Câmara de Altaneira acena favoravelmente a mudança do dia da feira municipal


O Poder Legislativo do município de Altaneira esteve reunido na tarde desta terça-feira, 01/04, em sessão ordinária e o assunto que ganhou ênfase nas discussões foi à decisão tomada por parte dos comerciantes locais em fechar seus estabelecimentos e solicitarem a mudança da feira que ocorre tradicionalmente aos domingos para o sábado.

Um dos líderes do movimento, Júnior Arrais, da loja Via Center Calçados, se utilizou do plenário da casa para justificar os motivos que os levaram a propor tal embate que já virou um dos temas mais discutidos das duas últimas semanas. Júnior afirmou que o comerciante é uma profissão e como tal os que fazem parte dela necessitam ter lazer e desfrutar de um dia de folga. Nenhum profissional trabalha dia de domingo. Porque só o comerciante tem que trabalhar? Indagou-o. O defensor da proposta utilizou exemplos de outras municipalidades que resolveram implantar mudança do tipo e que tiveram êxito, com crescimento econômico favorável, como Potengi, na região do cariri. 

Vereadores acenam favoravelmente a mudança do dia da feira municipal. Foto: Júnior Carvalho.
Ainda de acordo com Júnior, a possibilidade de transferir a feira do domingo para o sábado não acarretará danos ao agricultor e aos feirantes, uma vez que já havia conversado com algumas pessoas dessas classes e eles teriam afirmado que virão participar caso o fato se concretize.

O vereador Edezyo Jalled, com mandato pelo Solidariedade e líder do bloco da maioria chegou a afirmar que já era favorável a mudança e que depois do pronunciamento do dono da Via Center teve certeza de que era o melhor a se fazer. Toda via, não descartou a possibilidade da realização de uma audiência pública. O discurso favorável a ideia dos comerciantes foi partilhado ainda pelos edis Antonio Leite (Pros), Gilson Cruz (PSL), Genival Ponciano (PTB) e Zuleide Ferreira (PSDB).

Mais incisivo ainda foi o líder da oposição, o vereador professor Adeilton (PP). Para ele, os argumentos dos comerciantes são viáveis e chegou inclusive a eliminar a chance de se ter a audiência pública, pois haveria apenas a repetição dos pontos já elencados e apoiou a proposta do parlamentar Edezyo que afirmou que pode entrar com um Projeto de Lei para regulamentar o caso em debate, mas disse ser interessante ouvir os comerciantes que são contrários a mudança.

É importante destacar que ouvir os comerciantes que não percebem com bons olhos essa ideia é saudável para a democracia, como lhe permite lograr mais êxito se um dos maiores interessados também tiver a oportunidade de expressar suas posições – o agricultor/consumidor. Afinal de contas, mudanças desse tipo não pode ser fruto apenas de uma classe – os comerciantes, tão pouco deve ser originária de uma legislação por parte dos vereadores ou do executivo, mas deve ser fruto de um conjunto da obra – comerciantes, poderes legislativo e executivo e os consumidores/comunidade. Mas é preciso muito cuidado em realizar uma ação pública onde já se tem uma posição.



URCA promove Mesa Redonda e debate sobre o golpe que instaurou a Ditadura Civil-Miliar


A Universidade Regional do Cariri – URCA, através do Laboratório de Imagem, História e Memória - LABIHM do Departamento de História, promoveu nesta segunda-feira, 31, junto a professores e estudantes uma Mesa Redonda intitulada “1964, 50 anos, é preciso falar” com finalidade de discutir os resquícios desse período em que o Brasil esteve mergulhado por mais de duas décadas e que se completa meio século desde sua instauração.

A Mesa foi coordenada pelo professor de História Econômica desta instituição de ensino superior, Carlos Rafael Dias. O evento contou no corpo de expositores com os professores Fábio José Queiroz Cavalcante, doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará – UFC, Fernando Anselmo, mestre em Ciências Políticas pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE e Sônia Maria de Meneses Silva, doutora pela Universidade Federal Fluminense – UFF, todos do departamento de história da URCA.

Fábio José, Sônia Meneses, Francisca Anselmo e
Carlos Rafael em Mesa Redonda, na URCA.
Foto: Professor Darlan Reis Jr.
O professor Fábio José discorreu sobre os fatores que permitiram a ligação entre as classes dominantes e os militares contribuindo para o período de exceção, além de analisar o revisionismo na historiografia brasileiro que tenta amenizar a ditadura. O professor Adjunto da URCA, Darlan Reis Júnior, doutorando em História Social pela UFC, registrou com precisão o discurso de Fábio.  “Precisão, conhecimento e didática. Abordou a questão da crise orgânica que ocorria e como as classes dominantes perpetraram a ditadura apoiando-se nos militares”, publicou na rede social facebook.

De acordo com publicação no Blog dos Bancários do Cariri, Francisca Anselmo veio a abordar a revisão historiográfica sobre o acontecimento realizada por várias expressões acadêmicas brasileiras, destacando algumas controvérsias teóricas sobre a temática. Já Sônia Meneses falou tendo como enfoque a memória das vítimas da Ditadura. Finalizando, foi instaurado debate com intervenção da audiência, composta por professores e alunos da URCA, além de pessoas da comunidade em geral.

Está programada ainda para o mês de abril a realização de uma mostra fotográfica sobre o golpe de Estado e a ditadura civil-militar que lhe sucedeu.

Cobras Moto Clube, em Altaneira, comemora 11 anos com o “Circuito das Águas”


Inspirados nos extintos “Carcarás do Cariri” (de Juazeiro do Norte) e “Cabras da Peste”, o grupo de motociclistas de Altaneira com o cognome de Cobras Moto Clube foi fundado no ano de 2003 entre profissionais liberais, comerciantes, professores com uma proposta de realizar ao menos uma viagem por ano.

Membros do Cobras Moto Clube e os Trilheiros do Cariri na Av. Santa Tereza em Altaneira. Foto: João Alves.
Um dos líderes do grupo, o jurista e blogueiro Raimundo Soares Filho expôs em seu blog de Altaneira uma síntese da história do grupo. De acordo com ele, os Cobras já passaram pelo Açude Orós, no município de mesmo nome, Pontal, em Santana do Cariri, Várzea Alegre ao visitarem o Açude Piripiri, o açude Várzea dos Bois, no município de Tauá – região dos inhamuns, a Serra da Ibiapaba também foi alvo da trilha, todos no Estado do Ceará. Fora das linhas divisórias cearenses, locais como Paulo Afonso, Barragem do Xingó, Rio São Francisco, Triunfo e Petrolina, percorrendo outros estados da região nordeste como Bahia e Pernambuco.

É digno de registro que ao longo de uma década de existência e contando com mais de 20 membros, os Cobras já ganharam notoriedade não somente a nível municipal, mas regionalmente, inclusive já foi feita uma exposição de fotos em 2010 durante as comemorações do dia do município, contando os principais caminhos já percorridos. Essa década foi comemorada no melhor estilo. Foi programada uma viagem à cidade de Petrolina e no retorno passaram pelo estado do Piaui, vindo percorrer mais de 2 (dois) mil quilômetros. Esse trajeto foi registrado em tempo real através de fotografia por João Alves. Naquela oportunidade foi compartilhada na rede social facebook mais de 2.000 fotos.

Para comemorar os 11 (onze) anos, o grupo organizou neste último domingo, 30, um trilha pelas principais fontes de água do município, ao qual resolveram dar o nome de “Circuito das Águas”. O trajeto começou a ser pensado a partir da Lagoa Santa Tereza. Locais como a Lagoa do Sapo (popularmente conhecida como Barragem), Açude Tabocas, Açude Valério, também conhecido como Pageú, Riacho da Samambaia, Nascente da Vila São Romão e o Sítio Poças foram visitados.

Além dos tradicionais membros do Cobras, a trilha foi feita também por motociclistas dos municípios de Crato e Juazeiro do Norte, além de ter participantes simpatizantes, como Iranildo Lima, do grupo Kalangus Aventureiros (Altaneira). Segundo os organizadores, o evento contou com cerca de 30 (trinta) motociclistas e foi encabeçado pelo vereador Antonio Leite.

Apesar dos pequenos tombos, quebras de correntes e das desistências, nenhum acidente grave foi registrado e todos comemoram o sucesso da trilha com um passeio pelas principais ruas da cidade. Na Chácara de Ariovaldo os motociclistas "mataram" a sede e a fome com um churrasco de carneiro assado pelo mestre Pedro Eufrásio e muita cerveja gelada ofertadas pelo anfitrião”, disse Raimundo Soares Filho, em seu Blog de Altaneira.

Meio Século da Ditadura Civil-Militar: Imprensa – “mais do que aceitou, foi uma arma essencial do regime..”*


Notícia sobre a morte de Msrighella.
Desde fins da década de 1990, parte da historiografia brasileira sublinha que o (equivocado) processo de Anistia cunhou a (errônea) visão de que vivemos envoltos em uma tradição de valores democráticos. A partir das lutas pela Anistia, como sublinha Daniel Aarão Reis, “libera-se” a sociedade brasileira de “repudiar a ditadura, reincorporando sua margem esquerda e reconfortando-se na ideia de que suas opções pela democracia tinham fundas e autênticas raízes históricas”. Nesse momento, plasmou-se a imagem de que a sociedade brasileira viveu a ditadura como um hiato, um instante a ser expurgado. Confrontando-nos à tal memória inventada, há no período republicano longos momentos de exceção – como nos referimos aos regimes ditatoriais.

Se tais premissas correspondessem aos fatos, restaria explicar: por que houve apenas restritos episódios de resistência vinculados igualmente a pequenos grupos? Por que se permitiu aprovar uma Anistia recíproca, que mesmo nestes 50 anos após o golpe civil-militar, ainda é tema espinhoso de revisão?
A luta contra o arbítrio, de forma armada ou não, definitivamente não caiu nas graças do povo deste berço esplêndido. E, certamente, os meios de comunicação de massa – a grande imprensa e posteriormente, a TV – têm um papel preponderante nas escolhas sociais implantadas.

São clássicos os editoriais do Correio da Manhã nas vésperas do 1º de Abril de 1964, clamando por “Basta” e “Fora” a Jango. Igualmente, é emblemática a noção de que este jornal, ao realizar um “mea-culpa” e se colocar em oposição ao novo regime, foi punido com perseguições que levaram a sua falência. Esquecem-se, contudo, os amplos problemas de gerenciamento vividos por Niomar Moniz Sodré.

Ícones de resistência são lembrados, afirmados, expostos e sublinhados maciçamente para ratificar a tradição democrática brasileira, como: a meteorologia para o 14/12/1968, no Jornal do Brasil; as receitas de bolo do Jornal da Tarde; os poemas de Camões no Estadão; os inúmeros jornalistas perseguidos, demitidos, torturados e mortos; etc., que definiriam a grande imprensa brasileira como resistente ao golpe e, posteriormente, ao arbítrio. Mesmo com todo este esforço, o processo ditatorial perdurou por mais de duas décadas.

Meio século depois e com inúmeros textos publicados sobre a mais recente ditadura brasileira, poder-se-ia ressaltar que nunca a grande imprensa brasileira estampou na primeira página dos periódicos um aviso claro afirmando: “Este jornal está sob censura”. As estratégias acima apontadas e outras, que frequentemente voltam à tona para reforçar a ação resistente, contavam com a capacidade do público leitor em decifrar pistas.

O jornalista Oliveiros Ferreira, que por décadas trabalhou no Estadão, narrou as ligações recebidas pela redação indagando que a receita de bolo na primeira página do Jornal da Tarde estava errada. O bolo solava. Ou, como definiu Coriolano de Loyola Cabral Fagundes, censor desde 1961 e que atuou no Estadão, os poemas de Camões foram ali uma concessão. Certamente a censura federal apostava que o leitor não entenderia o seu porquê, ou se tranquilizaria na (efêmera) ilusão que mesmo no arbítrio lhe eram permitidos lampejos de resistência, os quais, efetivamente nada alteravam. Algo semelhante, contudo, não foi autorizado à (antiga) Veja, que, durante a “distensão” do governo Geisel, substitui as matérias censuradas por imagens de diabinhos, já que não se podiam publicar espaços em branco. Advertida, teve que parar, pois certamente o leitor de Veja à época entenderia o recado. Certamente como compreendeu a mensagem da revista quando da morte de Vlado, numa nota pequena de desculpas por não poder nada mais expressar.

Os inúmeros jornalistas perseguidos, demitidos, torturados e mortos sofreram estas horríveis barbáries enquanto atuavam como militantes das esquerdas, em ações armadas ou como simpatizantes, como demonstram os processos que arrolam os seus nomes. Da mesma forma, existiram imposições governamentais de expurgos nas redações. Tais limpezas ocorreram logo depois do golpe e perduraram até e inclusive no governo Geisel, que impunha a bandeira do fim da censura. Muitos jornalistas/militantes poderiam ser citados como vítimas destas ações, já que, como pontuava lúcida e ferinamente Cláudio Abramo, “nas redações não há lugar para lideranças. Os donos dos jornais não sabem lidar com jornalistas influentes que, muitas vezes, se chocam com as diretrizes do comando. O jornalista tem ali uma função, mas ‘ficou forte, eles eliminam’.”

Os meios de comunicação são empresas que buscam o lucro, vendendo a visão particular sobre um fato e, como Abramo por vezes demarcou, um “equívoco que a esquerda geralmente comete é o de que, no Brasil, o Estado desempenha papel de controlador maior das informações. Mas não é só o Estado, é uma conjunção de fatores. O Estado não é capaz de exercer o controle, e sim a classe dominante, os donos. O Estado influi pouco, porque é fraco. Até no caso da censura, ela é dos donos e não do Estado. Não é o governo que manda censurar um artigo, e sim o próprio dono do jornal. Como havia censura prévia durante o regime militar, para muitos jornalistas ingênuos ficou a impressão de que eles e o patrão tinham o mesmo interesse em combater a censura”.

Existiram pouco mais de 220 censores federais, muitos deles com o diploma de jornalista – sendo que o primeiro concurso público para o cargo ocorreu em 1974, quando Geisel prometia o fim da censura. Estas duas centenas de pessoas atuavam reprimindo: cinema, TV, rádio, teatro, jornais, revistas, etc., entre 1964 e 1988, em todo o território nacional. Para que as expectativas governamentais dessem certo, os donos das empresas de comunicação tinham de colaborar – e não resistir.

Inúmeros arquétipos podem corroborar tal ideia, até porque a autocensura não é desconhecida das redações, e não se iniciou no pós-1964 no Brasil. No Jornal do Brasil, por exemplo, editou-se, em 29/12/1969, como me cedeu o seu exemplar o secretário de Redação, José Silveira, uma circular interna de cinco páginas, elaborada pelo diretor do jornal, José Sette Câmara, para o editor chefe, Alberto Dines, denominada “Instruções para o controle de qualidade e problemas políticos (Grifo da Redação do Informações em Foco)”, criada com o objetivo de “instituir na equipe um (...) Controle de Qualidade (...) sob o ponto de vista político”.

Estabelecida dias antes do Decreto-Lei 1.077, de 26/01/1970, que legalizou a censura prévia, e um ano após o AI-5, a diretriz de Sette Câmara pontuava que “não se trata de autocensura, de vez que não há normas governamentais que limitem o exercício da liberdade de expressão, ou que tornem proibitiva a publicação de determinados assuntos. Em teoria há plena liberdade de expressão. Mas na prática o exercício dessa liberdade tem que ser pautado pelo bom senso e pela prudência”, já que “a posição do JB ao proferir que este não é a favor nem contra, (...) não é jornal de situação, nem de oposição. O JB luta pela restauração da plenitude do regime democrático no Brasil, pelo retorno do estado de direito. (...) Enquanto estiver em vigor o regime de exceção, temos que usar todos os nossos recursos de inteligência para defender a linha democrática sem correr os riscos inúteis do desafio quixotesco ao Governo. (…) O JB teve uma parte importante na Revolução de 1964 e continua fiel ao ideário que então pregou. Se alguém mudou foram os líderes da Revolução. [Nesse sentido, o JB deverá] sempre optar pela suspensão de qualquer notícia que possa representar um risco para o jornal. Para bem cumprirmos o nosso maior dever, que é retratar a verdade, é preciso, antes de mais nada, sobreviver”. Sette Câmara termina decretando que, “na dúvida, a decisão deve ser pelo lápis vermelho”.

Em meados da década de 1970, foi a vez da Rede Globo – uma concessão pública – formalmente instituir o “Padrão Globo de Qualidade” (Grifo da Redação do Informações em Foco), ao contratar José Leite Ottati – ex-funcionário do Departamento de Polícia Federal – para realizar a censura interna e evitar prejuízos advindos da proibição de telenovelas. Segundo Walter Clark, a primeira interdição da censura na Globo ocorreu em 1976, na novela Despedida de casado. Para blindar a emissora, o “Padrão Globo de Qualidade” receberia o auxílio de pesquisas de opinião feitas por Homero Icaza Sanchez – o “Bruxo” –, encarregado de identificar as motivações da audiência.

Definindo toda essa tática, Clark explicou que, “(...) enquanto a Censura agia para subjugar e controlar a arte e a cultura do país, perseguindo a inteligência, nós continuávamos trabalhando na Globo para fazer uma televisão com a melhor qualidade possível.” Organizada a autocensura, o “Padrão Globo de Qualidade” teve acrescidos outros ingredientes para o seu sucesso. Em sintonia com a imagem, divulgada pelo governo autoritário, de um “Brasil Grande”, formulou-se também uma “assessoria militar” ou uma “assessoria especial” composta por Edgardo Manoel Ericsen e pelo coronel Paiva Chaves. Segundo Clark, “ambos foram contratados com a função de fazer a ponte entre a emissora e o regime. Tinham boas relações e podiam quebrar os galhos, quando surgissem problemas na área de segurança”.

Esquema semelhante a este foi adotado pela Editora Abril, exposto em uma correspondência de Waldemar de Souza – funcionário da Abril e conhecido como “professor” –, a Edgardo de Silvio Faria – advogado do grupo e genro do sócio minoritário Gordino Rossi –, na qual comunicava o contato tanto com o chefe do Serviço de Censura em São Paulo – o censor de carreira e jornalista José Vieira Madeira –, como com o diretor do Departamento de Censura de Diversões Públicas – Rogério Nunes – para facilitar a aprovação das revistas e a chegada às bancas sem cortes.

Estes vínculos do “professor” com membros do governo são anteriores a esse período e justificam seu potencial de negociação. Desde novembro de 1971 o relações-públicas do DPF, João Madeira – irmão de José Vieira Madeira –, expediu uma carta ao diretor-geral da Editora Abril na qual ratificava o convite do general Nilo Caneppa, na época diretor do DPF, a Waldemar de Souza para que fosse a Brasília ministrar um curso especial aos censores. Em maio de 1972, o próprio general Caneppa enviou a Vitor Civita, diretor-geral da Abril, uma correspondência de agradecimento pelas palestras sobre censura de filmes, que Waldemar de Souza proferiu na Academia Nacional de Polícia. Para continuar colaborando, no ano seguinte, Souza formulou uma brochura intitulada “Segurança Nacional: o que os cineastas franceses esquerdistas já realizaram em países da América do Sul e pretendem repetir aqui no Brasil”. E, em 1974, com o general Antonio Bandeira no comando do DPF, Waldemar de Souza, em caráter confidencial, expôs o porquê de censurar Kung Fu e sua mensagem que “infiltra a revolta na juventude”.

Por fim, mas não menos importante, há a atuação do Grupo Folha da Manhã, proprietário da Folha de S. Paulo e da Folha da Tarde, entre outros, no período. Em dezessete anos, entre 19/10/1967 e 7/5/1984, o país foi dos “anos de chumbo” ao processo das Diretas Já, e a Folha da Tarde vivenciou uma redação tanto de esquerda engajada – até o assassinato de Marighella –, como, a partir daí, de partidários e colaboradores do autoritarismo.

Durante uma década e meia sob o comando de policiais, o jornal adquiriu um apelido: o de “maior tiragem”, já que muitos dos jornalistas que ali trabalharam eram igualmente “tiras” e exerciam cargos na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. A partir deste perfil de funcionários, a Folha da Tarde carrega a acusação de “legalizar” mortes decorrentes de tortura, se tornando conhecido como o Diário Oficial da Oban.

Isto explica o porquê de os carros do Grupo Folha da Manhã serem incendiados por militantes de esquerda, nos dias 21/9/1971 e 25/10/1971. A ação era uma represália, já que o grupo era acusado de ceder automóveis ao Doi-Codi que, com esse disfarce, montava emboscadas, prendendo ativistas.
Nesse momento de ponderações sobre os 50 anos do golpe, recordo-me que, quando dos 30 anos do AI-5, o jornalista Jânio de Freitas publicou na Folha de S. Paulo uma advertência não cumprida por seus pares, inclusive agora, nas reflexões dos periódicos aos 50 anos do golpe civil-militar de 1964. Corroborando com tudo o que foi exposto aqui, Freitas lembrava em 1998 que “a imprensa, embora uma ou outra discordância eventual, mais do que aceitou o regime: foi uma arma essencial da ditadura. Naqueles tempos, e desde 64, o Jornal do Brasil [...] foi o grande propagandista das políticas do regime, das figuras marcantes do regime, dos êxitos verdadeiros ou falsos do regime. (...) Os arquivos guardam coisas hoje inacreditáveis, pelo teor e pela autoria, já que se tornar herói antiditadura tem dependido só de se passar por tal”.

O jornalista ao finalizar, adverte, e peço-lhe licença para me utilizar aqui, de suas conclusões. Trocarei 30 por 50 anos, AI-5 por golpe civil-militar de 1964, e o que estiver entre colchetes é de minha autoria. Assim: precisamos aproveitar os 50 anos do golpe civil-militar de 1964 para mostrar mais como foi o regime que [se instaurou a partir dali], eis uma boa iniciativa. Mas não precisava [como fizeram muitas narrativas recentes] reproduzir também os hábitos de deformação costumeiros naqueles tempos.

A análise é de Beatriz Kushnir, historiadora, doutora em História pela Unicamp, autora, entre outros de, Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988 (Boitempo, 2012) e foi publicado originalmente no Carta Capital



Comércios de Altaneira fecharam de forma parcial neste domingo


Os donos de estabelecimentos comerciais no município de Altaneira lançaram na semana passada em carros de som e motos equipadas com sonorização pelas principais ruas da cidade nota em que decidiam fechar seus pontos neste domingo, 30, visando perceber que tipo de reação teria a comunidade quanto à mudança do dia de feira nesta municipalidade.



Estabelecimentos comerciais estiveram fechados de forma parcial neste domingo, 30. Foto: João Alves.

A decisão foi tomada depois de discussões realizadas no auditório da Câmara de Vereadores no último dia 16 do mês corrente onde se fizeram presentes os vereadores Professor Adeilton (PP) e Genival Ponciano (PTB), da base oposicionista ao prefeito Delvamberto Soares (Pros), além dos edis Antonio Leite (Pros) e Edezyo Jalled (SDD), que pertencem à base de sustentação da administração. Sem nenhuma decisão tomada de imediato, a não ser uma análise dos vereadores junto a Assessoria Jurídica da Casa Legislativa para perceberem a possibilidade de apresentação de um projeto de lei nesse sentido.

Toda via, percebeu-se que nem todos os comerciantes resolveram aderir ao que expunha a nota. Na manhã de ontem, 30, a cada dois comércios fechados, notava-se que se tinha a mesma quantidade aberto.  

O Jurista e blogueiro Raimundo Soares Filho lançou na rede social facebook enquete com o propósito saber o posicionamento dos internautas quanto à possibilidade de mudança do dia feira do domingo para o sábado.  Dos 82 votantes, 53, 6% são favoráveis à mudança, o que representa 44 (quarenta e quatro) votos.  Já 38 (trinta e oito) votantes, 46,3% preferem que o dia da feira permaneça aos domingos.


Justificativas dos Comerciantes

Mas em que se baseiam os donos de estabelecimentos para quererem a mudança de feira, algo que desde que Altaneira se tornou município, na década de 50 do século passado, ocorre aos domingos? Algo que já virou símbolo da tradição cultural dos munícipes?  Segundo depoimentos colhidos pelo radialista João Alves, um dos comerciantes chegou a afirmar que pretendem obter um dia de folga. E que durante o ano só folga dois dias. Afirmou ainda que aos domingos, eles (comerciantes) não lucram quase nada.

Pensando por esse lado não há o que se contestar. Afinal de contas, é um direito que todo trabalhador tem – um descanso. Ora, se a questão é o descanso, não vejo o porque de sacrificar  tradição, algo cultural (é bom que se deixa claro isso) em detrimento unicamente desse descanso, pois pode perfeitamente se conviver com os dois. Fecha-se os pontos comerciais aos domingos e a feira permanece no mesmo dia.

É digno de registro que o caso não se encerra com essas discussões e que o poder legislativo precisa se posicionar a respeito. A mudança ou não do dia da feira não é uma ato a ser decido somente pelos comerciantes, tão pouco deve ser fruto apenas de uma legislação por parte dos vereadores. O ideal seria a realização de uma audiência pública onde a comunidade possa se manifestar de fato e de direito.


Confira mais fotos do domingo (30/03)












Chefe do MPF aceita denúncia do PC do B contra Sheherazade


O procurador-geral da República e chefe do Ministério Público Federal, Rodrigo Janot, aceitou nesta quinta-feira (27) a representação do PC do B contra a apresentadora Rachel Sheherazade pelo crime de incitação ao ódio.

Jornalista Sheherazade, do SBT. Foto: Reprodução.
O pedido de investigação havia sido protocolado pela líder do partido na Câmara Jandira Feghali (RJ). O procurador, em audiência realizada ontem, concordou com os argumentos expostos por Jandira e analisará os vídeos de Sheherazade que fazem menção ao episódio “adote um bandido”.

A sociedade está cansada da inoperância dos governos e da morosidade do judiciário, sabemos disso. Mas as pessoas não podem se sentir legitimadas por um discurso neofascista e sair por aí julgando e executando outros cidadãos. E no geral, os executados em sua maioria são os mais pobres e negros. Isso vai contra o mais básico e precioso de nossa democracia”, argumentou a deputada.

Janot concordou com o argumento de Feghali: "Não se pode pregar contra o Estado democrático. Isso é muito sério. Vamos agilizar o caso junto do sub-procurador responsável pela representação", afirmou

Suspensão de verba

O governo federal, também a partir de um pedido de Jandira, estuda suspender a verba que repassa ao SBT por conta do vídeo em que Rachel Sheherazade defende a ação de justiceiros que predenram um adolescente ao poste no Rio de Janeiro.

Ano passado, a emissora faturou R$ 153,5 milhões em verba publicitária do governo federal. A equipe do ministro Thomas Traumann, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, confirmou que está estudando o caso.


Para que os comerciantes de Altaneira descansem é necessário à mudança do dia da Feira?


Um dos assuntos que tem chamado à atenção nas últimas semanas foi, sem dúvida, a decisão dos comerciantes de Altaneira liderados por Luiz Pedro, Júnior Arrais e João da Máquina de fechar os comércios aos domingos, ao passo que almejam ainda a retirada da feira municipal deste mesmo dia.

O assunto ganhou as ruas, as redes sociais, os portais de comunicação Blog de Altaneira e A Pedreira, sendo, inclusive, tema de discussão na Rádio Comunitária Altaneira FM. Os comerciantes chegaram a realizar uma reunião no auditório da Câmara Municipal onde se fizeram presentes os vereadores Professor Adeilton (PP) e Genival Ponciano (PTB), da base oposicionista ao prefeito Delvamberto Soares (Pros), além dos edis Antonio Leite (Pros) e Edezyo Jalled (SDD), que pertencem a base de sustentação da administração. Sem nenhuma decisão tomada de imediato, a não ser uma análise dos vereadores junto a Assessoria Jurídica da Casa Legislativa para perceberem a possibilidade de apresentação de um projeto de lei nesse sentido. 

Feira na Praça Manoel Pinheiro de Almeida. Foto: João Alves.
Não contente com isso os comerciantes resolveram dar mais um passo rumo ao objetivo pretendido ao divulgarem em carro de som e motocicletas equipada com caixa de som pelas principais ruas da cidade nota em que explicam o desejo de fecharem os pontos comerciais neste domingo (30/03).

Justificativa dos Comerciantes

Mas em que se baseiam os donos de estabelecimentos para quererem a mudança de feira, algo que desde que Altaneira se tornou município, na década de 50 do século passado, ocorre aos domingos? Algo que já virou símbolo da tradição cultural dos munícipes?  Segundo depoimentos colhidos pelo radialista João Alves, um dos comerciantes chegou a afirmar que pretendem obter um dia de folga. E que durante o ano só folga dois dias. Afirmou ainda que aos domingos, eles (comerciantes) não lucram quase nada.

Pensando por esse lado não há o que se contestar. Afinal de contas, é um direito que todo trabalhador tem – um descanso. Mas, por outro lado, percebe-se que há, nas entrelinhas, um foco capitalista pairando no ar (“não lucramos quase nada”). Ora, se a questão é o descanso, não vejo o porque de sacrificar  tradição, algo cultural (é bom que se deixa claro isso) em detrimento unicamente desse descanso, pois pode perfeitamente se conviver com os dois.

Logo, há que se perceber por outra vertente. Algo em que os comerciantes tenham um direito assegurado sem que para isso os agricultores percam os seus. Isso porque já é sabido que quem é agricultor o sábado é como qualquer outro dia semanal - de trabalho. E eles utilizam exatamente o domingo para frequentam as bancas e realizam rodas de conversas nas ruas, nas praças, visitar os parentes, dentre outras finalidades. Há que se registrar ainda que se o domingo os comerciantes não vendem quase nada, não tendo, desta feita, lucratividade, que usem esse dia para o DESCANSO.

Outro agravante. Municípios vizinhos a Altaneira, como Farias Brito e Nova Olinda realizam suas feiras aos sábados. Eles possuem um porte econômico muito mais avançado, sem se falar que a grande maioria dos feirantes que se deslocam para nosso município são os mesmos que vendem nesses espaços sociais supracitados. Se essa mudança se concretizar, há a grande possibilidade de perdemos esse laços comerciais.

Aproveitando o momento o que se deveria pensar e entrar no debate era a possibilidade fortalecer esse traço cultural ao desenvolver um grande feiral municipal, aos domingos, onde os artesãos da localidade teriam a oportunidade de demonstrarem seus produtos, gerando renda a suas famílias.

Altaneira participa de orientação para elaboração do Plano Municipal de Educação


A Secretaria da Educação do município de Altaneira participou nesta quinta-feira, 27, na capital cearense, de um encontro promovido pela União dos Dirigentes Municipais de Educação do Ceará (UNDIME-CE), através da Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino – SASE com a finalidade de discutir, sensibilizar e orientar sobre o trabalho e os prazos para a elaboração do Plano Municipal de Educação – PME.

Professores, secretários municipais e demais servidores durante a realização da II Conferência Municipal de Educação.

O documento define metas educacionais para o município por um período de 10 anos e foi inclusive alvo de discussão durante a realização da II Conferência Municipal de Educação em junho de 2013. Note-se que o plano é uma exigência prevista na Lei Federal nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, que instituiu o Plano Nacional de Educação (PNE).

O PME não é documento somente da Rede de Ensino desta municipalidade, mas um plano de Educação do Município. Assim, ele deve estabelecer diretrizes e metas para o ensino médio também, devendo ainda ser construído em diálogo com os responsáveis por esse nível de escolarização e em consonância com o Plano Estadual de Educação e o Plano Nacional de Educação e, ao mesmo tempo, garantindo a identidade e autonomia do Município.

Participaram deste encontro, o Secretário da pasta, Deza Soares e o Assistente Técnico da Secretaria e que responde também pelo Programa de Ações Articuladas neste município, Antonio Rodrigues.


Via Seduc de Altaneira