27 de agosto de 2014

Seminário discute a construção do Museu Afro


Subsidiar a construção do Museu Nacional da Memória Afrodescendente é o objetivo do Seminário Rumo ao Museu Nacional da Memória Afrodescendente, que segue até quinta-feira, 28 de agosto, na sede da Fundação Cultural Palmares, em Brasília. Segundo o presidente da Fundação Cultural Palmares, Hilton Cobra, o Museu fará parte do complexo do Parque Nelson Mandela, a ser construído as margens do Lago Paranoá, na capital federal, e abrigará o maior acervo do país sobre a história negra, uma importante referência nacional e internacional da cultura afro-brasileira.

Macaé Evaristo(SECADI/MEC); Mnistra Luiza Barros(SEPPIR/PR); Ministra Marta Suplicy(MinC); Hilton Cobra e Sweden
berger Barbosa(Casa Civil/GDF).
Educação – “Precisamos resgatar a dor, para evidenciar a contribuição do povo negro na construção da sociedade brasileira”, disse Marta. Para isso, o Museu trabalhará com a história contada e a não contada nos livros-base da Educação. “Estamos em busca da verdade sobre a história do negro no Brasil para resgatar a autoestima com base na identidade”, completou.

Para o Ministério da Educação, o Museu será um alicerce fundamental na tarefa de implementar a Lei 10.639/2003 que estabelece o ensino da história e cultura dos africanos e afrodescendentes no currículo escolar. Macaé Evaristo, secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, afirma que se trata de um grande avanço também, no que diz respeito à redução das desigualdades raciais. “É uma possibilidade de sairmos do silenciamento, um lugar de expectativa e de vozes que ainda não foram ouvidas em nossa sociedade”, disse.

Identidade – Já a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, comparou a proposta do museu à obra Comunidades Imaginadas, de Anderson Benedict, onde o autor afirma que censos, mapas e museus são três posicionamentos importantes a como as populações se compreendem no tempo e no espaço. “São os modos como uma nação se define e pretende se apresentar para si e para o mundo”, explicou a ministra.

De acordo com Luiza, a população negra brasileira teve ganhos muito significativos no que tange ao reconhecimento de sua participação na sociedade, porém o Museu será um espaço à divulgação dos passos que já foram dados nesse sentido. “Um lugar onde poderemos contar nossa história, oferecer contribuições, interação e influências aos nossos passos no presente e no futuro”, concluiu.

O secretário da Casa Civil do Governo do Distrito Federal, Swedenberger Barbosa, também participou dos debates ressaltando a parceria entre o MinC e o GDF para a conquista da nova área de 65.006,502 m², localizada no Lago Sul, próxima a Ponte JK.


Via Fundação Cultural Palmares

26 de agosto de 2014

Condutores de Turismo Comunitário de Altaneira terá 1ª experiência com visitantes


Cerca de 20 (vinte) jovens estão participando de um curso de Condução e Preparação de Trilhas, no Sítio Poças, município de Altaneira. A iniciativa é da Rede de Educação Cidadã – RECID e tem o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Desporto e Turismo.

Participantes do Curso de Condutores de Trilha
no Sítio Poças. Foto: Cícero Chagas.
Um dos incentivadores e coordenador do curso, o educador Cícero Chagas, conhecido popularmente como Cícero Popó tem afirmado quanto indagado sobre a importância e das finalidades de se realizar algo do tipo que não há melhor maneira de inserir o jovem na luta pela preservação ambiental e pelo desenvolvimento de práticas esportivas do que pelo caminho do turismo. Mas para que isso ocorra é fundamental que eles venham a conhecer os benefícios que o curso proporcionará. 

De acordo com Popó um dos principais objetivos a ser alcançado com o processo é contribuir para que os participantes conheçam os potenciais turísticos que Altaneira possui, levando a uma divulgação não só destes potenciais, mas também das infinidades de belezas naturais desta localidade que deixam qualquer um bestificado.

O curso teve início no último dia 06 (seis) de junho sendo subsidiados por aulas teóricas, a princípio na Secretaria de Assistência Social – SETAS e práticas. Esta última encontrou a própria trilha como espaço das apresentações, discussões e experimentos.  Noções como condução, planejamento de trilhas, dicas de primeiros socorros e atividades práticas de arvorismo formaram um dos nortes do curso que contam no seu quadro de ministrantes os professores Eric, Daniela Medina, que desempenha o ofício de historiadora no município de Juazeiro do Norte e Mardineuson.

Segundo informações de Francilene Oliveira (foto acima), uma das participantes do curso de condutores de turismo comunitário, essa equipe terá a primeira oportunidade de colocar em pratica o que desenvolveram neste sábado, 30 de agosto. Na ocasião, cerca de 40 estudantes dos cursos técnicos em Zootecnia e Agropecuária, do município de Iguatu virão a Altaneira objetivando fazer o reconhecimento da Trilha Sítio Poças e percorrê-la. Inclui-se ainda no rol das finalidades desta visita dos iguatuenses conhecer a Horta Dois Irmãos, que está localizada nesse mesmo espaço.


25 de agosto de 2014

Candidato homofóbico, defensor de um “Kit macho”, causa revolta e vergonha alheia


Defensor da polêmica proposta sobre a criação de um “kit macho” nas escolas públicas brasileiras, o candidato a deputado federal pelo PSDB Matheus Sathler, de Brasília, usa a internet para ampliar o diálogo com os eleitores. Na rede, ele diz que a “desestrutura familiar” leva mulheres a trabalhar fora e que analisa projeto de lei “anti gay” vindo da Rússia. No horário eleitoral desta sexta-feira (22/8), ele chamou atenção, na TV, para as bandeiras da campanha.

O candidato publicou, no Facebook, foto junto a crianças: “a criançada já está sabendo que kit macho é ‘menino só pode gostar de menina e as meninas só de meninos’”. Sathler também se diz contra a presença de mulheres e homossexuais nas forças armadas e policiais. A realidade de mulheres que trabalham fora de casa “deve ser corrigida nas próximas gerações”, de acordo com ele.

Em vídeo publicado no Youtube, o candidato explica que registrou em cartório as principais promessas de campanha, como doar metade dos vencimentos, se eleito, para trabalhos de recuperação de “crianças vítimas do estupro pedófilo homossexual”. “Kit macho” e “kit fêmea” são outras promessas registrada, segundo o vídeo.

Constrangimento no PSDB

As declarações radicais e homofóbicas constrangeram o PSDB. O presidente regional da sigla no DF, Eduardo Jorge, disse que vai proibir Matheus Sathler de usar o horário da legenda para defender essas propostas. “Ele disse umas bobagens, foi chamado pelo partido e se retratou. Já dissemos que retiraríamos a candidatura dele se essa situação persistisse”, afirmou. “A posição do PSDB é de tolerância e de respeito”, garantiu o tucano. O candidato ao Governo do DF, Luiz Pitiman, afirmou que não conhece Matheus Sathler nem tem informações sobre as propostas apresentadas durante o horário eleitoral.

Diretor do Grupo Elos LGBT, Evaldo Amorim disse que vai acionar a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais para enviar uma carta de repúdio ao PSDB. “Esse discurso é um retrocesso na construção de uma sociedade mais igualitária. É absurda essa história de cartilha para ensinar menino a gostar de menina, as coisas não funcionam assim. A orientação sexual é inerente ao ser humano”, acrescenta o militante.


Com Correio Braziliense/Pragmatismo Político


24 de agosto de 2014

Estado do Ceará possui mais de quarenta comunidades quilombolas


A Fundação Cultural Palmares disponibiliza em seu sítio listagem contendo o número de comunidades como remanescentes de quilombos, ou simplesmente comunidades quilombolas, por Estado.

Em publicação datada do último dia 20 de agosto no Diário Oficial da União – DOU, o Estado da Bahia, conhecido como o espaço social mais negro do Brasil, teve certificado por parte da Fundação Palmares mais 22 comunidades descendentes de quilombos.


Já o Estado do Ceará possui até o momento 42 (quarenta e duas) comunidades reconhecidas e certificadas por esta mesma fundação. A região do cariri cearense formada por 27 (vinte e sete) municípios insere neste rol quatro espaços sociais, a saber: Araripe, Potengi, Porteiras e Salitre. Sítio da Arruda, Sítio Carcará, Souza, Serra dos Chagas e Renascer Lagoa dos Criolos compõem essas comunidades, respectivamente. As duas últimas, inclusive estão localizadas em Salitre. Confira todos os grupo quilombolas devidamente certificados no Ceará clicando aqui.

Mapeamento das Comunidades Rurais Negras e Quilombolas realizado pelo
GRUNEC e a Cáritas Diocesana. Foto/Reprodução.
O Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC e a Cáritas Diocesana de Crato – CE realizaram um importante trabalho com comunidades rurais de algumas cidades da Região do Cariri, Estado do Ceará. O material refere-se ao Mapeamento das Comunidades Rurais Negras e Quilombolas do Cariri.

O mapeamento realizado em 2010 visitou 25 comunidades em 15 municípios e objetivou visibilizar a população negra, bem como produzir um material que pudesse servir de base para futuras pesquisas e, sobretudo, para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para esta população. O presente trabalho constitui-se importante ferramenta de estudo e, claro, de suporte didático para serem utilizados nas aulas de História, Sociologia e Filosofia.

Confira o vídeo abaixo

                             

Marcha Negra repercute fora do país e reúne cerca de 50 mil pessoas


Pelo menos 50 mil pessoas saíram as ruas em todo o país na II Marcha Nacional contra o Genocídio do Povo Negro que aconteceu em pelo menos 10 Estados e teve repercussão em 15 países, segundo as primeiras avaliações dos seus organizadores. O protesto teve seu ponto forte em cidades como Salvador, S. Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Vitória, Belo Horizonte, Porto Alegre e Manaus, com passeatas que alteraram a rotina dessas cidades.

Em S. Paulo, cerca de mil pessoas compareceram ao vão do MASP, na Avenida Paulista para participar da manifestação, segundo estimativa da própria Polícia Militar. A passeata desceu pela Rua da Consolação em direção ao Theatro Municipal, no centro, onde em 1.978, foi fundado o Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial (MNU), uma das entidades mais antigas do movimento negro brasileiro em atividade.

Brasília

Em Brasília, a manifestação ocorreu na Praça Zumbi dos Palmares, no Conic, e reuniu cerca de 400 pessoas de acordo com estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal. A manifestação na capital federal reuniu representantes de movimentos sociais, grupos religiosos, artistas e pessoas que enfrentam o racismo diariamente e percorreu as ruas no entorno da Rodoviária de Brasília, um dos pontos mais movimentados da cidade, de onde saem ônibus para as demais regiões administrativas do Distrito Federal e entorno.

"O objetivo da Marcha é dar visibilidade à questão. Quem está marchando aqui são as pessoas da periferia, dos assentamentos. Queremos dar vez para aqueles que estão à margem, que não falam", disse uma das organizadoras, Layla Marisandra, do Fórum da Juventude Negra. "No DF, não é diferente dos outros Estados. Aqui temos um cordão invisível que divide as asas [Sul e Norte] do entorno e das [cidades] satélites. Tem uma população que só vem ao centro para trabalhar".

Violência policial

Em S. Paulo, os manifestantes gritaram palavras de ordem contra a violência policial que atinge prioritariamente negros e pobres no Brasil. “A morte negra hoje, no Brasil, já atingiu números de guerra civil. A cada 25 minutos morre um negro neste país”, afirmou a coordenadora nacional do Movimento Quilombo, Raça e Classe, Tamires Rizzo.

Segundo o Mapa da Violência 2014, morreram, proporcionalmente, 146,5% mais negros do que brancos no Brasil, em 2012, em situações como homicídios, acidentes de trânsito ou suicídio. Entre 2002 e 2012, esses números mais que dobraram, segundo o estudo elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com apoio da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Secretaria Nacional de Juventude e da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Cantor de rap e estudante de geografia, Tiago Onidaru disse que vê de perto as consequências da violência. “A gente perde vários irmãos na comunidade. Se não é um amigo nosso, é amigo de um amigo”, contou o jovem de 27 anos, que também reclamou da representação do negro nos meios de comunicação. “É uma ausência de representação, e quando tem é para ridicularizar", disse o rapper.

Na manifestação, em Brasília, as histórias de violência e preconceito eram muitas. A técnica de enfermagem Lourdes Pereira, de 49 anos, teve o sobrinho Flávio Rogério, de 20 anos, assassinado pela polícia, em Teresina. "Meu sobrinho morreu por um pré-julgamento da polícia. Esse julgamento é um racismo disfarçado", afirmou. Ela é moradora da Cidade Ocidental, município goiano no entorno de Brasília. Negra, Lourdes disse que "sente na pele a diferença. Quando vamos procurar emprego, por exemplo, e não somos escolhidas e a diferença não está no currículo."

O rapper Divino Monteiro, o Dino Black, traduz o sentimento em versos. "Meus irmãos só marcam presença lá se for para lavar banheiros ou lavar o chão. Me doi em pensar em tanta exploração. Tem preto otário achando que acabou a escravidão. Pode crer que não", diz na música "Onde Estamos". "Quando o negro entra, é o primeiro suspeito. Isso acontece comigo: basta eu entrar em um ônibus que todos me olham, basta entrar em uma loja que acham que eu vou roubar alguma coisa", diz o rapper, que é morador da Candangolândia, região administrativa do Distrito Federal.

Manaus

Em Manaus, a Marcha aconteceu no bairro Cidade Nova, zona norte, e contou com a participação de nove instituições que lutam pelos direitos dos negros, além de grupos de Hip-hop, capoeira, grafite e outras manifestações artísticas. Apesar do pouco número de manifestantes (cerca de 500 segundo as avaliações), os organizadores acreditam ser um avanço no Amazonas, Estado que não tem tradição na luta do movimento.

Segundo Luiz Gonzaga Fernando Costa, do Instituto Ganga Zumba, o Amazonas é um Estado onde ocorrem com frequência crimes de racismo contra negros apesar da maioria da população ter origem indígena. "Precisamos expor esses casos de violência e nosso movimento é para agregar e não segregar”, disse Costa.

Um dos motes da marcha foi “Reaja, ou seja morto” e para Rosiete Barros, membro da Rede de Educação Cidadã, em muitos casos a violência contra os negros parte de quem deveria proteger. “Há uma forte incidência de abuso policial para com os jovens negros. Mas isso começa desde a escola, pois as instituições não ensinam a história da cultura negra e ainda há uma barreira contra as religiões de matriz africana”, disse Rosiete.

Um dos membros da Federação de Umbanda e Cultos Afro-Brasileiros do Estado do Amazonas (Fucabeam), Cristiane Floriza, ressaltou que a intolerância religiosa com as religiões africanas parte de muitos professores e chega a ser motivo de crimes contra sacerdotes. Para ela, o preconceito é fruto do desconhecimento, por isso, essa cultura deveria ser apresentada na escola, mas muitos professores se opõem por causa de suas crenças pessoais.

Só neste ano, três homens sacerdotes da umbanda foram assassinados no Amazonas. Não podemos colocar uma indumentária ou colocar um pano na cabeça que já somos tachados de satanistas”, destacou Cristiane.

Na avaliação de Jéssica Santos, representante do Fórum da Juventude Negra do Amazonas (Fojune), os jovens negros da periferia de Manaus são os que mais sofrem com a violência por parte dos policiais. Ela afirma que há intimidação nas próprias delegacias, onde a Lei 7716/1989, que pune os crimes de racismo é ignorada.

Belo Horizonte

Em Belo Horionte, cerca de 200 manifestantes se reuniram na rua Aarão Reis, ao lado da Praça da Estação, a partir das 15h. O trânsito chegou a ser interrompido nas proximidades da Rua S. Paulo e Avenida Amazonas, na região central da capital mineira.

Portando cartazes e gritando palavras de ordem, os manifestantes denunciaram o fato de que mesmo após 126 anos da Abolição, os negros brasileiros continuam lutando por cidadania plena.


As fotos são creditadas por Reginaldo Bispo/Jornal O Tempo(BH) e José Cruz/Agencia Senado e foi Publicado Originalmente no Afropress

23 de agosto de 2014

Em mensagem, UNESCO fala do Dia Internacional de Lembrança do Tráfico de Escravos e de sua Abolição


O Dia Internacional de Lembrança do Tráfico de Escravos e de sua Abolição é particularmente significativo em 2014, aniversário de 210 anos da independência do Haiti e aniversário de 20 anos do programa educacional e cultural Projeto Rota de Escravos da UNESCO, um projeto pioneiro que ajudou a acelerar pesquisas e propagar o conhecimento sobre a história da escravidão e suas consequências.

A história do tráfico de escravos registra não somente seu sofrimento mas também sua luta vitoriosa pela liberdade e pelos direitos humanos, simbolizada pela insurreição de escravos de São Domingos da noite de 22 para 23 de agosto de 1971. Essa luta reforça a consciência sobre a igualdade de todos os homens e mulheres que é herança direta de todos.

Essa visão emancipatória deve servir de guia aos nossos esforços em prol de construir uma cultura de tolerância e respeito. Os programas educacionais e culturais da UNESCO e seu apoio a pesquisas históricas têm por objetivo destacar a riqueza das tradições produzidas pelos povos africanos em meio à adversidade – na arte, na música, na dança e na cultura de maneira  geral –, criando laços indissolúveis entre povos e continentes e transformando irreversivelmente a cara da sociedade. Essa herança tem valor inestimável para uma vida pacífica em nosso mundo globalizado às vésperas da Década Internacional para os Povos de Ascendência Africana (2015-2024).

A transmissão dessa história é condição essencial para uma paz duradoura baseada na compreensão mútua entre povos e na plena consciência dos perigos do racismo e do preconceito. Ela também nos ajuda a continuar nossa mobilização contra formas modernas de escravidão e tráfico de pessoas que ainda afetam mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo.

Leal às palavras de Aimé Césaire, que disse, sobre a Cidadela no Haiti: “a essas pessoas, obrigadas a se ajoelhar, urgia um monumento para que se erguessem”, a UNESCO contribui ativamente com o projeto de um Memorial Permanente à Lembrança das Vítimas da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Escravos, a ser estabelecido na sede das Nações Unidas.

Conclamo os países-membros e os parceiros da UNESCO em escolas, universidades, na mídia, nos museus e nos lugares de memória a observar este Dia Internacional e a dobrar seus esforços para garantir que o papel feito pelos escravos na conquista do reconhecimento de direitos humanos universais seja conhecido mais a fundo e mais amplamente disseminado.


Texto do UOl listando belas candidatas reforça a ideia de as ver como adornos, diz Laura Reis


Na última quinta-feira (21), o portal UOL Eleições 2014 publicou uma matéria onde lista “as mais belas candidatas” que disputam votos neste ano, gerando críticas por parte de militantes feministas.

Foto: Reprodução/Captura do site Uol Eleições 2014
O texto, escrito pelo jornalista Vinícius Segalla, considera a presença dessas candidatas uma forma de tornar o horário de propaganda eleitoral mais “palatável”. Para Segalla, elas “mostram que belos traços, sorrisos encantadores e sensualidade são características que sobram, também, na política nacional”.

A candidata a deputada estadual de São Paulo pelo PSOL Isa Penna, uma das mulheres presentes na lista do portal, publicou em sua página do Facebook uma nota onde exige que sua foto seja removida da matéria, que considera machista e desrespeitosa. “Esse tipo de matéria só demonstra mais uma vez como é essencial que, nós mulheres, ocupemos cada vez mais os lugares públicos e políticos da nossa sociedade, para demonstrarmos para este tipo de pessoas que podemos sim lutar pelos nossos direitos, que temos que ter o protagonismo na tomada de decisões que envolvam toda nossa comunidade e que nossas ideias devem ser levadas em conta. Nossa participação na sociedade não pode ser resumida à de objeto sexual, e iremos enfrentar a mídia e grandes interesses para provar isso”, declarou Penna.

Segundo o professor universitário Moisés Saraiva, a exigência da candidata Isa Penna é uma questão delicada no âmbito jurídico. “Há dois grandes direitos em conflito: um que é o da liberdade de imprensa, principalmente no caso de ser uma candidata a deputada estadual, e o direito a honra e a imagem”, explica.

Saraiva, que ensina Direitos Humanos no curso de Direito da Universidade Regional do Cariri (URCA), considera que a matéria é sexista e reduz as mulheres à condição de “objetos a serem degustados”, mas a grande dificuldade do caso seria a superação dos valores machistas naturalizados no próprio sistema judiciário. Na opinião de Saraiva, “ao solicitar que sua foto fosse retirada, por se sentir ofendida, objetificada, entendo ser possível discutir, a nível judicial, a retirada, principalmente após o decurso de prazo razoável do pedido feito pela candidata ao site”. Mas adiciona: “dentro de um contexto de uma sociedade machista, homofóbica, preconceituosa em sentido amplo, vejo que um processo por parte da deputada poderia não ser deferido, haja vista que há até juízes que não reconhecem a exploração sexual de crianças e adolescentes femininas por serem profissionais do sexo”.

Para a militante feminista Laura Reis, a matéria é machista porque apresenta as candidatas como adornos. “Vivemos ainda em uma sociedade que exige beleza das mulheres como uma obrigação e na qual as mulheres são, sempre e primeiro, avaliadas pela sua aparência para só depois serem julgadas pelo que têm a dizer”. Ainda analisando a escolha das fotos, Reis salienta que o padrão de beleza ali representado também evidencia o racismo no Brasil: “O fato de que o número esmagador de mulheres que figuram em uma matéria sobre beleza sejam brancas apenas evidencia a permanência de um padrão racista e eurocêntrico de beleza, que exclui a real diversidade étnica brasileira”, completa.

Até o fechamento dessa pauta, o site UOL Eleições 2014 não havia removido a foto da candidata Isa Penna e nenhuma nota foi publicada a respeito.

A análise é Jarid Arrais e foi publicado originalmente na Revista Forum

22 de agosto de 2014

V Artefatos da Cultura Negra do Ceará será realizado em setembro


A população afrodescendente no Brasil desencadeou inúmeras iniciativas para superar a exclusão e as práticas racistas, dentro e fora do sistema educacional, que atravessaram o século XX. Como parte desse processo político de luta por educação de qualidade e antirracista é que nos anos de 2003 e 2004 o movimento negro brasileiro recoloca em pauta o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana no país, tornando obrigatório no currículo oficial da Rede Nacional de Ensino de acordo com a Lei 10.639/2003 e nos termos de suas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Parecer CNE/CP 03/2004 e Resolução CNE/CP 01/2004).

A Lei nº. 10.639/03 alterou a LDB nº. 9.394/96 nos seus artigos 79A e 79B que até então não propunha em seu corpo legal a obrigatoriedade da discussão das questões voltadas à temática. Diante desse contexto e movidos pelo desejo de se promover uma educação de combate ao racismo é que nasceu, no ano de 2009, a proposta do Artefatos da Cultura Negra no Ceará, o qual se encontra na sua V edição.

Este ano o Seminário V Artefatos da Cultura Negra no Ceará intitulado “Formação de Professores para a Educação, Cultura e História Africana e Afrodescendente” tem como proposta fundamental realizar, durante quatro dias, formação do corpo docente da educação básica, assim podendo subsidiá-los no tocante ao conhecimento das contribuições deixadas pelos africanos e afrodescendentes e que ficaram esquecidos ou ocultadas no decorrer do processo histórico nacional. Dessa forma, é que se coloca a necessidade de realizar anualmente o evento, pois leva-se em consideração as requisições da lei aqui em discussão e, consequentemente, sugerindo propostas que visam superar as carências, deixadas durante o processo histórico, acerca da produção cultural de africanos no Brasil.

O evento está programando para ocorrer entre os dias 3 (três) e 6(seis) de setembro nos seguintes locais: Universidade Regional do Cariri – URCA, Campus Crato-CE e no Instituto Federal do Ceará – IFCE, Campus Juazeiro do Norte.

O Artefato está sendo promovido pela URCA, através do Departamento de Educação, IFCE, Universidade Federal do Ceará – UFC, por intermédio do Programa de Pós-Gradução em Educação, além do Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC e durante o evento haverá Minicursos, Palestras, Mesas Redondas, Oficinas, Visitas Pedagógicas e Lançamento de Livros.