27 de outubro de 2022

A perversidade do racismo brasileiro

 

(FOTO | Reprodução/Twitter).

Todos os dias, toda hora, todo minuto alguém está sofrendo com um ato de racismo no Brasil. Sendo xingado, preterido numa promoção, destratado num hospital, tendo analgesia negada, sofrendo enquadro da polícia, sendo morto pelo Estado pelo simples fato de ser uma pessoa negra e, à exceção da militância negra, não existe uma voz que se erga pra protestar contra esta situação. Pelo contrário, na maioria das vezes se levantam diversas vozes para dizer que não foi racismo, para culpabilizar a vítima, para dizer que quem luta contra o racismo vê discriminação racial em tudo, é mimizento, que a vítima era bandida como justificativa para a aplicação de uma pena de morte sem tribunal, que a pessoa sofre de baixa auto estima, que a discriminação é social e não racia.

A situação muda uma gota quando o discriminado é famoso ou tem dinheiro e aí se admite o racismo, nomes famosos se mostram indignados, se fala na necessidade de acabar com o racismo e o movimento negro exponencia o barulho pra demonstrar que sempre denunciou a gravidade do racismo mas quanto teremos que caminhar para que o Brasil pare de naturalizar uma coisa tão perversa como o racismo. O racismo no Brasil tem sua base na formação do país estar fundamentada na escravização, na exploração colonial que não foi passada a limpo, o país tem uma dívida histórica com o povo negro.

Quando pararemos o Brasil, quando iremos todos pra rua porque um homem foi posto pra morrer numa câmara de gás pela polícia, só pelo fato de ser negro quando a sensibilidade contra o racismo e os racistas gritarão por qualquer pessoa negra humilhada, violentada, morta.

E necessário punir severamente os racistas e que se faça letramento racial com todo o país pra que possamos separar o joio do trigo, para que possamos ir pro arrebento a cada caso de violência racista neste país, para que o casos de discriminação do Seu Jorge ou do Eddy Júnior não sejam exemplares e que a gente tenha que gritar para dar visibilidade a uma violência que acontece a cada minuto nas nossas vidas. Só quando for feita a reparação histórica ao povo negro na diáspora e em África estaremos em paz. 'REPARAÇÃO, JÁ!' é o mantra necessário.

---------------

Com informações do Alma Preta.

25 de outubro de 2022

A população negra tem um grande potencial de alterar o sistema, diz especialista

 

(FOTO | Isabel Praxedes).

Mesmo com avanços no debate político no Brasil, existe uma conservação de narrativas ao longo da história política do país. Em um momento crucial para a democracia brasileira, estudos e especialistas ressaltam a importância da sociedade organizada e a diversidade entre os protagonistas e articuladores, principalmente para combater narrativas sistêmicas, que pouco acrescentam para evolução e aplicação de políticas públicas. Nesse sentido, se faz importante o engajamento da população negra e periférica.

Durante os mais de 30 anos de democracia, o país teve poucos avanços em pautas que atendessem ao interesse público e, principalmente, às pessoas negras e periféricas. E uma das estratégias para manter o governo longe destes assuntos é a insistência em reforçar problemas sem demonstrar soluções, como a corrupção. 

Para a cientista política, Isadora Harvey, o debate da corrupção ainda caminha numa linha muito cinza e os últimos anos na política brasileira mostram isso. “Acho interessante não se deixar inundar pelas discussões dos problemas que não se encaminham em propostas factíveis e realistas para contrapor uma cultura que, infelizmente, parece estar conectada de forma quase intrínseca às instituições”, comenta a especialista. 

Enquanto maioria na população brasileira, fica evidente o papel importante que a população negra tem nesse debate. Nesse sentido, Isadora ressalta que mesmo ocupando os menores índices na garantia de seus direitos, a população negra tem papel fundamental na discussão dos valores como sociedade, sem que isso precise recair em mais uma responsabilização excessiva sob o grupo. 

“A população negra tem um grande potencial de provocar e demandar alterações nos nossos sistemas e acordos democráticos. Principalmente, contribuindo com outras perspectivas, éticas e responsabilidades coletivas habituais das organizações societais negras prévias à colonização. É fundamental estar atento aos discursos, às tentativas de dispersão social e política e aos propósitos por trás dessas narrativas; especialmente a população negra.” - Isadora. 

No mesmo caminho, documento construído pela Purpose, que pontua rotas de saída para falar sobre corrupção, indica que um caminho importante para ampliar a contranarrativa é construir um política brasileira diversa e representativa, que atenda aos anseios da maioria e amenize problemas estruturais, como a desigualdade social e a ausência de direitos. 

Apesar disso, é necessário construir e fomentar uma maioria mobilizada na sociedade. Nesse sentido, a comunidade negra tem muito a contribuir nesse movimento. “Historicamente, a população negra demonstra um alto nível de capacidade organizativa e de mobilização politizada; que, sistematicamente, é alvo de estratégias e ferramentas de desmobilização e desarticulação”, comenta Isadora. 

Para ela, o papel da comunidade negra pode, mais uma vez, refletir, resgatar e atualizar para a realidade, as experiências éticas de uma vida coletiva baseada em valores comunitários para a garantia da dignidade, do respeito e da autonomia. “O potencial desse processo está, justamente, no investimento e na valorização da capacidade imaginativa e radical da população negra para uma sociedade mais justa”, afirma a cientista. 

O guia pontuado na matéria foi idealizado e elaborado numa jornada colaborativa das organizações Purpose, Instituto Cidade Democrática, Mulheres Negras Decidem, Open Knowledge, Periferia em Movimento, Transparência Brasil e Transparência Internacional. A metodologia de trabalho contou com uma agenda que incluiu pesquisas secundárias, oficinas de co-criação e testes de mensagens.
-----------

Com informações do Alma Preta.

24 de outubro de 2022

Terrorismo como tática política de Bolsonaro

 

(FOTO | Reprodução | TV PT).


Por Alexandre Lucas, Colunista 

A fabricação do medo, através da mentira, da intimidação e da violência tem sido a tática política de Bolsonaro nas redes e nas ruas. O terrorismo eleitoral tem incitado uma onda violenta em todo o país, não são casos isolados, como alguns tentar impor, mas compõe uma política bem orquestrada, a qual se utiliza da ciência para ganhar capilaridade e potência segredada nas redes sociais e que tomar as ruas,  a partir das poderosas estruturas religiosas que tem conexões nos mais diversos segmentos sociais e com forte ligação com as camaradas populares.

A violência bolsonarista já tem demonstrado os seus resultados: Mortes, agressões físicas e a demonização da esquerda, dos movimentos sociais e até mesmo dos ensinamentos cristãos, isso mesmo, pastores a serviço do anticristianismo. As Marchas para Jesus serviram como palanques para Bolsonaro, espaços das pautas antidemocráticas e de favorecimento do lema usado pelo fascismo à brasileira “Deus, Pátria e Família”, expressão usada pelos integralistas brasileiros (fascistas do Brasil). Por outro lado, cresce, os   diversos setores religiosos que fazem barreira ao discurso do ódio e da violência que se entranhou em diversas igrejas. Pastores e padres progressistas se unem em defesa da democracia.

Essa eleição é marcada por posições antagônicas bem definidas que colocam em risco a própria democracia no país. Não é uma eleição qualquer. Precisamos agir e tomar cuidado a todo instante, os estopim como Roberto Jefferson já estão sendo incendiados  há um bom tempo, basta lembrar o crescimento de armas  de fogo e munição no Brasil, após Bolsoanaro e os assassinatos e agressões de ordem política praticadas pelos apoiadores do atual presidente. 

O Partido Comunista do Brasil – PCdoB saiu bem antes das eleições defendendo uma frente ampla para além das esquerdas que conseguisse aglutinar os setores progressistas e democráticos no país em torno de uma tática única e central: derrotar o bolsonarismo nestas eleições. A posição do PCdoB se apresentou como acertada. A estrutura e os apoios políticos de uma campanha é condição objetiva na correlação de forças para ganhar a disputa eleitoral. É a somatória de votos que ganha uma eleição e não necessariamente as boas ideias. Isolados não temos condições de ter incidência política nas grandes discussões nacionais.

A vitória de Lula é capaz de reconstruir a perspectiva de um projeto nacional desenvolvimentista. É preciso insistir nesta vitória. O projeto representado por Bolsonaro não será derrotado do dia para a noite, muito menos  no dia 30 de outubro, ainda teremos uma intensa batalha, para garantir a governabilidade e os mecanismos de gestão democrática e participação popular, numa conjuntura adversa,  em que o inimigo tem musculatura e resistência.    

Falta menos de uma semana, pouco tempo, a frente ampla está nas ruas e nas redes, o inimigo está bem vivo e longe de dar descanso, ainda é hora de conquistar os indecisos, reduzir as abstenções e de dividir o lado de lá.  O terrorismo eleitoral não vai cessar, a tendência é ampliar. Os bolsonaristas nos querem fora das ruas e das redes, é preciso desobedecer. A tática das redes vai ser ampliar a nossa visibilidade, curtir, comentar, compartilhar tudo em defesa da nossa candidatura, não vamos trabalhar para a direita! Nossas bandeiras, toalhas, adesivos e cartazes devem tomar as ruas na guerra cultural contra o fascismo. Ainda temos como lutar!

Lula promove encontro com mais de 2.000 influenciadores e criadores de conteúdos

 

Lula promove encontro com mais de 2.000 influenciadores e criadores de conteúdos. (FOTO/ Reprodução)

Por Nicolau Neto, editor

Na manhã deste domingo, 23, Lula, ex-presidente e candidato ao palácio do planalto, promoveu um encontro virtual com Influenciadores e Criadores de Conteúdos de todo o país pela plataforma Zoom.

Visando dar dicas sobre como os criadores digitais podiam se mobilizar na reta final até o segundo turno, o evento reuniu mais de 2.000 participantes de todo o país e que usam as mais variadas plataformas para se posicionarem politicamente nessas eleições.

O primeiro a falar foi o ex-presidente Lula. Ele reafirmou o que vem constantemente falando nos programas eleitorais, nos debates e sabatinas e nas caminhadas, destacando, portanto, que “estamos enfrentando uma máquina de mentira” levada a cabo por Bolsonaro. Disse ainda que há duas propostas nesse segundo turno na campanha presidencial. “Ou é democracia ou é autoritarismo. A democracia permite que as pessoas que pensem diferentes, falem. O que está em jogo é a sua própria liberdade de fazer o que está fazendo”, complementou Lula acompanhado (na mesma tela) da companheira Janja.

Ao falar da importância de elegê-lo no próximo dia 30, destacou os gastos do atual governo que, segundo ele, “todos os presidentes do Brasil não gastaram 10% do que Bolsonaro está gastando”. E ao pedir ajuda dos influenciadores no convencimento da juventude a irem votar demonstrando o que significa a democracia, ele frisou que votar 13 significa:

Aumento do salário mínimo; retomada do minha casa, minha vida. tirar o nome das pessoas do Serasa; recuperar o Ministério da Cultura; criar mais universidades; aumentar a oferta do ensino em tempo integral; fazer reuniões com prefeitos e governadores; investir em educação; criação do Ministério dos Povos Originários e facilitar a circulação de livros (Lula no encontro virtual).

Quem também se manifestou foi o youtuber e empresário Felipe Neto e o apresentador, comediante e ator Paulo Vieira. Ambos apresentaram orientações para essa reta final de campanha. Segundo Felipe, é preciso ter foco, principalmente porque a campanha do Bolsonaro é baseada na mentira, no ódio e na ameaça.

Para o youtuber, “não podemos esquecer o assunto e achar que as pessoas não acreditam nessas mentiras. Temos que mostrar o que de fato é verdade e mentira. Descontruir mentiras”, disse. E complementou frisando que “a maior mentira é o lance da censura (se referindo a Jovem Pam). Precisamos desconstruir. A lei é pra todos... A campanha do lula também foi impedida de mostrar”. Ainda em que pese as estratégias de comunicação, Neto falou sobre a necessidade de mostrar verdades “Temos que mostrar que Bolsonaro tem vínculos com ditadores de extrema direita e rebater a máquina do ódio. Convencer que os outros se manifestem. As pessoas estão com receio por conta do ódio que vão receber”.

Para ele, é fundamental fazer vídeos (curtos de menos de 1 minuto, se possível) e publicar em todas as plataformas e solicitar que as pessoas compartilhem.

Já Paulo Viera destacou a necessidade de pulverizar as falas potentes do Lula “emprestando nossas redes para ele”. O apresentador destacou também sobre “personalizar o discurso para o nosso público”. Ou seja, se temos seguidores/as que são LGBTQIA+, que toquemos nessas pautas.

Por fim, ele trouxe para o encontro a linguagem e o foco. É preciso ter não atacar o bolsonarista, mas o Bolsonaro. Segundo ele, isso atinge aqueles/as que estão indecisos e encerrou argumentando que “Bolsonaro não tem eleitores, tem vítimas da maior rede de mentiras e desinformação da História”.

Mediando por Janja, o encontro durou mais duas horas e este blogueiro participou. As falas entre os presentes foram alternadas. É preciso manter a esperança do verbo esperançar de Paulo Freire de que o Brasil vai dar a resposta no próximo dia 30. E vamos voltar a ter dignidade e lutar (sem medo de ser punido) para que sejamos de fato o país da diversidade, da pluralidade.

23 de outubro de 2022

Silvio Almeida: "Bolsonaro é o candidato que promove a fome e a doença"

 

Silvio Almeida. (FOTO |Reprodução | Efucafro).

Para além de toda a violência que Bolsonaro representa, há outras coisas que fazem dele uma grande ameaça às famílias brasileiras.

O ministro de Bolsonaro afirmou que irá reduzir o poder de compra do salário mínimo.

Sabe o que isso significa? Que o salário que já não é lá essas coisas vai ficar ainda pior. Que o salário que a maioria das pessoas ganha não será suficiente para comprar coisas básicas como comida, remédio e roupas.

Veja o que o Bolsonaro fez com a farmácia popular.

Portanto, quem fica com essa conversa de Venezuela, Cuba e Nicarágua quer apenas esconder que Jair Bolsonaro é incapaz de melhorar a vida de quem está sem dinheiro, endividado e desempregado. 

Bolsonaro é o candidato que promove a fome e a doença.

-----------------

Publicado originalmente em sua página no Facebook.

Prefeitura de Altaneira e Fundação Casa Grande fecham pacto para realização de Pesquisa Arqueológica

 

Prefeito de Altaneira, Dariomar Rodrigues, e a arqueólga Heloisa Bitu. (FOTO/ Reprodução Redes Sociais).

Por Nicolau Neto, editor

O município de Altaneira, por meio do poder executivo, firmou parceria com a Fundação Casa Grande Memorial do Homem Kariri, com sede na vizinha cidade de Nova Olinda, visando a realização de Pesquisa Arqueológica. O estudo será uma continuidade dos já realizados pela Dra. Rosiane Limaverde na entrada da vertente oeste da Chapada do Araripe, que fora interrompida em meados do ano 2015.

De acordo com dados colhidos junto a página oficial da prefeitura de Altaneira, o documento que assegura a parceria entre as instituições publicas, foi encaminhado à Câmara através de um Projeto de LEI, que depois de aprovado no plenário da casa, foi sancionado pelo prefeito Dariomar Rodrigues sob a Lei Nº: 867/2022 e circulou no Diário Oficial da APRECE no último dia 19 de outubro.

Todas as ações referentes a pesquisa terá o apoio do Instituto de Arqueologia do Cariri Dra. Rosiane Limaverde, que é administrado pelo Fundação Casa Grande em cooperação com a Universidade Regional do Cariri (URCA), além de professores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e alunos colaboradores do Curso de Especialização Lato Sensu em Arqueologia Social Inclusiva – PROEX/URCA. A execução do projeto se dará no Sítio Arqueológico Alto da Lagoa de Santa Teresa, em Altaneira, e deverá ter início tão logo ocorra a emissão da portaria autorizativa pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN.

Esta ação reflete a intenção da Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri na Gestão Social do Patrimônio Cultural do Território a partir do diálogo entre gestores culturais, poder público, universidades, pesquisadores colaboradores e sociedade civil visando promover a proteção do patrimônio da Chapada do Araripe. É importante destacar, outrossim, que o Sítio Alto da Lagoa de Sta. Teresa “apresentou concentrações cerâmicas e materiais líticos lascados, com características de ocupação de grupos de matriz tupiconfirmando a presença pré-colonial na região do Cariri”, conforme destaque da página oficial da prefeitura.

Segundo Heloisa Bitu, mestre em Arqueologia, pesquisadora e colaboradora do Instituto de Arqueologia do Cariri e que durante a pesquisa atuará dando apoio logístico por ser proprietária-articuladora do imóvel, “o projeto de prospecção intensiva no sítio arqueólogico Alto da Lagoa de Santa Tereza prevê a execução de um programa integrado de educação patrimonial na comunidade que contará com o apoio logístico das Secretarias de: Educação, Cultura e Meio Ambiente do município”.

A equipe de pesquisadores e coordenadores conta com o Me. Igor Linhares de Araújo, na coordenação geral, João Paulo Marôpo (Georreferenciamento de Dados de Campo), Dra. Mônica Virna Pinheiro (Geoprocessamento de Dados e Cartografia), Dr. Angêlo Alves Corrêa (Coordenação de Curadoria e Análises Laboratoriais) e Dra. Cristiane Eugênia Amarante (Coordenação de Educação Patrimonial), além de ter integrantes de Assistentes de Laboratório e de Assistentes de Campo (formados por Alunos do Curso de Especialização Lato Sensu em Arqueologia Social Inclusiva FCG/IAC/URCA). O Historiador altaneirense Demir Ribeiro também fará parte nos dados da Arqueologia Histórica.

O Blog recebeu um texto da professora e poeta Fátima Teles, de Brejo Santo, sobre Heloisa e seu ofício e que elucida um achado arqueológico por uma arqueóloga em sua propriedade (herdada) e que denota seu esforço na realização de pesquisa.

Vamos a ele:

A arqueologia por trás da arqueologia por Fátima Teles.

Este relato é uma descrição densa e profunda...

É o relato de uma Arqueologia dentro da Arqueologia!

Uma espécie de ode à “arqueologia do sujeito” de LIBERA, (2013).

É uma arqueologia do eu, a serviço de uma arqueologia da afetividade, promovendo uma Arqueologia Social Inclusiva para se conhecer a Arqueologia Pré-colonial do Cariri Cearense.

Parafraseando Clifford Geertz (2012 p. 138), é aquele típico processo investigativo enveredado pelas almas curiosas, que buscam desesperadamente um propósito para sua existência, onde  “tudo é uma questão de uma coisa levar à outra, essa a uma terceira, e essa última a uma outra que mal se sabe o que é”. No sentido literal significa procurar os fatos, o que a protagonista deste relato, naturalmente, “de fato”, têm feito desde a infância às margens da Lagoa de Santa Teresa, palco dos estudos arqueológicos que ora se pretende no município de Altaneira-CE.

Também poderia ser uma história análoga à incessante busca real de Edith Pretty, que contratou Basil Brown ao final da década de 30, para escavar a misteriosa topografia de sua propriedade em Sutton Hoo, com vista para o rio Deben, em Suffolk, no Reino Unido no filme A Escavação (2021), filme de Simon Stone baseado no livro homônimo de John Preston (2007). A compulsão irresistível por fatos, os levou a encontrar um navio de carvalho de 27 m, preparado para servir de tumba a um governante anglo-saxão, enterrado há cerca de 1.300 anos junto com seus pertences e com função de hospedar um banquete na vida após a morte de seu dono.

Naquela época, as descobertas revelaram extensas ligações comerciais pela rede hidrográfica com a Escandinávia, o Império Bizantino (centrado em Constantinopla (Istambul dos dias modernos) e o Egito. A descoberta revolucionou a compreensão dos historiadores do século 7, anteriormente visto como um tempo retrógrado, quando a Inglaterra foi dividida em reinos anglo-saxões.

Distante no tempo e no espaço das descobertas de Pretty e Brown,  às margens “do Lago que fascina”, uma garotinha teceu os fatos em seu imaginário de uma prática profissional futura, que se concretizou por meio de uma Arqueologia que lhe permitiu ampliar os horizontes do saber na profundidade da vivência de uma Ciência Cidadã, onde o método co-existe exatamente à altura do fogo das fantasias buscólicas da infância! Esta protagonista é a arqueóloga Heloísa Bitú, e a Casa que lhe possibilitou o sonho de exercer a profissão, é a Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri, espécie de portal atemporal para um Cariri Ancestral e profundo criada há 30 anos pelo casal pioneiro no resgate das Coleções Arqueológicas do Cariri: Alemberg Quindis e Rosiane Limaverde.

Acolhida pelo casal de músicos na cidade Nova Olinda, tempos depois de se tornar mestre em arqueologia e quando se fazia imperativo recuperar a sua criança adormecida, nossa protagonista altaneirense, regressa às origens de sua infância, ao receber de sua avó, como herdeira, parte da propriedade da família na cidade de Altaneira!

No andar contemplativo, curioso e atento pela gleba, a jovem mulher, arqueóloga, encontra vestígios a 100m da casa  onde nasceu, brincou e cresceu! O Universo estava materializando aquilo que ela viveu no mundo das ideias pueris, solitariamente no quintal da casa da avó! Nesta surpreendente descoberta se compromete como cidadã, em conjunto com as autoridades locais, a mão amiga de profissionais da área e membros da comunidade, trazer à tona uma outra narrativa para as terras da Vó Zenilda. O momento é oportuno para contar a história dos primeiros povos que habitaram a cidade de Altaneira.

Esta arqueóloga altaneirense, traz a convicção que contribuirá não apenas no resgate da sua memória e história familiar, mas que seja, também memória coletiva para a gente de Altaneira. Por isso, no início de nossa escrita dissemos que os esforços são de uma arqueologia do eu, a serviço de uma arqueologia da afetividade, promovendo uma Arqueologia Social Inclusiva para se conhecer a Arqueologia Pré-colonial na Travessia das Lagoas de Altitude entre o Vale Oeste da Bacia Sedimentar do Araripe e o Sertão dos Inhamuns.

O propósito é que a escavação seja para todos ato afetivo, fundamentada nos princípios da educação patrimonial e ambiental, como necessárias a preservação do lugar onde em cada momento, fase ou etapa da escavação se torne o resgate das histórias individuais, familiares e coletivas ressignificando os afetos, em particular de todos que estarão envolvidos.

Conheci Heloísa Bitú, quando da sua primeira coordenação de equipe de pesquisa arqueológica no Cariri, no município de Brejo Santo-CE. Acompanhei o trabalho por ela desenvolvido nas Escavações do Sítio Serrote da Nascença, onde identificou uma fogueira e obteve a datação radiocarbônica de 1.220 +/- 40 AP (Antes do Presente) para um sítio do tipo acampamento iserido num contexto de ocupações funcionais nas diferentes compartimentações topográficas no centro da cidade. Para mim, ficou notável a paixão e entrega com que esta mulher se dedica à arqueologia do Cariri. Não mediu esforços para a extroversão do conhecimento junto à comunidade por meio de ações de educacão patrimonial nas escolas municipais! Levou crianças e adultos a serem protagonistas na produção do conhecimento! Foi à todas as redes de comunicação local compartilhar o que esteve descobrindo durante os trabalhos de sua equipe. Ofertou à Secretaria de Educação do Município uma formação para educadores patrimoniais, trazendo contribuições importantes para professores das áreas das Ciências da Natureza e Humanas da rede de ensino local. É indiscutível a presença no seu fazer científico, das abordagens da observação participante, incorporadas quando da sua assistência aos estudos desenvolvidos pela sua mestra a Dra. Rosiane Limaverde.

Para mim não foi uma grande surpresa, que ela encontrasse um sitio arqueológico no lugar onde nasceu! Ela possui o “feeling” dos grandes pesquisadores! E é por isso que essa é a história de uma garotinha que fantasiou muitas aventuras arqueológicas no quintal da casa de sua avó... cresceu, se tornou arqueóloga e de fato encontrou o que estava destinada a descobrir!”

22 de outubro de 2022

Juristas lançam manifesto em defesa da democracia e em apoio a Lula

 

Para os signatários, são muitas as adesões à frente ampla que se formou para defender o voto em Lula e Alckmin e enfrentar a maior ameaça que o Brasil já sofreu desde a redemocratização. (FOTO | Ricardo Stuckert).


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu vice na chapa à Presidência da República, Geraldo Alckmin (PSB), ganharam mais um apoio formal envolvendo juristas e intelectuais. Desta vez, um manifesto assinado pelos ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto e Sepúlveda Pertence e os ex-presidentes do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Cezar Britto e Felipe Santa Cruz, além da ex-procuradora Deborah Duprat, e os advogados Thiago Campos, Bia Vargas e José Geraldo de Sousa Júnior.

Estes e outros signatários estarão no lançamento do documento, que será lido nesta quinta-feira (20), em ato em um hotel no Rio de Janeiro, a partir das 18h30. O manifesto, que já conta com mais de 8 mil assinaturas, está disponível na internet para novas adesões. Clique aqui para acessar.

A inspiração da Constituição une brasileiras e brasileiros com diferentes visões político-ideológicas, em defesa do Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias”, diz trecho do documento.

Manifesto de juristas, profissionais e estudantes do Direito

Nós, juristas, profissionais e estudantes do Direito, declaramos que, no dia 30 de outubro, vamos votar em Lula e Alckmin e para eles pedimos seu voto. A alternativa, representada pelo atual presidente, é o fim da Democracia e dos direitos políticos. Basta de ódio e de ataques à liberdade religiosa, chega de fome, de destruição do meio ambiente, de desintegração dos direitos econômicos e sociais de nossa população.

Reflita sobre a recente tentativa de intimidação e controle do STF, com a ameaça de aumentar o número de ministros. É o ataque do autoritarismo, uma agressão à Justiça, como fez a ditadura militar brasileira.

São muitas as adesões à frente ampla que se formou para enfrentar a maior ameaça que o Brasil já sofreu desde a redemocratização. Vamos juntos com Simone Tebet, Ciro Gomes, ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Marina Silva, ex-ministros do Supremo que já se manifestaram até agora, Nelson Jobim, Sepúlveda Pertence, Carlos Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Celso de Mello e Carlos Veloso, além de economistas de responsabilidade e grande prestígio e outras muitas figuras públicas de diversos espectros políticos que acreditam na união de nossas forças, para vencer o atraso e colocar o Brasil de volta no trilho do desenvolvimento e do combate à desigualdade social e recuperar seu lugar de destaque na comunidade internacional.

Queremos unir brasileiras e brasileiros, a despeito de diferentes visões político-ideológicas, em torno do que está expresso no preâmbulo da Constituição da República, “um Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias”.

Recusamos a mentira, as ameaças, a violência. Somos pela democracia, pela justiça e pela vida. Votar em Lula, neste momento, é defender o Estado Democrático de Direito!

__________

Com informações da RBA.

21 de outubro de 2022

Prêmio Educar homenageia iniciativas antirracistas em escolas durante a pandemia

 

(FOTO | Paulo Benedito dos Santos).

Com 20 anos de trajetória e em sua 8ª edição, o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) homenageou 16 professoras com o “Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero: experiências de gestão e práticas pedagógicas antirracistas em ambiente escolar”. 

Em 2022, a premiação foi especial, pois teve como finalidade identificar, apoiar e disseminar boas práticas pedagógicas e de gestão escolar antirracistas em todo o Brasil. O prêmio reitera a garantia da concretização do direito ao pleno desenvolvimento escolar de crianças, adolescentes e jovens negros, brancos, indígenas, quilombolas e de outros grupos étnico-raciais.

Para Cida Bento, co-fundadora do CEERT, é de grande emoção poder dar um prêmio para professores em uma fase tão complicada relacionada à educação. 

“Tem sido um desafio muito grande, mas é muito emocionante ver professores trazendo práticas interessantes desenvolvidas no período da pandemia muito qualificadas, de um trabalho que envolve toda a comunidade, que envolve a arte para auxiliar as crianças e adolescentes, que precisam avançar no tema da equidade racial. Então a gente está mesmo muito emocionado”, comenta. 

Premiados

Com um total de três finalistas da Bahia, se destaca o projeto "O que há de Améfrica em nós?", da Escola Maria Felipa, iniciativa premiada na categoria “Escola”. A autora, a professora Bárbara Carine Soares Pinheiro, também docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA), explica que o projeto vencedor representa a primeira escola afrobrasileira do país registrada em uma secretaria de Educação. 

“A gente sentiu em Salvador esse chamado ancestral de fundarmos a primeira escola afrobrasileira do país e isso não nos coloca em uma posição de pioneirismo porque nosso lema inclusive é ‘nossos passos vêm de longe’, uma frase da Jurema Werneck”, relata. “A gente compreende que na realidade a [Escola] Maria Felipa é hoje a culminância do sonho das nossas ancestrais”, completa. 

O CEERT também premiou docentes e instituições de estados como Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal, Maranhão e Pará. O Espírito Santo emplacou dois projetos de cidades distintas nesta edição do Prêmio Educar. O primeiro é de Vargem Alta, a 136 quilômetros da capital Vitória, intitulado "No Chão da Escola Quilombo: o (re)significar do projeto político pedagógico da Escola Municipal de Educação Básica Pedra Branca - Vargem Alta". 

Já o segundo projeto "Malizeck da Diversidade" vem da Escola UMEF Professor Luiz Malizeck, da cidade de Vila Velha. A professora premiada na categoria “Educação das Infâncias”, Aline de Alcântara Valentini, comenta que foi um longo processo até chegar nesse momento tão importante da premiação. 

“Tudo começa no chão de aldeia, na luta indígena, na luta pelo reconhecimento e valorização dos povos originários. Então, eu dedico esse prêmio ao meu povo, ao povo guarani, graças a ele eu estou aqui”, salienta. 


Daniel Teixeira, diretor executivo do CEERT, e Aline de Alcântara Valentini da UMEF Professor Luiz Malizeck \ Imagem: Paulo Benedito dos Santos

“Não tem democracia com racismo”

O diretor executivo do CEERT, Daniel Teixeira, pontua à Alma Preta Jornalismo que esse momento de Diálogos para uma Educação Antirracista tem um significado maior após dois anos de afastamento social necessário por conta da pandemia de Covid-19. Para ele, o período, no entanto, significou mais: a impotência de observar as faces das desigualdades e do racismo de maneira distante enquanto o assunto em pauta era educação. 

Daniel enfatiza que é importante compreender de qual educação se está falando quando a pauta está em debate. No caso da população negra em geral, essa educação parte do pressuposto do antirracismo.

“Assim como não tem democracia com racismo, não é possível a gente ter uma educação de qualidade sem equidade, ela é fundamento, não recorte. Isso é estratégico para o movimento negro, mas para a sociedade brasileira é fundamental”, explica ao falar da importância do prêmio.

“Então, pensar que educação a gente quer construir que é a partir do antirracismo, e aí, sim, a gente pode ter um caminho no país que seja para todas as pessoas, ressignificando no presente e apontando para o que a gente quer como educação a partir de agora”, finaliza Daniel.

Veja a lista completa de projetos premiados: 

CATEGORIA PROFESSOR - EDUCAÇÃO ESCOLA QUILOMBOLA

Janete Vilela de Paschoa
Título: O Chão da Escola Quilombola: O (Re) Significar do Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal de Educação Básica “Pedra Branca” - Vargem Alta (ES)
Lugar: Secretaria Municipal de Educação SEME/EOMEB "Pedra Branca"- Espírito Santo
Omo Ayo Otunja
Título: Akotirene Kilombo Ciência
Lugar: Comkola Kilombola Epe Layie - Comunidade Kilombola Morada da Paz - Rio Grande do Sul
Rosiete Lessa dos Reis Costa
Título: Educação Antirracista Afrobetizando Alunos para a Construção de Cultura e Identidade
Lugar: EM São Judas Tadeu - Pará
CATEGORIA PROFESSOR - EDUCAÇÃO DAS INFÂNCIAS

Aline de Alcantara Valentini
Título: Malizeck da Diversidade
Lugar: UMEF Prof. Luiz Malizeck - Espírito Santo
Danielle Aparecida Barbosa Cardoso
Título: A Literatura Escrita por Mulheres Negras: uma experiência de leitura na alfabetização
Lugar: Escola Municipal Florestan Fernandes - Minas Gerais
Fernanda Silva dos Santos
Título: Mulheres negras, símbolo de luta e resistência, uma fonte de inspiração
Lugar: São Paulo
Juliana Borges
Título: Projeto Griôs: Contos e Dengos por uma Formação Identitária e Ancestral Positiva
Lugar: Escola Municipal de Educação Infantil itamarati - Minas Gerais
CATEGORIA PROFESSOR - EDUCAÇÃO DAS ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES

Aline Neves Rodrigues Alves
Título: Projeto Intercâmbio Raízes Angola Brasil
Lugar: da Escola Municipal Lídia Angélica (Brasil) e do Instituto Politécnico Edik Ramon (Angola) - Minas Gerais
Jacenilde Cristina Braga Soares
Título: Intercâmbio e Cultura: Uma Análise Entre os Quilombos Damásio e Liberdade - MA
Lugar: IEMA Plena Itaqui Bacanga - Maranhão
 CATEGORIA ESCOLA - EDUCAÇÃO DAS INFÂNCIAS

Bárbara Carine Soares Pinheiro
Título: O que há de Améfrica em nós?
Lugar: Escola Maria Felipa - Bahia
Conceição Aparecida Pinheiro Cardoso
Título: Promoção da Igualdade Racial
Lugar: EM Anne Frank - Minas Gerais
Francineia Alves da Silva
Título: Projeto e Festival da Valorização da Cultura Afro-brasileira e Indígena: Equidade nas Diferenças
Lugar: CEI 01 de São Sebastião - Distrito Federal
CATEGORIA ESCOLA - EDUCAÇÃO DAS ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES

Adriana de Paula
Título: Resgatando Identidades: O Dia da Consciência Negra e o Papel do Negro na Construção do Brasil
Lugar: EE Professora Joana de Aguirre Marins Peixoto - São Paulo
Ilca Guimarães da Silva
Título: Núcleo de Empoderamento Linguagem e Tecnologia
Lugar: Colegio Estadual General Dionísio Cerqueira - Bahia
Janaina Silva Mendes
Título: Agenda Antirracista
Lugar: EE Professora Yolanda Conte - São Paulo
Lorena Barbara Santos Costa
Título: Caminhos Afirmativos para uma Educação Antirracista na Educação de Jovens e Adultos
Lugar: Escola Municipal Jacira Fernandes Mendes - Bahia
-------------

Com informações do Alma Preta.