A juventude com a bola da mudança na eleição

 

Flávia Oliveira. (FOTO/ Arquivo/ O Globo).

É o futuro que nos acena com esperança quando a juventude responde ao chamado de se habilitar ao voto. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Edson Fachin, anunciou que o prazo de regularização dos títulos de eleitor para o pleito deste ano chegou ao fim com incremento de 2,042 milhões de adolescentes de 16 a 18 anos aptos a votar. A mobilização intensa — do TSE aos famosos locais e estrangeiros, passando por coletivos de juventude e brasileiros comuns, todos preocupados com o destino de uma democracia sob permanente ataque — impactou brasileiras e brasileiros menores de idade, que disseram “sim” à participação política, mesmo desobrigados de ir às urnas.

— A juventude brasileira foi convocada a participar das eleições em outubro, e a resposta foi impressionante — festejou Fachin.

Nesta semana, o ministro já tinha proferido no Supremo Tribunal Federal (STF) discurso contundente contra a atmosfera golpista que emana do Planalto:

— O respeito entre as instituições e a harmonia entre os Poderes dependem hoje não só da abertura para o diálogo, mas também de uma posição firme: não transigir com as ameaças à democracia; não aquiescer com informações falsas e levianas; não permitir que se corroa a autoridade do Poder Judiciário.

O engajamento da juventude do Brasil ao processo eleitoral é bem-vindo e necessário. Lembrou muito a corrida à Casa Branca, em 2020, quando a participação de eleitores jovens, negros e latinos bateu recorde e foi essencial para eleger a chapa democrata, de Joe Biden e Kamala Harris. Lá, chamou a atenção a atuação da advogada negra Stacey Abrams. Em 2018, ela perdeu a eleição para o governo da Georgia por margem pequena de votos, após 53 mil eleitores, 70% afro-americanos, terem o registro suspenso por uma norma feita sob medida para excluí-los. Os nomes nas listas de votação tinham de estar exatamente iguais às identidades estaduais, sem um acento ou hífen fora do lugar.

Após a derrota, Abrams fundou a organização Fair Fight (Luta Justa, em tradução livre) para denunciar falhas no sistema eleitoral e atrair jovens e minorias étnicas para votar. Dois anos atrás, às vésperas do pleito que livrou os EUA da reeleição de Donald Trump, o movimento conseguira registrar 800 mil novos eleitores na Georgia, dos quais 45% negros e igual parcela de jovens com menos de 30 anos. O estado deu maioria aos democratas pela primeira vez desde 1992, quando Bill Clinton se elegeu presidente.

Num Brasil em que, a cada eleição, cresce o total de abstenções, votos nulos e brancos, o engajamento do eleitorado jovem é auspicioso. A faixa etária está mergulhada em problemas e carece de políticas públicas. Pesquisa da FGV Social sobre percepções da juventude mostrou que o índice de felicidade dos jovens despencou de 7,3 (de zero a dez) em 2013 para 6,4 em 2020. Foi o mais baixo nível de satisfação com a vida já registrado no grupo. Ao todo, 59% se declaravam preocupados, outro recorde; e 32% com raiva. A satisfação com o sistema educacional, que atingira 56% em 2018, caiu para 41% no primeiro ano da pandemia. “Dos jovens brasileiros, 30% não acreditam que podem subir na vida com trabalho. Foi o pior resultado entre países latino-americanos. No Peru, a proporção era de 3%”, informou o economista Marcelo Neri, da FGV Social.

Na convocação geral à juventude para as eleições 2022, houve muita ênfase na escolha do próximo presidente. Mas é preciso lembrar a moças e rapazes que o Brasil escolherá também governadores, um terço do Senado Federal (27 nomes, um por unidade da Federação), deputados federais, estaduais e distritais. São todas funções essenciais à elaboração e à aplicação de leis e políticas públicas. Quatro anos atrás, além de Jair Bolsonaro, presidente, e Hamilton Mourão, vice, o Brasil escolheu para a Câmara dos Deputados, entre 513 parlamentares, 77 mulheres e 125 pretos e pardos. Quase um terço da casa do povo tinha entre 51 e 60 anos. Somente em 2018 o Brasil elegeu a primeira deputada federal indígena, Joenia Wapichana (Rede-RR). Antes dela, só o cacique xavante Mário Juruna (PDT-RJ), em 1982.

Os brasileiros de 15 a 29 anos beiram um quarto da população. Têm capacidade de contribuir para aumentar a representatividade de gênero, raça e idade nos espaços de poder. Não por acaso, a Uneafro, organização do movimento negro, anunciou instalação de 25 comitês Brasil afora para debater participação política e agenda antirrascista nas eleições 2022. Coalizão Negra por Direitos e PerifaConnection, entre outras entidades, lançaram campanha pelos dez anos da Lei de Cotas, marco reparatório que viabilizou a entrada na universidade pública de milhares de jovens negros e de baixa renda.

O coletivo Engajamundo ocupou ruas de Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Porto Alegre, Belém e Fortaleza com ações para incentivar o eleitorado jovem a tirar o título de eleitor.

— Somos 50 milhões de jovens no Brasil. Temos o poder de mudar o resultado das eleições. Para isso, é preciso trazer os jovens para participar ativamente da construção de um país que tenha nossa cara, idade e linguagem — disse Larissa Pinto Moraes, diretora executiva.

A mudança está com eles.

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Por Flávia Oliveira, originalmente no O Globo e reproduzido no Geledés.

Lula é oficializado como pré-candidato pelo PT à presidência

 

Ex-presidente defendeu legado petista para o Brasil e conclamou população a reconstruir o país durante lançamento do Movimento Vamos Juntos Pelo Brasil em São Paulo - Ricardo Stuckert.

O Partido dos Trabalhadores (PT) oficializou, neste sábado(07), a pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da república. Esta será a sexta vez que o ex-metalúrgico disputará o cargo. Lula terá como candidato a vice-presidente o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), uma aliança inédita que ganhou um título bem-humorado no encontro: "Lula com Chuchu". 

Adversários em outros momentos da história política do país, tanto Lula como Alckmin citaram o educador Paulo Freire, que dizia que "é preciso unir os divergentes, para melhor enfrentar os antagônicos".

"Queremos unir os democratas de todas as origens e matizes, das mais variadas trajetórias políticas, de todas as classes sociais e de todos os credos religiosos. O grave momento que o país atravessa, um dos mais graves da nossa história, nos obriga a superar eventuais divergências para construirmos juntos uma via alternativa à incompetência e ao autoritarismo que nos governam", afirmou o ex-presidente.

A pré-candidatura foi oficializada durante o ato Vamos Juntos pelo Brasil, no Expo Center Norte, na Zona Oeste de São Paulo. Apenas Lula, Alckmin e Rosângela da Silva (Janja) discursaram. Mas contou com a presença de diferentes lideranças dos movimentos populares, personalidades, parlamentares e partidos políticos apoiadores da chapa do pré-candidato, incluindo PCdoB, PSB, Solidariedade, PSOL, PV e Rede.

Lula desponta como favorito nas pesquisas de intenção de voto e pode retornar ao Palácio do Planalto vinte anos depois da primeira vez em que foi eleito.

A fala, concentrada no tema da defesa da soberania nacional e da reconstrução da democracia do país, costurou um comparativo entre as conquistas dos anos em que o PT esteve no governo com o que tem sido "desconstruído", como definiu Lula, sob o governo de Jair Bolsonaro (PL). Também falou em sonhos e esperança de mudar o país.

"Nós temos um sonho. E não há força maior que a esperança de um povo que sabe que pode voltar a ser feliz. Que pode voltar a comer bem, ter um bom emprego, salário digno e direitos. Que pode melhorar de vida e ver os filhos crescendo com saúde."

Tópicos como defesa das estatais, articulação com a América Latina e defesa dos bancos públicos tiveram destaque ao lado de assuntos como o apoio a resistência dos povos indígenas, a denúncia do extermínio da juventude negra, a defesa do meio ambiente, da cultura e das leis trabalhistas.

Ao defender o legado de sua passagem pela presidência, Lula lançou uma questão para um auditório lotado de militantes vindos de diversas regiões do país: "o Brasil terá a oportunidade de decidir que país vai ser pelos próximos anos, e próximas gerações. O Brasil da democracia ou do autoritarismo? Do conhecimento e tolerância ou do obscurantismo e da violência? Da educação e cultura ou dos revólveres e fuzis?".

Em outro momento, Lula criticou a postura do atual presidente da república com as mais de 600 mil vítimas fatais da pandemia e com as instituições. "Chega de ameaças, chega de suspeições absurdas, de chantagens verbais, tensões artificiais. O país precisa de calma e tranquilidade para trabalhar e vencer as dificuldades atuais. E decidirá livremente, no momento que a lei determina, quem deve governá-lo".

O discurso também teve espaço para críticas à condução da pandemia e a situação do Ministério da Saúde pontuando, sobretudo, o "falso cristianismo" de Bolsonaro que, para o ex-presidente, "não ama o próximo". Além disso, Lula criticou os rumos do Ministério da Educação, que esteve no foco de denúncias de corrupção nos últimos meses.

"Nos nossos governos, triplicamos os investimentos em educação. Saltaram de R$ 49 bilhões em 2002 para R$ 151 bilhões em 2015. Mas o atual governo vem reduzindo a cada ano. O resultado é que o orçamento do MEC para 2022 é o menor dos últimos dez anos."

Lula também fez referência aos episódios de violência e ataques bolsonaristas. "Não vamos ter medo de provocação, ter medo de fake news. Nós vamos vencer essa disputa pela democracia distribuindo sorrisos, amor e carinho", afirmou o ex-presidente, que teve o carro cercado por meliantes bolsonaristas e manifestantes de extrema direita, ao sair de um condomínio em Campinas (SP) na última quinta-feira (5).

O agora oficial pré-candidato a presidente da república pelo PT concluiu o discurso relembrando que os governos petistas fizeram uma revolução pacífica no país e conclamou a população a reencontrar este caminho.

"Mais do que um ato político, essa é uma conclamação. Aos homens e mulheres de todas as gerações, todas as classes, religiões, raças e regiões do país. Para reconquistar a democracia e recuperar a soberania."

Aliança com Alckmin

O ato também formalizou a indicação do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), para compor a chapa como candidato a vice-presidente. Com covid-19, Alckmin não participou presencialmente do evento e entrou ao vivo, por vídeo-chamada. No seu discurso, classificou esta aliança como "um chamado à razão".

O ex-governador definiu o atual momento como uma grande oportunidade do Brasil reencontrar o caminho do desenvolvimento econômico, da preservação do meio ambiente e da justiça social. Por fim, respondeu às críticas que recebeu por esta aliança com bom-humor: "o prato da moda agora será Lula com Chuchu".

Por sua vez, Lula também ressaltou que esta eleição exigirá uma aliança muito ampla com diversos espectros políticos. "Alckmin foi governador quando eu era presidente. Fomos adversários, mas também trabalhamos juntos e mantivemos o diálogo institucional e o respeito pela democracia".

Chapa ampliada

No palco estavam presentes os dirigentes partidários, governadores, ex-governadores e parlamentares das siglas que fecharam apoio à candidatura de Lula, como PSB, PCdoB, Rede, PV, Solidariedade e PSOL. A ex-presidenta Dilma Rousseff também esteve no ato, a quem Lula se dirigiu fazendo um agradecimento e enaltecendo a grandeza política da aliada.

Lideranças das Centrais Sindicais, movimentos populares, intelectuais e artistas também manifestaram apoio ao projeto Vamos juntos pelo Brasil. Pelos estados, os Comitês Populares de Luta, sedes dos partidos e dos movimentos populares organizaram atividades para acompanhar a transmissão do ato de lançamento da pré-candidatura.

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Com informações do Brasil de Fato.

Oratório de Santa Luzia proporciona organização dos moradores no Gesso

 

Oráculo de Santa Luzia. (FOTO | Reprodução | WhatsApp).

*Por Naju Sampaio

Na comunidade do Gesso, há um espaço de oratório que anteriormente era utilizado para despejar o lixo das residências das proximidades e após um investimento de uma moradora, foi transformado em um lugar de encontro dos moradores católicos para celebração da fé. A construção ocorreu no ano de 2019, quando a moradora, Gisélia Tertulino, decidiu fazer uma campanha de arrecadação entre os moradores para modificação do espaço.

Segundo Gisélia, quando foi realizar a arrecadação, uma das vizinhas disse que não auxiliaria a campanha porque Santa Luzia não comia dinheiro, então a moradora fez uma promessa para a santa: Não pediria dinheiro algum aos vizinhos caso conseguisse de outra forma o valor da obra. No mesmo dia, comprou um Cariri da Sorte e acabou ganhando uma parte do prêmio, que foi utilizado para construção do altar.

Durante todo o mês, o espaço é utilizado para missas e terços. As missas são realizadas nos dias 4, 13, 19, 20 e 30, correspondendo respectivamente aos dias de São Francisco, Santa Luzia e Nossa Senhora de Fátima, Santo Expedito, Padre Cícero e Santas Chagas. De acordo com a moradora, o oratório é utilizado por muitos moradores para pedidos de graças, realização de missas de sétimo dia e também tem o terço que é realizado semanalmente.

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* Naju Sampaio é estudante de jornalismo e bolsista/integrante do Coletivo Camaradas.

Nova Olinda e Santana do Cariri receberão polos de Educação a Distância da UFCA

 

Deputado Idilvan Alencar. (FOTO | Reprodução |WhatsApp).

A Universidade Federal do Cariri (UFCA) vai expandir suas atividades para 12 novos municípios cearenses. A ação é fruto da destinação de R$ 1,6 milhão de emenda parlamentar do deputado federal Idilvan Alencar para a universidade, que irá ofertar 600 novas vagas de acesso a cursos superiores tecnológicos e de pós-graduação.

Com a expansão, Icó sediará o Centro de Educação a Distância da UFCA, e os municípios de Assaré, Caucaia, Iguatu, Itapipoca, Maracanaú, Maranguape, Milagres, Missão Velha, Nova Olinda, Santana do Cariri e Senador Pompeu receberão um Polo de Educação a Distância da instituição.

Serão oferecidos os cursos de graduação tecnológica de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e de Design de Mídias Digitais, com dois anos de formação, e os cursos de especialização em Administração Pública e em Tecnologias Educacionais, com duração de 12 a 15 meses. Todos os cursos são da modalidade EaD (Educação a Distância), com encontros semestrais nos polos para avaliações.

Como deputado federal, essa é uma das ações que me deixa mais feliz: levar a universidade federal para 12 municípios do Ceará'', comemora o deputado Idilvan Alencar, que tem um mandato voltado para a educação. “Essa é uma ação muito importante que contribuirá com o desenvolvimento dos municípios onde a UFCA está chegando e levará mais oportunidades para os jovens da região”, finaliza.

Nesta sexta-feira (06), acontece o lançamento do Centro de Educação a Distância da UFCA em Icó e, no sábado (07), será inaugurado o Polo Ead de Nova Olinda. As demais unidades serão lançadas até o final do mês de maio.

Formas de ingresso

O ingresso para os cursos tecnológicos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e de Design de Mídias Digitais será realizado através do Sistema de Seleção Unificada (SISU), com nota do Enem 2021.

Já para os cursos de especialização em Administração Pública e em Tecnologias Educacionais e Design Instrutivo, o acesso se dará através de edital divulgado pela UFCA para a seleção dos candidatos, com um percentual de vagas previsto para professores da rede municipal onde o polo está situado

As aulas, tanto para os cursos de tecnólogos quanto para as especializações, têm início previsto para agosto deste ano.

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Texto encaminhado a redação do Blog por Aglecio Dias, Assessor de Idilvan.

No Roda Viva, Cida Bento fala sobre como construir uma educação antirracista

 

Cida Bento em entrevista no Roda Viva. (FOTO | Reprodução |Canal do Roda Viva).

Por José Nicolau, editor

A escritora, psicóloga e consultora do CEERT Cida Bento foi a entrevistada na última segunda-feira (2) do Roda Viva, da TV Cultura.

Cida Bento, uma das intelectuais e ativista mais importantes do país falou sobre diversas temáticas relacionadas a negritude, como cotas raciais no ensino superior, o assassinato de Marielle Franco, ideias para punir casos de racismo e injúria racial, a luta dos movimentos negros e, também, fez comentários a respeito da relevância do seu último livro "O Pacto da Branquitude" para o debate sobre a igualdade racial no Brasil.

Outra temática levantada por ela foi sobre como contruir uma educação antirracista no Brasil, principalmente na educação básica. "É fundamental assegurar acolhimento das crianças indígenas e negras, na medida em que a gente possa mexer com professores, gestores e pais", disse.

Clique aqui e confira a íntegra da entrevista.

Sou o torneiro mecânico sem diploma que mais fez universidades, diz Lula a alunos da Unicamp

 

Lula em aula Magna para estudantes da Unicamp (SP). (FOTO  | Ricardo Stuckert).

Por José Nicolau, editor

O ex-presidente Lula esteve participando de uma aula magna com estudantes da Universidade de Campinas  (Unicamp), de São Paulo, acompanhado do ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

Durante o evento, Lula destacou que durante seu governo a primeira decisão acertada foi não tratar a educação como gasto, mas como investimento. "Foi a primeira decisão sábia da minha vida, perceber que educação não é gasto, é investimento. No início do meu governo falei ‘está proibido, daqui pra frente qualquer pessoa do governo falar em gasto quando se trata de educação".

Segundo ele, não há exemplos na história de países que tenham se desenvolvido sem investimentos na educação da população e frisou "custa menos gastar com educação do que emprestar para grandes empresas".

Ao postar as imagens do evento em sua página no Facebook, Lula asseverou a importância de Haddad no Ministério da Educação (MEC) e d gestão de sua sucessora Dilma Rousseff. "Tive a sorte de convidar o companheiro (Fernando) Haddad, começamos a pensar como ia fazer as coisas neste país". Já com relação à Dilma, ele destacou o projeto do ciência sem fronteiras que  levou 100 mil estudantes pro exterior.

"Hoje eu tenho orgulho de olhar na cara de vocês e falar que um torneiro mecânico sem diploma universitário, é o presidente que mais fez universidade do país, orgulho de dizer que com a companheira Dilma Rousseff fizemos o maior número de escolas técnicas, orgulho de dizer que ela fez o ciência sem fronteiras pra levar 100 mil estudantes pro exterior", finalizou.

204 anos do nascimento de Karl Marx

 

(FOTO |Divulgação).

O Dinheiro não é apenas um objeto da mania do enriquecimento, mas sim O seu objeto. A mania de enriquecimento é por essência auri sacra fames*” (Grundrisse, Marx)

Hoje é o aniversário de Karl Marx, 204 anos de seu nascimento. Marx é o mais influente pensador da humanidade desde a metade do século XIX. É impossível ser indiferente ao pensamento original de Marx, seus estudos que incluem Filosofia, Economia, Política, Sociologia, Direito e Literatura, entre tantos assuntos que ele abordou em sua produtiva elaboração intelectual

Marx continua extremamente atual, o seu livro maior, o Capital, é a mais completa obra de análise sobre o Capitalismo, a formação do Valor, a dinâmica e desenvolvimento daquele que é o mais importante sistema econômico que a humanidade experimenta, sua complexidade, capacidade de adaptação e sobrevida.

É dessa profunda análise que Marx rompe com todas as teorias econômicas e políticas até então que enfrentaram, a seu modo, o capitalismo. O estudos de Marx deram as bases teóricas a um novo sistema, o Comunismo, a ser perseguido pelo despossuídos, o proletariado, da época, das revoluções do século XX e dos novos enfrentamentos do novo milênio.

A liberdade plena da humanidade se dará quando o mundo do trabalho e das necessidades forem suplantados. Com o fim da apropriação privada dos meios de produção, com homens e mulheres, donos de tudo o que for produzido, sem mais exploradores e explorados.

Lenin, no Estado e a Revolução, escrito pouco depois de 30 anos da morte Marx, coloca de forma clara a importância central de sua portentosa obra:

“Dá-se com a doutrina de Marx, neste momento, aquilo que, muitas vezes, através da História, tem acontecido com as doutrinas dos pensadores revolucionários e dos dirigentes do movimento libertador das classes oprimidas. Os grandes revolucionários foram sempre perseguidos durante a vida; a sua doutrina foi sempre alvo do ódio mais feroz, das mais furiosas campanhas de mentiras e difamação por parte das classes dominantes. Mas, depois da sua morte, tenta-se convertê-los em ídolos inofensivos, canonizá-los por assim dizer, cercar o seu nome de uma auréola de glória, para consolo” das classes oprimidas e para o seu ludíbrio, enquanto se castra a substância do seu ensinamento revolucionário, embotando-lhe o gume, aviltando-o. A burguesia e os oportunistas do movimento operário se unem presentemente para infligir ao marxismo um tal “tratamento”. Esquece-se, esbate-se, desvirtua-se o lado revolucionário, a essência revolucionária da doutrina, a sua alma revolucionária. Exalta-se e coloca-se em primeiro plano o que é ou parece aceitável para a burguesia”.  (W .I. Lênin, “O Estado e a Revolução”)

Esse resgate que Lênin faz do pensamento de Marx, no início do livro “O Estado e a Revolução”, isto dito há quase 100 anos, imagine-se o que lemos e ouvimos hoje sobre a obra e o pensamento de Marx.

Em todos esses mais de 150 anos do Capital, procura-se negar Marx, tanto à Esquerda quanto à Direita, as mudanças do Capitalismo são usadas como veio desse processo, agora mesmo, busca-se um “Novo” sujeito, ou a sua não existência. São as formas de lutar contra Marx, mesmo sem o ler ou compreender a profundidade dos fenômenos, que ele trouxe luz à escuridão teórica.

Nessa época do ultraliberalismo, parte do do movimento social de esquerda (ou da Esquerda da Esquerda) acredita piamente na mudança de paradigma parecida com a mudança da” sociedade agrícola para a sociedade industrial”. Agora, tal mudança, seria da Sociedade Industrial para “Informacional”, seja lá o que diabo signifique isto.

Ora, a sofisticação produtiva, não substituiu o modo de produção capitalista, nem há uma transição dele para qualquer outro modo de produção, a não ser que o tal “Capitalismo Cognitivo” seja um modo de produção “Novo”, mas falta categoria econômica e filosófica que justifique tal tese.

Marx é tão profundo e original que desafia a modernidade atual, assusta e desafia.

Pensar Marx hoje é ter capacidade de compreender as contradições do Kapital e apontar saídas, entender que o velho proletariado fabril, pode não está num mesmo espaço físico, mas sua exploração e sua mais-valia continua vital para a produção de Valor.

O infoproletariado, o uberizado, o precarizado, o sem terra, o sem teto, as classe médias urbanas, constituem a imensa maioria da sociedade e o Kapital não apresenta mais políticas compensatórias que amorteçam as imensas contradições. É claro que falta o amálgama, a política que os unam e possam derrotar o Kapital, o elemento subjetivo está adormecido, ainda sofre o peso da derrota recente, 30 anos é muito pouco tempo na história.

Vida longa, Marx.

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Por Arnobio Rocha, em seu Blog.

As ilhas da sala.    

 

Alexandre Lucas. (FOTO  | Acervo pessoal).


Por Alexandre Lucas, Colunista 

As fitas de cetim dançam lentamente, até parecem corpos se seduzindo, um blues de pé de ouvido entoa o enredo. O trabalho segue entre batidas de teclados e silêncios agitados. Os olhos vasculham cada canto da sala, tentando encontrar recheio para a escrita, tudo pode fazer parte do texto.

A sala parece ser um território, em que cada lugar é uma ilha desconhecida. As fitas continuam lentamente dançando. As luzes acesas apenas clareiam os rostos, as ideias estão embaçadas. O espaço é partilhado com os gatos que passeiam pelas calçadas, os sentimentos se pintam de mudos. Os desejos   ficam no fundo de um baú profundo.

Nós seguimos calados, o sol parece desapontado, desde cedo seu brilho e calor estão distantes. Enquanto isso tento escrever uma história que me caiba por completo, mas todas as histórias são incompletas. Os livros estão cheios de partes de um todo que não se completam, as fitas continuam dançando.      

As folhas voam, nada disso, são empurradas pelo vento. Aproveito para colocar palavras nas folhas em branco, tentando tecer mais um conjunto de frases. Os livros estão nas estantes preenchidos de gente, mas nunca achei que os livros tinham palavras.

Indefinida a narrativa, enquanto passavam as coisas e os pensamentos, as frases foram se fragmentando, como as histórias, que se recontam do olho para boca no terreiro da vida, das incontáveis vidas. A sala parece cheia, o silêncio permanece, enquanto, fico olhando as fitas dançando como se estivessem se seduzindo.