Ainda,
predomina em nossa sociedade, uma concepção “conservacionista” de ambiente
sendo visto ele, somente como “natureza”. Essa visão vem cedendo espaço a uma
concepção mais abrangente que convencionou a ser denominada de
“socioambiental”, entendendo o ambiente como a interação da natureza e com as
sociedades humanas.
O
ambiente é concebido como ente transformado e habitado pelo ser humano da qual
esta espécie é parte integrante do complexo sistema ecológico e cultural que é
o Planeta Terra. O ambiente é percebido como um ente gerado e construído pelas
espécies vivas e pelo ser humano ao longo do processo histórico de ocupação e
transformação do espaço/tempo sócio-ecológico.
De
acordo com a educadora ambiental Paula Brugger: “... existe um consenso de que o conceito de [...] Ambiente deva abranger
uma totalidade que inclui os aspectos naturais e os resultantes das atividades
humanas, sendo assim o resultado da interação de fatores biológicos, sociais,
físicos, econômicos e culturais”.
Paralelamente,
conforme o educador ambiental Marcos Reigota, Ambiente é: “um lugar determinado e/ou percebido onde interagem relações dinâmicas e
em constante mutação e fusão os aspectos naturais e sociais. Essas relações
acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e
políticos de transformação da natureza e das sociedades humanas”.
Dessa
forma, a Educação Ambiental, ao incluir a dimensão social em sua abordagem a
cerca do conceito de ambiente, passa a considerar os processos sociais como
aspectos fundamentais em suas práticas pedagógicas.
A
partir dessas considerações, concebemos a Educação Ambiental como um campo de
diálogos e embates, saberes e práticas, princípios e valores que remetem a um
projeto de educação que visa à transformação da sociedade em níveis, econômico,
político, cultural, social e educativo, visando construir uma sociedade nos
seguintes pilares: desenvolvimento econômico solidário, justiça social e
equitativa, preservação e conservação ambiental, valorização do patrimônio
cultural e espiritualização das representações humana.
Dentro
dessa diretriz, as práticas educativas resultantes da Educação Ambiental aqui
relatada priorizam a abordagem dos aspectos socioculturais e
político-econômicos, inerentes à questão ambiental, buscando o desenvolvimento
de uma consciência crítica, comprometida com um projeto de transformação das
sociedades humanas.
Ao
evidenciar as causas da problemática socioambiental e não apenas se deter em
suas conseqüências, a Educação Ambiental implica mudança de valores e uma nova
visão de mundo, ultrapassando, em muito, o universo meramente da preservação e
conservação da natureza.
A
Educação Ambiental é um campo do conhecimento que privilegia a construção de
teorias e práticas que permitem o indivíduo e a coletividade a pensar e agir de
forma consciente, orientado para o entendimento dos processos interativos entre
sociedade e natureza.
Ou seja, entendendo o Ambiente como construção da
história coletiva dos seres humanos e dos não-humanos, e, assim, podendo
desenvolver-se de forma consciente de seu papel nas ações, relações e incursões
no ambiente.
A
Educação Ambiental proposta aqui incorpora valores relativos à proteção
socioambiental, ao mesmo tempo em que também considera as questões
socioeconômicas e culturais, tendo sua diretriz voltada, prioritariamente, para
a construção da identidade do “sujeito ecológico”, da “cidadania
socioambiental” e de uma “sociedade sustentável”. A coluna “Opinião Ecológica”
será utilizada como um instrumento de “Educação Ambiental Crítica” tendo como
diretrizes a formação e a informação, construção da opinião pública referente
aos assuntos socioambientais locais e a crítica denunciativa referente aos
padrões, econômico-político e sociocultural da localidade.
Também, o atual modo
de vida, ocidental, moderno, capitalista, urbano-industrial intensificador da
atual crise socioambiental será nosso foco de análise crítica.
Fonte: Educador Ecohistórico