6 de julho de 2022

Ampla maioria defende que igualdade de gênero e educação sexual sejam abordadas nas escolas

 

Professor Nicolau Neto durante roda de diálogo na EEEP Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda - CE sobre igualdade de gênero. (FOTO/ Lucélia Muniz).

A pesquisa nacional Educação, Valores e Direitos revelou que a maioria dos brasileiros defende a abordagem de temas relacionados à desigualdade de gênero e à educação sexual nas escolas. Coordenada pelas organizações Ação Educativa e Cenpec, a pesquisa inédita foi realizada pelo Centro de Estudos em Opinião Pública (Cesop/Unicamp) e Instituto Datafolha, no marco da articulação de organizações da sociedade civil em defesa do direito à educação e contra a censura nas escolas. Foram ouvidas 2.090 pessoas em todo o país sobre questões consideradas polêmicas relativas à política educacional. Outros dados da pesquisa serão divulgados nas próximas semanas. A realização da pesquisa contou com recursos do Fundo Malala.

A pesquisa fez diversas perguntas sobre a abordagem de questões relacionadas à educação em gênero e sexualidade. Perguntados se estudantes devem receber, nas escolas, informações sobre as leis que punem a violência contra mulheres, 96% dos entrevistados disseram concordar, 93% acreditam que as escolas precisam ensinar meninos a dividirem com meninas e mulheres as tarefas de casa e 88% dizem ser importante que as escolas discutam as desigualdades entre homens e mulheres. Com relação à afirmação de que as escolas devem promover o direito das pessoas viverem livremente sua sexualidade, sejam elas heterossexuais ou LGBTs, a concordância foi de 81%.

Em relação à educação sexual, o apoio também é expressivo: 96% afirmam que as escolas devem oferecer informações sobre doenças sexualmente transmissíveis e como preveni-las; 93% são favoráveis a que os estudantes recebam, nas escolas, informações sobre como evitar uma gravidez indesejada; e 91% concordam que a educação sexual ajuda crianças e adolescentes a se prevenirem contra o abuso sexual. Sete em cada dez acreditam que a escola está mais preparada que os pais para explicar temas como puberdade e sexualidade (veja tabelas ao fim do texto). “A pesquisa mostra que a população compreende a educação sexual como uma forma de proteger crianças e adolescentes. É a partir dessa abordagem, por exemplo, que crianças podem identificar e denunciar situações de abuso sexual e adolescentes podem se informar sobre a prevenção de uma gravidez indesejada”, comenta Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec.

Educação sexual e gênero: tentativas de censura

A presença da temática de gênero e sexualidade na educação tem sido alvo de diversos ataques e tentativas de censura. Diversos municípios chegaram a aprovar leis proibindo qualquer referência a gênero, identidade de gênero ou orientação sexual nas escolas. Em uma série de julgamentos em 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu que essas legislações são inconstitucionais, por ​​violarem valores democráticos, liberdades individuais e princípios como a tolerância e a convivência com a diversidade. As decisões também afirmam que a abordagem de gênero e sexualidade é uma obrigação de secretarias de educação, escolas e professores, para a promoção de políticas de igualdade e não discriminação.

“Essas decisões são um marco, reafirmando que a abordagem de gênero e sexualidade nas escolas está amparada na Constituição Federal e em diversas legislações, como a própria Lei Maria da Penha, que em seu artigo oitavo determina a educação para a igualdade de gênero e raça em todas as escolas. Além do respaldo legal, a pesquisa mostra que a maior parte da população compreende e apoia que o debate de gênero e sexualidade avance nas escolas, o que contraria o discurso de movimentos ultraconservadores que promovem desinformação e pânico moral sobre essas agendas”, explica Denise Carreira, coordenadora institucional da ONG Ação Educativa e integrante da Rede de Ativistas pela Educação  do Fundo Malala. Em fevereiro deste ano, um grupo de mais de 80 entidades de educação e direitos humanos lançou uma nova versão do Manual de Defesa Contra a Censura nas Escolas. A publicação apresenta orientações jurídicas e estratégias político-pedagógicas em defesa da liberdade de aprender e de ensinar, baseadas em normas nacionais e internacionais e na jurisprudência brasileira.

Grau de concordância sobre alguns assuntos relacionados à educação sexual.

A escola deve oferecer informações sobre doenças sexualmente transmissíveis e formas de prevenção dessas doenças.

Os estudantes devem receber, na escola, informações sobre como evitar uma gravidez indesejada.

A educação sexual nas escolas ajuda as crianças e adolescentes a se prevenirem contra o abuso sexual.

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Com informações do Gênero e Educação e replicada no Geledés.

Congresso derruba vetos de Bolsonaro às leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2

 

Senadores e deputados se reuniram em sessão do Congresso Nacional para decidir sobre a derrubada de vetos do presidente Jair Bolsonaro (PL) - Jefferson Rudy/Agência Senado.

Após intensa mobilização de artistas e trabalhadores da cultura, o Congresso Nacional barrou os vetos do presidente Jair Bolsonaro (PL) às Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2, que preveem incentivos orçamentários destinados ao setor cultural. Na Câmara, 414 deputados votaram pela derrubada, contra 39 que tentaram manter os vetos. No Senado, a votação foi unânime pela derrubada.

Somente o partido Novo orientou seus deputados a votarem a favor dos vetos, alegando "elevado impacto orçamentário". No total, deputados e senadores analisaram 36 vetos de Bolsonaro.

Com a decisão do Congresso, a Lei Paulo Gustavo deve liberar R$ 3,8 bilhões do Fundo Nacional de Cultural (FNC) para estímulo a projetos culturais, com distribuição dos recursos para diferentes fins, incluindo investimentos no setor audiovisual, apoio a reformas de salas de cinema e ao desenvolvimento de espaços artísticos e culturais, organizações culturais comunitárias e outros que tenham sido afetados pela dinâmica da pandemia.

Já a Lei Aldir Blanc 2 prevê repasses anuais de R$ 3 bilhões por parte da União a estados, municípios e Distrito Federal durante cinco anos para investimentos na área de cultura. O veto às duas propostas acentuou a já conhecida antipatia que marca a relação entre artistas e o presidente Bolsonaro, cuja gestão desidratou as políticas públicas na área cultural.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) celebrou a construção dos acordos políticos que garantiram os incentivos à cultura. "Que hoje fique registrado como um dia da cultura no Congresso Nacional. Comemoramos com todos os artistas e fazedores de cultura do Brasil, desde os que atuam nas rua, até os mais reconhecimentos da nação".

Randolfe Rodrigues, senador pela Rede do Amapá, argumentou que conceder incentivos à cultura retorna traz retornos para a economia de um modo geral. "Consideramos inadequados os debates sobre impacto fiscal nesse tema. Estamos falando sobre artistas que se mobilizaram pela derrubada, de trabalhadores, nos camarins, teatros, belas artes, em todas as áreas. Que hoje eles tenham expectativa de emprego e geração de renda. Estamos falando de economia concreta e real, que emprega pessoas, dá de comer a quem precisa."

Deputados governistas também votaram pela derrubada dos vetos de Bolsonaro. Paulo Marinho (PL-MA) exaltou a força dos artistas, "que mantêm a historia e as tradições vivas e fazem do Brasil um país alegre".

Em resposta às manifestações dos partidos alinhados a Bolsonaro, o deputado Tulio Gadelha, da Rede de Pernambuco, afirmou que o presidente é um "inimigo da cultura" e exaltou a força da classe artística na pressão exercida para a derrubada dos vetos. Bira do Pindaré, deputado do PSB do Maranhão, considerou "uma vitória da cultura contra o fascismo e o autoritarismo, que atuam contra a cultura popular".

Mobilização

A derrubada ocorre no dia seguinte à mobilização presencial de artistas e parlamentares de oposição no Congresso. Um grupo de trabalhadores do ramo esteve na Comissão de Cultura da Câmara na segunda (4) para ampliar o coro pela recuperação dos pontos que foram alvo da tesoura do presidente da República.

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Com informações do Brasil de Fato.

5 de julho de 2022

Grêmio Estudantil da Escola de Tempo Integral Menezes Pimentel de Potengi é empossado

 

Grêmio Estudantil da Escola de Tempo Integral Menezes Pimentel. (FOTO | Prof. Nicolau Neto).

Por Nicolau Neto, editor

Na última quinta-feira, 30 de junho, o Grêmio Estudantil “Todos Temos Voz” da Escola de Ensino Médio de Tempo Integral Menezes Pimentel, do município de Potengi, foi empossado. O evento ocorreu concomitantemente a reunião de pais, mães e, ou, responsáveis.

A chapa “Todos Temos Voz” composta por integrantes do primeiro ano A foi eleita em disputa com estudantes do primeiro ano C e do segundo ano A e, ainda no mês passado participaram do III Fórum Estadual dos Grêmios Estudantis em Fortaleza. No ensejo, a temática que norteou as discussões foi “Juventudes e participação democrática – inspirando, engajando e agindo no cotidiano escolar.”

Durante a posse, o presidente José Carlos destacou as ações já realizadas pelo coletivo com jogos interclasses a partir de várias modalidade esportivas, ao passo que parabenizou o diretor de esportes, Athirson e saldou todos os companheiros e companheiras da gestão 2022/2023.

José Carlos, presidente do Grêmio. (FOTO | Prof. Nicolau Neto)

Carlos ainda durante a fase de campanha destacou as propostas, tendo como bandeira de luta a efetivação em todos os componentes curriculares durante todo o ano letivo da História e Cultura Africana e Afro-brasileira e da História e Cultura Indígena. Carlos também defende a inclusão dessas temáticas no Projeto Político Pedagógico da Escola (PPP).

A diretora Graciela Rodrigues destacou o empenho de todos do Grêmio e os parabenizou pela autonomia na realização do evento que antecedeu a posse. Para ela, o coletivo contribuirá para fortalecer a democracia escolar.

Em 2015 escrevi um artigo para o Blog onde destaquei o papel do Grêmio Estudantil na escola e a força que suas atuações provocam positivamente nesta e fora desta.

É sabido que as representações dos estudantes compõem uma das mais duradouras tradições da juventude consciente de seus direitos e deveres. No Brasil, junto com o surgimento dos grandes estabelecimentos de ensino secundário, nasceram também os Grêmios Estudantis, que cumpriram e devem cumprir sempre um importante papel na formação e no desenvolvimento educacional, cultural e esportivo da juventude, organizando debates sobre os mais diversos assuntos, apresentações teatrais, festivais de música, torneios esportivos e outras festividades.

Note-se, outrossim, que as ações desenvolvidas pelos Grêmios representam para muitos jovens os primeiros passos na vida social, cultural e política. Dessa feita, os Grêmios contribuem, decisivamente, para a formação e o enriquecimento educacional de grande parcela da nossa juventude.

Desejo muita ousadia, perseverança e espírito crítico e de coletividade a todos/as.

Integrantes do Grêmio Estudantil:

José Carlos;

Iasmyn Nunes;

Murilo Alves;

Mayra Dandara;

Kaio Wisley;

Anna Lis Brilhante

Athyrson Ferreira;

Karen Reinaldo;

Ryan Carlos.

20 anos sem Patativa do Assaré: poeta pássaro segue referência

 

Foto: Dário Gabriel em 2/2/1997O poeta Patativa do Assaré nasceu e morreu na cidade de nascença que levou no nome

O canto da patativa, ave presente em território brasileiro, é considerado um dos mais melodiosos entre os pássaros. O nome do animal foi dado como apelido ao jovem Antônio Gonçalves da Silva porque, falava-se, a poesia expressiva, fluida e terna que ele performava pelo interior cearense se assemelhava ao cantar da ave. À alcunha, o rapaz adicionou o nome da cidade natal: Patativa do Assaré. Um dos principais nomes da cultura brasileira, o poeta faleceu em 8 de julho de 2002, aos 93 anos, deixando de herança legados imensuráveis. O Vida&Arte esquadrinha a relevância da poética de Patativa a partir especialistas e artistas que compartilham referências e reverências ao "poeta pássaro".

No livro "Patativa do Assaré: Uma Biografia", o professor e pesquisador Gilmar de Carvalho (1949-2021) conta que o poeta, ao falar do canto da patativa, dizia: "Você escuta, você pensa que ali dentro daquela moita tem vários passarinhos cantando". Quando o artista assume o nome da ave, Gilmar vê na metáfora "camaleônica" uma "explicação para os múltiplos cantares" que ele trazia consigo. "Da dicção nos moldes da norma culta à poesia matuta, do telúrico ao social, do gracejo à sua desconhecida e renegada produção erótica", elenca.

As referências e influências da trajetória artística de Patativa são tão diversas quanto a própria obra do artista. "Por meio de diferentes temas de sua poética, vê-se a influência dele na música, na cantoria, na poesia e na literatura", aponta Socorro Pinheiro, professora de Letras e do Mestrado Interdisciplinar em História e Letras da Universidade Estadual do Ceará.

"Observa-se ecos da sua poesia, por exemplo, na obra de Moreira de Acopiara, Dalinha Catunda, Josenir Lacerda, Bráulio Bessa, entre outros. O poeta continua vivo nos desafios da viola, na poesia feita de repente, no cordel, na performance poética, no imaginário de tanta gente que se sente representada numa poesia que canta a vida e seus contrastes, sem, contudo, perder a paixão e a força", avalia a pesquisadora, co-autora, com Antonio Iraildo, do livro "Um Sertão Encantado: Homenagem aos 110 anos de Patativa do Assaré.

O cantador, violeiro, escritor e Mestre da Cultura do Ceará Geraldo Amâncio ressalta a importância do artista para a própria trajetória. "Há um lado na história do poeta Patativa do Assaré que a mídia não fala: ele foi cantador, fez cantoria por mais de quarenta anos", ressalta. "Nas cantorias do meu tempo, não havia declamações de poesia. Tudo começou depois do lançamento do livro 'Inspiração Nordestina' (primeiro livro que reúne a obra poética de Patativa, lançado em 1956). O primeiro poema que declamei foi 'Chiquita e mãe veia', que está no livro referido", segue Geraldo.

A referência direta a Patativa tornou-se depois uma relação de proximidade e parceria, já que os dois chegaram a circular em viagens por mais de 20 anos — memória que Geraldo cita como uma "honra e felicidade". "Particularmente, devo a ele muito do reconhecimento a mim atribuído. Por várias vezes, quando perguntavam a ele quem era o melhor cantador do Brasil, ele citava o meu nome", relembra.

Conterrâneo de Patativa, o cantor e sanfoneiro Caninana destaca a contemporaneidade da obra do poeta. "Ele já falava tudo aquilo que nós vivemos hoje, é o marco de um século por suas obras escritas justamente na defesa da natureza, no combate à fome, à miséria, no grito de liberdade do seu povo", desvela.

Para o artista, Patativa foi uma referência intransponível. "Ele, na sua grandeza e na genialidade poética dos versos, me inspirou a fazer versos de cordéis. A maioria das minhas composições é sempre em formato de soneto ou sextilhas", exemplifica o cantor.

Em "Pássaro Liberto", livro de 2011 também escrito por Gilmar de Carvalho, o professor escreve: "Por que em meio a tantos poetas violeiros e poetas populares Patativa do Assaré se destacou e se tornou referência? Por que tantos passaram e ele ficou?". A resposta do próprio pesquisador, precisa, ajuda a decifrar: "Por que Patativa vai ficar? Por ter trabalhado com afinco e determinação, não para construir uma carreira, mas pela necessidade de dizer o mundo".

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Por João Gabriel Tréz, originalmente no O Povo.

4 de julho de 2022

Datafolha: 90% querem que professores discutam discriminação racial

Professor Nicolau Neto durante roda de diálogo com estudantes da EEFTI 18 de Dezembro, em Altaneira. (FOTO | Cláudio Gonçalves).


Nove em cada dez brasileiros concordam que a discriminação racial deve ser discutida pelos professores, segundo pesquisa Datafolha. No entanto, em muitas escolas, em especial da rede privada, esse debate é feito quase sem a presença de alunos e professores negros, em um país onde pretos e pardos são a maioria da população.

Kauany e Pedro são irmãos e estudam numa escola particular em Santa Fé do Sul, interior de São Paulo. Kauany, 14, é negra e sua turma de 9º ano tem três outros alunos negros. Pedro, 11, é branco e na sua turma de 6º ano tem 31 colegas brancos. Ambos têm apenas um professor negro.

Sidmar, 45, pai da Kauany e do Pedro, fez questão de colocar os filhos na rede privada para que eles pudessem ter, segundo ele, a melhor educação.

July Barbosa, 41, moradora da região metropolitana de Belo Horizonte, é mãe de três garotos negros e, como Sidmar, recorreu à rede privada, embora reconheça a escassez de diversidade na escola.

Os colégios onde essas crianças estudam não são exceções. Das 20 instituições de ensino mais bem colocadas no Enem de 2019, 19 eram escolas da rede particular.


Segundo o Gemaa (Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, apenas três escolas registraram 20% ou mais de alunos negros, e duas delas não registraram nenhum aluno preto ou pardo.

Para o Gemaa, embora as escolas não sejam obrigadas a coletar esses dados, a falta de informações consistentes refletiria o descaso com a temática racial. A Folha entrou em contato com a Abepar (Associação Brasileira de Escolas Particulares), mas não obteve retorno da instituição.

Com 13 anos, o filho de July está no 8º ano e diz que nunca sofreu racismo porque ele é “muito na dele”, mas admite que os outros colegas negros, às vezes, são chamados de macaco. Ele acha que isso é errado. “A gente não é animal.”

Kauany também diz nunca ter sofrido racismo na escola, mas já ouviu colegas dizerem coisas como “cala a boca, seu preto” para um aluno negro — o que a deixa muito chateada. A menina, que nasceu em Belém, diz também que, às vezes, é chamada de pernambucana devido ao seu sotaque.

Para Eneida Martins Gonçalves, psicóloga especializada em saúde da população negra, a falta de representatividade e o modo como negros são retratados, sempre associados à escravidão e à marginalidade, reforçam a sensação de não pertencimento.

Wilson Crescencio Antônio, 58, professor de artes e comunicação numa escola particular de Pirassununga, interior de São Paulo, diz que a presença dele e de outros professores negros funciona como antídoto para a sensação de solidão dos poucos alunos negros que passam pelo colégio.

O filho de July tem dois professores negros. Os outros alunos não gostam muito de um deles, o de matemática, mas ele é um dos favoritos do garoto por ser o único que o usa como exemplo nos exercícios.

Em 2020, após o episódio envolvendo o assassinato do americano George Floyd, comunidades de pais de alunos organizaram movimentos em busca de maior diversidade racial em escolas particulares. Um deles foi fundado por Evie Barreto Santiago, 49.

Ela é negra e, ao perceber que o colégio onde seu filho estuda, em São Paulo, não se posicionava de modo satisfatório contra o racismo, reuniu-se com outros pais para questionar a postura da escola.

SE TIVESSE MAIS PESSOAS NEGRAS, PENSO QUE PODERIA MELHORAR O PRECONCEITO. NÃO PARAR DE EXISTIR, MAS DIMINUIR UM POUCO

Kauany, 14

Estudante negra do 9ª ano de uma escola particular no interior de São Paulo

Desde então, ela diz que a instituição destinou bolsas integrais para alunos negros, aumentou a diversidade do corpo docente e começou a repensar o currículo escolar para garantir a aplicabilidade da lei de ensino sobre história e cultura afro-brasileira em todas as matérias.

Nunca parei pra pensar nisso, mas agora acho que poderia ter mais pessoas negras na escola. Até mesmo diretores” diz a menina Kauany. “Se tivesse mais pessoas negras, penso que poderia melhorar o preconceito. Não parar de existir, mas diminuir um pouco.”

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Com informações da Folha de S.Paulo e reproduzido no Geledés.

Concurso com 2 mil vagas para professor de Fortaleza tem inscrições prorrogadas

 

Prefeito José Sarto (PDT) sanciona lei que cria 2 mil vagas para professores da rede municipal de Fortaleza. (FOTO/Arquivo/SVM).


As inscrições para concurso público para professores efetivos do município de Fortaleza foram prorrogadas até o dia 10 de julho, conforme anunciado pelo órgão nesta segunda-feira (4). Ao todo são 2 mil vagas, sendo 1.056 para profissionais pedagogos e 944 para professores de disciplinas específicas. Os salários iniciais são de R$ 4.384,82.

O certame, que será realizado pelo Instituto de Desenvolvimento e Recursos Humanos do Município (Imparh), iria receber inscrições até este domingo (3). Os interessados podem fazer a inscrição mediante o preenchimento de um formulário, exclusivamente, pela internet.

O certame será composto por três etapas: prova objetiva, prática de didática (aula) e entrega de títulos e comprovação profissional. A prova escrita será realizada no próximo dia 7 de agosto.

Os profissionais aprovados no concurso público já devem ser incorporados ao quadro de docentes da Rede Municipal no próximo ano letivo.

As 944 vagas de professores de disciplinas específicas dividem-se nas seguintes áreas:

Ciências

Língua Portuguesa

Educação Física

Geografia

História

Língua Portuguesa/Literatura

Matemática

Ensino Religioso

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Com informações do G1 CE.

Parceria do Lacite/UFCA com Camaradas proporciona ações sobre direito à cidade

 

Parceria do Lacite/UFCA com Camaradas proporciona ações sobre direito à cidade. (FOTO | Reprodução | WhatsApp).

Por Naju Sampaio*

A parceria entre o Laboratório de Estudos em Gestão de Cidades e Territórios (LaCITE) e o Coletivo Camaradas faz parte da Incubadora dos Movimentos Insurgentes, que é uma ação capitaneada pelo LaCITE, juntamente com o Observatório de Cidades do Cariri e também com a Universidade Estadual do Ceará. A parceria se iniciou em 2018, com a colaboração no desenvolvimento de atividades e no diálogo sobre o Território Criativo do Gesso.

A Incubadora dos Movimentos Insurgentes busca apoiar os projetos que desenvolvem um conjunto de ações, como também que possuem uma trajetória na elaboração das novas possibilidades de fazer a cidade, de participar da gestão, levando em conta as vozes dos moradores e características do território.

De acordo com Raniere, professor da UFCA e coordenador tanto do Observatório quanto do LaCITE, o Coletivo Camaradas dialoga na linha de pesquisa de gestão democrática da cidade, fortalecendo o processo de participação e engajamento cidadão. Segundo ele, a parceria possibilita o debate sobre o direito à cidade, proporcionando a discussão sobre uma cidade que seja feita pelas pessoas, sobre e para as pessoas.

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* Naju Sampaio é estudante de jornalismo e bolsista/integrante do Coletivo Camaradas.

Bolsonaro dobra gastos com publicidade na TV em ano eleitoral; Globo ultrapassa Record e SBT

 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) carregando uma placa com os dizeres "Globo Lixo", em fevereiro de 2021 - Reprodução/Facebook.

Se um dia o presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou a Rede Globo uma das inimigas do país, hoje ele já nem se lembra mais. Entre janeiro e junho deste ano, o governo dobrou os gastos com publicidade na emissora, em relação com mesmo período do ano passado. 

Pré-candidato à reeleição, hoje Bolsonaro utiliza o espaço da maior rede de TV do país para fazer campanha e divulgar o que fez em três anos e meio de governo. Há cerca de um ano, em fevereiro de 2021, Bolsonaro chegou a levantar uma placa com a frase “Globo Lixo”, durante viagem para a entrega do Centro Nacional de Treinamento de Atletismo do município de Cascavel, no Paraná.

Entre 1º de janeiro a 21 de junho do ano passado, foram pagos R$ 6,5 milhões à TV Globo pela veiculação de materiais publicitários. Em 2022, houve um aumento de 43% desse valor, chegando a R$ 11,4 milhões, segundo dados da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência (Secom), reunidos pelos UOL.

O valor investido somente nesse período equivale a 42% de todo recurso destinado à compra de espaço publicitário na Globo durante os quatro anos de mandato, considerando os seis primeiros meses de cada ano. 

Juntas, Globo, SBT, Rede TV, Record e Band receberam R$ 33 milhões no primeiro semestre. É o maior valor desde 2009, quando foram pagos R$ 30,4 milhões em valores líquidos. O montante destinado à TV Globo nesses primeiros seis meses do ano superou o montante pago à Record e à SBT, emissoras próximas do presidente Jair Bolsonaro.

Campanhas institucionais

Mas não foram só os valores pagos à TV Globo que mudaram. O modelo de propaganda que mais recebeu investimento também passou por modificações. Se em 2021, a Secom comprou mais inserções publicitárias para veicular informações de “utilidade pública”, neste ano priorizou materiais institucionais. 

Em 2021, foram 46 propagandas de utilidade pública e 10 para materiais institucionais na TV Globo. Neste ano, entre janeiro e junho, foram 72 campanhas institucionais e somente duas de utilidade pública. As campanhas institucionais são aquelas que contém informações sobre os feitos da gestão e ajudam a levantar a popularidade do presidente.

Na Record, o volume de materiais institucionais saiu de seis para 53. No total, as cinco maiores emissoras do país receberam um aumento de 69% na quantidade desse tipo de material veiculado, em relação ao primeiro semestre do ano passado.

Os recursos destinados à TV Globo passaram a aumentar depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) obrigou a Secom a direcionar os investimentos com propaganda de acordo com critérios técnicos, como os números de audiência dos veículos de comunicação. 

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Edição: Vivian Virissimo, originalmente no Brasil de Fato.