Em fevereiro, Barroso passará o cargo para Fachin. (FOTO/ Reprodução/ TSE). |
19 de dezembro de 2021
Barroso fecha o ano no TSE afirmando que ‘instituições resistiram e afastaram o fantasma do retrocesso’
18 de dezembro de 2021
Governo Bolsonaro terá de explicar ‘desmonte’ da Cultura em ação da OAB
(FOTO/ Reprodução). |
63 anos de emancipação política de Altaneira
63 anos de emancipação política de Altaneira. (FOTO/ Fabrício Ferraz). |
Por Nicolau Neto, editor
O
Município de Altaneira, localizado na microrregião serrana de Caririaçu e na
Região do Cariri possui, segundo estimativas de 2020 do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), uma população equivalente a 7.650 habitantes e
veio a ganhar autonomia política e administrativa no dia 18 de dezembro de 1958
segundo a historiografia contada pelas elites da época e sustentada ainda hoje.
De
acordo com as explicações dessas fontes e de alguns populares mais velhos, a
formação desse território que posteriormente veio a ser denominado de Altaneira
teve início nos anos finais do século XIX, quando os primeiros habitantes
começaram a ocupar a área em 1870. Com a fixação e organização desses povos
formou-se um povoado que levou o nome de Santa Tereza. Esta posteriormente foi
concebida como a padroeira do município. Segundo as mesmas fontes, as primeiras
famílias a se estabelecerem na localidade tinham como chefes João Bezerra,
Manoel Bezerra, Joaquim de Almeida Braga, José Almeida Braga, além de José
Braz, Firmino Ferreira Lima e João Correia de Araújo. O que permite perceber
laços familiares no molde patriarcal.
Antes
de se tornar independente politicamente o povoado da vila Santa Tereza foi
subordinado aos municípios de Quixará (hoje Farias Brito) e Assaré. A historiografia local, seja por intermédio
de fontes orais ou escrita, são poucas e até ineficiente para se ter um relato
mais preciso e as que estão a disposição acabam não revelando uma luta pela
independência fervorosa e ou, com grandes conflitos armados. O que leva a perceber a necessidade de um
estudo mais aprofundado para se analisar a historiografia local.
Levando
em consideração esses os relatos, pode-se afirmar que o povoado foi elevado a
categoria de distrito pela lei estadual nº 1153, de 22 de novembro 1951, sendo
pertencente ao município de Quixará. Pela lei estadual nº 2194, de 15 de dezembro de 1953, o distrito de Altaneira
passou a fazer parte do município de Assaré. Toda via, o ponto auge é atingido
somente em dezembro de 1958 quando, de fato, o distrito passa a se tornar
município de Altaneira. O Padre David Augusto Moreira é apontado como o
responsável pela denominação do Município. Ainda no que toca ao processo de
autonomia política, ocorreu em virtude do Projeto de Lei nº. 299/58, cujo o
autor foi o Dep. Cincinato Furtado Leite, nome que, inclusive foi dado ao
plenário da Câmara.
Segundo
as informações de populares mais antigos e de algumas fontes escritas a
religiosidade é uma conotação ávida e se faz presente com vigor ainda hoje. Nas
primeiras décadas do século passado foram dados os primeiros passos para a
construção de uma capela no distrito, sendo que a primeira missa campal se deu
em 1937 sob a organização do Padre Joaquim Sabino Dantas.
Durante
mais de meio século de história, Altaneira já passou por grandes
acontecimentos, a maioria deles ligados a política partidária. Entre o final de
2010 e início de 2011 o município passou pelo momento mais conturbado e
complicado da sua curta história. Antonio Dorival de Oliveira, prefeito no
período, foi cassado por abuso de poder político (acusado de distribuir vales
de combustível durante o processo eleitoral de 2008 com dinheiro público). Em virtude disso, em um período de um ano os
munícipes foram as urnas duas vezes, uma em 2011, na eleição suplementar e, outra
em outubro do ano seguinte, para elegerem seu novo gestor.
Em
2020, em plena pandemia, a cidade sofreu mais um abalo politicamente e
acreditou-se que o município teria em sua curta história mais um caso de
prefeito afastado do cargo quando em uma operação secretários e empresários
foram presos por suspeitas de fraudes em licitação. A operação recebeu o nome
de “Salus.”
Em
63 anos de História nenhuma mulher chegou a ocupar o cargo de prefeita. As mulheres,
inclusive, estão ausentes na história tradicional que conta a formação do
município, fato que em nada se diferencia dos acontecimentos contados sobre a formação
do Brasil. Essa lacuna precisa ser preenchida. Alias muitas lacunas precisam
ser preenchidas, a exemplo do papel das populações negras, dos homens e mulheres
que não pertenciam às elites políticas e econômicas nesse jogo de poder.
Foucault, por exemplo, um dos filósofos mais estudados quando o assunto é poder, destaca que o poder ajuda a identificar sujeitos. Na relação de poder, os sujeitos atuam sobre os outros sujeitos, estabelecendo uma relação de dominação. Poder é, portanto, dominação. E essa sobrepõe verdade que precisa ser contada e recontada. Nas sociedades capitalistas, quem tem dinheiro tem poder, tem dominação e as impõe. As histórias contadas são as histórias dos “vencedores”, nunca a dos “vencidos”. E é aqui que reside o papel dos historiadores e das historiadoras – o de demonstrar e analisar essas relações de poder. É contar a história por outro viés e lembrar, como constatou o historiador inglês Peter Burke, que nossa função é “fazer lembrar aquilo que a sociedade quer esquecer.”
17 de dezembro de 2021
Governador do Ceará, Camilo Santana, afirma que Sergio Moro "representa o mesmo projeto de Bolsonaro"
Camilo participa do Jogo Político. (FOTO/ Thais Mesquita) |
O governador
do Ceará, Camilo Santana (PT), comentou o cenário eleitoral de 2022 demonstrado
nas últimas pesquisas eleitorais. Camilo disse que o pré-candidato Sergio Moro
“representa o mesmo projeto de Bolsonaro”.
Ele falou ainda sobre uma possível chapa entre Lula (PT) e Alckmin (sem
partido) e comentou a viabilidade da 3ª via.
Em
entrevista ao programa Jogo Político, do O POVO, Santana defendeu a ampliação
do número de projetos para o País como forma de fortalecer a democracia no
País. Ao ser questionado sobre a candidatura do ex-juiz e ex-ministro da
Justiça Sergio Moro, o governador disse que ela faz parte do processo
democrático, mas que, para ele, “Moro
representa o mesmo projeto de Bolsonaro, na mesma linha, e portanto, ruim para
o País”.
Com informações do O Povo. Abaixo integra da entrevista.
Mateus Aleluia receberá título de Doutor Honoris Causa por universidade da Bahia
(FOTO/ Vinícius Xavier/ Divulgação). |
Os
anos dedicados à pesquisa antropológica e cultural no Brasil e em África, além
de sua contribuição à arte através da música renderão à Mateus Aleluia o título
de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
A concessão foi aprovada nesta semana e tem peso simbólico pelo artista ter
nascido em Cachoeira e iniciado a sua carreira no Recôncavo, mesma região de
onde receberá a honraria.
De
acordo com publicação feita pela instituição de ensino, o título foi
recomendado por uma comissão formada pelos docentes do Centro de Cultura,
Linguagens e Tecnologias Aplicadas (CECULT), Armando Alexandre Costa de Castro,
Mariana Balen Fernandes, Anderson Fabrício Andrade Brasil, Fábio Leão Figueiredo
e Mariella Pitombo Vieira.
A
universidade ressaltou os feitos do artista,que levaram ao reconhecimento de
Doutor. Mateus Aleluia, junto ao amigo Dadinho, foi responsável pelo perfil
artístico ideológico dos "Tincoãs", considerado o primeiro grupo
vocal a expressar, na história da Música Popular Brasileira, a herança cultural
– musical e linguística – de diferentes povos africanos que chegaram ao Brasil.
Os dois músicos, a partir de 1983, passaram a viver em Angola. Nas duas décadas
que viveram por lá lançaram o último disco dos Tincoãs, mas foi à pesquisa
antropológica e cultural que Mateus dedicou grande parte do seu tempo.
Aleluia
ainda foi contratado pela Secretaria de Cultura de Estado de Angola, viajou o
país ao encontro de mestres e mestras dos mais diversos saberes. No retorno ao
Brasil, em continuidade à sua trajetória artística, lançou dois aclamados
álbuns, ‘Cinco Sentidos’ e ‘Fogueira Doce’, que junto com a obra dos Tincoãs
são referenciados como matrizes culturais afro-brasileiras, trajetória que
levou a instituição federal à concessão do título.
Pesquisa musical pan-africana
Mateus
Aleluia lançou no dia 30 de novembro o seu novo projeto “Nações do Candomblé”.
O trabalho é fruto da pesquisa musical pan-africana do artista no Benin, na
África Ocidental, e é dividido em duas produções: o álbum “Afrocanto das Nações
- Jêje” e o museu virtual homônimo ao título do projeto “Nações do Candomblé”.
Nesta fase, o cantor e compositor apresenta seus estudos mais recentes no
âmbito da ancestralidade ritualística.
As
conexões entre os cantos, práticas e modos de vida advindas dos cultos
pesquisados foram alvo da escuta atenta do cantor que criou um álbum de canções
inéditas com a sua leitura das relações entre esses cantos e a relação do homem
com o sagrado e um museu virtual que apresenta, através de fotografias, vídeos
e textos, o material de pesquisa e todo o processo de composição da obra.
O
álbum já está em todas as plataformas digitais e o museu pode ser visitado
através do link.
__________
Com informações do Alma Preta.
16 de dezembro de 2021
“Recabano”: projeto propõe recontar a Revolta da Cabanagem em formato de história em quadrinhos
Com
previsão de lançamento para a próxima quinta-feira (16), o projeto Recabano
reconta a “Revolta da Cabanagem” em formato de história em quadrinhos. O
movimento foi iniciado em 1835, e teve como principal causa a pobreza extrema
que imperava após a independência do Brasil.
A
iniciativa é idealizada pelo artista Eber Pirangy e pela apresentadora e
produtora Deusa Ísis, e a HQ será disponibilizada gratuitamente através de um
link nas redes sociais da Pedra de Fogo Produções. A proposta é de um projeto
envolvido em um olhar crítico e futurista sobre a narrativa revolucionária de
negros e indígenas apagados pela racismo que impera no Brasil desde a invasão
europeia. E é uma das ações da produtora, que tem como proposta agenciar
imagem, carreira e agenda dos artistas locais.
Os artistas
se articularam para ressignificar e refletir o impacto da Cabanagem por meio de
uma ficção de fantasia afrofuturista e amazônica futurista. Disputando
memórias, inventando o futuro e ocupando o imaginário nortista. “Nosso foco é resgatar a memória daqueles que
lutaram em uma revolução que foi apagada, que colocou o povo preto e indígena
em um lugar invisibilizado”, explica Eber Pirangy.
A
criação da revista vem ainda com um forte objetivo de fomentar o pensamento
crítico acerca das narrativas históricas das insurreições cabanas, levando a
percepção de que um contexto de insurgência e revolta persiste ainda presente.
De
acordo com a produtora da HQ, Deusa Ísis, a criação da revista em quadrinhos
conta a parte fictícia de uma estória que não aconteceu. Mas que segundo os
autores, tem o propósito de reconstruir uma imagem sobre o Amazonas e o Pará
que de fato reflitam a identidade da população nortista.
“Queremos ter o poder de contar a história de
nossos antepassados e construir nossa identidade coletiva com o poder das
diversas e múltiplas vozes do povo do norte. O contexto histórico e social de
tensões consolidam as revoltas da cabanagem e a nossa movimentação cultural
enquanto artistas amazônicos, que é uma forma de manter vivo o espírito revoltoso
dos cabanos”, finaliza Pirangy.
Revolta da Cabanagem
Cabanagem,
Cabanada ou Guerra dos Cabanos foi uma revolta ocorrida entre 1835 a 1840 na
antiga província do Grão-Pará (atualmente Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e
Rondônia). Esse movimento teve como causa a extrema pobreza pela qual a região
passava e o abandono político após a Independência do Brasil.
Equipe
O
projeto Recabanos nasce na fecunda rede de agentes culturais e coletivos
artísticos que emergem nas encruzilhadas de Manaus. Os artistas participantes
do projeto se articularam para ressignificar e refletir o impacto da Cabanagem,
disputando memórias, inventando o futuro e ocupando o imaginário nortista.
A
produção do projeto vem sendo construída desde o início da quarentena, em abril
de 2020, situação em que se tornou expressiva a necessidade de artistas e
agentes culturais locais se unirem buscando a valorização da cena artística
manauara, garantindo a devida e justa remuneração para todos os participantes.
“Recabanos”
foi contemplado pelo Programa Cultura Criativa – 2020/Lei Aldir Blanc – Prêmio
Encontro das Artes do Governo do Estado do Amazonas, com apoio do Governo
Federal – Ministério do Turismo – Secretaria Especial da Cultura, Fundo
Nacional de Cultura.
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15 de dezembro de 2021
Bell Hooks, escritora e ativista, morre aos 69 anos deixando grande legado sobre feminismo
Bell Hooks. (FOTO/ Reprodução). |
A
escritora e ativista bell hooks morreu nesta quarta-feira (15), aos 69 anos. “É
com extrema tristeza que a família de Gloria Jeans Watkins confirma a morte de
nossa amada irmã, neste dia 15 de Dezembro de 2021. A família honrou seu pedido
de descansar em casa com sua família e amigos ao lado“, escreveu sua família em
um comunicado.
Gloria
Jean Watkins, nome de registro de hooks, publicou seu primeiro livro de poemas
“And There We Wept” sob seu pseudônimo em 1978. O nome artístico era uma
homenagem à bisavó.
Ao
total, Bell escreveu 40 livros publicados em 15 idiomas diferentes. Os temas
tratados pela ativista eram feminismo, racismo, cultura, política, papéis de
gênero, amor e espiritualidade.
Watkins
frequentou escolas segregadas no Condado de Christian, depois foi para a
Universidade de Stanford na Califórnia e fez mestrado em inglês na Universidade
de Wisconsin. O doutorado em literatura, por sua vez, foi na Universidade da
Califórnia em Santa Cruz.
O
trabalho de bell hooks foi descrito como “a redefinição do feminismo”. Para o
jornal “Washington Post”, ela conseguiu ampliar um movimento que muitas vezes
era visto principalmente como associado a mães e esposas brancas, de classe
média e alta.
Com informações do Notícia Preta.
14 de dezembro de 2021
Pandemia de Covid causou uma crise de direitos humanos no Brasil
Cena de caminhão com ossos e restos de carne em disputa no Rio de Janeiro é um dos retratos da fome no Brasil (Foto: Domingos Peixoto 28.set.2021/Agência O Globo). |
O
que há para se comemorar no Dia Internacional dos Direitos Humanos em 2021?
Hoje, 10 de dezembro, é a data que remete à oficialização da Declaração
Universal dos Direitos Humanos pela ONU (Organização das Nações Unidas). No
Brasil e no mundo, enfrentamos uma crise sanitária, que é também uma crise de
direitos humanos, sem precedentes.
Aqui,
chegamos a mais da metade da população brasileira com o esquema vacinal
completo. Não dá para comemorar: as desigualdades internas ainda são marcantes
e poucos estados atingiram patamares de vacinação que dão proteção à população.
Mais de 615 mil vidas de brasileiras e brasileiros foram perdidas para a
Covid-19. Os que aqui estamos, somos sobreviventes.
Milhões
de famintos estão na luta por ossos e lixo; o desemprego atinge recordes; há os
que estão doentes nas filas do SUS sem previsão de cuidado; há milhões de
crianças e adolescentes privados da escola ou sem condições adequadas para
retornar ao estudo presencial; a população indígena, as comunidades quilombolas
e as comunidades das águas e das florestas estão sendo atacadas; e ainda falta
coragem e compromisso a alguns políticos em dar nome às desgraças —eles tentam
se esquivar das suas responsabilidades constitucionais de agir em defesa dos
direitos de todas e todos.
Os
direitos humanos foram negligenciados no Brasil desde o início da pandemia da Covid-19.
E essa triste situação de 2020 permanece —inerte e nefasta— nessa retrospectiva
que fazemos de 2021. A Anistia Internacional Brasil denuncia a má gestão da
pandemia e as negligências do Estado em relação à garantia de direitos, à
redução das desigualdades sociais e à formulação e implementação de políticas
públicas efetivas para atender a população, especialmente os grupos sociais sistematicamente
vulnerabilizados.
Esta
população teve os seus direitos violados em diversas áreas, inevitavelmente conectadas
entre si —emprego e renda, educação, acesso a medicamentos e equipamentos de
saúde, alimentação, moradia, segurança, entre muitas outras. O Estado continua
falhando em seu dever constitucional de zelar pelos direitos econômicos,
sociais e culturais e solucionar ou mitigar os efeitos de suas violações, que
impactam sobremaneira uma parcela expressiva da população, historicamente
marginalizada e discriminada.
Estamos
falando de desigualdades que, arraigadas no racismo e em outras iniquidades
estruturais, tiveram influência sobre as mortes por Covid-19 e sobre todo tipo
de sofrimento que atravessa a vida das pessoas no Brasil atual. Por exemplo,
falamos das mulheres negras, que já representavam a maior parcela da população
pobre do país antes da crise sanitária, e que, durante a pandemia, foram as
mais impactadas —38% delas passaram a viver em situação de pobreza.
Não
podemos esquecer do desemprego, da evasão escolar, das condições inadequadas de
moradia, da violência policial, e de outras mazelas que afetam
desproporcionalmente população negra, moradores e moradoras de favelas e
periferias, pessoas em privação de liberdade, incluindo jovens do sistema
socioeducativo, pessoas em situação de rua, pessoas com condições inadequadas
de moradia, mulheres cis e trans, quilombolas, povos indígenas e outras
populações tradicionais, trabalhadores e trabalhadoras autônomas, população
LGBTQIA+, crianças, adolescentes e idosos.
É
por essas pessoas, que precisam viver com dignidade e ter de volta seus
direitos, que a Anistia Internacional Brasil lança, hoje, o relatório “Covid-19
e direitos humanos no Brasil: caminhos e desafios para uma recuperação justa”.
O estudo reúne múltiplos dados alarmantes referentes à violação de direitos humanos
no contexto da pandemia.
São
informações relacionadas aos direitos ao trabalho, à educação, à moradia, à
saúde, à alimentação, à segurança, ao território e a outros temas. Elas foram
coletadas de organismos públicos —como o Ministério da Saúde, a Fiocruz, a
Secretaria Especial de Saúde Indígena, o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) e o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada)—
e de monitoramentos feito por coalizões e organizações de sociedade civil —como
o grupo do Alerta, a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e a Conaq
(Coordenação de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas). O
estudo traz, também, conteúdos produzidos por universidades e instituições de
desenvolvimento científico e tecnológico. Além, claro, das informações do consórcio
dos veículos de imprensa.
Nós,
da Anistia Internacional Brasil, apresentamos um conjunto de recomendações para
uma recuperação justa, que só será possível quando as medidas para a superação
desta crise de saúde pública e seus impactos sobre a população, especialmente
sobre os grupos mais vulnerabilizados, privilegiem o cumprimento dos direitos
humanos de todas e todos. O Brasil, como Estado-parte de diversos tratados
internacionais de direitos humanos, possui obrigações imediatas relacionadas à
pandemia e a temas a ela relacionados ou por ela agravados.
São
incontáveis os direitos que foram desrespeitados até aqui. Chegamos ao fim de
2021 devastados e devastadas, mas com a força que precisamos ter para
identificar os desafios que persistem no nosso horizonte. Com a campanha
Omissão Não é Política Pública, ao longo de 2021, a Anistia Internacional
Brasil e outras 19 organizações da sociedade civil exigiram responsabilização
pelas mortes evitáveis —e ainda aguardamos que as denúncias apresentadas no
relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 sejam apuradas pelo
Ministério Público Federal. Mas precisamos ir além.
É
urgente interromper e reparar as incontáveis violações de direitos humanos
causadas por ação e inação do Estado brasileiro. O tempo está passando e é
urgente que as autoridades entrem em ação e cumpram suas responsabilidades e
deveres. Precisamos de justiça e de uma recuperação justa: abrangente, efetiva
e urgente.
____________
Por Jurema Werneck, na Folha de S. Paulo e reproduzido no Geledés.