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Morgana Gazel - Escritora |
Isto
significa que conscientizar se insere em todo o processo educativo. Vejamos.
Proponho que educar é envidar ações que levem o educando a tomar conhecimento e
fazer uso das condutas necessárias a seu desenvolvimento físico; a reconhecer
seus padrões construtivos e destrutivos e a lidar com eles de modo adequado; a
distinguir seu papel nas relações interpessoais; a se tornar ciente de seus
direitos e deveres no âmbito social; a perceber que o aprendizado intelectual é
um instrumento imprescindível à aquisição da liberdade de pensar e da
capacidade de fazer escolhas adequadas; por último, a se dedicar a este
aprendizado.
Esta
concepção de educar é apenas um detalhamento baseado numa definição do Aurélio,
que diz: Educação é o processo de desenvolvimento da capacidade física,
intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor
integração individual e social.
Se
atentarmos cuidadosamente no que proponho como objetivos das ações educativas,
veremos que a família tem um papel preponderante na consecução deles. Somente
os dois últimos exigem a participação da escola, embora ela deva contribuir
para que os demais sejam igualmente alcançados.
Ora,
os pais, em sua maioria, não têm condições de cumprir todos os requisitos
referentes a seu papel de educadores, pois não foram suficientemente educados.
Se o filho bate em outra criança, eles se mostram compreensivos, caso contrário
ficam furiosos. À noite, horário em que geralmente os membros da família têm
oportunidade de interagir, uns se ocupam assistindo à TV, outros no computador.
E assim segue a vida.
Se
a criança chega à escola com pouca ou nenhuma educação doméstica, terá grande
dificuldade de se adaptar ao novo ambiente, principalmente porque grande parte
dos professores não está preparada para lidar com aluno difícil. É bom lembrar
que os docentes podem também ter tido uma família incapaz de exercer satisfatoriamente
o dever de educar. A coisa toda se complica ainda mais, quando um deles toma
uma medida, às vezes correta, com a finalidade de corrigir uma conduta
deseducada, e os pais do aluno em questão revoltam-se e o agridem. O prejuízo
do professor será apenas o mal-estar, o do aluno será provavelmente jamais se
tornar um verdadeiro cidadão.
Os
efeitos das falhas no processo educativo alastram-se em toda a sociedade, vai
até nossos governantes; muitos deles certamente vieram de lares e escolas que falharam
neste aspecto. Como consequência, chafurdam no exercício da não cidadania e,
portanto, não têm nenhum interesse em mudar tal situação.
Que
fazer então diante desta realidade? Você deve estar perguntando-se, caso tenha
tido a sorte de ser educado adequadamente. Difícil responder. Mas tenho sido
assaltada por um sonho louco, no qual todos os verdadeiros cidadãos contribuem
de alguma forma para educar pelo menos uma pessoa fora de sua família. No
futuro deste sonho, nossos bisnetos são os pais, e o mundo é um lugar bem
melhor de se viver.
*Artigo
da Escritora Morgana Gazel / autora do romance Enseada do Segredo
Fonte: portal. Comunique - se