3 de fevereiro de 2022

Combate ao retrocesso nas cotas

 

Cida Bento (Foto: Carolina Oms/Believe.Earth)

“…Quando a universidade pública abriu as portas e ampliou a diversidade, ela melhorou”, diz Angélica Minhoto, que foi pró-reitora de graduação da Unifesp e participou de estudo realizado com seis universidades federais e com seis universidades particulares visando conhecer o impacto do sistema de cotas sobre a performance do alunado.

O estudo concluiu que, após a adoção das ações afirmativas, a maior parte das instituições “teve um ganho na nota média da prova de conhecimentos específicos”, conforme o Relatório Técnico de 2021 do Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência vinculado à Universidade Federal de São Paulo.

Outros estudos mostram que os ambientes universitários tornam-se mais democráticos, como estudo do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), de 2019, que aponta que a Lei de Cotas aumentou em 39% a presença de estudantes negros e indígenas vindos de escolas públicas, nas instituições federais, nos quatro primeiros anos do programa.

A despeito desses resultados positivos, alguns intelectuais vêm ressurgindo na grande mídia e, em suas manifestações, atacam as políticas que visam o combate ao racismo e a promoção da equidade racial, bem como atacam lideranças negras que se destacam nesse processo de luta por uma sociedade efetivamente democrática.

Vários deles assinaram um manifesto contra cotas, que teve mais de uma centena de assinaturas e foi publicado pela Folha em 30 de maio de 2006, no qual se destacaram argumentos como “almejamos um Brasil no qual ninguém seja discriminado, de forma positiva ou negativa, pela sua cor […]”.

Mas não se registram manifestos desses intelectuais contra a ausência de negros e indígenas nas universidades. Eles demonstraram sua discordância quando esses espaços, antes monolíticos, começaram a se tornar mais plurais e a cara da universidade brasileira começou a ter um pouco a cara do Brasil.

Isso ocorreu há 40 anos em outro país, mas parece estar acontecendo no Brasil de hoje.

Mas no Brasil de hoje crescem também outras manifestações, como as de organizações privadas que, após a morte de George Floyd, são pressionadas para que seus investimentos financeiros foquem organizações públicas, privadas e da sociedade civil que tomem medidas concretas para lidar com a injustiça racial e que fortaleçam organizações que lutam pela equidade.

Está aí uma oportunidade para que essas organizações, dentre elas a Folha, se manifestem publicamente pela manutenção das ações afirmativas e cotas e apoiem outro futuro para a juventude negra que não seja a violenta interrupção de suas vidas, como ocorreu com Moïse Kabagambe no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, quando cinco “valentões” o espancaram selvagemente até a morte.

----------------
Por Cida Bento, originalmente na Folha de S.Paulo.


Mortalidade infantil por covid-19 quintuplicou no último mês

 

Imagem ilustrativa - Pixabay/visuals3Dde.

O número de crianças que morreram em decorrência de complicações de covid-19 quintuplicou em janeiro de 2022 em comparação ao mês de dezembro de 2021, revelou um levantamento da Globonews divulgado na última segunda-feira, 31.

Os dados de mortalidade infantil foram obtidos por meio de informações do Registro Civil do Portal da Transparência e a análise levou em consideração atestados de óbitos de todo o território brasileiro desde o começo da pandemia, em março de 2020, até a última sexta-feira, 28.

O relatório mostra que desde o começo da pandemia, 343 crianças de 5 a 11 anos morreram em decorrência do novo coronavírus; entre elas 68 foram de indivíduos de 5 anos de idade. O número de mortes começou a aumentar em janeiro deste ano.

De acordo com o Ministério da Saúde, o primeiro óbito aconteceu em 12 de março de 2020 e, desde então, "1 criança entre 5 a 11 anos morreu a cada 2 dias". Em dezembro, foram registradas quatro mortes. Já em janeiro, o número subiu para 19 crianças.

Foi possível perceber um aumento assustador na mortalidade infantil em decorrência da covid-19 e, como destaca a Rolling Stone Brasil, esses números são apenas os de indivíduos cujas mortes foram atestadas em cartório. Além disso, a falta de notificação do começo da pandemia também pode ter reduzido o número total de casos.

Para o presidente da Arpen-SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais), Gustavo Renato Fiscarelli, o cenário brutal para crianças ocorre por conta da falta de vacinação na faixa etária.

____________

Com informações do Aventuras na História.

Tribunal anula autorizações para garimpos em terras indígenas

 

O TRF1 anulou as autorizações de garimpo na Região. (FOTO/Vincent Tan/Pexels).

A 5ª turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) anulou, por unanimidade as autorizações para exploração mineral, garimpos, nas terras indígenas na região do Tucuruí, no Pará. O pleito foi solicitado pela mineradora Vale S/A e pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e as apelações foram negadas pelos magistrados.

A decisão foi tomada em dezembro, mas o Ministério Público Federal (MPF) divulgou apenas esta semana e é válida para as Terras Indígenas Parakanã e Trocará. O MPF defende que “a mera proximidade do empreendimento econômico é suficiente para impactar social e ambientalmente as comunidades indígenas”. O que na prática quer dizer que, mesmo se o empreendimento estiver fora das áreas indígenas e for impactá-la, o requerimento é nulo.

É ilegal a existência de atividades de exploração minerária em terras indígenas – ainda que com interferência periférica – bem como a constatação de processos administrativos para a autorização de pesquisa e de exploração mineral nas referidas terras”, defendeu o relator, desembargador federal Souza Prudente, em seu relatório.

Segundo o Tribunal, mesmo se a exploração fosse legal, seria necessário o licenciamento ambiental e consulta prévia. A Vale alega que o recurso foi feito pela empresa antes da decisão judicial. Em nota, a mineradora disse que “não tem direitos minerários nas Terras Indígenas mencionadas, não desenvolve quaisquer atividades de pesquisa mineral ou lavras em terras indígenas”.

____________

Com informações do Notícia Preta.

2 de fevereiro de 2022

CEB de Nova Olinda completa 20 anos

 

Fachada do Centro de Educação Básica (CEB). (FOTO/ Lucélia Muniz)

Por Nicolau Neto, editor

O Centro de Educação Básica (CEB), com sede no município de Nova Olinda –CE, está completando duas décadas de atuação. As informações foram publicizadas nas redes sociais da instituição.

"Há 20 anos atrás iniciávamos nosso primeiro dia de aula da história!", destacou inicialmente a equipe gestora. "De lá para cá, foram muitos alunos, muitos passeios, comemorações de dia dos pais, dia das mães, dias das crianças, aniversários de colegas, muitos projetos e o mais importante: muito aprendizado", complementou.

O CEB é uma instituição de ensino particular fundada em 02 de fevereiro de 2002 e atualmente funciona à Rua Padre Cícero, nº 01. Atende a estudantes da educação infantil ao ensino fundamental II.

As professoras Tiana Alexandrino e Wiliane Lopes respondem atualmente pela coordenação da escola.

A costureira

 

Imagem puramente ilustrativa. (FOTO/ Gettyimages).

Por Alexandre Lucas, Colunista

A camisa ainda tem cheiro de roupa que desconhece a primeira lavada. As suas linhas seguem embriagadas, cambaleando no caminho, suas casas têm distâncias descompassadas, uma aqui e outra com endereço incerto.  Os botões foram trocados à revelia dos escolhidos.

A costureira fez tudo descombinado. Podia ser só uma camisa e pronto, mas as costuras que nos vestem não são pontos finais. A gente não veste tudo, escolhemos a cor, o tamanho, o modelo, o tempo e o lugar de vestir. 

As roupas são como versos, sempre diferentes, até podem ser parecidas e confundíveis. Tem roupas simples e aconchegantes, umas tão leves que nos fazem dançar, outras que se ajustam aos desejos e desenhos. Lógico, terão aquelas de função robotizada. No final e quase sempre escolhemos, o que não é uma regra, ainda existem os descosturados que se despregam da composição de vestir a barriga e o horizonte. 

A costureira e a camisa são partes da mesma costura. Foi preciso acreditar na costureira para perceber os seus caminhos tortos, as suas medidas assimétricas e os seus descombinados. As costureiras são desiguais, igualzinho aos amores.

Revisão da Lei de Cotas em meio à campanha eleitoral é risco de retrocesso, avaliam parlamentares

 

(FOTO/ @rawpixel.com/ Nappy).

Prestes a completar dez anos, a lei que garante o acesso de estudantes da rede pública às instituições federais de ensino superior deve passar por revisão até agosto deste ano. O prazo é previsto na própria legislação, sancionada em 2012 pela então presidente Dilma Rousseff.

Mas parlamentares defensores da lei têm receio de que o debate em meio à campanha eleitoral deste ano provoque “retrocesso” na lei e defendem o adiamento da revisão.

Popularmente conhecida como Lei de Cotas, o texto – que também assegura reserva de vagas a pessoas pretas, pardas, indígenas e com deficiência – é alvo de projetos no Congresso Nacional que limitam o alcance das medidas.

A lei em vigor foi sancionada em agosto de 2012, após experiências consideradas satisfatórias em instituições públicas de ensino superior. O texto prevê que:

50% das vagas oferecidas em cada curso de graduação devem ser destinadas a alunos que cursaram o ensino médio integralmente na rede pública;

dessas vagas, pelo menos 50% devem ser preenchidas por estudantes com renda familiar per capita inferior a 1,5 salário mínimo;

o preenchimento dessas vagas deve seguir a mesma proporção de pessoas pretas, pardas, indígenas e com deficiência da unidade da Federação onde fica instituição de ensino, seguindo os dados do censo mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Inicialmente, ao ser sancionada em 2012, a lei previa que caberia ao Executivo a iniciativa de revisão.

No entanto, em 2016, o artigo foi modificado, e a lei passou a estabelecer somente que há necessidade de revisão em dez anos, sem determinar a qual instância caberá fazer a revisão.

Originalmente, o artigo 7º da lei dizia: “O Poder Executivo promoverá, no prazo de 10 (dez) anos, a contar da publicação desta Lei, a revisão do programa especial para o acesso de estudantes pretos, pardos e indígenas, bem como daqueles que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas, às instituições de educação superior”.

Após a alteração, a redação do artigo passou a ser a seguinte: “No prazo de dez anos a contar da data de publicação desta Lei, será promovida a revisão do programa especial para o acesso às instituições de educação superior de estudantes pretos, pardos e indígenas e de pessoas com deficiência, bem como daqueles que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas”.

Adiar a revisão

Coordenador de uma comissão especial sobre o tema na Frente Parlamentar Mista da Educação, o deputado Bira do Pindaré (PSB-MA) diz que, com a proximidade do debate eleitoral, há um temor de que as propostas contrárias às cotas raciais prosperem e ganhem mais apoio.

Certamente, teremos dificuldade de fazer uma boa discussão com o atual governo. O próprio ministro da Educação já mostrou ser contrário à política de reserva racial. O balanço da lei é positivo, mas os efeitos são insuficientes para enfrentar tamanha desigualdade racial no que diz respeito ao acesso às universidades. A gente precisa manter a política para colher os frutos”, afirma.

Diante da possibilidade de o governo colocar “obstáculos”, ele diz que tem crescido o apoio para o Congresso adiar a revisão da lei. O prazo atual termina em agosto, mesmo mês de início da campanha eleitoral.

Bira do Pindaré afirma que uma das propostas sobre o tema na Câmara já tramita em regime de urgência desde novembro e, na prática, pode ser analisada diretamente no plenário.

Esse texto, relatado pelo próprio parlamentar, adia a revisão da Lei de Cotas para 2062 e cria um Conselho Nacional das Ações Afirmativas no Ensino Superior para monitorar e elaborar, a cada cinco anos, relatórios sobre a política pública.

Bira do Pindaré afirma que já trabalha em um texto de consenso entre os parlamentares. “Temos que discutir também a possibilidade de ampliação das cotas. Por exemplo: não há cotas para ingresso em pós-graduação, e muitos parlamentares desejam isso”, diz.

Em 2020, o Ministério da Educação tentou acabar com incentivos às cotas na pós-graduação, mas a portaria acabou revogada.

Propostas no Congresso

Levantamento do g1 nos sistemas da Câmara e do Senado identificou pelo menos 40 projetos que alteram trechos já existentes ou incluem novas regras na Lei de Cotas.

A maior parte prevê ampliações no programa de cotas, como a criação de vagas reservadas na pós-graduação.

Há, no entanto, projetos que tentam reduzir e até extinguir as regras de acesso diferenciado.

Parlamentares de oposição ao governo Jair Bolsonaro dizem haver risco de retrocesso sobretudo nas regras relacionadas às cotas raciais.

Outros projetos sobre a Lei de Cotas em tramitação no Congresso sugerem:

a definição de critérios permanentes, sem revisão periódica;

a criação de cotas em vagas ociosas ou remanescentes;

o estabelecimento de auxílio-permanência para estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica;

a criação de cotas para vagas de pós-graduação;

a criação de cotas para alunos residentes ou oriundos de abrigos e instituições de acolhimento;

a criação de mecanismos para que idosos sem curso superior completo ingressem nas instituições sem processo seletivo ou concurso;

e a prioridade de ingresso, por meio das cotas, ao estudante residente no município em que a instituição de ensino está situada.

A posição do governo

Em 2018, durante a campanha à Presidência, Bolsonaro chegou a classificar a política de cotas como “equivocada” e “coitadismo”. Após eleito, no entanto, não voltou a falar do tema.

Durante audiência da Comissão de Educação da Câmara em novembro de 2021, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse ser favorável apenas às cotas de cunho “social”.

Se tem um negro que tem condição, é minoria, mas tem condição de acesso a estudar em outras escolas, ele não precisava de cota, nem alegar cota”, declarou Ribeiro.

Incerteza jurídica

O debate sobre a validade das regras atuais da Lei de Cotas pode ultrapassar o próprio Congresso.

Como a lei não define com clareza o processo de revisão, há possibilidade de o tema ir parar no Supremo Tribunal Federal.

No entendimento de juristas consultados pelo g1, a falta de detalhamento abre espaço para duas correntes:

uma que defende que a lei perde a eficácia em 29 de agosto – prazo descrito na lei para reforma;

e outra que argumenta que, caso não haja revisão, a lei deve ser mantida em vigor com o texto atual.

O entendimento pela manutenção da lei foi corroborado pela comissão de juristas criada pela Câmara dos Deputados para propor mudanças na legislação de combate ao racismo.

Em relatório entregue ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em novembro passado, o grupo concluiu que a “revisão prevista em seu artigo 7º não guarda relação com a vigência da lei”.

Um dos membros da comissão da Câmara, o advogado e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Thiago Amparo afirma que a Lei de Cotas “não condiciona a vigência da lei a um prazo determinado, mas apenas prevê uma revisão”.

Segundo Amparo, o artigo da lei trata apenas da necessidade de uma “avaliação em um determinado prazo”.

É diferente da Lei de Cotas no serviço público, onde expressamente se lê que a lei tem vigência de dez anos”, afirmou.

No mesmo relatório, a comissão de juristas defende a política de cotas e diz que ainda “não é possível dizer que o objetivo da Lei de Cotas tenha sido atingido, pois há elementos que indicam que a porcentagem de estudantes cotistas ainda não se equipara com a dos estudantes que ingressam por ampla concorrência”.

O grupo defende melhorias para coibir fraudes em cotas raciais e garantir o “efetivo beneficiamento da população alvo do critério racial”.

Ao entrar no mérito do sucesso da política, os juristas escrevem que houve um “crescimento no ingresso de estudantes negros (pretos ou pardos) e indígenas”, mas dizem que os dados são imprecisos e, por isso, o debate sobre as mudanças nesses critérios pode ser prejudicado.

O “voo cego” da Lei de Cotas é ocasionado pela falta de um monitoramento centralizado da política.

Em 2012, ao regulamentar o funcionamento da lei, o governo federal determinou a criação de um comitê de acompanhamento e avaliação. Em quase dez anos, o colegiado só se reuniu três vezes.

‘Contradição’

Para o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, professor José Vicente, a renovação da lei deve ser acompanhada de melhorias e de um monitoramento mais completo.

Temos um déficit de atuação do governo em relação ao ingresso de pessoas minorizadas pela sociedade na educação. A gente pode discutir a ampliação e critérios mais bem definidos, mas não há espaço para revogação”.

Ele avalia que a falta de apoio claro do governo às cotas demonstra uma “contradição” já que o próprio presidente Jair Bolsonaro promulgou neste mês a Convenção Interamericana contra o Racismo.

A LEI É UM SUCESSO. É UMA MEDIDA JUSTA E COERENTE, E NÃO PRODUZ QUALQUER PREJUÍZO DO PROCESSO EDUCATIVO. QUANDO AS COTAS RACIAIS COMEÇARAM PELO PAÍS, A GENTE TINHA MENOS DE 2% DA POPULAÇÃO NEGRA NAS UNIVERSIDADES. HOJE, HÁ DADOS QUE APONTAM UMA PRESENÇA DE QUASE 20%. MAS AINDA ASSIM HÁ MUITO PARA CAMINHAR, HÁ MUITO PARA CRESCER. AS COTAS NÃO PODEM ACABAR, AVALIA O REITOR, QUE TAMBÉM COORDENA O MOVIMENTO COTAS SIM.

O artigo 5º da convenção diz que os países se comprometem a adotar as políticas especiais e ações afirmativas necessárias para assegurar o gozo ou exercício dos direitos e liberdades fundamentais das pessoas ou grupos sujeitos ao racismo, à discriminação racial e formas correlatas de intolerância, com o propósito de promover condições equitativas para a igualdade de oportunidades, inclusão e progresso para essas pessoas ou grupos”.

No artigo 6º, consta que os Estados também se comprometem a “formular e implementar políticas cujo propósito seja proporcionar tratamento equitativo e gerar igualdade de oportunidades para todas as pessoas, em conformidade com o alcance desta Convenção; entre elas políticas de caráter educacional, medidas trabalhistas ou sociais”.

Procurado, o Ministério da Educação não quis comentar o tema até a publicação desta reportagem.

___________

Por Kevin Lima, originalmente no G1.

1 de fevereiro de 2022

Camilo Santana anuncia concurso da URCA com mais de 100 vagas

 

(FOTO/ Divulgação).


Por Nicolau Neto, editor

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), divulgou no início da tarde desta terça-feira (1º), concurso público com 663 vagas para professores efetivos das três Instituições de Ensino Superior: a Universidade Regional do Cariri (URCA), a Universidade Estadual do Ceará (UECE) e a Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA).

Conforme pontuou o governador, serão 184 vagas destinadas para a URCA; à UVA serão ofertadas 114 e a UECE com 365 vagas. O anúncio foi durante a tradicional conversa online com a população e o edital deverá sair em breve. 

Dilma Rousseff: “Nota à Imprensa: Um jornal em diminutivo”

 

Dilma Rousseff. (FOTO/ Reprodução/ Facebook).

Dilma responde ao editorial do Estadinho: "Foi no meu mandato, em 2014, que o Brasil conquistou a maior de suas façanhas, sair do Mapa da Fome da ONU".

O editorial de domingo, 30, do jornal Estado de S. Paulo mostra que a miopia do Estadão, que hoje tem aumentativo apenas no nome de fantasia, não é doença, mas extremismo de direita. Calculado e indisfarçável. O jornal, que vem diminuindo ano a ano, inclusive fisicamente, hoje é um tabloide movido por uma obsessão: impedir a eleição democrática em outubro.

Já fez isto em 2018 quando, na véspera da eleição, jogou no lixo o que restava de dignidade à antiga família Mesquita para cometer o crime de afirmar que a opção entre um professor universitário, reconhecidamente democrata, e um deputado fascista era uma escolha difícil para o eleitor.

O Estadão já pode ser chamado de Estadinho. Apequenou-se, inclusive no tamanho das páginas. E segue no caminho do desaparecimento, depois de perder leitores e público, com tiragem cada vez menor. Segue movido apenas por obsessões que, em vez de disfarçar, ressaltam as mentiras que publica.

Exatamente ao contrário do que diz o jornal, estão frescos, na memória do povo brasileiro, os resultados produzidos pelos oito anos de governo Lula e pelos quatro anos que me foi dado o direito de governar sem a sabotagem aberta e sem o golpismo iniciado exatamente no dia em que fui reeleita.

Cumpri um ano e três meses de governo no meu segundo mandato com sabotagem escancarada, com o apoio do jornal, e instrumentalizada, inclusive nas páginas do Estadinho. O povo lembra. São lembranças da realidade e dos fatos, e não do ódio do jornal e da imprensa oligopolista brasileira.

Lula deixou seu segundo mandato com mais de 80% de aprovação e reconhecimento popular. Eu, durante meu mandato inteiro, dei continuidade às grandes realizações de Lula. Mas fiz mais. Ampliei as iniciativas que transformaram o Brasil num país bem-sucedido e o brasileiro num povo feliz e com a maior autoestima de sua história.

No primeiro mandato, entre 2010 e 2014, apesar da forte oposição que enfrentei, em tese algo normal num regime democrático, meu governo produziu algumas das maiores realizações da história do país – contra a vontade do Estadinho, é bom que se diga.

Em 2014, conquistamos a menor taxa de desemprego da história do país – uma média mensal de 4,8%, que carateriza uma situação de pleno emprego. Trabalho formal, é justo dizer. Empregos com carteira assinada e direitos trabalhistas, que o Estadinho e os governos que o jornal apoiou e apoia destruíram, depois de me derrubar.

Não causa surpresa que o jornal, tanto quanto os golpistas que me destituíram sem que até hoje tenha sido caracterizado crime de responsabilidade, classifiquem como “teorias ultrapassadas e equivocadas”, que devam “ser escondidas”, o repetido acúmulo de recordes mensais de Investimento Estrangeiro Direto no país. No meu governo, ampliamos a conquista de Lula e chegamos à marca de US$ 370 bilhões em reservas internacionais. Parece trivial, mas na história brasileira tal valor jamais foi alcançado.

Entendo que, exatamente ao contrário do que pretende o Estadinho, não se deve esconder, de maneira alguma, o fato de que, mesmo debaixo da mais massacrante sabotagem política já promovida no Congresso a um governo democrático, por meio de pautas bombas e de um boicote brutal das ações administrativas, processo iniciado no dia exato da minha reeleição, ainda assim alcançamos resultados fiscais rigorosamente superiores aos exibidos nos períodos de governo de   FHC.

Por óbvio, a história elitista e de exclusão social do Estadinho — que sempre teve o condão de liderar a plutocracia paulista — não permite acreditar que o porta-voz do mais radical conservadorismo brasileiro pretenda dar importância a resultados extraordinários alcançados pelo meu governo, que são dignos de serem exibidos com orgulho em qualquer campanha eleitoral.

Foi no meu mandato, em 2014, que o Brasil conquistou a maior de suas façanhas: sair do Mapa da Fome da ONU. Graças a todas as políticas que realizamos desde a posse de Lula, em 2003. Também foi sob o meu mandato, cujas realizações o jornal gostaria de esconder, que pela primeira vez na história 63 milhões de brasileiros tiveram acesso gratuito à assistência de saúde, por meio do programa Mais Médicos.

Além disso, jamais em nossa história, mesmo em governos democráticos, nos governos do PT e no meu em particular, nunca tantos brasileiros de baixa renda obtiveram o direito de acesso à casa própria, com o Programa Minha Casa Minha Vida, e ao ensino superior, através da política de cotas e de facilidade de acesso a universidades privadas.

Para o Estadinho, é melhor que tudo isto seja escondido dos brasileiros. Sobretudo em uma campanha eleitoral. Mas como os brasileiros já há muito tempo não acompanham mais o jornal, sem dúvida saberão o que o meu governo fez. E se orgulha de ter feito. E, na medida do possível, continuará vendo ser realizado, a partir de 2 de janeiro de 2023, quando Lula assumirá pela terceira vez a Presidência da República.

Contra a vontade do Estadinho. Mas pela força do povo. A força da maioria do povo. Como nas grandes e melhores democracias.

____________

Por Dilma Rousseff, publicado originalmente em suas redes sociais.