5 de setembro de 2022

A Invenção da "Ideologia de Gênero" acaba de ser lançada

 

(FOTO | Arquivo Pessoal do Cientista Político Luiz Felipe Miguel).

Por Nicolau Neto, editor 

Um dos temas que mais ganhou repercussão no Brasil, principalmente a partir de 2018, virou livro. Estamos falando da famigerada "Ideologia de Gênero." 

A propagação dessa falsa ideia acabou reverberando até mesmo no municípios pequeno, onde vira e mexe éramos testemunhas de projetos apresentados por vereadores nesse sentido, em uma cara intenção de censurar o trabalho de profissionais da educação em sala de aula. Em Nova Olinda, no cariri cearense, essa tentativa não surtiu o efeito esperado visto que a população se mobilizou e conseguiu barrar a matéria.

Agora, o tema virou livro. A informação foi divulgada pelo professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Luiz Felipe Miguel. A obra é intitulada A Invenção da "Ideologia de Gênero", do sociólogo Rogério Junqueira.

Para o Cientista Político Luís Felipe, o autor "é um dos mais destacados estudiosos das questões de gênero na educação brasileira."

Ao falar sobre a obra, Luís Felipe destaca que ela "sintetiza anos de pesquisas e é uma contribuição fundamental para a compreensão de um elemento central da ofensiva reacionária em curso no país" e argumenta ainda que o livro  é "amplamente ilustrado" e "visa atingir um público amplo, sem abrir mão do rigor crítico."

Editado pela Letraslivres, de Brasília, a obra tem 312 páginas e está a um valor bem acessível: R$ 20.00.

FUNAG disponibiliza gratuitamente a coleção de livros da série “Bicentenário: Brasil 200 anos – 1822-2022”

 

FUNAG disponibiliza gratuitamente a coleção de livros da série “Bicentenário: Brasil 200 anos – 1822-2022” . (FOTO |Reprodução | FUNAG).

No contexto das comemorações do Bicentenário da Independência, a Fundação Alexandre de Gusmão disponibiliza a coleção “Bicentenário: Brasil 200 anos – 1822-2022” para download gratuito na biblioteca digital da FUNAG.

Alguns livros disponíveis:

🔹História da independência do Brasil

🔹As Singularidades da Independência do Brasil

🔹Os Pilares da Independência do Brasil

🔹História da formação das fronteiras do Brasil

🔹Rio Branco e a política exterior do Brasil (1902-1912) – Volume I

🔹Rio Branco e a política exterior do Brasil (1902-1912) – Volume II 

🔹José Bonifácio, primeiro chanceler do Brasil

🔹História da organização administrativa da Secretaria de Estado dos Negócios 

🔹Estrangeiros e das Relações Exteriores (1808-1951)

🔹Diplomacia do Império no Rio da Prata (até 1865)

🔹Um Diplomata do Império: Barão da Ponte Ribeiro

🔹Legações e embaixadas do Brasil

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Com informações da página da Biblioteca do PPGG - UFRJ no Facebook. Clique aqui e saiba mais.

Yury do Paredão convida jovens e lança comitê da juventude, em Juazeiro do Norte

 

Yury do Paredão convida jovens e lança comitê da juventude, em Juazeiro do Norte . (FOTO  | Reprodução | WhatsApp).


A avenida Padre Cícero, ao lado do Cariri Shopping, ficou movimentada na tarde desse domingo, dia 4. O empreendedor e candidato à deputado federal, Yury do Paredão – PL, reuniu diversos amigos e apoiadores para inauguração do novo comitê de campanha, o Comitê da Juventude, localizado ao lado do comitê central na Av. Padre Cícero, nº 2400, em Juazeiro do Norte.  

De acordo com Yury, o espaço será mais um local de mobilização onde os jovens possam se reunir e debater propostas com o candidato, assim como suas caminhadas e articulações que vêm sendo realizadas com frequência. 

“Espero que a juventude abrace meu projeto e venha junto comigo para que eu possa defender os jovens lá em Brasília. A cada dia que passa vejo mais e mais jovens com Coragem para Pensar Grande”, afirmou o candidato 

O candidato, ao chegar no local, fez questão de agradecer todos os que estavam presentes. "Vou estar em Brasília em busca de oportunidades, investimentos, empregos para o nosso Cariri. Porque todo jovem precisa de oportunidade, precisa de trabalho decente, precisa de boa educação para crescer na vida. Obrigado pela presença de todos, pessoal,” acrescentou. 

No final de semana, Yury cumpriu sua agenda de campanha nas cidades de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Nova Olinda e inaugurou um ponto de apoio na cidade de Aurora.

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Texto encaminhado a redação do Blog Gabrielly, do Blog do Boa.

4 de setembro de 2022

Potengi completa hoje 65 anos de Emancipação Política

 

Praça 4 de setembro. (FOTO | Arquivo do IBGE).


Por Nicolau Neto, editor

Neste domingo, 04 de setembro, o município de Potengi, na região do cariri oeste, está completando 65 anos de Emancipação Política. Antes de ser alçado a categoria de território independente com governo e leis próprias, o espaço pertencia ao município de Araripe. Os passos iniciais para sua separação ocorreu nas primeiras décadas do século XX quando foi elevada a categoria de Vila sob o nome de Chique-Chique.

Em 1931 uma lei estadual extinguiu o município de Araripe, fazendo com que Chique-Chique ficasse nas linhas territoriais de Assaré. Araripe passa a contar novamente com esse território quando quatro anos depois volta a condição de município. Entre idas e vindas ao Araripe e Assaré. Chique-Chique passou a ser escrito com “X” a partir de um decreto estadual datado de 1938, conforme dados do IBGE.

Ainda na primeira metade do século passado, por volta de 1934, há mudança de nome. O distrito passa a se chamar Potengi como integrante de Araripe. Depois, já como Ibitiara permancece distrito. Essa divisão continua até a segunda metade do século XX, quando pela lei estadual N.º 3786, de 4 de setembro de 1957, este território se desmembra oficialmente do município de Araripe e passa a ser Potengi, município autônomo.

O município atualmente é constituído por dois distritos. Além da sede, Potengi, há o Barreiros.

As primeiras denominações hoje estão presentes no Esporte e na Cultura, como time de futebol e espaço para formação de músicos, respectivamente.

Hoje, Potengi é reconhecidamente um Armazém de Saberes Culturais - a exemplo do Museu Orgânico do Mestre Franculi; o Reisado dos Caretas no Sítio Sassaré representado pelo Mestre Antônio Luiz; a comunidade remanescente de quilombolas “Carcará” (que tem sido objeto de estudo de pesquisadores e pesquisadoras da região), além de ser tradicionalmente conhecida como "a cidade que não dorme" em virtude de uma prática que remonta a antiguidade com cerca de 2 mil anos antes de Cristo - a dos ferreiros. Esta última, a exemplo do Carcará, vem sendo pesquisada.

Em 2020, Potengi entrou para a História política do Ceará ao eleger o primeiro prefeito do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). O agricultor e comunicador Edson Veriato acabou durante a gestão mudando para o Partido dos Trabalhadores (PT).

Parabéns a todos que ajudaram a construir o Potengi que hoje conta com pouco mais de 11.000 habitantes, conforme projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nessa cidade reside boa parte de meus familiares, todos por parte de mamãe, na Vila Campos. Foi nessa vila que minha vó, Joana Tibúrcio do Amarante, que carinhosamente o chamava de Vó Joana, faleceu em 2021 aos 99 anos.

Parabéns, Potengi; Parabéns, Xique-Xique; Parabéns, Ibitiara.

3 de setembro de 2022

Lula reafirma espaço das mulheres e comunidades tradicionais em seu governo

 

Lula em encontro na Casa Palmeira de Babaçu Dada e Dijé, sede do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu no centro histórico de São Luís. (FOTO | Ricardo Stuckert).


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou hoje (3) seu compromisso de recriar o Ministério das Mulheres, criar uma pasta assuntos indígenas e de pesca, atualmente no Ministério da Agricultura, e de retomar políticas voltadas à segurança alimentar que beneficiam pequenos produtores, extrativistas e pescadores artesanais. É o caso do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), extinto pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) em meio ao retorno do Brasil ao Mapa da Fome.

Vamos recriar o Ministério das Mulheres, criar ministério para cuidar dos povos originários, para cuidar da pesca. Não tem sentido Ministério da Agricultura cuidar da pesca. Vamos também retomar as conferências nacionais e estreitar a participação popular, a democracia”, disse Lula.

O candidato à Presidência da República atendeu assim reivindicação de lideranças de quebradeiras de coco de babaçu, com quem se reuniu na manhã deste sábado na Casa Palmeira de Babaçu Dada e Dijé, sede do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), no centro histórico de São Luís.

Mulheres do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins, que começam a coletar e quebrar coco já aos cinco anos, expuseram a Lula os avanços que alcançaram a partir de seu governo. Entre eles o fomento a formação de cooperativas e abertura de minifábricas para o beneficiamento das amêndos, produzindo azeite, sabão, sabonetes e outros. Falaram da melhoria nas condições de vida, inclusive de entrada de filhos na universidade. E da volta à situação de fome durante o atual governo.

Lula aproveitou para cobrar mais respeito às mulheres

Além da recriação do Ministério das Mulheres, as quebradeiras querem medidas para conter a perseguição e criminalização por fazendeiros, que impedem a entrada das extrativistas. E leis que obrigem um mínimo de 60 palmeiras de babaçu por hectare de pastos e monocultivo de soja que avançam na região. Outro aspecto ambiental envolvido nas reivindicações, diretamente associado ao trabalho das quebradeiras, é a proibição das pulverizações aéreas de agrotóxicos, que contaminam os cocos e toda a roça dos agricultores.

Durante o encontro, Lula e Janja fizeram diversas perguntas sobre a lida para entender mais sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no dia a dia de um trabalho perigoso, que envolve uso de ferramentas de corte. E que na melhor das hipóteses, por ser executado no chão, causa dores em diversas partes do corpo.

Nosso governo não quer tirar nada de ninguém. Mas queremos que todos tenham o mínimo que é de direito. Nenhuma mulher tem de ser quebradeira de coco a vida inteira. Quem de ter oportunidade de outras coisas e vamos incentivar as cooperativas”, disse o ex-presidente.

Em nome das quebradeiras de coco, Lula aproveitou para valorizar todas as mulheres enquanto puxava a orelha dos homens, inclusive “progressistas de boteco”, que não dividem as tarefas domésticas.

Não há números atualizados sobre quebradeiras de coco. Dados de 2010 apontavam mais de 300 mil distribuídas pelo Maranhão, Para, Piauí e Tocantins.

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Com informações da RBA.


Ativista da Guiné-Bissau que viralizou aconselha Ciro a estudar mais sobre a África

 

Vensam e a camiseta de sua campanha: "África não é um país". (FOTO| Reprodução | Facebook).

O ativista pan-africanista Vensam Iala, nascido na Guiné-Bissau e radicalizado no Brasil há 12 anos, não gostou quando viu o candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, utilizar mais uma vez a expressão “fundão da África” no primeiro debate entre os presidenciáveis. Esta semana, ele viralizou ao postar um vídeo onde critica Ciro pelo uso do termo, atualmente com quase 1 milhão de visualizações no tiktok e outras 250 mil no instagram.

Eu sei que você tem muito apreço pela França, mas da próxima vez que for falar da África, não vá para Paris, vá para a Guiné-Bissau, para o Senegal”, provocou Vensam. “O Monumento da Renascença Africana (em Dakar, no Senegal) tem muito mais a te ensinar.”

Ciro falou em “fundão da África” pelo menos três vezes na campanha até agora. Em entrevista ao G1 em 13 de junho do ano passado, o candidato do PDT falou: “Isso aqui é um país do fundão da África subsaariana, que não tem comida? Não. Nós somos o maior produtor de alimentos do planeta Terra”.

Em 16 de agosto, no Roda Viva, voltou a usar o termo: “Nós não somos um país do fundão da África, que não tem acesso a vacina”. “É preciso ter um programa de renda mínima que erradique a miséria porque o Brasil tem comida, diferente do fundão da África… , disse, no debate da Band/UOL.

Em novembro do ano passado, Ciro já havia feito comentários no mínimo estranhos sobre o continente ao apresentador José Luiz Datena. “Nós somos um país da África? Desorganizado, com bases tribais, com geografia de deserto? Não! Nós somos o país que mais produz comida no planeta Terra”, afirmou.

Antes do guineense Vensam, outros influenciadores brasileiros negros já haviam questionado o candidato no twitter pelo uso da expressão sem significado, como o advogado Thiago Amparo e a poeta Elisa Lucinda.

Em entrevista à jornalista Cynara Menezes, editora do Socialista Morena, Vensam Iala, que se formou em Letras na Unesp e mora em São Paulo, lamenta que haja um “desconhecimento gigantesco” sobre a África no Brasil, inclusive na Universidade. E foi para tentar diminuir esse desconhecimento que criou o projeto Visto África, pensado a partir da principal forma de ignorância sobre o continente africano condensada no slogan: “África não é um país”.

Se isso acontece dentro da academia, imagina fora? Por isso criei esse projeto, para criar outra imagem sobre o continente africano. Muito pouco se fala sobre a África e quando se fala vem carregado de imagens estereotipadas. É muito importante que, nesse momento que estamos vivendo, numa narrativa decolonial, a gente traga pensamentos outros, pensamentos novos.”

Para Vensam, Ciro tem se referido à África com menosprezo. “No debate da Band, acho importante fazer essa ressalva, não tinha nenhuma pessoa negra, e a questão que estava a se falar não era nada voltada à questão racial, ao racismo. Não tem nenhum pretexto que encaminhasse para uma fala em que a África fosse mencionada dessa forma pejorativa. Existe essa carga de menosprezo, de não consideração aos africanos, à África de maneira geral. Ele fala em ‘fundão’. O que é esse ‘fundão’? O tom que carrega… Nós não somos ignorantes ou inocentes, nós sabemos em que contexto foi usado”, disse.

Não é uma fala de hoje, é uma fala muito recorrente desde a invasão colonial, essa visão da África como um lugar restringido à miséria, à pobreza. Nunca a África serve de modelo econômico, por exemplo. Nós sabemos que há vários países da África com economia melhor que o Brasil”, continua. “Se o Ciro gosta de economia, de trabalhar com números, poderia por exemplo trazer o Carlos Lopes, um dos maiores economistas do continente africano, que tem livros publicados sobre o modelo de desenvolvimento da África e que pode servir para o Brasil inclusive. Mas não, interessa para ele trazer essa imagem que já está muito viciada, parece que é um discurso decorado ele falar desse ‘fundão’.”

Em uma das entrevistas onde fala em “fundão da África”, ao G1, Ciro é mais específico ao citar a “África subsaariana” como sendo a região à qual se refere. O problema é que a “África subsaariana”, antigamente chamada de “África negra”, ocupa mais de dois terços do continente abaixo do Egito, da Argélia, da Líbia, da Tunísia e de Marrocos (países da África do Norte). Todos os demais países são o que Ciro chama de ‘”fundão da África”, inclusive a África do Sul…

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Com informações do Socialista Morena. Clique aqui e leia na integra.

Historiadora Brasileira fala sobre educação antirracista em Congresso Mundial realizado em Ghana

 

Carolina Morais é a única brasileira participando do evento em Gana – Foto: Divulgação. 

A Historiadora Brasileira e mestre em História da África, Carolina Morais, participou da World Conference on Education and Restitution em Ghana, na África Ocidental para discutir educação e cultura iorubá nas salas de aula. O convite veio da Embaixadora de Ghana no Brasil, Abena Busia, com o objetivo de apresentar um panorama sobre os desafios do ensino da filosofia e da cultura iorubá nas salas de aula.

O World Conference on Education and Restitution é um evento de 3 dias, que visa discutir o desenvolvimento de África através da restituição e reforma educacional. Ele é organizado pela Associação de Universidades Africanas em Accra, capital de Ghana, em parceria com a Unesco e reúne diversas autoridades entre políticos, educadores e pensadores do continente e da diáspora, visando soluções para uma educação de melhor qualidade. 

“Uma honra e enorme aprendizado estar na Conferência Mundial de Educação e Restituição aqui em Accra. Como educadora brasileira, historiadora e filha deste solo, poder discutir estratégias em conjunto com doutores e todo o continente africano é muito significativo. Em 2023, completamos 20 anos da Lei 10.639/2003, e o caminho para uma educação antirracista está em conectarmos com a história da África e a África contemporânea”, expõe Carolina.

A Lei 10639/2003 diz respeito à obrigatoriedade da inclusão da história e cultura afro-brasileira no currículo das escolas brasileiras.

Durante os dias de evento, a Historiadora também coordenará algumas ações voltadas para a cooperação turística e a oportunidade de novos negócios entre o Brasil e a Nigéria durante as celebrações pelo bicentenário da independência brasileira que acontecerão entre 06 e 10 de setembro em Lagos, maior cidade da Nigéria.

“São 200 anos de independência e, ao longo desse tempo, nunca existiu Brasil sem África e seus descendentes. O que estamos fazendo em Lagos não é apenas uma celebração dessa relação Brasil e Nigéria, mas o anúncio de um novo capítulo na história desses dois gigantes econômicos e populacionais. Uma história de desenvolvimento mútuo e colaborativo. Nigéria é o espelho para que a população afro se mire, e o Brasil também pode ser este espelho para os nigerianos. É isso que desejamos, que possamos aprender um com o outro”, conclui.
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Por Brenda da Rosa, originalmente no Notícia Preta.

2 de setembro de 2022

Sobre as falas do Ciro – a postura do PDT e dos demais candidatos majoritários

 

Ivanir dos Santos. (FOTO/ Reprodução/Facebook).

As Políticas Afirmativas, o respeito à Diversidade e o combate à Intolerância Religiosa precisam ser pautas obrigatórias de todos os candidatos em todos os níveis de mandato.

Em julho de 2021, recebi em nossa casa, a visita do, então pré-candidato à presidência da República, Ciro Gomes que me pediu para coordenar sua campanha nas áreas de: “Direitos Humanos e Igualdade Racial. Na ocasião, foi reiterado, também,  pelo presidente em nível federal, Carlos Lupi, o convite para participar de um projeto nacional que se desdobraria na disputa de um cargo majoritário, pelo PDT/RJ.

Como sabem os que acompanham minha trajetória, nenhum dos dois convites se confirmou na prática. E, hoje, com a sabedoria que o Tempo nos dá, passamos a entender os desígnios do Destino, a quem, como sacerdote, chamamos de Ifá.

Contrariando toda história ideológica do PDT, assim como os ideais de Brizola – que já em 1982 dizia: " No meu governo os favelados serão tratados como cidadãos" e ao ganhar o governo elegeu uma bancada legislativa federal e estadual diversa com negros, mulheres, indígenas, homossexual– assim como os ideais defendidos por Darcy Ribeiro, Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Idialêda, José Miguel, Caó, Albuíno Azeredo e Alceu Collares.

Surpreendi-me com matérias veiculadas recentemente na imprensa. Cito três:

“Ciro chama de "políticas do papo-furado mulher, índios e negros".[1]

“O Brasil tem comida, diferente do Fundão da África” citado no debate e em outras ocasiões”.[2]

“É um comício pra gente preparada, imagina explicar isso na favela”.[3]

Nasci na favela do Esqueleto e moro até hoje na Mangueira, onde Ciro esteve. Sinto-me na obrigação de lembrar, mesmo fazendo parte da Academia, que nem todo “saber” deriva dela. A cultura popular, urbana ou rural, da favela ou periferia é, também, um dos grandes patrimônios do povo brasileiro.

Só tenho a lamentar, não apenas a postura do candidato Ciro Gomes a temas tão caros à maioria do povo brasileiro, mas, principalmente o silêncio, a omissão e o descaso de outros candidatos principalmente majoritários – à presidência da República e ao governo dos estados.

Segundo o TSE 2022[4] entre os eleitores há 53% de mulheres e segundo o IBGE[5], 54% nossa população é composta por pretos e pardos. A maioria da população não é prioridade no debate. E sequer incluo aqui o respeito e a necessidade de debate sobre as minorias LGBTQI+, como a questão do Estado Laico, diante de ateus, agnósticos ou os religiosos que proclamam a própria fé divergente daquela que, hoje, eu chamaria de mercadológica, religiosos que têm um projeto de poder teocrático e anticonstitucional.

Sob pena de nos transformarmos, cada vez mais, em um país cheio de ódios, divisões, autoritário, teocrata, racista e intolerante; proclamo a todos os candidatos que assumam compromissos sólidos com as parcelas da população abandonadas à própria sorte e esquecida pelos poderosos. Só com a diversidade, construiremos um país saudável, igualitário, democrático, inserido no mundo globalizado e preparado para o futuro.

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Por: Ivanir dos Santos - Pós - Doutor Babalawô Ivanir dos Santos -  Professor e orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ).

Texto encaminhado a redação do Blog por Rozangela Silva Assessoria de Imprensa

[1]https://revistaforum.com.br/politica/2022/8/2/ciro-chama-de-politicas-do-papo-furado-mulher-indios-negros-121046.html

[2]https://twitter.com/caiocgomes/status/1564731553325932550?t=Cf5xsIakyTEEJFVGRS_WcA&s=08

[3]https://twitter.com/CentralEleicoes/status/1565071697446928386?t=XT2NR45UmxPWgwYa2XxaJg&s=08

[4]https://sig.tse.jus.br/ords/dwapr/wwv_flow.accept?p_context=sig-eleicao-eleitorado/filtros/1586646739749

[5]https://jornal.usp.br/radio-usp/dados-do-ibge-mostram-que-54-da-populacao-brasileira-e-negra/