Menos mal: Papa é contrário ao financiamento privado de campanhas eleitorais



Pelo DCM, fica-se sabendo que a agência de notícias italiana ANSA noticia que o “papa Francisco defendeu que as campanhas eleitorais sejam financiadas com dinheiro público para evitar que “interesses” influenciem a atuação dos candidatos”.

-"O financiamento da campanha eleitoral envolve muitos interesses, que depois cobram a conta. Evidentemente, é um ideal, porque é preciso de dinheiro para manifestos, para a televisão. Em todo caso, que o financiamento seja público. Eu, como cidadão, sei que financio esse candidato com essa exata soma de dinheiro, que tudo seja transparente e limpo”, explicou.

O Papa, como se vê, é obvio.

A nossa “moralista” mídia e o nosso “impoluto” conservadorismo, não são, por hipócritas.
Esconde o “já vai pra um ano” do engavetamento da decisão já tomada pelo TSE de proibir empresas de financiarem candidatos.

Camufla as  declarações insólitas do Presidente da Corte, Dias Tóffoli, de que ele, querendo, terá “todo o tempo” para manter na gaveta a decisão, sem esconder que deseja que o Congresso faça uma “conta de chegar” para preservar a turma da bufunfa como o grande cabo eleitoral do Brasil.

(aliás, Tóffoli, o lento, foi rápido como um azougue para pegar uma vaga na Turma que irá julgar a lista do Janto, que coisa, não é?)

Mas é curioso que a grande mídia, até agora, tenha mantido silêncio sobre a opinião do papa sobre ou tema que se está – para seu desgosto – discutindo aqui eque guarda total conexão com o que foi transformado no quase único problema nacional: a corrupção política.

O episódio, aliás, guarda uma boa lição aos marqueteiros de Dilma.

O papa não foi ao programa da Ana Maria Braga ou ao Jornal Nacional para dizer isso.

Disse a uma publicação da paróquia de La Cárcova, uma favela de Buenos Aires, o que fez a jornalista italiana Stefania Falasca dizer:

O Papa Francisco não respondeu aos jornalistas habituais, “de profissão”. Encurtou distâncias e respondeu diretamente ao povo da rua. Às pessoas nos subúrbios. Sim, porque quem fez as perguntas para o Papa foram os favelados da Villa La Carcova, uma dessas favelas intermináveis ​​e infames de Buenos Aires.”

O conteúdo, o conteúdo forte e concentrado, e não diluído por aqueles “mas, porém, entretanto” que, aqui no Brasil, são companhia obrigatória de qualquer ato ou declaração presidencial.

Este papa pode até dispensar as pompas. Mas não desce do trono, o que é a força de quem o ocupa.

Experiência de dor, resistência e liberdade: Pequenas Histórias de Escravas Fugidas


Não são expressões de própria lavra de escravas no Rio de Janeiro oitocentista, mas escritas da imprensa que expõem poderes, resistências, dispositivos de “captura do corpo e de imposição de identidades naturalizadas”. Avisos de fuga de cativas exprimem a agonia e força da ordem escravocrata. Aqui, a escrita é da historiadora que procura “problematizar a diferença e escutar o outro”, ou exercitar a re-significação do passado na análise de discursos acerca de mulheres que escaparam, ainda que não registrassem, elas mesmas, suas agruras, alianças e negociações em relação aos poderes do patriarcado na experiência da monarquia constitucional escravista.

Publicadas diariamente nas páginas do Jornal do Commercio, periódico que circulava na capital da Corte no século XIX, as imagens de escravos “fujões” modeladas nos avisos não estavam revestidas da pele de heróis ou heroínas e, aos olhos da época, mais revelavam o espectro de corpos semoventes de uso (e abuso) privado em suas marcas singulares. Eram, portanto, figuras carregadas da reprovação de anunciantes que precisavam detalhar as características dos corpos que escapavam – mercadorias, propriedades, capitais perdidos -, na tentativa de recuperá-los. Figuras desenhadas sob certas marcas que compunham a representação de cada uma das “peças”, em espaços reservados para indicar bens, patrimônio, até mesmo rendas, que as elites proprietárias não queriam perder. Trata-se de uma perda, que, naquela evidência cotidiana e expressiva, todavia, exibia tensões sociais, outras forças em movimento e a fragilidade do regime e da dominação.

Daí porque, geralmente anônimas nos anúncios de venda e aluguel, as mulheres escravizadas apareciam nesses avisos designadas por seus nomes. Em meio à descrição das características de aparência física que configuravam cada uma, seus nomes seriam ferramentas necessárias no arsenal de trabalho de caçadores urbanos, na intenção de que, municiados com os traços que singularizam e distinguem corpos que escapam, caçadores pudessem recuperá-las e a ordem pudesse ser recomposta.

Ademir Gebara acrescenta um dado importante sobre os critérios que orientavam aquela descrição. Ele observa que, após 1870, a construção de ferrovias, o movimento da fronteira agrícola, a elaboração de uma política imigrantista e o próprio crescimento urbano contribuiriam para o enfraquecimento dos mecanismos de controle social. São mudanças que transparecem nas atitudes de proprietários e na formulação dos enunciados, que (…) ao anunciarem fugas através da imprensa, passam a descrever os fugitivos mais cuidadosamente – enfatizando suas qualificações profissionais e as possíveis articulações sociais dos fugitivos.

A despeito do controle da ordem escravista ou de seu enfraquecimento, ele lembra, os avisos pareciam também sinalizar para a necessidade de mão-de-obra para o trabalho. Portanto, a questão leva a crer que, àquela altura, a fuga representava também a disponibilização de força de trabalho, no caso mão-de-obra em circulação.

Tensão e controle são faces daquela sociedade que se explicitam em discursos da imprensa, do mercado, das instituições sociais no âmbito das províncias do Império e do regime monárquico em geral, abrigam/revelam jogos movediços e expressam relações que estão cada vez mais tensas na segunda metade do século XIX. Afinal, desde a independência do Haiti, em fins do século XVIII e ao longo de todo o século XIX, a questão da manutenção da escravidão e a possibilidade de sua extinção não deixaram de ser objeto do discurso social, não só na capital e nas províncias da Corte imperial, mas na maior parte do continente americano3.

Os avisos podem ser tomados como um front e uma trincheira, e também um aparato de luta de proprietários, de comerciantes de escravos, em suma, de elites econômicas e políticas, para manter o poder e resgatar seu patrimônio naquela batalha cotidiana. As peças gráficas que reúnem o elenco de traços que as identificam representam, portanto, parte de uma tecnologia política de produção e manutenção do regime, voltada para a recuperação de corpos escravizados. Uma tecnologia que Machado de Assis tão bem apreendeu4 que, ao ser acionada, expressava um empenho para a recuperação de um bem privado e o restabelecimento da ordem escravocrata. Trata- se de uma tecnologia que deixa transparecer as tensões que procura dissimular, porquanto, em cada detalhe dessas formulações, fica explícita uma marca, um gesto, um nome, que poderia significar a chave ou o caminho para a possível recaptura da propriedade perdida ou exatamente o contrário nos corpos que conseguiram escapar definitivamente.

Cada enunciado remete ao conjunto de signos que demarcam a propriedade humana e sinalizam para práticas de coação e crueldade que estavam naturalizadas no cotidiano do cativeiro. Nesse sentido, os avisos apresentam formulações que conferem um testemunho e uma materialidade discursiva referente ao confronto daquelas forças sociais; exprimem o poder e a repressão da autoridade escravocrata e a reação pela fuga; exprimem sentidos que remetem à ordem e à transgressão; falam do poder em nuances e em movimento, ao tempo em que não ocultam indícios daquele exercício político impresso em marcas que remetem à violência e às experiências de dor.


Computador fabricado em 1944 volta a resolver equações




Um computador analógico japonês fabricado em 1944, uma das máquinas pioneiras da computação moderna, foi restaurado e reativado em uma universidade de Tóquio, voltando a resolver equações depois de sete décadas.

O aparelho mecânico é um dos dois únicos analisadores diferenciais que ainda existem no mundo. O outro se encontra na Universidade de Manchester, no Reino Unido.

Pesquisadores da Universidade Científica de Tóquio e vários colaboradores conseguiram restaurar o aparelho que, depois de um ano e meio de trabalho, voltou a funcionar, informou nesta quarta-feira (3) o jornal Asahi.

A equipe teve que limpar todo o dispositivo, que tem aproximadamente o tamanho de uma mesa de pingue-pongue, e instalar componentes que tinham sido perdidos.

Através de um emaranhado de engrenagens, varas metálicas e discos movidos por motores, o equipamento resolvia equações diferenciais e traçava os gráficos resultantes em papel.

Os pesquisadores tiveram que utilizar cordas de koto - um instrumento musical japonês parecido com a harpa - para fazer com que os discos girassem novamente, pois se acredita que este foi o material utilizado originalmente pela Universidade Imperial de Osaka para sua construção.

Com isso, o aparelho voltou a realizar operações nesta semana durante cerca de 15 minutos, mas a equipe encarregada de sua restauração contou ao Asahi que os resultados variam em função das condições de temperatura e umidade, pois a máquina é extremamente sensível a elas.

Após um período de testes, a Universidade Científica de Tóquio fará demonstrações públicas do funcionamento da máquina duas vezes por semana a partir do ano que vem.

É uma ilusão acreditar que a mídia tradicional se abrirá ao contraditório




Na primeira reunião ministerial do segundo mandato, a presidenta Dilma Rousseff convocou seus auxiliares para a “batalha da comunicação”. Foi enfática: “Nós devemos enfrentar o desconhecimento, a desinformação sempre e permanentemente. Vou repetir: sempre e permanentemente”.

Nada mais justo. A desinformação contrária ao governo campeia pelo país, orquestrada pelos grandes meios de comunicação. A reação da presidenta é justificável. Resta saber quais são as armas que ela e seus ministros possuem para essa batalha. Se esperam contar com a benevolência dos meios tradicionais, podem tirar o cavalo da chuva. A batalha estará perdida antes de ser travada.

Alguns veículos até publicam o que chamam de “outro lado”, mas sempre de forma discreta e submissa à pauta criada para fustigar o governo. A desproporção entre o ataque da mídia e a possibilidade de resposta através dela mesma é brutal. Constata-se uma grave falha da democracia ao exigir que governantes eleitos pelo voto popular sejam obrigados a se dirigir à sociedade por meios privados, controlados por minorias que os querem ver apeados do poder.
Além disso a participação do governo na batalha da comunicação não pode ser apenas reativa aos ataques da oposição midiática. É preciso tomar a iniciativa e buscar canais despoluídos para que as mensagens cheguem ao público sem ruídos.

Para ampliar a liberdade de expressão uma lei de meios é fundamental, embora não seja o único caminho. Outro, de construção mais rápida, é o da comunicação pública, indispensável para o jogo democrático. Dela, já há o embrião constituído pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), com suas duas emissoras de televisão, oito de rádio, duas agências de notícias e um portal na internet. Resta tirá-la da irrelevância. Não para se tornar porta-voz do governo mas para fazer jornalismo de qualidade, livre de ingerências partidárias e comerciais.

A primeira medida é dar a esses veículos abrangência nacional, atendendo a um dos princípios básicos da comunicação pública que é o do acesso universal. Toda pessoa tem o direito, em qualquer parte do país­, de receber os sinais desses meios de forma rápida e fácil. A TV Brasil, por exemplo, deve ser sintonizada em qualquer lugar da mesma forma com que hoje sintonizamos a Globo ou a Record.

Com a digitalização e a consequente multiplicidade de canais, torna-se possível segmentá-los constituindo um conjunto formado pelo canal generalista já existente, ao lado do infantil e do noticioso. Seria o núcleo básico ao qual poderiam ser agregados canais de filmes, de música, de arte e esportes.

Quanto ao rádio, cabe lembrar que ele continua sendo a segunda fonte mais utilizada para a informação e o entretenimento no Brasil. Ao controlar um leque de emissoras que vai da histórica Rádio Nacional do Rio de Janeiro à estratégica Rádio Nacional do Alto Solimões, o serviço de rádio da EBC tem potencial para se tornar uma alternativa importante em relação ao que hoje é oferecido ao público.

Necessidade imediata nesse sentido é a constituição de emissora noticiosa 24 horas no ar, capaz de produzir uma narrativa distinta das produzidas pelas rádios comerciais que tornam homogênea a informação radiofônica em circulação pelo país.

No caso da internet, a Agência Brasil já exerce um papel importante voltado para o público leitor e para o municiamento informativo de um número expressivo de veículos em todo o território nacional. Cabe popularizar e ampliar esse serviço tendo como uma das janelas o portal da EBC, dando a ele formas de acessibilidade e fidelização semelhantes às obtidas pelos portais informativos vinculados à mídia comercial.

Com a existência de canais públicos fortes, abertos aos interesses mais gerais da sociedade, a batalha da comunicação seria travada em termos um pouco mais equilibrados, dando ao público o direito de uma escolha real.

Possibilidade de mudança da feira em Altaneira volta a cena do debate


Depois de vários debates nas ruas, praças, pontos comerciais, no poder legislativo municipal e nas redes sociais, a possibilidade de mudança ou não do dia feira municipal do domingo, como ocorre tradicionalmente, para o sábado ou até mesmo para um dia da semana, voltou a ser alvo de debates na manhã deste domingo, 08 de março.

O assunto tinha sido amplamente discutido em 2014, inclusive parte dos comerciantes locais decidiram fechar seus estabelecimentos aos domingos, porém essa decisão não foi acatada por todos. Ante ao cenário, o caso foi discutido também e em mais de uma sessão na Câmara. A maioria dos vereadores chegaram em certos momentos a acenar favoravelmente a mudança da feira, tão logo ouviram o pronunciamento do comerciante Júnior Arrais. Este, na reunião da casa no dia 1º de abril arguiu que o comerciante é uma profissão e como tal os que fazem parte dela necessitam ter lazer e desfrutar de um dia de folga. Nenhum profissional trabalha dia de domingo. Porque só o comerciante tem que trabalhar? Indagou-o. O defensor da proposta utilizou exemplos de outras municipalidades que resolveram implantar mudança do tipo e que tiveram êxito, com crescimento econômico favorável, como Potengi, na região do cariri.

Rádio Comunitária Altaneira FM chegou a lançar com o propósito de colher junto à comunidade rural e do perímetro urbano um posicionamento sobre o assunto. Segundo dados divulgados, a maioria da comunidade é favorável a permanência da feira aos domingos. A Câmara voltou atrás da decisão acima proferida e resolveu aprovar um texto em que pretendia consultar a população por meio de um plebiscito, mas o caso caiu no esquecimento.

Quadro montado por este blogueiro. A credencial das fotos
 é do comerciante Luiz Pedro.
A chama foi reascendida mais uma vez. O comerciante Luiz Pedro, da “Ana Maria Variedades”, em nota na rede social facebook neste domingo, 08, afirmou que a feira local está a cada dia sendo eliminada e lamentou o fato de não se ter nenhum plano de ação para resgatá-la.  Luiz ainda disse que não tem nenhum incentivo a classe dos comerciantes e indagou: “já foi citado em alguns comentários que sábado e domingo são dois dias mortos em altaneira para o comercio,vejam o movimento hoje domingo dia 08/03/2015 as 10:30 hs. porque será que uma possível mudança do dia da feira local incomoda tanto algumas pessoas”???  

A nota rendeu alguns comentários, mas como de praxis tomou proporções político-partidárias.  

O parlamentar Adeilton (PP) lembrou o caso do plebiscito. “Na oportunidade o Vereador Antônio Leite colocou projeto solicitando a realização de um Plebiscito, que ficou a cargo do Executivo realizar com prazo até o mês de julho do ano passado. Nada foi feito. Não entendo como um Vereador que defende o Executivo e aimda se torna Secretário desse Executivo não tem uma propositura atendida pelo chefe do mesmo? Iremos reunir os interessados para chegarmos no consenso de qual posição e atitude iremos adotar. Não podemos é deixar como está”.

O ex-vereador e agora Secretário de Obras Antonio Leite apimentou o caldo e questionou a autoridade de Adeilton no caso. “nobre vereador vc já foi situação e sabe que nem tudo que o Sr solicitou do gestor da sua época foi atendida ou o nobre não defendia o executivo agora vem com essa que não entende porque um vereador não tem uma propositura atendida por ser do executivo ou no passado as suas eram todas atendidas ou o Sr não fazia nem uma ao seu gestor”.

Para além do lado político-partidário, a Agente de Edemias, Regilene Gonçalves argumentou que o assunto deveria ser solucionado apenas pelos comerciantes. (ela excluiu o comentário).

Faz-se necessário afirmar que um passo importante na resolução desse impasse é procurar meios de revitalização da feira. Mudar o dia simplesmente não irá surtir efeitos. Toda via, isso só pode ser feito de forma que se respeite o principio democrático ouvindo o povo, de forma específica os agricultores. O assunto é do interesse da comunidade e não apenas de uma classe. Sendo assim ela pode e deve ser consultada. Sem isso, estaremos eximindo o povo de uma decisão que lhe compete.

Segundo o jurista e blogueiro Raimundo Soares Filho, do Blog de Altaneira, irá apresentar um projeto que visa consultar o povo. “Ainda esta semana apresentaremos o projeto de consulta popular”, frisou.

Dia Internacional da Mulher – A pergunta prevalece: comemorar o quê?



Eu gostaria que nós, mulheres, tivéssemos bons motivos para comemorar o Dia Internacional da Mulher. Gostaria mesmo! Mas o fato é que há ainda tanta coisa a avançar, tanta, que fica realmente difícil qualquer comemoração.

E, se em março de 2014, eu iniciei meu texto dizendo que não tínhamos o que comemorar neste dia,“porque o ano de 2013 foi marcado pelo conservadorismo, e vários setores que representam as minorias tiveram que se mobilizar muito, mas muito mesmo, para não perder direitos que já estavam garantidos na constituição”. O ano de 2014 não foi diferente e o de 2015 também não promete mudanças. Ao contrário!

Na verdade, tenho a impressão que a luta por respeito e igualdade tende até a aumentar nos próximos anos, tendo em vista que nas últimas eleições o povo brasileiro elegeu o congresso mais conservador desde 1964!
E, se o ano de 2013 também foi marcado pela divulgação de estatísticas assustadoras: “segundo apontamentos, há três anos, o Brasil ocupa a 7ª posição na listagem dos países com maior número de homicídios femininos”. Em 2014, a coisa não foi nada diferente. Apesar de não ter estatística mais recente em mãos para confirmar essa informação, é perceptível, a qualquer um que queira ver, que a violência contra a mulher está aumentando significativamente, sobretudo a violência psicológica.

Vejam os diversos casos de mulheres que sofreram ameaças de estupro “corretivo” e morte ao defender o empoderamento e direito da mulher nas redes sociais. É simplesmente AS-SUS-TA-DOR!!

E não, não é nenhum exagero dizer que o machismo, a misoginia têm crescido nas redes sociais. Tem sim. E muito. Conforme a matéria ‘Misoginia na internet’, no ano passado a misoginia online entrou na roda com o chamado ”GamerGate”, quando diversas mulheres na indústria dos jogos, principalmente as desenvolvedoras Zoe Quinn e Brianna Wu, além da blogueira Anita Sarkeesian, foram alvo de uma onda de ataques machistas. No Twitter, no Reddit e em imageboards como o 4chan, as mulheres receberam ameaças de estupro e morte. Há também o caso da jornalista australiana Alanah Pierce, que ficou famosa por enviar printscreens das ameaças que recebia para as mães de seus assediadores, em sua maioria adolescentes.

Há algumas semanas, a jornalista Ana Freitas publicou um texto sobre misoginia em chans e imageboards brasileiros. Nos comentários da página, as manifestações de algumas pessoas — principalmente homens, mas não só — confirmaram perfeitamente as críticas expostas no texto. Para esses comentaristas, pedir respeito é “mimimi” e as mulheres seriam aceitas nesses espaços desde que não se identificassem publicamente como mulheres. Nada contraditório vindo de quem, por exemplo, se refere a mulheres como “depósito de esperma”.

Em relação ao mercado de trabalho, tudo continua notoriamente sem qualquer mudança. A mulher permanece ganhando um salário menor que o homem, “continua sendo uma mão de obra barata, ‘dócil’, instruída (já que conforme pesquisas, mulheres têm mais anos de estudos que os homens) e de autoestima reduzida por uma cultura misógina, que lucra muito pregando inseguranças às mulheres (a ‘ditadura da beleza’ instituiu dois grandes medos para dominar o público feminino: o medo de envelhecer e de engordar, e isso gera altos lucros às ‘indústrias da beleza’)”. E continuamos com a dupla ou tripla jornada de trabalho, tendo em vista que a maioria das mulheres trabalha fora e em casa.

Há ainda a necessidade cada vez mais premente de questionar velhos mitos que nos infligiram ao longo do tempo e que em nada nos engradecem ou privilegiam, ao contrário, nos colocam em uma posição que nos torna subordinadas a tradições patriarcais. É costume ver nas redes, em datas como essa, uma enxurrada de mensagens com fotos de flores e asneiras que parecem “elogiar” as mulheres, mas que, infelizmente, só ressaltam expectativas machistas.

Enfim, ratifico que temos uma batalha muito grande pela frente nas mudanças dessas e de outras tantas situações e também na desconstrução desses mitos que nos abatem diariamente, nos inferiorizam, nos tiram a autonomia e nos limitam a papéis de dependência dentro da sociedade.

A violência contra a mulher é REAL e diária. Está nas redes sociais, nas ruas das cidades e dentro de muitas empresas e inúmeras residências. Por isso é tão importante provocarmos o debate nesse dia 08 de março e estendermos para os demais dias do ano, para o dia a dia. Por isso é tão importante que homens e mulheres se unam na desconstrução de mitos e na conquista pela igualdade de direitos. Afinal, mudanças desse porte não ocorrem do dia para a noite e nem muito menos num único dia. Pensem nisso!

*Autora

Janethe Fontes é escritora e tem, atualmente, 4 livros publicados: Vítimas do Silêncio, Sentimento Fatal, Doce Perseguição e O Voo da Fênix.




Volta a ser divulgada, agora de forma alternativa, Lista suja' do trabalho escravo




Entidades de defesa dos direitos humanos que atuam no combate ao trabalho escravo comemoraram o fato de, na tarde de hoje (6), a chamada "lista suja" do trabalho escravo, que compila os nomes dos empresários flagrados pelos fiscais trabalhistas com empregados em situação análoga à de escravidão em suas terras, ter voltado a ser divulgada. O feito partiu de uma iniciativa do cientista político, ativista e blogueiro Leonardo Sakamoto, por meio da ONG Repórter Brasil, que solicitou formalmente o nome desses empresários ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com base na Lei de Acesso à Informação.

Relação tem, entre outros setores, fazendas de gado, usinas
de cana, empresas da construção civil e do setor têxtil
A “lista suja” alternativa foi encaminhada hoje para Sakamoto e cita 404 nomes, entre pessoas jurídicas e pessoas físicas. Destaca entre os estados com maior número de flagrantes Pará, Minas Gerais e Mato Grosso. A relação apresenta, entre outros setores, fazendas de gado, usinas de cana (como a Zihuatanejo do Brasil Açúcar e Álcool), empresas da construção civil (como a OAS) e do setor têxtil (a exemplo da Zara Brasil).

Desde dezembro passado, a divulgação da “lista suja” que antes era feita no site do ministério, foi suspensa mediante liminar do Supremo Tribunal Federal (STF). A liminar suspendeu a relação em caráter provisório, até o julgamento de ação de constitucionalidade impetrado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Acontece que, prevista para ser incluída entre as prioridades de julgamento do tribunal para 2015, a ação ainda não entrou na pauta do colegiado do tribunal.

O argumento da Abrainc para que seja avaliada a constitucionalidade da lista é que a referida relação só poderia ser instituída mediante projeto de lei aprovado pelo Legislativo e não por meio de uma portaria ministerial, como ocorreu. O Ministério Público, entretanto, deu parecer considerando legítima a instituição da lista por meio de portaria. A relatora da ação é a ministra Cármen Lúcia.

‘O mais próximo’

Ao divulgar a relação alternativa, como está sendo chamada,  Sakamoto explicou, em texto veiculado no seu blog, que os nomes permaneciam na “lista suja'' por, pelo menos, dois anos, período durante o qual o empregador deveria fazer as correções necessárias para que o problema não voltasse a acontecer e quitasse as pendências com o poder público.

Com a suspensão, uma atualização da relação que estava para ser divulgada no dia 30 de dezembro foi bloqueada – esta que agora pode ser divulgada por outros veículos, que não sejam o Ministério do Trabalho e Emprego.

O cadastro foi criado em 2003 e é considerado um dos principais instrumentos no combate a esse crime, tido, inclusive, como referência pelas Nações Unidas. Sakamoto explicou que a resposta à solicitação não corresponde à lista completa porque o que ele pediu foi uma relação com o conteúdo mais próximo e atualizado o possível do que seria a “lista suja”, caso ela estivesse desbloqueada.

Cadastro e divulgação

Segundo Sakamoto, não seria possível pedir o conteúdo exato desses dados, já que a decisão do STF, tomada de forma monocrática pelo ministro Ricardo Lewandowski, exigiu a suspensão da eficácia das portarias que criaram e mantêm a lista. “A questão, portanto, não é apenas de divulgação, mas da existência do próprio cadastro”, disse.

Vale ressaltar que alguns empregadores que haviam obtido liminar judicial para terem seus nomes excluídos da ‘lista suja’ nos últimos meses aparecem no cadastro, uma vez que este extrato das autuações não sofre influência das decisões judiciais. Outros que estavam na lista, mas tiveram seus processos administrativos finalizados antes de 2012, podem ter ficado de fora. O período de dois anos foi usado como referência por ser o tempo de permanência de qualquer empregador na ‘lista suja’, de acordo com a portaria que criou o cadastro”, ressaltou o jornalista.

A última versão da "lista suja", divulgada em julho de 2014, contava com 575 nomes. Acesse aqui a lista encaminhada pelo ministério para a ONG Repórter Brasil.

Emprendedora altaneirense participa do prêmio nacional do Sebrae


A empreendedora altaneirense Silvania Andrade participou na capital federal, Brasília, de um encontro promovido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae, a partir do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. As premiações foram entregues nesta quinta – feira, 05.

As emprendedoras/empresárias que concorrerão a esta premiação reunirão histórias que confirmam a importância crescente do empreendedorismo feminino na sociedade brasileira, tendo como ponto de partida relatos de superação, exemplos de inovação, empreendimentos que mudam a realidade social da comunidade onde vivem e das circunvizinhas. Este evento já vem sendo desenvolvido a mais de uma década e tem como uma das finalidades reconhecer e incentivar o trabalho de mulheres que transformaram e vem transformando em realidade o sonho de serem donas do próprio negócio e que estão de alguma forma ajudando a mudar o perfil do empreendedorismo no país por meio da entrega de troféus e capacitações no setor ao qual construiu.

Na última quinta-feira, as mais de 11,5 mil mulheres de negócios, entre elas a Altaneirense Silvânia Andrade, estavam concorrendo em uma das três categorias, a saber: Pequenos Negócios (donas de micro e pequenas empresas), Produtora Rural e Microempreendedora Individual (MEI).  

Marial Silvânia de Andrade, ou simplesmente “Silvânia dos Bolos” como é reconhecida em Altaneira e nas cidades vizinhas, tem seu ofício ligado a confecção de bolos. Sua empresa está ativa desde o dia 19 de dezembro de 2011, sendo alvo de constantes de pedidos não só em Altaneira, mas em outros municípios. Em conversas com este blogueiro quando do agendamento para fazer um bolo de aniversário em Nova Olinda, Silvânia logo se mostrou apta a realização do trabalho, mesmo com vários pedidos expostos na porta da geladeira. “Já tenho vários pedidos, mas já me comprometi em fazer este também”, afirmou. Quando indagada sobre a sua viagem a Brasília, ela se mostrou feliz por ter seu trabalho reconhecido nacionalmente e confessou que não sabia exatamente qual era o motivo do encontro na capital federal.

A sua estada em Brasília foi alvo de vários comentários na rede social facebook em fotos compartilhadas por ela desde o momento de sua saída do Aeroporto de Juazeiro do Norte na quarta-feira, 04, inclusive a que ilustra ente artigo.

O tradicional prêmio Sebrae Mulher de Negócios é realizado em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República e a Federação das Associações de Mulheres de Negócios Profissionais do Brasil (BPW), com apoio técnico da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).