursos para
o desenvolvimento das artes, a garantia da salvaguarda dos bens materiais e
imateriais negros, a reforma dos museus e o tombamento dos terreiros de candomblé,
por exemplo”, disse.
O
presidente alertou ainda, para a importância da articulação social. “Não é possível desejar mudanças sem
mobilização”, disse. Ele solicitou empenho dos deputados para incluir no
PROCULTURA, Projeto de Lei Nº 1139, de 2007, uma emenda onde as empresas que
desejem se beneficiar da renúncia fiscal, destinem um mínimo de 20% para a arte
e a cultura negra.
Para
a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir),
Luiza Bairros, o problema do financiamento da cultura negra está, também, na
baixa representação de negros e mulheres no Parlamento. “As proporções praticamente se invertem: os homens brancos, que eram
cerca de 42% dos candidatos, constituem quase 80% dos parlamentares eleitos”,
esclareceu.
Luiza
acredita que o debate sobre a reforma política também tem que incluir o tema da
baixa representação para que as demandas específicas dos variados seguimentos
da população tenham possibilidades em termos de elaboração de estratégias e
soluções de problemas.
O
20 de Novembro – Em concordância com Cobra, a deputada Alice Portugal,
presidente da Comissão, ressaltou a necessidade de um orçamento
constitucionalizado para a Cultura. “O
vinte de novembro não pode ser só a lembrança da luta contra a chaga da
escravidão. “É fundamental garantir posições do legislativo brasileiro para a
construção de estratégias desarticuladoras do preconceito”, disse.
De
acordo com ela, já existe uma curva ascendente da valorização das expressões
culturais de matriz africana. “Mas que,
precisa ser fortalecida em reparação ao sofrimento histórico vivido pela
população negra do nosso país”, completou.
A
audiência proposta pelos deputados Alice Portugal, Jandira Feghali, Paulão,
Luiz Alberto e Jean Wyllys contou com as participações da secretária da
Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Márcia
Rollemberg, e do cantor Lazzo Matumbi.
Via
Fundação Cultural Palmares
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